Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 35
O perdão e a música II


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, pessoal!
Como vocês estão?

Bem, novamente (acho que isso se repetirá até o final da fanfic), eu peço desculpas pela demora... Passei por problemas familiares de saúde e estava sem tempo e humor para escrever. Mas, aparentemente, tudo está melhor agora e eu consegui terminar esse capítulo.

Sobre ele, adianto que é uma das minhas partes preferidas da fanfic. Sobretudo pelo que eu consegui colocar no papel... A Rachel Berry e a Quinn Fabray dessa fanfic são muito importantes para mim porque, através delas, eu consegui curar muita coisa que aconteceu comigo. E esse capítulo foi importante nesse aspecto, eu não sei descrevê-lo de outra forma... Foi poderoso e, sobretudo, bonito. Tanto para mim quanto para elas.

Espero que sintam-se dessa forma também e, para tanto, indico duas músicas: "Element" do Matthew Mayfield e "Kiss Goodbye" da Little Big Town.

Tenham uma boa leitura!



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Santana demorou a abrir os olhos, mesmo sentindo os raios solares e o frescor da manhã em sua pele, contudo, estava tão cansada que permanecia deitada, mesmo tendo dormido o sono dos justos. Os últimos dias foram uma verdadeira prova de resistência emocional e mesmo com o fim do julgamento de Kathryn, não existia qualquer esperança de calmaria.

A última conversa com Quinn deixara Santana preocupada, sobretudo, porque a sua melhor amiga - a quem julgava ter a cabeça no lugar - estava mais perdida do que ela, um dia, esteve. A latina não queria, de forma alguma, tê-la afastado de Rachel, algo como o que Quinn dividia com Rachel era justamente o que fazia os outros acreditarem na existência do amor. Fora o que fizera a própria Santana acreditar no que tinha com Kathryn.

Não era cabível que algo assim, tão palpável e vívido aos olhos dos outros, pudesse ser tão desprezado por quem o sentia. Quinn sempre teve a cabeça no lugar, mas, os seus sentimentos também eram tradicionalmente conflituosos e turbulentos. Ela demorara anos para reconhecer o amor no suposto ódio que sentira por Rachel e Santana deveria ter previsto que ela entenderia errado qualquer conselho que a fizesse se reaproximar de Rachel.

Porque, acima de tudo, Quinn era feita de decepções familiares, tristezas amorosas e falhas daqueles que amava. Santana assumia uma grande parcela nessa constituição e, depois de todo o caminho que tivera que trilhar novamente para alcançar Quinn, entendia a insegurança da melhor amiga. Quinn entregara a confiança e tudo que tinha para Rachel e recebera tudo de volta.

A loira também precisava entender que não havia como separar Rachel Berry de seus sonhos. Ao trazer a morena para a terra firme, Quinn negava a ela uma parte enorme de sua personalidade e, de certa forma, anulava uma parte pela qual se apaixonara.

Enquanto uma era terra, a outra era sonho. As duas justificavam o ditado de que todo sonhador precisava de um realista.

Quinn tinha a insegurança terrena, daqueles que se prenderam ao chão e perderam tudo ao criarem asas enquanto Rachel possuía a ânsia dos sonhadores, dos que se alimentavam do desejo e se entregavam. As duas eram destoantes e seriam incompatíveis se não se amassem da forma como se amavam. Porém, depois do choque avassalador entre os seus mundos - que machucou e marcou-as, para sempre - elas precisavam nutrir-se de algo que mediava esses dois universos.

Elas precisavam de esperança. Porque essa dava coragem aos inseguros e terrenos e parcimônia a ânsia dos sonhadores. Quinn precisava enfrentar as suas decepções e Rachel, os seus sonhos quebrados. E ambas precisariam de esperança para si, para a outra e por todo o caminho obscuro pelo qual caminhariam a partir de agora.

Santana sabia que seria tudo ainda mais difícil se elas resolvessem caminhar sozinhas. Não havia muito que fazer, elas não eram mais jovens e planos mirabolantes de cupido não funcionavam. A latina esperava que suas palavras despertassem gentileza e que minguassem a crueldade fria de Quinn. Só podia contribuir com conselhos e daria tudo para voltar no passado e ser capaz de ajeitar aquela situação ainda na escola.

Contudo, cogitar voltar ao passado significava lembrar-se de Brittany S. Pierce. As lembranças ainda existiam, por mais que não incomodassem como antes. De certa forma, Brittany sempre seria alguém na vida de Santana. Alguém que poderia ser a única, alguém com quem poderia ter se casado, alguém que se encaixava nela... Brittany seria o eterno “e se desse certo?” e, ainda assim, Santana não era e nunca fora uma pessoa de dúvidas.

A latina era feita de certezas e a sua certeza inquestionável era Kathryn Aleed.

Santana finalmente abriu os olhos, ainda estava cega pelo despertar e pelos intensos raios de sol que atravessavam a fina cortina branca de seu quarto, por isso, tateou os lençóis à procura de Kathryn. A testa da latina se franziu ao tatear o frio tecido do lençol e ela ergueu o corpo, sentando-se na cama enquanto respirava profundamente o ar da manhã.

O quarto não tinha o tradicional aroma âmbar de seu perfume e sim, mesclava-se ao cheiro adocicado floral do perfume de Kathryn. Contudo, o aroma não parecia estranho e sim, familiar. Santana sorriu diante dos seus pensamentos, mas, realmente, parecia que os perfumes se completavam. Os sentidos da latina procuraram por Kathryn e os sons, na cozinha, entregaram onde a ruiva estava.

Santana colocou as pernas para fora da cama e ficou em pé, realizou a sua higiene matinal e enrolou-se em um robe de seda negro. Os seus passos não ecoaram no apartamento da cobertura, os seus pés descalços garantiram-lhe o silêncio enquanto chegava à cozinha.

O que encontrou no cômodo abriu, ainda mais, o sorriso de Santana. As batidas do coração da latina também se aceleraram e ela não conteve o suspiro apaixonado e satisfeito ao observar o corpo perolado, de cabelos ruivos e gestos leves, que preparava algo ao fogão. Santana aproximou-se sorrateira e envolveu-a a cintura delgada em seu abraço, Kathryn sobressaltou-se, mas, mesmo tendo-a de costas para si, Santana pode sentir o sorriso satisfeito dela. A ruiva inclinou a cabeça e o pescoço à mostra foi um convite que Santana logo aceitou, beijando-o. Kathryn suspirou com o carinho recebido e cumprimentou preguiçosa:

— Bom dia, Srta. Lopez...

— Muito bom dia, Srta. Aleed. - Santana respondeu com a voz rouca, apertando o seu corpo junto ao de Kathryn. As duas respiraram de forma profunda, ao mesmo tempo e a ruiva virou-se nos braços de Santana e enlaçou o pescoço da latina. Santana apoiou as mãos espalmadas na base das costas de Kathryn e aguardou, a ruiva sorriu antes de beijá-la e perguntou:

— Dormiu bem?

