Morte sem Dúvidas escrita por PaulinhaKawaii, Dilikilol


Capítulo 2
Minha Infância I




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Eram vermelhas, amarelas, azuis, cor-de-rosa e transparentes. Elas dançavam no ar, se juntava, explodiam-se, tudo para mim. E eu rodava junto dela, e elas rodavam sobre mim. Eu corria para acompanhá-las. Não respirava para elas pousarem sem estourar em minhas mãos. Eu olhava para cima e lá estavam as bolhas subindo para o céu. Queria ir com elas. Olhei para os lados para perguntar se poderia subir junto delas para minha mãe; mas, ela não estava lá.

Não sabia ao certo quanto tempo eu tinha parado brincando com as bolhas, não me lembrava da hora em que soltara a mão da minha mãe para brincar junto delas. De repente uma dor surgiu no meu peito. Onde estava a minha mãe?! Olhava pra todos os lados, vendo vários aglomerados de pessoas. Mas, não conseguia ver ela.

As pontas dos meus dedos estavam frias. Eu estava suando. Como encontraria a minha mãe?! Mais lágrimas caiam sobre o meu rosto. Eu estava entrando em pânico. Ela não aparecia. Eu não a via. Eu caí no chão, desmaiada.

 

~0~

 

Eu sentia frio. Percebi isto ao me sentir totalmente arrepiada e encolhida de junto a uma grade. Eu ainda estava na *Lagoa, estava de noite, e as únicas pessoas que ainda passavam por aqui eram mendigos e garotas de programa. Eu estava com medo.  Minha mãe não tinha voltado para me buscar. E eu não queria entender ou saber por quê. Eu no momento bloqueava a hipótese dela ter me abandonado. O barulho das folhas das palmeiras estava me deixando com medo.

Eu nunca tive medo da noite, ou do escuro, mas estando onde estou eu começo a temê-lo. As sombras se transformavam em pessoas que você nunca viu. E as pessoas se transformavam em sombra. Num carrossel de ruídos e formas. Tudo o que eu queria ver ali era a minha mãe e as inquietantes formas montavam-se para as dela, e minha cabeça doía ao saber que não era ela. Eu não sabia o que fazer.

Levanto-me vasculhando com os olhos as pessoas. Será que tem alguém na mesma situação que eu? Olho duas crianças conversando. Vou andando sem rumo até que me sento em um dos banquinhos perto das lanchonetes que no momento estavam fechadas. Eu estava com fome. Agora eu entendo o porquê de que quando aqueles meninos de rua viam me pedir esmolas eles suplicavam por alguns centavos. E minha mãe os afastava dizendo que não tinha, eu sempre sabia que ela tinha, mais nunca falava nada A sensação de que você nunca voltaria a comer é um medo perturbador.

Encolho-me o máximo que posso para poder repelir o frio do meu corpo. Eu queria que tudo fosse um pesadelo, no qual depois que eu me despertasse sairia correndo para a cama da mamãe e no acalento dos seus braços e com muitos beijos do papai eu dormiria novamente. Era o que eu queria.

 

 


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