A majestosa lua cintilava no escuro céu. A brisa da noite trazia consigo dor e solidão. A sensação de abandono predominava em seu coração. “Vamos passar por isso juntos”, a voz de Jeremy martelava em sua mente. Como poderia? Jeremy lhe prometera estar ali, ao seu lado. Seu cúmplice o abandonara no pior momento. E a solidão que a noite fria trazia consigo só piorava a situação. Desejava poder sentir o abraço de seu amado. Sentir o toque aveludado dos dedos de Jeremy. Repousar a cabeça em seu colo enquanto a dor que queimava dentro dele o consumisse. Ter seu alicerce o protegendo e lhe dizendo “Vai ficar tudo bem”. Simples gestos que, no atual momento, lhe fariam toda a diferença, afinal, poder ter a pessoa que mais amava ao seu lado era a melhor coisa que um homem poderia ter. Desejos profundos como esses habitavam seu coração

Entretanto, precisava acordar para a realidade. E a realidade era cruel e cheia de solidão.

Estava apavorado. Sentia cada ínfima parte de seu corpo queimar. Seus ossos retraindo-se. A dor imensurável atingia seu âmago com extrema crueldade. O pavor inundava seu coração a cada osso quebrado, a cada músculo rasgado durante a transformação. Por longas horas ficou naquele estado de pavor e sofrimento até que a dor, enfim, chegou ao seu ápice, libertando o lobo existente em Tyler Lockwood.

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Os corredores de Mystic High estavam como de costume, com jovens andando de um lado para o outro com suas conversas sem importância e totalmente alienados da real situação de sua cidade. Tyler estava em seu armário pegando o livro de biologia, sua próxima aula. Sua mente imersa nas lembranças da noite passada. Estava atônito a qualquer acontecimento a sua volta. O jovem Lockwood fechou seu armário e caminhou lentamente para a sua sala, seu corpo esbarrando-se na última pessoa que queria ver naquele momento.

- Meu Deus, Tyler, estava te procurando! – Os olhos de Jeremy denunciavam sua preocupação – Por que não atende as minhas ligações?

- O que você quer, Gilbert? – Sua voz era fria como um iceberg.

- Como assim o que eu quero?

Jeremy não conseguia entender o que o jovem Lockwood estava dizendo e nem porquê dele estar o tratando daquela maneira.

- Eu estava preocupado, Ty, afinal, você não atende as minhas ligações.

- Bem, parece que você sobreviveu.

As palavras do mais velho atingiram Jeremy com uma rispidez cruel.

- O que...?

- Eu preciso ir para a aula.

Tyler afastou-se do jovem Gilbert, mas fora impedido de prosseguir seu caminho. Jeremy segurou seu braço, forçando o mais velho a fitá-lo.

- Por que está fazendo isso, Ty? – Sua voz carregava dor.

- Me solte! – Seus olhos fitaram o mais novo com fúria – Agora!

Jeremy Gilbert libertou o braço de Tyler e seus olhos fitaram o filho único dos Lockwood se afastar. Não entendia o que estava acontecendo ou o motivo para que ele agisse daquela maneira. Tyler sempre fora difícil de entender, mas sempre conseguia decifrá-lo. Agora, no entanto, não conseguia fazê-lo.

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As últimas aulas seguiram como o de costume. Para Tyler Lockwood nada estava fazendo diferença alguma. Sua mente não conseguia se concentrar em nada a não ser nele. Antes que o último período terminasse, sentiu seu celular vibrar. Uma mensagem.

“Me encontre no campo de futebol!

Jer”

Ficou por longos minutos fitando a mensagem no celular. Não era justo o que estava fazendo com Jeremy. Não sabia o que poderia ter acontecido com ele na noite em que se transformara. Precisava dizer-lhe qual o motivo de sua raiva, porém não queria vê-lo. Ver aquele rosto delicadamente esculpido fazia seu coração relembrar de toda angústia que passou na noite passada.

O sinal de Mystic High obrigou-o a despertar de seus devaneios. No final, lá estava ele observando de longe o impaciente Jeremy Gilbert na arquibancada do campo de futebol. Por breves segundos pensou em ir até ele e dizer-lhe tudo o que tinha para dizer, mas era teimoso demais para simplesmente fazê-lo.