— Dormi tão bem que a minha maior vontade era a de ficar o dia todo na cama. - Santana respondeu maliciosa, avançando e beijando o pescoço de Kathryn, os sons da risada da ruiva fizeram o coração latino acelerar. Aquela era uma risada verdadeira, não existiam mais segredos ou temores entre elas, o futuro se revelava, a cada dia passado, uma caixinha de belas e intensas surpresas. Santana achara que não mais amaria de forma intensa, contudo, a cada manhã, voltava a se perder naqueles olhos acinzentados e voltava a reinvindicar aquela boca rósea de lábios cheios. Kathryn afastou-se e olhou nos olhos de Santana, ajeitando uma mecha escura no cabelo bagunçado, ela beijou os lábios da latina e sussurrou:

— Eu achei que fosse uma workholic, Srta. Lopez.

— Digamos que eu tenha adquirido novos vícios e que eles são muito mais saudáveis. - Santana não perdia a oportunidade de responder, os seus olhos escuros faiscavam malícia, porém, o seu toque era repleto de carinho. Kathryn segurou o rosto moreno entre suas mãos e estava prestes a beijá-la, novamente, quando a campainha tocou. Santana revirou os olhos e Kathryn não pode deixar de sorrir do incômodo da outra.

A latina demorou a se afastar da ruiva e ainda estava relutante enquanto a campainha soava estridente na cobertura, Santana só saiu do lugar, de fato, quando Kathryn a empurrou em direção à porta. No caminho, ela ajeitou o laço do robe de seda e tentou pentear os fios escuros com os dedos. Não estava muito apresentável, mas, o seu interior demoníaco dizia que ela não devia muito a quem tocava campainha àquela hora da manhã.

Aliás, era curioso que recebesse alguém em seu apartamento àquela hora. Os seus casos estavam fechados - na realidade, era somente um caso e a sua contratante estava em sua cozinha, vencedora e preparando panquecas -, os seus familiares haviam se mudado de Lima há alguns anos e Santana tinha certeza que Quinn não estava emocionalmente saudável para conversar novamente depois de tão pouco tempo.

Por isso, a sua visita, fosse quem fosse, era um mistério.

Por alguns segundos de insensatez, ela realmente pensou que encontraria Joaquín na soleira de seu apartamento. O seu temor, não por si e sim, por Kathryn, falava mais alto do que sua racionalidade, ainda mais em momentos de adrenalina. Logo, esse pensamento se perdeu nas vertentes de sua racionalidade e Santana retomou o controle de seus batimentos cardíacos e de sua freqüência respiratória antes de abrir a porta.

Em sua soleira, havia um homem de terno e gravata, carregando uma pasta de couro. Ele segurava um papel de aspecto oficial e Santana não se lembrava de tê-lo conhecido anteriormente. Os olhos azuis do homem se perderam ligeiramente pelo corpo da advogada, mas, logo, ele assumiu uma expressão profissional e fria ao cumprimentar:

— Bom dia, aqui é o apartamento da advogada Santana Lopez?

— Sim, está falando com ela. - A latina respondeu ligeiramente desconcertada, podia sentir o rubor esquentando as suas bochechas, realmente, deveria ter se vestido melhor para abrir a porta. O homem retirou uma carteira do interior do paletó e apresentou as suas credenciais de oficial de justiça, Santana arregalou os olhos, mas, manteve o resto de sua expressão na mais pura dissimulação. - Em que posso ajudá-lo, Sr. Perkins?

— Tenho, em mãos, um documento relativo à herança do Sr. Charlie Thomas. Ele a nomeou cuidadora de seus bens. - O homem respondeu de forma polida, entregando o documento para Santana enquanto apanhava uma prancheta de dentro da pasta, a latina assinou esse documento, completamente confusa. Por que Charlie a nomearia cuidadora? Eles mal se conheciam. - Ele escreveu de próprio punho uma autorização que lhe concede a responsabilidade de ler o seu testamento às partes interessadas. Sendo assim, o Estado de Ohio abre mão desse compromisso e a senhora, de acordo com a sua ética profissional, passa a ser a única responsável. Tudo bem?

— Claro... Muito obrigada, oficial. - Santana respondeu ainda desatenta, os seus olhos estavam no documento envelopado que lhe fora entregue. O Sr. Perkins deu o seu primeiro sorriso de toda a conversa e agradeceu, acenando ao ir embora. A latina voltou-se para seu apartamento, fechando a porta atrás de si.

O envelope em suas mãos parecia pesar mais do que parecia, Santana desconfiava que era muito mais o peso emocional do que o físico. Dentro daquele envelope, não era somente uma herança que residia e também, as doses magnâmias de tristeza e de dor. Aquele documento não chegaria em suas mãos se Charlie estivesse vivo, sobretudo, o senhor estaria vivo se ela não tivesse feito o que fez.

Não se arrependia do que fizera, não poderia prever que Joaquín seria louco a ponto de atacá-los em frente à delegacia... Mas, nenhuma dessas sensações conseguia aliviar a amargura em sua garganta ou o aperto em seu peito. Santana tinha, antes daquela responsabilidade colossal, o sangue de Charlie Thomas em suas mãos.

Santana abraçou o envelope junto ao peito e sentiu os olhos arderem enquanto as lágrimas se faziam mais fortes do que a sua vontade de segurá-las. Ela soluçou, tentando retomar o controle de sua respiração. Kathryn a observava distante, mas, resolveu intervir. A ruiva rompeu a distância que as separava e perguntou preocupada:

— O que foi? Algo relacionado a Joaquín?

— Não, jamais... Ele faz parte do seu passado, agora. - Santana respondeu com um sorriso triste, os olhos negros brilhavam e ela parecia frágil. Kathryn se aproximou ainda mais, no momento exato em que os seus dedos colheram, delicadamente, as primeiras lágrimas de Santana. A latina se deixou consolar e respirou fundo, as suas mãos trêmulas abriram o envelope e tiraram dali mais uma carta de próprio punho de Charlie. Os olhos acinzentados de Kathryn se arregalaram quando ela reconheceu aquela caligrafia saudosa. - Isso aqui é muito mais o meu passado me chamando.

— É o testamento de Charlie, não é? - A voz de Kathryn estava trêmula, assim como os seus lábios. Foi ela quem desabou, ainda que silenciosa e forte, nos braços de Santana. A latina a abraçou com um dos braços enquanto segurava a carta na outra mão, os olhos negros continuaram a correr pela folha conforme ela afagava os fios ruivos. Contudo, as informações contidas ali não a acalmaram e sim, a deixaram ainda mais nervosa. Santana suspirou e fechou os olhos, podia sentir o seu cérebro abandonar o estado relaxado, virou o envelope de cabeça para baixo e uma única chave caiu na palma de sua mão. A latina respirou fundo, nervosa, sussurrou:

— É o testamento de Charlie, sim. E que envolve você, Quinn e Rachel.

Kathryn finalmente cedeu e as suas lágrimas molharam o robe de seda de Santana. As lágrimas da ruiva a incomodaram, mas, sabia que as lágrimas de sua melhor amiga a machucariam... Quinn não estava pronta para algo do tipo tão cedo, ela sequer tinha um coração completo para ser, novamente, despedaçado.   

*****

Quinn Fabray gostava de trabalhar pesado quando tinha a cabeça cheia, esse tipo de atitude funcionava quando havia muito no que pensar, mas, não parecia ter muita eficácia quando havia muito que sentir.

As aulas já tinham acabado no McKinley High, a colação de grau era no dia seguinte e, ainda assim, a professora estava sozinha em sua sala no colégio vazio. Quinn gostava do silêncio que lhe fazia companhia - interrompido somente pelos seus resmungos devido aos esforços que fazia para arrumar a sua sala e os seus armários abarrotados de livros -, mesmo que ele a fizesse pensar justamente em pessoas que quisera evitar ao se propor aquilo naquele dia.

