– Não faça mais isso comigo, por favor. Não sei se agüento outra decepção. – ela disse em meio aos soluços e eu senti meu coração apertar e uma lágrima, seguida de muitas outras, saíram desesperadas.

– Eu te amo. – disse a apertando em meus braços.

Eu já estava melhor. Estar nos braços de Justin me acalma, e me faz bem. Fui capaz de esquecer e perdoar todos seus erros e tudo o que me atingiu e me deixou mal. Ele havia prometido que não aconteceria de novo. Mais uma promessa, mas essa seria exercida? Não sei, só espero que sim. Amo Justin, sim eu o amo, e não quero perdê-lo. Já será demais ter que voltar para aquela casa, enfrentar a mulher que me pariu, e perder Justin... Tem como a vida ser mais injusta do que já era? Alguém lá em cima deve ter reservado um lugar muito especial pra mim, porque para levar a vida que eu levo, tenho que ir para o céu! Meu choro já havia cessado, mas era muito bom ficar ali abraçada á Justin. Não sabia quando seria a próxima vez que o veria, já que decidi que se formos ter algo, não será sob os holofotes. Isso eu não agüentaria! Mas é nessas horas, quando você esta sofrendo, que você percebe quem são as pessoas, e o que elas realmente querem. Jullie é minha melhor amiga, entendo o fato de ela ter beijado Justin, e se for mesmo verdade o lance de que ele a rejeitou, ela vai fazer da vida dele um inferno, mas será que ela é capaz de engolir isso para me ver feliz? Sim, porque depois de hoje, ela deve saber que estávamos juntos... Justin respirou fundo me tirando de meus devaneios, e me fazendo lembrar de que lá fora o tempo passava, e eu tinha que ir embora. Embora... Eu não queria isso, mas era preciso...

– Justin, eu tenho que voltar para casa. – disse com voz de choro. Meu rosto devia estar inchado, eu estava quente, e toda molhada, assim como a camisa de Justin. O mesmo apenas afrouxou o braço, ainda me deixando entre os mesmos.

– Eu sei, mas você poderia ir para casa né? – ele perguntou em meus cabelos.

– Não Jus. Tenho que ir para casa... – disse pela milésima vez. Já tínhamos tido essa conversa muitas vezes e eu sempre dizia a mesma coisa. Não era mentira, mas por mais que amasse Justin, não quero enfrentar minha nova vida sob o olhar mundial, por mais que não quisesse, tenho que voltar exatamente a ser como era antes, mas por ele, ficaria tudo assim, do jeito como está. Eu moraria com ele, passaria por sua namorada, enfrentaríamos multidões e fãs alucinados, e Anna estaria feliz. Essa era a pior parte de tudo. Trazer Anna de volta á vida medíocre que levava antes. Sei que ela está feliz com Pattie, mas ela é minha obrigação, minha irmã, minha responsabilidade. Já demos trabalho demais para a família de Bieber e todos á sua volta. Já chega! – Você vai à festa comigo hoje? – perguntei temerosa me separando um pouco dele para poder olhar em seus olhos. Era a ultima noite que teríamos juntos. Quer dizer, não a ultima, mas depois tudo seria muito mais complicado... Precisava dele comigo naquela festa, além de que o fato de Jullie ter programado a festa não me empolga nem um pouco. As festas dela são grandes, A festa, e eu não queria ser o centro das atenções...

– Não sei se é uma boa idéia... – ele disse cabisbaixo. De repente seus supras pareciam mais interessantes que meus olhos.

– Por mim Jus... – falei fazendo um biquinho. – Provavelmente eu não vá conhecer ninguém lá... – disse revirando os olhos.

– Mas a festa não é para você? – ele perguntou confuso, e fez a careta mais fofa do mundo. Acariciei seus cabelos.

– Sim, mas a Jullie deve ter chamado Atlanta inteira, e eu não conheço NINGUÉM! – dei ênfase na ultima palavra. De fato, eu já havia dito, não sou muito popular e se sou, não é por minha causa, ou seja, todos deduzem que eu seja como minha mãe, e isso acaba me afastando ainda mais de todos.

– Ainda acho que não é uma boa idéia. Preferia ficar em casa, de baixo dos edredons vendo um filminho... – ele sorriu malicioso e eu dei um tapa em seu ombro e o fuzilei, fazendo com que seu sorriso se desmanchasse e ele ficasse sério. – Tudo bem... Eu vou com você! Satisfeita? – disse revirando os olhos e me dando um selinho.