Fitou-o por mais alguns segundos e então caminhou para onde havia estacionado seu carro. Não queria vê-lo. Sentia-se machucado e abandonado em seu momento mais crítico. Tyler entrou em seu automóvel e dirigiu sem rumo. Cada caminho seguido sem escolha. Estava deixando levar-se por completo. O crepúsculo denunciava que a rainha da noite se aproximava.

Dirigiu pelo centro de Mystic Falls. Durante longas horas ficara divagando em seu carro, sem destino aparente. O jovem Lockwood estacionou, por fim. Suas mãos ainda presas ao volante. Virou-se lentamente e fitou a velha casa dos Gilbert. No final, estava ele ali, atraído como um imã para aquele lugar. Seus olhos fitavam a varanda da grande casa, permitindo-se ficar ali por longos minutos.

Os raios da rainha da noite iluminavam sua picape. Sua cabeça repousava sobre o volante. Todos os seus pensamentos voltados para Jeremy Gilbert. E mesmo sentindo-se abandonado não conseguia deixar de pensar no mais novo.

Seus ouvidos escutaram o som do vidro batendo, então levantando sua cabeça para fitar o que chamava sua atenção. Lá estava ele, Jeremy Gilbert, e os olhos inchados do mais novo denunciavam que estivera chorando. Tyler abaixou o vidro do carro, deixando que seus olhos se encontrassem com o do mais novo. Entreolharam-se por longos segundos até o mais novo quebrar o silêncio.

- Desse jeito vai pegar um resfriado – Sorriu cabisbaixo.

- Não estou com frio – Sua voz era invernal assim como a brisa daquela noite.

- Deixe disso, Ty, não que entrar um pouco? – Perguntou esperançoso em receber uma resposta positiva. Era tudo o que queria no momento – O que me diz?

- Não, obrigado – Sua voz atingira Jeremy profundamente – Acho que vou para casa.

Tyler deu a partida em seu carro, mas não obteve resposta. Seus olhos fitaram o ponteiro no painel, que denunciava que a gasolina havia acabado. Agarrou a mochila no banco do passageiro e abriu a porta, saindo do carro.

- Pelo jeito terei de ir caminhando – Bateu a porta com força.

Jeremy permaneceu parado na frente de Tyler. Seus orbes acastanhados fitavam o mais velho em súplica.

- Não vai ir andando – Sua voz era firme – Vamos, entre! De manhã Elena pode dar uma carona para você.

- Acho melhor não – Tentou se desvencilhar-se do mais novo em vão. A mão de Jeremy segurava seu braço – Me solta, Gilbert! – Sua voz se mantinha invernal como brisa noturna.

- Não! – Seus olhos úmidos fitavam o mais velho em súplica – Fique. Por mim?

- Por você? – A raiva transbordava através de seus orbes – Não consegue pensar em ninguém além de si mesmo?! – Esbravejou.

- Tyler? – Assustara-se com o rompante do mais velho.

- Eu vou embora – Tyler soltara-se da mão do jovem Gilbert e começou sua caminhada, sendo prontamente seguido pelo mais novo.

- Onde você pensa que vai? – Perguntou ríspido.

- Vou te acompanhar até a sua casa – A voz de Jeremy era calma. Seus lábios começaram a perder sua cor natural devido ao frio intenso da noite – Não vou deixar que ande por aí sozinho a essa hora da noite.

Tyler fitou os lábios trêmulos e sem coloração do mais novo. Sabia que o mais novo era teimoso e o seguiria até sua casa. O que poderia colocar a saúde de Jeremy em perigo. Não se importava com o frio, afinal, era um lobisomem. Seu corpo tinha a temperatura mais elevada do que as dos humanos. E Jeremy era só um garoto, se persistisse nessa caminhada poderia colocar sem querer a saúdo do mais novo em perigo. Odiar-se-ia se isso chegasse a acontecer. Parou bruscamente, agarrando o braço do jovem Gilbert e arrastando-o para dentro da casa.

- Tudo bem, eu passo a noite aqui! – Concordou a contragosto.

Jeremy sorriu e entrou em sua casa junto de Tyler. O silêncio predominava na grande casa. Elena estava na casa de Stefan e sua tia, devido ao horário, passaria a noite na casa de seu namorado. Jeremy subiu as escadas esperando que o mais velho o seguisse.

- Você pode dormir na minha cama – Jeremy estava parado em frente a porta de seu quarto – Eu vou dormir na cama da Elena – Sorriu tristonho.