Ela não vira Rachel desde que conversara com Santana. Na verdade, ela estava evitando qualquer pessoa que pudesse cercá-la e perguntá-la sobre a morena. Quinn não precisava que a lembrassem quando, na verdade, não conseguia esquecer Rachel Berry.

E Quinn tentou, incansavelmente, esquecer Rachel nem que fosse por alguns dias. Ela sentia que precisava de uma trégua para os seus pensamentos se assentarem e para os seus sentimentos se acalmarem, Quinn ansiava por uma calmaria porque tudo o que enfrentara nos últimos meses se resumia a uma tempestade. Essa tempestade derrubou a sua infra-estrutura e jogou a sua constituição por terra, o seu alicerce não fora capaz de suportar tal intensidade. E não era de se duvidar quando se pensava em sua causa.

A tempestade, assim como Rachel Berry, era estelar. Porque, de fato, essa tempestade não era feita de chuva e trovões e sim, de asteróides e estrelas cadentes. O impacto era muito maior e agredia a superfície fria de Quinn, ainda assim, esses meteoros desenharam estruturas em fogo por sua pele e, principalmente, em seu coração. Os padrões desconhecidos queimavam, até se unirem e incendiarem-na. Rachel era o fogo que derretia o gelo de Quinn, era a inconseqüência que batia de frente com a parcimônia, era o instinto que lutava contra o pensamento.

Rachel era o seu completo oposto e a queimava, intensamente, fazendo-a viva mesmo que por lembrança ou por um acelerar de coração.

As palavras de Santana desnortearam Quinn nas primeiras horas, contudo, agora, ecoavam dentro de sua cabeça como lembretes de algo que ela achava ter esquecido. O que a latina descrevera era o que sempre almejara - mas, nunca acreditara - ter com Rachel. Ao descrevê-las, Santana as tornou mais real do que a dor que transitava entre elas.

Quinn tentara se convencer de que amolecera pelas palavras da amiga, porém, essa era uma inverdade. Não havia como enfraquecer-se por outra pessoa sendo que sempre fora frágil diante de Rachel. Isso não era recente, a história das duas era longa e, no momento, Quinn perguntava se realmente havia chego ao final.

Muitos anos de amizade, alguns dias de amargura, poucos meses de relacionamento... Será que todos esses conceitos a respeito do tempo não poderiam ser convertidos em uma única sentença?

Porque, tudo que Quinn conseguia pensar, era que tudo entre elas era feito de muito amor.

E será que esse amor era tão grande e tão forte como Santana descrevera?

As dúvidas se faziam ouvir muito além dos seus resmungos cansados ou dos sons das lombadas dos livros sendo empilhadas sobre sua mesa. E Quinn sabia que aquelas dúvidas não se calariam tão cedo, elas não eram conscientes, afinal... E tudo que vinha de dentro - ela sabia - era muito mais difícil de ser calado.

A professora tentava se enterter em sua tarefa e desvencilhar-se desses pensamentos quando o seu telefone tocou. No verificador de chamadas, o nome de sua melhor amiga apareceu e Quinn pensou, verdadeiramente, em não atender. Contudo, sabia que Santana não a incomodaria se algo realmente sério não tivesse ocorrido e, por isso, atendeu. Não teve tempo de cumprimentar, a voz de Santana soou urgente ao dizer:

Eu preciso ver você hoje, Fabray.

 

— Minha nossa, Lopez! Kathryn sabe desse seu desejo espontâneo sobre mim? - Quinn disfarçou o seu nervosismo e a sua confusão com uma boa dose de ironia que pareceu funcionar porque Santana bufou do outro lado da linha (e Quinn até pode imaginá-la revirando os olhos). Os dedos de Quinn deslizaram sobre a gasta lombada de “Os Trabalhadores do Mar”, doía por aquele exemplar ter pertencido a Charlie e ardia por ele ser, também, de Victor Hugo. O autor francês a lembrava “Os Miseráveis” e, consequentemente, Rachel. Santana interrompeu o silêncio, impaciente:

Claro que ela sabe por que ela também precisa lhe ver. Na verdade, também precisamos que você traga a Berry.

 

— Seja lá o que você está planejando, eu não vou entrar nessa contigo, muito menos, levando Rachel junto! - Quinn resmungou agressiva diante da menção ao nome de Rachel. Santana não podia ser assim, tão insensível, a ponto de não entender o quanto aquele nome, naquele momento, a fazia mal. Santana ficou em silêncio e, conhecendo-a bem, Quinn sabia que ela pensava na melhor forma de lhe dizer algo bombástico. Quando a latina pigarreou, a loira sentiu-se arrepiar por causa de um medo que não sabia da onde vinha. Santana disse séria e inquieta:

Não é nada do que pensa, eu só preciso que vocês duas estejam na frente da “Letters, Love and Dreams” entre as quatro e cinco horas da tarde... Eu não lhe pediria isso se, realmente, não fosse importante.

 

Santana não deu tempo para que Quinn se manifestasse, ela desligou o telefone instantaneamente, entregando a loira aos seus pensamentos e, também, as suas memórias. Quinn apanhou o livro que dedilhava com as duas mãos e o abraçou apertado, em uma tentativa inútil de resgatar o seu antigo dono de suas lembranças... Charlie Thomas nunca soube, por palavras, o que verdadeiramente representava para Quinn. A professora sempre deixou que os seus atos dissessem ao senhor o que ele significava porque as palavras, mesmo sendo suas melhores amigas nas páginas de um livro, nunca foram certas ao saírem de sua boca.

Charlie era o que, para Quinn, um pai significava.

Mesmo com a partida tão violenta, Quinn o sentia guiando os fios de sua vida e a protegendo. Porque, nesse instante, quando a memória dele foi trazida a tona, juntamente com a existência de Rachel, ela não conseguia sentir-se acuada ou furiosa. Tudo o que sentia era saudade dele e da forma como ele as abençoou naquela tarde, na livraria.

Charlie reconheceu o amor nas duas e, essencialmente, a devoção.

Naquele mesmo dia, ele disse que as palavras eram tudo o que precisavam depois de ficarem em silêncio... Será que o contrário era válido? Porque Quinn sentia que, se falasse, destruiria tudo, mais uma vez. Contudo, o silêncio parecia ser um convite para Rachel ser tirada, novamente, de sua vida.

Afinal, Rachel dissera tudo e Quinn se calara.

Mas, as palavras se perdiam da professora de literatura quando estavam destinadas a Rachel Berry. Quando se tratava da morena, Quinn não encontrava o que queria para descrever o que sentia. As palavras sufocavam em sua garganta porque não era uma pessoa acostumada a dizê-las.

Quinn suspirou e escondeu o rosto com as mãos, os cotovelos apoiados dolorosamente sobre a madeira de sua mesa. Ela se entregaria ao sono se ele existisse, mas, por puro instinto, fechou os olhos esverdeados. A interrupção parecia ser a chave do seu dia porque, novamente, ela se fez presente. A professora ergueu os olhos para quem batera em sua porta e encontrou Claire e Christine paradas no portal.