– Obrigada! – disse sorrindo e passando meus braços por seu pescoço lhe dando um selinho demorado. – Agora vamos? – perguntei olhando para as malas no chão e tentando forçar um sorriso.

– Sim! – disse pegando algumas malas para levar para o carro. Como eu não iria para casa de Justin, ele implorou que pudesse pelo menos me levar até em casa, para que eu não tivesse de ir de taxi. Carregamos o carro e enquanto eu ia me despedir de Marta, Justin ficou encarregado de assinar alguns papéis.

– Maaaaaaaaaarta! – Gritei com a voz manhosa.

– Minha querida, você já vai? – ela perguntou abrindo os braços para que eu pudesse abraçá-la.

– Sim... Vou sentir tanta sua falta! Vê se me liga, ou sei lá, marcamos um dia que você puder... Só não some ok? – pedi e ela sorriu.

– Lógico que não meu amor. – ela disse beijando meus cabelos.

– Marta Parker, comparecer ao quarto 569! Marta Parker, comparecer ao quarto 569! – uma voz fina e irritante dizia no microfone.

– Tenho que ir. – Marta disse me soltando.

– Tudo bem... – disse cabisbaixa. - Bom trabalho Ma! – gritei para uma mulher que corria pelo corredor. – Sentirei sua falta! – sussurrei.

Quando voltei á recepção, me informarão que Justin já estava me esperando no carro. Corri pelas ruas do hospital, Justin havia dito que ficaria me esperando na rua de baixo. E lá fui eu... Entrei numa ranger rouver preta e o garoto que lá estava sorriu e me beijou.

O caminho foi longo, e Justin tinha suas mãos sobre as minhas presas na marcha. Sempre que podia, ele me olhava pelo canto do olho e sorria. Aquele sorriso me fazia esquecer tudo, até meu próprio nome.

– Para de fazer isso! – resmunguei

– Isso o que? - Ele disse inocente sorrindo ainda mais.

– Sorrir desse jeito... – disse cruzando meus braços sobre minha barriga

– Assim? – ele disse forçando um sorriso que mostrava toda sua gengiva. Aquilo fora estranho, mas mesmo assim lindo.

– Não seu bobo. – Disse batendo em sua perna. Vai dizer que ele não percebia como eu ficava com seu sorriso? Claro, e eu sou o papai Noel! Ele olhou para suas pernas, minha mão ainda estava ali, próxima ao seu membro. Corei assim que percebi isso e tirei-a de lá. Pelo canto do olho vi Justin sorrir malicioso.

O resto da viagem foi silenciosa, até chegarmos á uma casa grande e aparentemente vazia. Respirei fundo e coloquei minha mão na tranca da porta do carro.

– Espere! – Justin disse me puxando para si e selando nossos lábios. Foi rápido e nós sorrimos. – Vou sentir falta disso. – ele sussurrou me dando outro selinho. – Venho te pegar ás 20h! – ele avisou. Sim, a festa... – Te amo minha shawty!

– Também te amo Jay! – disse abrindo a porta do carro e indo até o porta-malas.

Por ser uma rua mais agitada, Justin não podia descer do carro, então com dificuldade tirei as malas do carro, ajeitei minha bolsa em meus ombros e respirei fundo. Era agora! De volta ao inferno! A porta sempre ficava aberta, então caminhei lentamente até o hall de entrada e acenei para o carro que deu a partida e saiu dali rapidamente.

Fechei meus olhos e entrei na casa. Nada havia mudado. Novidade! Subi até meu quarto e joguei minhas malas no closet. Eram 15h, eu podia deixar separada minha roupa e dormir um pouco antes da festa...

Escutei barulho (leia-se gemidos) no quarto do lado, mas nem me preocupei em ver o que era, já sabia muito bem do que se tratava.

– É, agora sim estou me sentindo em casa! – resmunguei para parede e revirei os olhos.

Fui até meu closet á procura de um vestido de festa. Não era muito de ir á esses lugares, mas para minha sorte, Jullie um dia tinha comprado um para mim para irmos á uma festa, mas no dia eu passei mal e nem fui. Foi á um ano atrás, mas acho que ainda me serve... Peguei o vestido, um sapato de salto e arrumei uma bolsa pequena. De fato, eu queria descansar, então se eu levantasse 19h já estava de bom tamanho para tomar um banho e me vestir.