Tyler consentiu meneando sua cabeça. Tirou seu tênis e deitou-se na cama do mais novo, seus olhos fitando o teto por breves segundos. O mais velho proibiu-se de deixar que as teimosas lágrimas voltassem a banhar seu rosto. Respirou fundo e olhou para a porta. Jeremy ainda estava parado. Os olhos úmidos do mais novo cederam não segurando mais as gotas cristalinas que banhavam seu rosto.

- Pare de chorar, Jeremy – Sentou-se na cama.

O jovem Gilbert aproximou-se sentando-se ao lado de seu amado.

- Eu não consigo, Ty - Seus olhos fitavam o chão – Não consigo parar de chorar de ódio. Sinto ódio pelo que fiz. Não consigo olhar para você sem sentir ódio de mim mesmo, do mesmo modo que você deve sentir-se ao me olhar.

- Eu não te odeio – Seus olhos fitavam o mais novo com ternura – Eu amo você, seu idiota.

O silêncio prevaleceu no quarto por alguns segundos. Jeremy secou suas lágrimas e fitou o jovem Lockwood.

- É claro que eu senti raiva de você, e até há pouco, mas nunca o odiei, Jeremy – Não acreditava que o mais novo pudesse pensar tal idiotice – Como posso te odiar, Jer?

- Até agora? Não está sentindo mais raiva de mim? – Perguntou confuso esquecendo-se completamente que seu amado lhe chamara por seu apelido.

- Não – Sorriu afirmando – Depois de ver o quão você estupidamente se arriscaria saindo nessa noite fria só para me deixar em casa... Eu vi que não te dei a oportunidade de explicar-se. Não lhe dei esse benefício.

Jeremy sorriu aliviado. No final teria a oportunidade que precisava para concertar as coisas. Mais calmo, ele explicara que não havia abandonado Tyler, em absoluto. Na mesma noite da transformação do jovem Lockwood sua irmã, como sempre, tivera mais um daqueles problemas envolvendo vampiros e que acabaram o envolvendo também. Assim, esquecera-se completamente da transformação de Tyler. Não por que quis, mas sim porque não haveria como lembrar-se daquilo no momento em que sua vida corria perigo.

- Me perdoa, Ty, não esqueci por capricho e agora você sabe – Seus olhos ainda continham algumas lágrimas teimosas – Me sinto muito culpado com tudo isso.

Tyler permaneceu em silêncio, deixando o jovem Gilbert ainda mais desesperado. Jeremy levantou-se da cama e caminhou para o quarto de sua irmã.

- Vou deixá-lo em paz – Suas lágrimas banhavam seu rosto incessantemente – Boa noite, Ty.

Tyler agarrou o braço do mais novo o puxando para mais próximo de si. Seus lábios beijaram ardentemente os de Jeremy. Seus braços seguravam a cintura do jovem Gilbert com firmeza em um abraço terno. Suas línguas dançavam apaixonadamente. O sabor de ambos sendo trocados na intimidade agora exposta. Jeremy acariciava os cabelos do jovem Lockwood. Toda frieza de minutos antes deixada para trás.

Não podiam deixar que uma coisa “aparentemente boba” destruísse o que haviam lutado para conseguir. Tyler entendera a razão de Jeremy não ter estado ao seu lado naquele momento crítico e com o simples gesto de querer acompanhá-lo até sua casa, mesmo seu corpo dizendo não devido ao frio, fez com que o mais velho entendesse que Jeremy o amava e que não teria o abandonado propositalmente.

Seus lábios se afastaram e ambos buscaram por ar. Os braços de Tyler ainda envolviam o corpo do mais novo. Seu corpo quente fazia o corpo do jovem Gilbert esquecer-se do frio. Puxou Jeremy mais uma vez para mais perto de seu corpo. Seus lábios se tocaram novamente. A intimidade voltara junto com o desejo. O membro rijo do jovem Lockwood roçava com lascívia na ereção do mais novo. Ambos cheios de desejos.

Tyler jogou o corpo do jovem Gilbert na cama deixando seu corpo sobre o do mais novo. Afastou seus lábios lentamente e fitou por logos segundos os olhos castanhos de Jeremy. Nada precisava ser dito. Tudo estava claro como um dia quente de verão. Jeremy o amava assim como ele o amava. Seus corações estavam laçados em absoluta união perante aquela troca de intimidade sendo iluminada pelos raios da majestosa imperatriz da noite. Entregaram-se ao desejo carnal por completo permanecendo juntos durante aquela longa noite invernal.

FIM