As mãos dadas e os sorrisos grandes, assim como os olhos iluminados. Quinn não pode deixar de sorrir para aquela visão, ainda que doesse, elas eram a prova viva do que a coragem de amar era capaz de fazer. Em cada partícula de seus corpos estava exposto o amor que sentiam uma pela outra.

E Quinn desejou que aquilo não acabasse para elas. Porque, tal qual a partícula que originara o Big Bang, o fim do amor explodia da mesma forma... Violento e assustador, originando o que, nem sempre, era um universo de possibilidades.

— Desculpe incomodá-la, Miss Fabray... Mas, gostaríamos de convidá-la para uma festa! - Claire anunciou eufórica, em sua tradicional animação que provocava risos nos demais e um olhar de admiração em Christine. Quinn ficou em pé e se aproximou das garotas, a sobrancelha dourada arqueada de forma divertida enquanto perguntava verdadeiramente curiosa:

— Festa? Que tipo de festa, Claire?

— Não é nada irresponsável, nós juramos! É que muitos de nós, do Glee, vamos nos formar esse ano e realizaremos uma espécie de despedida. Mas, muito mais animada! - Christine respondeu animada, Claire olhou de lado para e piscou charmosa. Quinn se deliciou com a interação genuína das garotas e teve que conter o riso quando Christine corou diante da atitude da menor. A professora sorriu verdadeiramente para as suas alunas e procurando ignorar todas as confusões de sua cabeça e coração, respondeu:

— Será um prazer passar esse tempinho com vocês.

— E espero que a senhora vá a colação, também... Eu tenho um anúncio muito especial a fazer. - Christine completou de forma misteriosa, olhando para Claire em busca de apoio. A menor empurrou-a pelo ombro e depois, gargalhou e Christine a abraçou pelos ombros, beijando-lhe a têmpora. - Bem, eu vou à frente, hoje teremos a nossa última reunião e eu quero avisar os outros antes de Miss Berry pedir minha cabeça por atrapalhar a sua despedida.

Mais uma menção ao nome de Rachel e, mais uma vez, a amargura não chegou antes da doçura. Quinn suspirou e o sorriso em seus lábios, embora modificado pela saudade, não desapareceu.

Quinn e Claire observaram Christine deixar a sala e, novamente, o silêncio perpetuou na sala de aula. A aluna caminhou lentamente pelas carteiras e olhou para os livros, Quinn a deixou curtir aquela nostalgia. O ano que se estendia para elas era muito mais amedrontador e excitante do que o que a esperava.

Ainda assim, Quinn não conseguia deixar de se sentir feliz por elas... Talvez, essa felicidade através dos outros significasse o que realmente era ser professora.

Quando os suspiros pesados de Claire se tornaram mais evidentes e os olhos escuros dela brilharam além do normal, Quinn resolveu intervir. Aquele não era um tempo para as lágrimas e sim, para os sorrisos. Ela se aproximou de sua aluna e, abraçando-a pelo ombro, sugeriu gentil:

— Que tal irmos juntas a reunião do Glee? Eu posso terminar isso depois e realmente, preciso ver todos vocês juntos antes da colação...

Claire acenou freneticamente com a cabeça, era engraçado como as palavras também faltaram a ela. Isso as tornava semelhantes, ainda que Claire lembrasse - e muito - Rachel. Professora e aluna caminharam pelo corredor e Quinn respirou fundo, mesmo que mentisse a si mesma, precisava ver Rachel.

Aquelas palavras estavam impressas em sua mente, mesmo que ainda não conseguisse proferi-las.

A chave nas mãos de Santana parecia pesar toneladas, ela também não conseguira tirar os olhos do objeto metálico ao colocá-lo e girá-lo na fechadura. A porta se abriu com um rangido e a sineta tocou saudosa. Ao seu lado, Kathryn ficou tensa e agarrou-se a sua mão livre. Santana também escutou um suspiro pesado e não precisou olhar diretamente para a ruiva, sabia que ela chorava.

Mas, quem não se emocionaria diante do que viam?

A livraria parecia abandonada com as cortinas da vitrine fechadas, o cheiro de poeira impregnado no ar e, essencialmente, sem o sorriso doce e as palavras gentis de Charlie Thomas. O senhor era a essência da “Letters, Love and Dreams” e sem ele, a livraria se tornava comum aos olhos de quem o amava.

A porta foi deixada aberta as suas costas, Kathryn se desvencilhou das mãos de Santana e caminhou insegura até o balcão de madeira. Os dedos da mão pálida estavam trêmulos enquanto dedilhavam a madeira empoeirada, Santana viu as lágrimas que mancharam a poeira e suspirou pesadamente.

O peso do que fizeram caiu sobre os ombros latinos, Santana se viu apertando a fechadura como se ela fosse a única coisa capaz de mantê-la em pé. Aquele local não estaria daquela forma se não tivesse arriscado a vida de Charlie e, diante daquele abandono e daquela tristeza substancial, não conseguia se sentir culpada. Não era ausência de sentimento que impulsionava aquela neutralidade de seus sentimentos e sim, o exagero deles.

Se Charlie estivesse ali, talvez, Kathryn não estivesse viva.

Santana não conhecera o senhor como Kathryn, Rachel ou Quinn... Mas, perguntava-se se ele gostaria de seus pensamentos naquele momento. Ela não era Deus, nem a própria Morte e, ainda assim, pesara vidas como se fosse dona delas.

Não foi certo, mas, isso não queria dizer que não fora necessário.

Os pensamentos de Santana teriam tomado um caminho ainda mais obscuro se ela não tivesse sido bruscamente interrompida. Algo se chocou com suas pernas e, quando a latina olhou para baixo, encontrou uma cabeça castanha agarrada ao seu corpo. Santana se agachou e o pequeno ser humano agarrou-se aos seus ombros. A pequena criança suspirava pesado, prestes a chorar. A latina, insegura, perguntou gentil:

— O que faz aqui, pequena?

A pequena se recusava a falar, ela agitou a cabeça e se aconchegou no pescoço de Santana, respirando profundamente enquanto o fazia. A latina afagou os cabelos castanhos de forma automática e Kathryn, que fora atraída pelo som, se aproximava. Contudo, antes que pudessem pensar no que fariam, foram mais uma vez interrompidas.

Uma mulher entrou bruscamente na livraria e Santana reconheceu quem era pelo perfume doce e juvenil. Brittany S. Pierce estava parada a sua frente, chocada, enquanto observava a pequena criança em seus braços. A loira olhou para a livraria e, tristonha, disse:

— Desculpe por isso.

— Não há o que se desculpar, ela não sabia que a livraria estava fechada. - Santana respondeu inquieta, estendendo a pequena para os braços abertos e receptivos de Brittany. A latina tinha os olhos presos na pequena e não pode deixar de perceber que os olhos azuis dela eram os mesmos da mãe, Santana desviou os olhos e caminhou até onde Kathryn estava encolhida, sentindo-se intimidada pelos olhos de Brittany que, enfim, pousaram nela.

O silêncio que ocupou o ambiente entre elas era incômodo, nele havia dezenas de palavras não-ditas e uma centena de lágrimas derramadas. Santana tremeu e Kathryn, corajosa, segurou a sua mão. A latina olhou para ruiva e encontrou os olhos acinzentados preocupados, Brittany pigarreou e, ligeiramente desconfortável, perguntou:

— A livraria será reaberta?

