Lean Lee escrita por Maria_Eduarda


Capítulo 4
Capítulo III




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Cheguei um pouco adiantada nesta manha. O sol já estava forte. Tomava café na sala dos professores enquanto Mariela tagarelava alguma coisa a respeito de uma festa que havia ido. Eu estava completamente concentrada na porta quando Dylan passou por ela.

Seu cabelo estava diferente, sua camiseta polo por fora do jeans escuro. Seu olhar se encontrou ao meu, ele sorriu radiante. Cumprimentou alguém de longe e veio até mim.

-Não é? – Mariela me olhava fixamente.

-Com certeza. – esperei estar certa, e estava, pois ela sorriu.

-Que bom que você concorda. Já venho! – ela se levantou e foi conversar com alguém na secretaria. Dylan sentou-se na cadeira vazia ao meu lado.

-Bom dia. – eu andava reparando a algum tempo que a face de Dylan sempre mudava quando falava comigo. Ele me olhava com carinho, simplicidade, como se me conhece há anos, vidas quem sabe. O seu “bom dia” escondia tanto. Eu sentia o impulso de desvenda-lo.

-Bom dia. – corei.

-O que vai fazer hoje? Tem aula a tarde?

-Nada. Vou adiantar o planejamento de algumas aulas. Por quê?

-Eu vi que você estava lendo “Calabar”, e este livro era uma peça de teatro. E hoje essa peça vai estrear no teatro municipal. Gostaria de saber se você quer ir comigo? Eu tenho duas entradas.

-Não sei. –ele realmente prestava atenção em mim.

-Vamos.  A peça é ótima, uma produção imensa. É uma reinterpretação, mas vale a pena.

Eu realmente queria muito ver Calabar, histórias de traição me atraiam. Carlos não estaria em casa, na realidade não precisaria nem saber. Afinal, Dylan era apenas um amigo.

-Tudo bem. – seu sorriso foi imenso. O sinal tocou me levantei e disse saindo. – te encontro lá.

-Não posso te buscar?

-Não. – vizinhos falavam muito.

A aula passou rápida, sai da escola e como teria que almoçar sozinha parei em um restaurante para comer.

Cheguei em casa e senti o peso do silencio, aquilo me confortava. Estava estranhamente nervosa. Procurei vestir algo bem simples. Escolhi um jeans e uma blusa mais soltinha. Deixei meu cabelo solto, quando olhei no relógio vi que estava muito atrasada.

Quando cheguei ao teatro tive a sorte de encontrar uma vaga parcialmente próxima da entrada. Olhei no espelho retrovisor, vi minha expressão aflita, o que não fazia sentido algum.

Obviamente Dylan já teria entrado, pois o espetáculo havia começado há vinte minutos. Eu corri e quando estava prestes a entrar no imenso prédio o ouvi gritar meu nome:

-Lean! – ele vinha em minha direção acenando. – não achou que eu fosse entrar sem você achou?

-Na realidade achei sim. – quanto cavalheirismo. Chegou a ser engraçado. Ele sorriu e abraçou-me amigavelmente.

-Vamos?- seu sorriso imenso enchia-me de vida.

Entramos no teatro. O som da peça musical ecoava por todo prédio.  Nos sentamos na ultima fileiras de cadeiras estofadas de vermelho, lado a lado. Dylan era realmente muito cheiroso, como algumas professoras já haviam comentado aos risos.

Independente de nosso atraso eu entendia perfeitamente a história. O espetáculo passou rapidamente, foi lindo. As luzes se acenderam, pude sentir a mão quente de Dylan secando a lágrima que escorria por minha face. Olhei em seus olhos, ele sorriu.

-Foi realmente lindo.

Concordei.

Nunca reparei em como seus olhos eram amáveis e em como me encontrei neles. Estava completamente hipnotizada. Pude imaginar minha expressão ao olha-lo desviei o olhar, pois estava abobada. Ele me olhava com naturalidade, e com um toque de desejo e contentassão. Isso me preocupava.

O teatro estava vazio quando dei por mim. Estávamos nos observando no silencio há quanto tempo?

-Fico muito feliz que tenha vindo comigo. – ele aproximou-se de mim lentamente e me deu um demorado beijo na bochecha, forcei meu rosto em seus lábios com calma, e passei as mãos das minhas pernas para seus largos ombros.  Suas mãos pousaram calmamente em minha cintura, e firmaram-se em minhas costelas que se movimentavam rapidamente devido minha respiração ofegante. Fechei os olhos e inalei seu odor, eles queimaram minhas narinas como um viciante veneno, do qual eu queria desfrutar todo o tempo.

Seus lábios úmidos de afastaram da minha bochecha e procuraram meus lábios. Tocaram meu queixo tremulo e foram empurrados de mim com um violento impulso. Meus braços o afastaram, seus olhos assustados me fitavam.

-O que foi isso? Me desculpe. Você é casada, eu não devia... Não, me desculpe. –ele passou as mãos pelo cabelo preocupadamente.

-Tudo bem. Isso acontece sempre, somos amigos e... – não sabia o que falar, não sabia ao menos como agir, senti minhas mãos confusas e inquietas. – eu tenho que ir, muito obrigada pelo convite, nos vemos na escola. - saí do teatro sem olhar para traz, as paredes rusticas se tornaram apenas borrões. Minha cabeça girava, não o ouvi me seguir, mas ao entrar no carro o procurei antes de sair da minha vaga e ir para casa. Estava confusa, estranha, sentia-me culpada e culpava-o também.

Quando cheguei em casa, com o carro já dentro da garagem, cobri o rosto com as mãos e pensei não em meu quase erro, mas sim em como ele teria sido. Como seria beija-lo, como teria sido se seus grossos lábios tivessem pressionados aos meus, tão quentes, tão macios. Imaginei suas mãos agarradas a minha cintura, seus dedos trançados em meu cabelo. E então, por ousadia de sua parte, suas mãos tocassem meu seio, seus lábios desceriam ao meu pescoço, eu olharia para cima para que ele pudesse fazer melhor proveito da minha pele úmida. Minhas mãos seriam ousadas o suficiente para tocar seu corpo tão jovem?

Abri os olhos, e tentar negar aquilo que me permiti pensar. Não fui capaz, olhei os pelos eriçados de meu braço. Meu peito acelerado. Liguei o som do carro na esperança de me acalmar, tocava um cd que ganhei de Carlos, lento demais para ocasião. Desliguei o som e decidi acalmar meus pensamentos antes de entrar em casa.

Não havia sido nada demais. Nós nem nos beijamos, somos amigos, nem amigos, somos colegas de trabalho. Eu não sentia absolutamente nada por Dylan. Ele era um rapaz atraente, mas nada além disso. Eu era casada, tinha uma família, que amava incondicionalmente. Apesar de meu corpo negar isso com suas estupidas ações involuntárias, eu sabia o que queria.


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