A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 8
Capitulo 8




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—/-/Kagome/-/-

A imagem de um castelo negro, cheio de poços habitados por grandes crocodilos e masmorras infinitas cheia de prisioneiros era a imagem mental que eu tinha da residência do albino mais gélido do Japão. Além disso, era estranho pensar que até Sesshoumaru possuía um local para chamar de lar, e de certa forma, soava coerente com sua personalidade, pelo menos mais do que esse ambiente pacífico e branco. 

A casa de Sesshoumaru era, de longe, imponente como o dono. Os altos muros brancos, com telhas de madeira eram uma construção grande o suficiente para indicar o status nobre do Daiyoukai. Por detrás deles, os andares de sua residência de arquitetura clássica japonesa, podiam ser vistos, seriam 3 ou 4 andares, o bastante para essa época. Certamente eu nunca havia estado num lugar de tal classe. 

Faltavam um bom par de metros para alcançarmos os muros, e as pesadas portas de madeira foram abertas prontamente, tornando visível as colunas humanóides, em fila, que seus empregados faziam para receber o Lorde do Oeste, Sesshoumaru Taisho.   

Eu havia esquecido desse detalhe, até porque comparar a imagem do guerreiro Sesshoumaru sempre viajando pelas florestas e a de um Lorde Feudal era um tanto insano para mim. 

Com a abertura dos portões, pude sentir o forte miasma que vinha de dentro dos muros. Não era maligno, era somente o conjunto de vários miasmas, de diferentes tipos de youkais no mesmo espaço. Enfim, adentramos o local, sendo recebidos com hostilidade não velada pelos servos, o youki estava tão denso que foi difícil respirar por um momento. Senti meu reiki querendo agir, reconhecendo o seu inimigo natural.

  Assim como os dois guardas, ao portão, todos os empregados se curvaram assim que adentramos e desejaram as boas vindas a Sesshoumaru, que nada fez, além de continuar o seu caminhar. Mas eu pude sentir os olhares de soslaio para eu e Rin. Os Youkais eram esperados de Sesshoumaru, mas o que me surpreende é a tensão que sinto vindo do mesmo, seu rosto impassível, mas pude notar seus ombros enrijecidos, e seus dedos fecharam-se em suas mãos.O que o fazia ficar deste jeito em sua própria casa? Mas antes que pudesse raciocinar seus motivos, sinto minha mão ser embalada pela menor. 

Rim estava inabalada pela situação e desfilou pelo corredor de hostilidade com um sorriso. 

—Venha, Kah-chan, lhe mostrarei o jardim que comentei! 

Não querendo entristecer a garota eu concordo, ainda preocupada com sesshoumaru. Não, não com ele e sim com o que é capaz de lhe deixar nessa situação. Alegre, a pequena sorriu e me puxou apressada pelos corredores, nossos passos ecoavam, como se estivéssemos sozinhas naquela enorme casa. 

.

Ao chegarmos ao jardim principal pude ver o porquê de ser chamado jardim principal. Ele ficava no centro de toda a casa, mas quando se entrava nele você se perdia em meio à diversidade de flores e árvores ali. Vi no meio deste um pequeno lago cheio de carpas das mais diversas cores e tipos, havia uma pequena queda d'água ali, de modo que a água nunca ficasse parada. A pequena ponte que cortava o lago era o suficiente para duas ou três pessoas ficarem lado a lado nesta. Perto do lago havia diversas pedras como que, para protegê-lo.

Ela me puxou até um banco, de frente ao lago, cujos arredores estavam cheios de Camellias bicolores. Ela não arrancou nenhuma, somente se sentou num banco posto no meio delas, assim como tantos outros e se pôs a admirá-las. Um mar branco e vermelho ao nosso redor, à nossa frente havia uma árvore sem folhas, que não pude identificar, mas bela com seu tronco retorcido.

Rin soltou minha mão.

—Eu adoro esse lugar!_ ela exclamou me olhando sentar ao seu lado

—É lindo, Rin-chan!

—Esse é o meu jardim!_ disse orgulhosa. 

—Veja, aquele é o meu quarto e aquele, o de Sesshoumaru-sama._ Apontou para duas suntuosas varandas, em madeira negra trabalhada, impecavelmente lustradas.

—Sesshoumaru fez para você?_ perguntei observando melhor ao redor, sentindo um ou dois youkais ali ou aqui, mas nunca os vendo.

—Hai!

— É muito bonito, Rin._ elogiei e a menor olhou para frente. Como se tivesse perdido algo. Preocupada com sua expressão eu levanto e me ajoelho à sua frente, forçando-a a me olhar.

—O que houve Rin?_ perguntei e ela me olhou como se quisesse me pedir algo

—O senhor Sesshoumaru está estranho, ele sempre fica assim quando estamos aqui._ Entendo, Rin-chan não é tão alheia assim aos acontecimentos como fez parecer. 

— Ele parece preocupado?_ Lhe perguntei e ela assentiu, com uma expressão aflita.

O quão complicado deve ser para ela receber tamanho hostilidade desde cedo, principalmente aqui, em sua casa. Imagino que deve ser um dos motivos de Sesshoumaru insistir em deixá-la no vilarejo, já que ele não é capaz de desfazer os preconceitos de gerações de youkais sob seu comando. Deve ser assustador para essa criança estar se pondo em perigo assim. Nesse momento, observando-a tão frágil, só pude abraçar seu corpo, como consolo.