— Ainda não posso afirmar isso, dependerá de quem herdá-la... Suponho que saiba o que aconteceu com Charlie, ele m...! - Santana não terminou a frase porque Brittany acenou veemente com a cabeça, a pequena em seus braços remexeu diante do som do nome do senhor e chorosa, perguntou:

— O que aconteceu com o Tio Charlie?

Aquela pergunta, em um tom infantil tristonho, calou as três mulheres adultas. Santana olhou desesperada para Brittany, esperando que ela, em seu papel de mãe, fosse capaz de dizer algo. Mas, a loira estava distraída pelo seu próprio emocional abalado - uma discreta lágrima manchara o seu rosto e Santana se viu confusa porque a lágrima dela não foi capaz de despertar a tristeza que sentiu diante de apenas um suspiro de Kathryn - a ruiva em questão se aproximou da criança e segurou-lhe a mãozinha pequena. Kathryn sorriu e disse gentil:

— Você sabe que Tio Charlie tinha uma alma de criança, não é? Pois então, ele não quis crescer e foi para a Terra do Nunca com Peter Pan e Sininho...

— Por que ele não me chamou? Eu também não quero crescer! - A pequena Annie perguntou esperta, franzindo as feições infantis para as palavras delicadas de Kathryn. A ruiva sorriu para ela e, afagando-lhe a mãozinha que segurava, respondeu sabiamente:

— Você viu a idade do Tio Charlie? Ele era uma criança presa no corpo de um senhor, você ainda é pequena... Quando estiver como ele, poderá encontrá-lo. Na verdade, é bem capaz que ele mesmo venha buscá-la...

Santana observava a interação impressionada enquanto Brittany parecia lutar contra a proteção de seu instinto maternal, Annie voltou a franzir a testa para as palavras de Kathryn, mas, subitamente, abriu um sorriso e acenou com a cabeça. Do lado de fora, elas escutaram alguém chamar a pequena e ela se foi, aos pulos e risadas.

A compreensão infantil era algo que tornava tudo mais fácil, para as crianças, existia um futuro e tudo poderia ser colocado nele porque o tempo, para elas, não se passava da mesma forma cruel que se passava para os adultos.

As três mulheres a observaram ir e o silêncio, mais uma vez, voltou a soterrá-las. Os olhares de Brittany eram ilegíveis, mas, eles não abandonavam Santana ou Kathryn. A latina rapidamente compreendeu que, de alguma forma, Brittany sabia. Existia algo na forma como elas olhava e na forma como todo o corpo dela respondia negativamente a Kathryn. Brittany sabia e não parecia verdadeiramente feliz com isso.

— Muito obrigada por isso... - A loira, por fim, libertou as palavras enroladas em sua garganta. Os olhos dela, de alguma forma, abandoram o mistério e se voltaram para a gentileza da qual Santana se lembrava. Kathryn, surpresa, acenou com a cabeça. - Eu não saberia explicar de forma melhor.

Brittany não disse adeus quando partiu, só que, dessa vez, a partida dela não doeu como antes. Santana se viu suspirando aliviada ao vê-la sair da livraria, o seu corpo gravitou até o calor de Kathryn e ali fez morada. Os dedos trêmulos da ruiva afagaram os cabelos escuros e a boca vermelha beijou o topo da cabeça morena, Santana respirou profundamente no abraço de Kathryn e o perfume doce de Brittany se perdeu no aroma cítrico de Kathryn.

— Acho que devemos manter a porta fechada enquanto esperamos Rachel e Quinn. - A ruiva sugeriu rouca e Santana, prontamente, a obedeceu. Assim que os olhos escuros da latina encontraram os orbes acinzentados de Kathryn, ela fez exatamente o que Annie fez ao deixar a loja.

Santana abandonou o passado e beijou o seu futuro.     

*****

Christine falhou miseravelmente em sua missão, quando chegou à sala do Glee, Rachel já estava lá rindo de algumas imitações que os seus alunos faziam. A treinadora havia proposto uma brincadeira, porém, os membros do Glee optaram para esperar os que estavam atrasados e, devido a isso, Arthur e Ryan estavam imitando uma boyband enquanto Richard revirava os olhos, apontando todos os defeitos.

A ex-líder de torcida entrou na sala, atraindo a atenção de todos. Arthur rapidamente abandonou a música e se aproximou desengonçado para abraçá-la. Rachel estava logo atrás, com as mãos na cintura e a expressão severa. Christine engoliu em seco diante do olhar que recebia, atrapalhando-se com o abraço recebido de Arthur e a treinadora, séria, perguntou:

— O que deu em vocês todos para se atrasarem hoje?

— Acredito que o problema não tem relação alguma com o universo lésbico, visto que a pequena caminhoneira não está com ela, treinadora. - Richard comentou com o seu tradicional tom irônico que, imediatamente, provocou risos em todos os que estavam na sala do Glee, inclusive, em Rachel. Christine corou e fechou a expressão para o colega de grupo, até tentaria ficar séria se, no mesmo instante, Claire não tivesse entrado abruptamente na sala e exclamado animada:

— Eu ouvi o meu nome? Sempre soube que a implicância de todos era apenas o medo por perder um show diário do meu talento!

— Ai Santa Cher... Eu nem falei do seu nome e sim, usei um vocativo referindo-se ao lado sapatão de sua personalidade! - Richard tornou a alfinetar com um sorriso maldoso nos lábios, as risadas continuavam e Rachel tinha lágrimas nos olhos ao observar aquela interação. As suas memórias voltaram, saudosas e ela suspirou, conhecia alguém que fazia exatamente o mesmo tipo de comentário com intuito de brincar e não ofender. Claire não se deixou ofender pelas palavras de Richard, Christine olhava ansiosa para ela e a pequena morena fez, justamente, o que ela não esperava.

A menor se aproximou com um sorriso provocativo e mordeu o lábio inferior antes de avançar diretamente para a boca de Christine. A maior se atrapalhou, novamente, com os seus movimentos e demorou a corresponder, mas, quando o fez, também participou do show. Arthur inclinou a cabeça, tentando acompanhar a movimentação de seus lábios e Ryan estava apoiando-se em seu ombro, totalmente hipnotizado. Richard revirava os olhos quando, enfim, houve uma intervenção.

Mellody passou por Rachel e puxou Claire para si enquanto Nancy fazia o mesmo com Christine. Os risos continuavam a ecoar e a treinadora se deixava levar por aquela alegria juvenil e inconseqüente, precisava daquilo depois de tantas doses avassaladoras de maturidade. Naqueles olhares risonhos brilhava a ânsia pelo futuro, ainda que existisse o apego ao presente. Uma vida toda os aguardava e, mesmo assim, eles aproveitavam aquele momento como se fosse o último.

Rachel gostaria de, alguma forma, ter tudo aquilo de volta.

— Vocês duas, se controlem! Nem quero saber o que estavam fazendo, sozinhas, enquanto as esperávamos! - Nancy comentou aos risos, empurrando Christine que fez uma careta a ela. Mellody soltou Claire que, como um ímã, se atraiu para os braços de Christine que a receberam com carinho. O casal abraçado sorria e corava, Christine pigarreou e comentou brincalhona:

— Fazemos exatamente o que você e Mellody andaram fazendo nos últimos dias.

