Iruka trajava botas pretas de couro, calças e casaco vermelhos, e um enchimento por baixo deste, fingindo ser a barriga do bom velhinho. Para completar a fantasia, ele usa barba e bigode brancos e um gorro vermelho.

“Pronto.”

Deu o veredicto ao olhar-se no espelho e constatar-se como irreconhecível a qualquer um, ou, ao menos, àqueles pequenos. Pôs um grande mas vazio saco escarlate às costas e deixou sua morada.

Toda véspera de Natal, Iruka se vestia de Papai Noel e recolhia as cartas que as crianças escreviam. Ele se sentia muito bem ajudando aquelas crianças a aproveitar sua infância. Iruka, como um shinobi, sabia das responsabilidades daquela vida e sabia também como muitas vezes ela era cruel.

Ele acabara de passar pela casa de Naruto e pegou sua carta quando espantou-se ao ver, na soleira da porta da casa de Sakura, um envelope decorado por desenhos de sinos, renas e um papai noel.

“A Sakura? Mandando uma carta para o Papai Noel?”

Ele acostumara-se com o fato de Naruto ainda acreditar na maior crença natalina, mas a Sakura também? Era estranho esse comportamente vindo dela.

Ainda assim, ele a recolheu como todas as outras e acabou por aceitar a atitude da kunoichi com alegria, não era apenas por ela já ser quase uma adulta que ela não podia acreditar.

Ele continuara andando pelas ruas de Konoha, nutrindo o saco vermelho que tinha às costas com grandes esperanças de pequenos corações.

Já cansado de tanto caminhar, Iruka parou para descansar em um parque, vazio àquela hora da noite, e sentou-se em um banco qualquer. Fechou os olhos, suspirou, alimentando os pulmões com o ar alegre da noite feliz.

Seus sentidos ninjas o alertaram de uma presença próxima, e ele entreabriu os olhos. Parado à sua frente, com o sorriso de sempre no rosto, esta o ANBU Sai. Ele trazia uma carta nas mãos.

“Até ele?” pensou Iruka.

“Será que você poderia levar a minha carta também?” Sai pediu-lhe educadamente.

“Claro.” Iruka respondeu, visivelmente espantado.

“Obrigado.” Sai virou-se e desapareceu como um vulto.

O shinobi havia posto a carta de Sai junto das outras e não conseguia enxergar os motivos que levaram Sai a uma atitude daquelas. Porém, assim como ocorrera com Sakura, Iruka acabou por aceitar o fato como consumado e concluir que era um bom sinal. Um sinal de que as coisas estavam mudando..e para melhor.

Levantou-se ao sentir-se já completamente recuperado e rumou para o prédio da Hokage. Ele tinha uma pequena teoria em mente que estava prestes a ser posta à prova.

E lá estava ela: a carta de Tsunade.

Era apenas um enelope branco, nem desenhos decorativos havia em sua superfície. Mas Iruka sabia o que aquilo representava além do papel, representava a influência de um certo loiro de olhos azuis sobre todo o mundo shinobi.