Programei meu despertador para 18h e 55min, tirei meus sapatos e me joguei na cama. Sem me preocupar em arrumar as malas nem trocar de roupa. Eu estava exausta. Chorar me dá sono, e o que eu mais fiz hoje foi isso...

“Your beautiful eyes

Stare right into my eyes

And sometimes I think of you late at night…” – meu celular tocou desesperadamente. Desliguei o despertador e me levantei da cama. Vamos lá Alice! Animo! É uma festa! Tentei me convencer disso, mas só o que eu queria era voltar para aquela cama, só que dessa vez aconchegada nos braços de Justin.

Fui para o banho ainda de olhos fechados e deixei que a água fria me acordasse. Estava funcionando, já me sentia mais disposta. Fui para meu closet apenas de toalha e me vesti. O vestido estava um pouco apertado, mas nada demais. Fiz uma maquiagem mais pesada e sentei na minha cama para por os sapatos. Peguei meu celular e vi a hora: 19h e 50min. Adiantada! Ótimo!

Meu celular começou a tocar e vi que era Justin.

– Já esta pronta meu amor? – ele perguntou assim que atendi.

– Sim.

– Então desça, estou te esperando.

– Tudo bem. – suspirei e desliguei o telefone. Peguei minha bolsa e desci as escadas.

– Aonde você vai? – minha mãe perguntou quando passei por ela sem dizer nada.

– Não te interessa! – disse ríspida e sai. Justin me esperava encostado em seu carro, ele estava lindo com uma calça preta, seu supras pretos e uma blusa branca.

– UAAAAAAAL! – ele exclamou assim que tirei seu celular de suas mãos e entrei em seu campo de visão. Corei quando ele me encarou de cima em baixo e sorriu malicioso. – Tudo isso é para mim? – ele perguntou malicioso.

– Para quem mais seria? – sorri e ele abriu a porta do carro para mim, entrando no lado do motorista depois.

– Você também está lindo! – disse beijando-lhe a bochecha.

– Só para você! – ele sorriu malicioso e pousou sua mão em minha coxa.

A festa seria na casa de Jullie, então não fomos longe. Estava lotado! Mas tipo, lotado mesmo! O jardim estava todo iluminado, muitas pessoas dançavam feito loucas, todos estavam com copos de algum tipo de bebida alcoólica na mão e outros até com cigarros e outros tipos de drogas. Agarrei o braço de Justin forte, assim que ele veio para o meu lado e começamos a passar entre as pessoas. Ninguém reparou em nós, para minha sorte, mas o pior ainda estava por vir, o interior da casa... Avistei Jullie falando com um garoto muito bonito, e depois que me viu fez um sinal para que o garoto a esperasse e veio em nossa direção.

– Alice! – ela gritou por conta do barulho alto da musica.

– Oi! – gritei e ela sorriu.

– Ta gata hem... – ela sorriu maliciosa me dando um tapa na bunda.

– Você que está. – forcei um sorriso. Ela me parecia meio bêbada, sinal de que seus pais não estavam aqui, ou seja, a noite prometia!

– Vem, vou te apresentar uns amigos. – ela disse me puxando pelo braço. Olhei para Justin que sorriu e assentiu.

– Já volto. – sibilei e ele sorriu. Pelo canto do olho vi Justin ir para um lugar mais afastado, provavelmente ele iria sentar.

– Aqui! – disse Jullie gritando. Estávamos num lugar mais afastado, a musica estava mais baixa, mas ainda sim alta. Á nossa frente estavam alguns garotos, muito bonitos, mas nada comparado ao meu Justin... Sorri cumprimentando-os enquanto cada um dele vinha me dar um beijo em minha bochecha. O mais atirado colocou suas mãos em minha cintura e apertou, eu dei um passo para trás e ele logo recuou.

– Alice, esses são Lucas, Chad e Taylor! – ela sorriu para o garoto atirado e ele retribuiu. – Divirtam-se. – ela disse se afastando, me deixando no meio daquele monte de garotos desconhecidos.

– Soube que sua mãe é uma prostituta de primeira. Me pergunto se você é tão boa de cama quanto ela... – o garoto loiro, Chad, acho, disse se aproximando de mim.