— O quê?! Eu gostaria de saber qual o problema do meu gaydar com as meninas desse coral! - Richard exclamou afetado sendo imediatamente consolado por Ryan que, aos risos, bagunçou os seus cabelos. Arthur também se junto ao amigo e logo, os três estavam embolados enquanto a dupla tentava bagunçar Richard. Quando, enfim, as risadas diminuíram, Rachel resolveu colocar ordem na turma e anunciou:

— Bem, agora que todos estão aqui... Eu gostaria de propor uma brincadeira, não vale a pena tirar o pouco tempo que vocês têm com uma lição. Nessas urnas em cima do piano, existem várias palavras e cada um tirará uma de cada urna, a partir delas, terá que cantar alguma música que contenha ambas.

Rachel acenou para as urnas e, imediatamente, Claire se adiantou para apanhar a sua dupla de palavras. Os demais se sentaram nas cadeiras da sala e Christine parecia extasiada ao ver a namorada no centro de tudo. As palavras nas mãos de Claire provocaram risos ao lê-las:

— Bem, eu tirei kiss e goodbye... Deixe-me pensar!

— 30 segundos, Claire! - Rachel anunciou com um sorriso, olhando para o relógio e preparando-se para sentar. Contudo, antes que pudesse, o seu celular tocou. Rachel o retirou do bolso e, no verificador de chamada, o código de New York brilhava na tela. A treinadora suspirou, não podia mais adiar aquela decisão. Todos esperavam por sua resposta. Ela olhou sem graça para os seus alunos. - Desculpe, crianças... Mas, eu realmente preciso atender essa ligação. Não vai demorar muito, podem começar sem mim.

Rachel caminhou para fora da sala, escutando os primeiros acordes do violão de Ryan e a respiração musical de Claire. Estava tão atordoada pela ligação que não percebeu a pessoa que a observava no corredor.

Rachel não a viu, mas, Quinn a enxergou perfeitamente. E o seu coração respondeu no mesmo instante, ele acelerou.

When you lose somethin’

It’s all that you want back

You’re waitin’ patiently

But it won’t work like that

— Rachel Berry. - Rachel respondeu à chamada, extremamente ansiosa. Quinn reconhecia cada um dos sinais da ansiedade e do nervosismo de Rachel. A morena caminhava de um lado para o outro e remexia nos cabelos, até que decidiu encostar-se à parede, de costas para Quinn.

A loira suspirava. A saudade se fazia mais presente do que todas as dúvidas que pareciam caladas e respondidas em seu peito. Instintivamente, Quinn sorriu e suspirou. Existia tanta mágoa entre elas, mas, começava a acreditar que o bom ainda tinha lugar.

A vida as dera uma segunda chance, será que elas não deveriam fazer o mesmo?

When you lose someone

The first thing that goes through your head

Is if you run fast enough

You just might catch up

But it don’t work like that

— Sim, eu recebi o e-mail, senhor... A proposta me interessa e muito. - Rachel respondeu ao seu interlocutor do outro lado da linha e o sorriso lentamente desapareceu dos lábios de Quinn conforme elas faziam sentido em sua mente. A morena estava pensando em voltar a New York? Como ela podia cogitar isso depois de tudo que acontecera em sua última partida? - Entretanto, eu estou na minha cidade natal... Isso mesmo, Lima. E eu preciso resolver algumas pendências antes de tomar uma decisão a respeito da nova montagem de Funny Girl.

Se o coração de Quinn pudesse parar, ele realmente o teria feito, nesse momento.

Novamente, a sensação de abandono se apossou de seu interior, congelando toda a esperança morna que renascera desde que escutara as palavras de Santana. Porém, Quinn não pode deixar de perceber que existia algo mais dentro dela, maior do que o abandono e mais forte do que uma provável nova decepção.

O desespero.

Esse sentimento estava castigando o peito de Quinn porque ela sabia que, se Rachel fosse embora dessa vez, ela não mais voltaria. Além dos pais - que poderiam visitá-la em New York -, não existia mais nada que a fizesse voltar a Lima.

Rachel perdera muito e os sonhos eram oferecidos, mais uma vez, sedutores. A morena não tinha o que perder, não quando perdera quase tudo.

You just gotta watch it fly

Stand there on the side lines

Go on and swallow your pride

You know its gonna be alright

Wish it well and close your eyes

With a kiss goodbye 

Dentro da sala, os aplausos recepcionaram Claire e ela sorriu para sua platéia de amigos e, principalmente, para sua namorada. O som das palmas atraiu Rachel que se virou para uma das janelas e sorriu diante das mesuras que a sua líder do Glee fazia. Com o telefone ainda na orelha, os olhos castanhos brilharam diante das conquistas de outra pessoa.

Mesmo que não tivesse Quinn, ainda tinha algo que as unia: a arte de ensinar.

Aquela era mais uma das belas heranças que Quinn deixara em sua vida. Além de todo o amor dividido - e maltratado - entre as duas, a loira também lhe mostrou que era possível ser feliz ao participar dos sonhos de outra pessoa. Claro que não era a mesma sensação de alcançar aquilo que sempre sonhou, era muito mais delicado e especial... Rachel aprendeu que, nem sempre, precisava ser a estrela nos palcos da vida, ela podia ser uma coadjuvante especial e, ainda assim, o espetáculo seria emocionante e inesquecível.

De fato, ela realmente tinha o que decidir em Lima. Rachel não sabia se ainda teria Quinn, mas, ainda tinha o Glee... Aqueles garotos e os outros que viriam depois deles precisavam dela.

E Rachel não seria capaz de abandonar, outra vez, se não estivesse certa a respeito do seu destino. Os sonhos, durante muito tempo, prenderam-na aos seus objetivos. Só que agora, na maturidade, ela precisava escolher entre voar ou manter os pés no chão...

Well the hardest part

Ya it hurts so bad

Is when she spreads her wings

But it’d be a selfish thing

To try hold her back

But it’d don’t work like that

Dentro da sala, Claire alcançou as notas altas da música e voou. Fora do local, Rachel sentiu o seu coração acelerar com as notas impecáveis de sua aluna, os olhos castanhos brilharam orgulhosos e ela suspirou.

Ah, a música... Como cogitara viver sem ela?

As notas sempre a descreveram, assim como os acordes a formaram. Durante algum tempo, a sua sinfonia foi desafinada e fúnebre, só que agora, ela voltava a emocionar da mesma forma que há quase dez anos. A música voltava a ser mágica, voltava a acelerar o seu coração e a emocionar a sua alma.

A música voltava, lentamente, a se embrenhar na alma de Rachel Berry.

Diante dessa certeza tão pungente, a morena escutou as palavras gentis do empresário de New York. Ele perguntava se havia alguma chance de ela voltar, Rachel sabia que sempre existiria uma chance de voltar aos palcos assim como sabia que, em seu coração, sempre existiria a esperança por um perdão de Quinn.

A música e o seu amor a definiam e enquanto ambos existissem... Ela viveria.

— Claro que existe uma chance, senhor. Seria uma honra fazer parte de seu elenco, mas, eu preciso pensar com calma... - Rachel respondeu com o mesmo sorriso que contemplava Claire. A morena apoiou a testa no vidro frio da janela e um filete de lágrima escorreu pela sua bochecha.

Sabia que aquela promessa aquele homem sentenciava que, talvez, ela estivesse dando um passo para longe de Quinn. Contudo, daquela vez, a distância não mudaria o que sentia, nem o tempo.

