“Eu tenho que parar de ficar me lembrando dessas coisas” Alessa repetiu isso para si mesma, em seus pensamentos. Ela vivia perdida nas memórias de seu tempo de criança, e já estava cansada disso. Agora ela já tinha 24 anos e deveria olhar somente para frente.

– E aí, demorou hoje por quê? – Seus ciúmes tinham se transformado em raiva e ela deixara esse sentimento transpassar em seu tom de voz. Por que ciúmes? Simples. Alessa sabia o motivo da demora de Diego: Giulia. Antes que você comece a se perguntar, Giulia não era a garota por quem Diego estava apaixonado aos 13 anos. É eu sei que só mencionei naquela passagem que a Alessa tinha 13 anos, mas os dois têm a mesma idade. Mas não agora. O aniversário de Diego já tinha passado e ele tinha completado 25 anos. Voltando ao assunto da garota, depois daquela paixonite que Diego teve aos 13 anos, vieram muitas outras, nenhuma duradoura. E Alessa coitada, só agüentando calada, nem coragem de se declarar para Diego.

– Ei, calma Alessa – falou Diego na defensiva – eu não sabia que você odiava tanto atrasos.

– Não é que eu odeie Diego, mas você sempre se atrasa e eu já não agüento mais! Você não pode esquecer-se da gente só pra ficar com aquela Giulia.

– Você não pode falar assim dela Alessa! Eu sei que vocês não se dão muito bem, mas...

– Não nos damos muito bem?! Ah, agora você só está sendo gentil! Aquela garota nunca foi com a minha cara e eu também não vou fingir que eu gosto dela.

Diego já ia retrucar e pela sua expressão, sua resposta ia ser bem agressiva, mas Luca interrompeu a briga bem em tempo:

– Tá bom né galera? Vamos ao filme? Ah e Diego, Alessa tem razão. Você está nos esquecendo e está nos trocando pela Giulia. Você mal aparece em casa e nunca mais saiu com a gente. Só veio hoje porque a Giulia iria visitar os avós.

– Tá, tudo bem. Eu vou tentar dividir meu tempo igualmente. Será que agora nós podemos ir assistir ao filme, por favor?

E foram ao cinema. A tensão entre Diego e Alessa não tinha durado muito tempo. Foram andando, o cinema era ali perto, e, enquanto andavam logo os três já estavam conversando sobre outros assuntos, e Diego e Alessa tinham voltado às brincadeiras de sempre. Quem os visse passeando daquele jeito, rindo até do vento que batia em seus rostos, pensaria que eles eram irmãos. Pensando bem, eles eram irmãos. Não de sangue, mas eram. Era lindo como o destino tinha juntado aquele trio.

Flashback:

– Ei Alessa você quer ir na minha casa? A gente pode jogar videogame. Meu irmão disse que meninas não gostavam de videogame, mas eu acho que você gosta.

– Ah eu adoro!

– Ótimo! A minha mãe sabe fazer um espaguete delicioso, você vai adorar. Vamos logo!

– Tá, mas eu tenho que avisar pra minha mãe antes.

– Tudo bem eu vou com você.

Chegaram à casa de Alessa. Ela entrou, mas Diego parou na porta.

– Pode entrar Diego.

– Mas eu tenho vergonha...

–Ah Diego deixa disso! – Alessa puxou Diego pelo braço – MANHÊ!

– O que foi minha filha? – disse D. Helena indo ao encontro da filha.

– Mãe, esse aqui é o Diego. Diego, essa é a minha mãe.

– Ah então você é o famoso Diego. – D. Helena deu um sorriso.

– Famoso? – Diego perguntou meio confuso, meio envergonhado.

– Minha mãe não quis dizer nada com isso não é mãe? Vamos logo – disse puxando o braço de Diego novamente.

Alessa saiu com seus passos rápidos e já estava quase chegando à porta quando sua mãe a interrompeu:

– E o que você vai fazer na casa dele?

– A gente vai jogar videogame.

– Filha, eu achei que você não gost...

Alessa deu um corte em D. Helena:

– A gente tem que ir mãe, tchau! – dessa vez saiu correndo, sempre puxando Diego.

Chegaram à casa de Diego. Alessa entrou meio tímida. Diego subiu as escadas, com Alessa sempre no seu calcanhar. Chegaram ao quarto dele, e Diego pediu à Alessa que o esperasse ali, ele iria avisar à mãe que eles tinham visita. Alessa se sentou meio sem jeito na cama, sempre muito tímida, e ficou esperando Diego voltar.

– Demorei muito? – perguntou Diego.

– Não. – para Alessa ele tinha demorado uma eternidade.

Diego começou a ajeitar o jogo e logo começaram a jogar. Depois de um tempo jogando, entra uma figura de cabelos castanhos no quarto.

– Nossa irmãozinho obrigado por ter me apresentando sua namorada! – Alessa fica vermelha.

– Ela não é minha namorada. Ela é só minha amiga.

– Ah, essa é a Alessa de quem você vive falando? Prazer Alessa eu sou o Luca, irmão do Diego. Desde que vocês ficaram amigos alguns meses atrás, o Diego não para de falar de você, dizendo que vai te encontrar na pracinha e blábláblá.

De repente ouvem uma voz feminina vinda do andar de baixo chamando Diego.

– Minha mãe tá chamando... Volto já Alessa!

Ficando a sós com Alessa, Luca começa a falar:

– Pelo pouco que observei Alessa, eu acho que você não gosta muito de videogame não é?

– Você tá certo... Mas não conta pro Diego tá?

– Tudo bem. Mas se você não gosta, então por que veio?

– Ah é que o Diego tava tão animado quando me convidou que era impossível não dizer sim. Eu não queria tirar aquele sorriso do rosto dele.

– Uou. Eu acho que Diego encontrou a mulher certa para casar.

Os dois riram. Nesse momento Diego entrou no quarto avisando que o almoço estava na mesa. Os três desceram. Alessa conheceu os pais de Diego e os outros dois irmãos. Tiveram uma conversa bem animada. A família de Diego gostou bastante de Alessa e quando chegou a hora dela ir embora, todos lamentaram um pouco. Ela deixava a casa bem mais animada. Depois daquele dia, Alessa passou a visitar a casa de Diego mais vezes, se aproximando de Luca e fazendo com que uma dupla se tornasse um trio.

Fim do Flashback.