Eu abriria mão de qualquer coisa para ficar com você

                - Você sabe que vai conseguir – disse Seth.

                - Você só diz isso para me tranquilizar. Sabe que eu sou uma tragédia lutando.

                - Mas é claro que é! Você é lobisomem há quatro dias e já quer saber lutar?

                - Sim!

                - Impossível, Meg. – disse ele, me puxando para um abraço que logo se transformou em beijo. Eu gostava do jeito como ele dizia meu nome, de como ele me tocava com aquela delicadeza sem igual. Nos pontos em que ele encostava em mim minha pele estava mais quente. Será que algum dia eu ia me acostumar com a ideia de que Seth Clearwater pertencia a mim e eu a ele por todas as nossas vidas? Será que algum dia quando ele me tocasse eu ia me sentir normal, e não a garota mais especial do mundo? Provavelmente não, e eu não queria que isso acontecesse. E então ele parou o beijo com suavidade e começamos a caminhar de mãos dadas pela borda do bosque.

                - Você sabe que vai ter que abrir mão de muitas coisas para ficar comigo, não sabe Meg? – disse Seth, parando para me fitar preocupado. Do que ele estava falando?

                - Como assim? – perguntei.

                - Eu acho que é o que quase 80% das garotas querem e sonham, não é? Coisa pela qual poderiam morrer. Você não poderia ser mãe sendo uma lobisomem, Meg. – falou ele, medindo as palavras e me olhando como se qualquer movimento que eu fizesse significaria muito. Eu não respondi por um momento, surpresa pelo fato de ser isso o motivo de ele estar tão tenso. Logo Seth continuou – Se é o que você quer, eu não me importo. Você pode desistir de toda essa bobagem de lobo e fazer isso com outra pessoa, ou comigo, e eu não vou me importar, é sério. E depois se quiser voltar, bem... Eu posso esperar, e...

                - Você estava preocupado com isso? – falei rindo. Ele me fitou indignado e eu ri ainda mais – Eu não faço parte desses 80%, Seth. Eu abriria mão de qualquer coisa para ficar com você.

                - Meg, eu preciso que você entenda – disse ele, segurando meu rosto com as duas mãos – Eu não vou deixar você não fazer tudo o que quer por minha causa. E também não vou te obrigar a fazer algo que não queira.

                - Seth, se eu não fosse lobisomem não poderia ficar com você até sei lá quando! Eu não poderia nem ficar com você, pois se não fosse por isso eu não teria te conhecido. Eu não quero ser mãe, e principalmente: não quero ver você ter essa mesma aparência enquanto eu viro uma velha enrugada.

                - Você não vai ser uma velha enrugada.

                - É claro que vou, acontece com todo mundo. Você por acaso iria querer beijar a sua avó? Isso é nojento. Sem falar que eu vou morrer um dia se permanecer humana, meu lobo lindo – e o beijei.

                Ele logo retribuiu, suas mãos deslizavam suavemente por todo o meu corpo. Nós caímos na grama e Seth rolou para cima de mim, onde nos beijamos por muito tempo. Cada célula do meu corpo parecia ter felicidade própria, eu estava completamente incendiada onde ele me tocava. Minhas mãos faziam carinhos em sua nuca e eu sentia ele se arrepiar da mesma maneira que eu.

                Eu acariciava seus cabelos e ele segurava meu rosto com as duas mãos. Então fomos interrompidos por uma voz que vinha do bosque.

                - Muito bonito vocês dois, se pegando onde todos veem. Parabéns, Seth. Você conseguiu desencalhar mesmo. – falou Paul. Eu o reconheci pelo modo de falar debochado, mas mesmo assim levei um susto e me levantei com um salto, derrubando Seth. - Tudo bem, eu não falo pra ninguém, Meg. Pode relaxar. – disse ele, rindo histericamente da cara de Seth.

                - O que é, Paul? – perguntei, dando pequenas risadinhas discretas e ajudei-o a se levantar.

                - Nós vamos à lanchonete da reserva. Quil insistiu para que chamássemos vocês.

                - Tudo bem, já estamos indo.

                - Estamos? – disse Seth.

                - Sim.

                Fomos os três conversando pela floresta e quando chegamos na lanchonete, os outros lobos esperavam em uma mesa no fim do pequeno estabelecimento, que ficou lotado com toda a alcateia. Apenas Jacob não estava ali, mas ele devia estar com Renesmee. Eu entendia isso agora, a necessidade de estar com a pessoa amada, sabia o significado do amor verdadeiro.

                - Finalmente! O que estavam fazendo? – disse Quil, puxando-me para um abraço. Eu corei. Nós éramos amigos quando criança, e agora que eu fazia parte da alcateia a amizade voltara. – Tá, eu não quero saber mesmo!