Uma certeza era inquestionável: ela sempre amaria Quinn e se tivesse qualquer sinal de que devesse ficar em Lima, ela ficaria. Daquela vez, ela esperaria.

Não havia corações a serem quebrados e sim, dois a serem reconstruídos.

You just gotta watch it fly

Stand there on the side lines

Go on and swallow your pride

You know its gonna be alright

Wish it well and close your eyes

With a kiss goodbye

 

When you losing something

It’s all that you want back

As palavras afirmativas de Rachel em relação a New York tiraram Quinn dos eixos. Uma tontura leve desequilibrou-a e ela apoiou, com força excessiva, na parede mais próxima. Os seus movimentos desajeitados atraíram a atenção de Rachel e, pela primeira vez desde todas as palavras trocadas e não ouvidas, elas se olharam.

Quinn não pode evitar ser surpreendida, mais uma vez, pela beleza da morena. Rachel estava tão natural, tão entregue aos seus sentimentos que não havia como ignorar quão linda ela ficava daquela forma. Ali, na sua frente, ela era exatamente uma cópia da Rachel do colegial... Emocionada e entregue à música.

Era curioso que ela lembrasse quem era justamente quando não era o centro das atenções, mas, dessa forma, Quinn encontrou exatamente a Rachel que achava ter perdido no meio do abandono e da decepção. Aquela Rachel, tão emocionalmente intensa e apaixonada, era quem procurava em todas as suas horas de pensamentos e perguntas sem resposta.

E, justamente agora, Quinn estava prestes a perdê-la.

Rachel se viu surpreendida pelos olhos esverdeados dos quais sentira tanta falta. Com o celular ainda em mãos, escutou o empresário se despedir e a linha ficar muda, diante daqueles olhos, a morena quase ligou de volta e negou tudo que tinha sido oferecido a ela. Aqueles olhos... Rachel faria tudo por eles.

O celular foi abaixado lentamente, assim como o olhar de Quinn. Rachel suspirou, não era para Quinn saber daquela forma. Na verdade, a morena sequer sabia se contaria a ela. Ainda assim, a morena respirou fundo e disse insegura:

— Eu não aceitei, ainda.

— Deveria, o que você está esperando? - Quinn sentenciou fria, mais do que gostaria. O abandono gritava em seu interior, mas, tudo que conseguia ouvir era o desespero. O que ela tinha com Rachel era único, não sabia se seria capaz de perder de novo. Mais do que isso, Rachel era a sua única e, como a própria definição denotava, seria incapaz substituí-la tanto como amiga e amante. Elas eram muitas coisas uma da outra e o que resumia era, sobretudo, o amor. - São os seus sonhos... Você merece ser feliz, Rachel.

— Eu aprendi a duras penas que, nem sempre, sonhos são necessários para ser feliz. Por vezes, a realidade que nos é importa é menos do que desejávamos e justamente, o que precisamos. - Rachel respondeu sabiamente, o sorriso esperançoso desenhando os seus lábios carnudos e, finalmente, chegando aos emocionáveis olhos castanhos. Quinn, mais uma vez, teve um vislumbre pela Rachel do colegial e, enfim, pela garota pela qual se apaixonou.

Elas se olharam durante alguns segundos antes de Rachel abaixar os olhos. A morena voltou a caminhar para a sala do Glee de cabeça baixa e Quinn não teve coragem de observá-la se afastar.

Era como se, a cada vez que Rachel se afastasse, ela realmente fosse embora para sempre.

You just gotta watch it fly

Stand there on the side lines

Go on and swallow your pride

You know its gonna be alright

Wish it well and close your eyes

With a kiss goodbye

 

With a kiss goodbye

— Rachel!

Os aplausos dentro da sala quase não permitiram que Rachel escutasse o seu nome, sua audição apurada pela música escutou em meio as palmas e ela se viu, mais uma vez, do lado de fora e frente a frente com Quinn. A loira não a olhava nos olhos enquanto a esperança literalmente acelerava o coração da morena. Quinn suspirou e, quando ergueu os olhos, não havia emoção discernível em seus olhos verdes ao dizer:

— Santana quer que nos encontremos com ela na livraria de Charlie.

Os ombros de Rachel encolheram, ela não esperava por aquilo. Como sempre, ela esperava por palavras diferentes e por algo mais otimista. Mais uma vez, a realidade nublava seus olhos e os tornavam opacos e úmidos pela tristeza. A morena deu um sorriso decepcionado e sussurrou:

— Eu estarei lá. Até mais, Quinn.

Dessa vez, Rachel não hesitou em entrar na sala do Glee e, por isso, ela não viu a mão de Quinn em sua direção.

Quinn também hesitou só que, no caso dela, foi na tentativa de tocar Rachel.

*****

Rachel olhava o relógio enquanto contava os seus passos ritmados na calçada. Ela não sabia o que esperar daquele encontro na livraria, a única certeza que tinha era de que doeria... Não conseguia imaginar a “Letters, Love and Dreams” sem Charlie e, sobretudo, não conseguia lidar bem com a ideia de que veria Quinn de novo.

A morena realmente esperou que Quinn tivesse a chamado porque queria algo mais daquela última conversa, como sempre, Rachel sempre esperou por mais do que, aparentemente, a vida era capaz de lhe entregar. Pouco tempo havia se passado desde a sua grande confissão, contudo, o tempo não parecia passar da mesma forma para aqueles que amavam... Afinal, Rachel continuou a amar depois de anos de silêncio.

O que sentia por Quinn não se baseava nas leis da física de tempo e relatividade, o sentimento parecia transpor qualquer uma das definições pré-estabelecidas pelos homens mais sábios que caminharam pela Terra.

De certa forma, o amor que carregava em seu peito se comportava daquela forma porque ele jamais fora feito de razão. Com ela, os sentimentos sempre estavam à flor da pele, mesmo quando havia o ódio mascarado separando-as. Fora intenso na época do colegial e continuava avassalador agora que estavam adultas. E essa natureza - destrutiva e reconstrutiva - parecia incapaz de ser mudada...

O sentimento não mudava e sim, crescia. Mesmo diante de corações quebrados, decepções e tristeza, ele se fortalecia e se erguia inatingível. Rachel sentia o seu coração preenchido por ele, por mais que duvidasse se o seu coração estava inteiro em seu peito. Era possível que um sentimento fosse tão forte assim?

Rachel não sabia, mas, sentia... Sentia o seu amor por Quinn bagunçar cada aspecto de sua vida. Por amar, ela duvidava que pudesse ser feliz sem a loira. Por amar, Rachel pensava em abandonar os seus sonhos. Por amar, Rachel bem que gostaria de voltar ao passado e redimir-se de seus erros.

Se ela pudesse voltar, ela ficaria. Mais do que isso, se pudesse voltar ao passado, Rachel teria voltado antes para Lima.

E como o tempo passava de forma diferente para a morena, ela sentia os períodos da linha temporal de sua vida misturando-se em sua realidade. Os seus erros do passado ecoavam na sua indecisão presente e o seu futuro era misterioso. Quinn esteve em todos os momentos de sua vida, em todos os tempos, ela era a única certeza...

Na confusão e nas consequências, Quinn era o sinal de fogo que iluminava e guiava todos os passos obscuros dados em sua vida.

A única resolução e o único prazer que Rachel almejava era o brilho do perdão nos olhos verdes que tanto amava.