– Não, eu não sou como minha mãe. – disse recuando alguns passos e trombando em um garoto moreno, Lucas, se não me engano.

– Só experimentando para saber. – ele sussurrou em meu ouvido. Aquilo me arrepiou, mas não foi bom, foi apavorante.

– É, com licença, eu tenho que voltar... – disse tentando ser educada, mas Taylor, o atirado, me enconchou. Estremeci.

– Ah, mas por quê?  A festa nem começou... – ele disse pegando em meus cabelos.

– Tem alguém me esperando lá dentro. – me afastei de Taylor. Os três me cercaram, e começaram a me tocar.

– Me solta! Não encosta em mim! – disse, tentando, sem sucesso, afastá-los de mim.

– Deixem a garota em paz, seus manes! – uma voz grossa disse ao longe.

– Ah, qual é Eduardo, vai estragar a festinha? – Taylor zombou, olhando para o garoto atrás de mim.

– Sim, ela não quer! Vai procurar alguma garota que esteja louca para ser comida! – a voz grossa tornou a falar e dessa vez senti alguém tocar meu ombro. Fiquei com medo de olhar para trás, mas meu corpo estremeceu com o toque macio e frio daquelas mãos másculas. – Calma, eu vou te tirar daqui! – o garoto da voz grossa e dono daquelas mãos, sussurrou em meu ouvido para que apenas eu ouvisse.

– É, acho que vai ser bem melhor que essa ai! – Chad disse referindo-se á mim e saindo dali.

– Você não vale à pena! – Lucas disse e se juntou á Chad. Taylor foi o ultimo á ir embora, mas foi em silêncio.

– Pronto, fique calma! – o garoto que me salvou daqueles malucos disse me virando e me abraçando. Ele era forte, e cheiroso. Me afastei um pouco para poder enxergá-lo mas era inútil, estava muito escuro.

– Eu. Eu preciso encontrar alguém. – disse segurando o choro.

– tudo bem, nos vemos por ai! – o garoto disse e sem saber sem nome ou ao menos como e quem ele era, sai em direção á festa, onde o barulho era imenso e era quase impossível de andar sem ser encoxada por alguém. Precisava achar Justin, eu não queria ficar mais nem um minuto ali. Procurei-o por toda a festa, ele não estava em nenhum canto do primeiro andar.

Esbarrei em uma garota que pude perceber que era uma das amigas mais intimas de Jullie.

– Você sabe onde a Jullie esta? – perguntei em meio á gritos. Ela não parecia bem, mas com certeza conseguiria me dizer onde ela estava.

– Ela subiu com um gatinho, mas nem vá atrás, do jeito que eles estavam se você subir vai interromper algo muuuuuuuuuito bom! – ela disse dando ênfase no bom e depois agarrando-se á um moreno, o primeiro que ela viu, se é que ela estava enxergando algo.

Não estava nem ai se fosse interromper algo que Jullie estivesse fazendo, eu queria embora, só iria com o Justin, e como ela é a dona daqui, me ajudaria a encontrá-lo em minutos. Se conheço Jullie, ela deve estar no quarto de hóspedes, pelo menos esse era o mais ‘aconchegante’, sei disso porque eu que durmo nele quando veio para cá.

Abri a porta que estava destrancada e tive a cena mais apavorante, mais deprimente e talvez mais decepcionante de toda minha vida. Jullie de fato estava ali, e muito bem acompanhada por sinal.

– JUSTIN? – gritei. As lágrimas já caiam livremente sobre minha face, eu não sabia o que fazer, só não ficaria ali vendo Justin comer minha melhor amiga. Jullie me encarou e olhou para Justin, não consegui fazer mais nada, apenas bati a porta do quarto e sai em disparada pelas escadas. Não pode, como ele pode ter feito isso comigo? Alice, como você é burra! Como não pode perceber? Como pode acreditar em mais uma mentira, em mais uma promessa de Justin? As lágrimas não paravam de descer, também não as impediria, era isso ou voltar lá e acabar com Justin. Aquele filho da puta, mentiroso, traidor, e traidor... Não agüentei. Estava fraca demais, as lágrimas já embaçavam minha vista e minhas pernas estavam bambas. Cambaleei até o jardim e me joguei lá, de cabeça baixa vendo a cena que acabara de ver em minha mente se repetir como se estivessem esfregando em minha cara o quão burra, idiota e fútil que fui. NÃO ACREDITO!

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