Não importava quão bagunçado tudo estivesse, Quinn estaria sempre lá e, se voltasse a New York ou se ficasse em Lima sem ela, tudo estaria na memória de Rachel e em nada mais.

A morena se viu em frente à livraria antes que pudesse racionalizar o pessimismo em sua mente. Ela girou a maçaneta dourada e a sineta tocou quando abriu a porta. Santana estava sentada em uma das poltronas de leitura com Kathryn ao seu lado, Quinn estava sentada sobre o balcão e parecia imersa em suas próprias lembranças.

O pouco que Rachel tinha a ser lembrado da “Letters, Love and Dreams” também a entorpeceu. A morena sorriu para as prateleiras e para os livros, surpreendendo-se ao ver-se tão apegada à letra e à literatura. O seu olfato irritou-se com o cheiro da poeira, mas, ela não espirrou porque eles lhe lembravam muita coisa... A sua volta a Lima e, sobretudo, a sabedoria de Charlie.

As palavras do senhor, todos os conselhos e toda a amabilidade naquela frágil voz que, com certeza, tiraram-na no buraco no qual estava acostumada a permanecer. Charlie que, mesmo perdendo-a, devolveu-a à música. Charlie que jamais duvidara do amor e que o entendia como ninguém. Ele saberia o que dizer daquela situação. Ele, sim, seria capaz de fazê-las enxergar a verdade...

— Que bom que chegou, estávamos a sua espera, Berry. - Santana anunciou de forma impessoal, colocando um envelope sobre suas pernas enquanto observava Rachel e Quinn. A morena só teve a capacidade de acenar, ainda presa em suas memórias e nas sensações bondosas que somente Charlie Thomas era capaz de proporcionar. Santana pigarreou, ela parecia desconfortável com o que lhe foi importo. Ainda assim, ela retirou um papel de dentro do envelope, a voz trêmula e os olhos lacrimejados. - Eu pedi que viesse porque Charlie me nomeou responsável de seu testamento e você, Quinn e Kathryn estão citadas nele.

Rachel engoliu em seco, novamente, a vida dava a ela algo que não esperava. O que Charlie poderia ter visto nela a ponto de lembrar-se dela em algo tão pessoal quanto um testamento?

Os olhos castanhos procuraram respostas nos olhos escuros de Santana e nos acinzentados de Kathryn, mas, nada encontraram. Rachel teve coragem de procurar os orbes esverdeados e eles não se desviaram, nem fugiram da verdade, ao retribuírem-lhe o olhar.

Charlie lembrou-se dela porque ela era importante para Quinn.

Rachel não teve tempo de digerir essa informação porque Santana voltou a pigarrear, o papel agitou-se em suas mãos e ela leu:

— “Eu, Charlie Thomas, declaro que esse testamento só deverá ser aberto por Santana Lopez, em minha livraria (a Letters, Love and Dreams), na presença de minhas três herdeiras: Lucy Quinn Fabray, Rachel Barbra Berry e Kathryn Aleed. Minha única posse é a livraria e divido-a entre as três. Minha querida Lucy herdará 40% assim como a minha inesperada Rach... Para a minha misteriosa Kath, entrego os 20% restantes e espero que as três saibam decidir, em conjunto, o que fazer com essa velha livraria. Não exijo que a mantenham aberta, peço que façam o que os seus corações desejam. Todo esse universo de livros e palavras foi muito importante para mim e é com muito amor que entrego a cada uma de vocês. Sei que Quinn é feita da arte de ensinar, Rach pertence à música e Kath procura o seu lugar no mundo... Mas, todas vocês encontraram algo em minha livraria, algo que as fez ficar comigo e marcar, todos os meus dias, com as suas presenças especiais. Eu amo cada uma das três como minhas filhas e espero que tenha suprimido o que quer que faltasse a vocês quando me procuraram. A morte não é nada, apenas uma travessia e um descanso para as almas esgotadas... Não se esqueçam que eu as amo e que faria tudo de novo por vocês. Com amor, Charlie.”

A ausência de sons na livraria era feita de tristeza, as lágrimas rolavam sem a necessidade de serem contidas e os apertos nos corações de cada uma das herdeiras doíam tanto que sufocavam suas vozes.

Charlie Thomas não deixara de ser quem era, nem mesmo, em sua morte.

Quinn foi a primeira que se mexeu, foi ela quem se levantou e apanhou o papel das mãos de Santana. Contudo, não foi ela quem falou. Rachel, novamente, encontrara-se imersa na esperança morna que acalentava seu coração. Charlie acreditava nelas e Rachel o honraria, a morena deu um passo a frente e chorosa, anunciou:

— Eu abdico da minha parte em favor de Quinn e Kathryn.

— O que?! - Santana perguntou chocada, não rápida o bastante para que Rachel pudesse ouvi-la. A morena já abrira a porta e estava do lado de fora, enquanto Quinn, do lado de dentro, deixava os seus olhos serem preenchidos com as palavras de Charlie para não serem invadidos pelas lágrimas causadas por Rachel.

Rachel, mais uma vez, abandonava tudo.

Contudo, nem Quinn, nem Santana e, muito menos, Kathryn foram atrás de Rachel. A morena caminhava sozinha pela calçada, envolvida pela escuridão da noite de Lima. Ela parou quando já tinha caminhado mais de duas quadras, as lágrimas ainda manchavam o seu rosto e ela, trêmula, sacou o telefone do bolso. Os seus dedos encontraram e chamaram o número que a ligara mais cedo, ela esperou apenas um toque antes de ser atendida.

Já tem uma resposta para mim, Miss Berry? — O empresário perguntou gentil e bastante ansioso pela resposta. Rachel sorriu e respirou fundo, ergueu os olhos chorosos para o céu noturno aberto de Lima e eles encontraram as suas companheiras inseparáveis... As estrelas, suas metáforas e seus guias. Rachel piscou e, educadamente, respondeu:

— Sinto muito, senhor... Mas, eu não posso voltar. O meu coração está em Lima e eu não sou uma artista completa sem ele.

Embora eu não concorde com isso, eu a respeito. Desejo-lhe sucesso em todos os aspectos, Miss Berry. — O empresário tinha bastante pesar em sua voz enquanto Rachel tinha o seu sorriso de 1000 watts em seus lábios. Eles se despediram e Rachel ficou a olhar para o céu enquanto se acalmava.

Sabia o quanto Quinn amava a livraria e não interviria, as palavras não lhe pertenciam como pertenciam a ela... Rachel era feita de emoções e, sobretudo, de coração. E mesmo que elas destoassem tanto uma da outra, elas se completavam.

Rachel dera o primeiro passo e ela esperaria as palavras chegarem aos lábios de Quinn. Afinal, estava em Lima assim como o seu coração... Ele jamais deixara de pertencer a Quinn.

*****


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Notas finais do capítulo

Bem, esse foi mais um capítulo em direção ao desfecho... Sobretudo, para Santana. O próximo capítulo é o último e eu gostaria de saber o que pensaram e pensam da história até aqui, deixem seu comentário ou a sua recomendação.

Depois de tanto tempo, parece que o ciclo se fechará... O que será que nos aguarda no fim desse enredo? Já sabem como Quinn e Rachel ficarão?

Bem, nos vemos na próxima... Beijos! (@redfieldfer)



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