—Rin-chan, tenho certeza que ele resolverá tudo. É do Sesshoumaru que estamos falando, não é mesmo?

—Arigatou por estar aqui, Kagome-chan. _ disse e lhe fiz cafuné, perdida sobre o que fazer.

.

O clima estava esfriando, então decidimos retornar para o salão, como Rin chamou. Eu ainda carregava minhas coisas, não confiando em deixá-las com outros. Assim que passamos pelo segundo portal, encontramos uma serva ao nosso aguardo. 

—Vim para indicar-lhe o seu quarto._ Avisou, sem honoríficos. Mais direta do que a tradição, mas não me apeguei a tal detalhe.

—Vamos._ Indiquei para Rin-chan, que estava ansiosa novamente perante a presença da youkai morena, de olhos lilases. 

Andamos pelos corredores, até retornar pela lateral do jardim por alguns minutos, a youkai parou lateralmente à porta de mogno e a abriu. 

— Esse é o quarto Shinsei. Há roupas adequadas para você no armário e produtos no banheiro. O Lorde Taisho aguarda ambas para a refeição. Isso é tudo, posso me retirar?— pude sentir seu olhar de desdém, mas nada melhor que a educação para lidar com um ignorante.

— Hai, arigatou.

.

—-/-/Sesshoumaru/-/-

Assim que adentramos, observei o entusiasmo de Rin ao puxar a humana para algum lugar ao Norte da entrada, prontificando-se a afastar o ser celestial dos demoníacos. Rin, esperta como sempre, quis evitar uma hostilidade maior do que a costumeira. Fiquei observando-as ainda na entrada até que as duas sumissem do meu campo de visão, tornando claro para qualquer um que visse, eu estava de olhos nas duas. Chamo Kimiko, empregada chefe e mandei-a acomodar a Miko e trazer-lhe roupas adequadas para essa residência.

—Chyo_ chamei a empregada que estava mais próxima e a vi surgir à minha frente.

—Sirva o jantar mais cedo hoje._ mandei, lembrando que as humanas não haviam comido nada além de frutas e provavelmente Rim estaria com fome.

—Hai, Lorde Taisho-sama_ Ela respondeu e desapareceu de vista.

—Kyou, informe que amanhã estarei disponível para nossa convidada._ Vi meu General retirar-se para cumprir suas ordens. 

Estava surpreso, apesar de sentir sua presença no local, minha Hahaue não era uma mulher de objetivos simples, assim como não tinha o costume de me visitar pessoalmente, ao invés de enviar seu primeiro comandante como mensageiro ao meu encontro. Era pouco provável que os anseios do conselho do Oeste chegassem aos seus ouvidos, mas a conhecia e sabia que a Lady do Sul tinha os seus meios para descobrir tais coisas.

Decido seguir para meus aposentos, sabia que ninguém ousava pôr os pés no jardim principal do castelo e isso servia de tranquilizante. Somado ao fato de que meus aposentos eram próximos do local onde as humanas foram, logo, poderia relaxar sabendo que estava sob minha vista. Aproveitaria para banhar-me e retirar a vestimenta da guerra que costumo utilizar no exterior. Ao estar completamente despido, me dirijo para o banheiro, meu banho já preparado e com a água quente e minimamente perfumada. 

Durante o banho me ponho a escutar sua conversa, as vozes femininas se destacaram na quietude de minha casa, risos, gritos, barulho, ruídos... Isso não é e nunca foi permitido aqui. Nunca houve sequer um ser aqui que levantou a voz ou fez de sua presença notável, essa era uma das várias ordens minhas. Ordem que está sendo quebrada inconscientemente pela convidada, mas tinha que admitir, o som era agradável, principalmente quando acompanhado da alegria de Rin. Em diante, eu devo me despedir do silêncio mórbido, hóspede eterno desta residência.

Acompanhava inconscientemente o assunto das garotas, principalmente após ouvir seu nome ser citado. Talvez este Sesshoumaru possa só esteja buscando algo para se distrair e evitar pensar no futuro diálogo que sua tão odiosa convidada iria lhe proporcionar. 

"Eu pareci preocupado? Sou alguém capaz de resolver qualquer coisa?" Refleti comigo mesmo os comentários feitos. 

O perigo de estar numa casa demoníaca não assustava a Miko, mas Rin sempre fora afetada pela discriminação e eu não poderia protegê-la a todo momento. Se não fosse pela ocasião do seu aniversário, eu recusaria retorná-la ao castelo tão cedo e esperaria ela se desenvolver mais e se torne adulta o suficiente para ser ensinada pelos senseis do clã.  

Como minha herdeira direta, ninguém ousaria negar após a mesma passar pelos treinamentos corretos. Claro que deveria casá-la com um Daiyoukai de alta patente, para garantir sua segurança, mas era uma situação distante o suficiente para me preocupar agora. 

Sinto a água esfriar e levanto, sentindo meu cabelo pesar por conta da água. Saio do lavabo sem me preocupar em molhar o piso, alguém secaria depois, peguei uma toalha e me secava já andando para meu quarto.

Adentro o local impecável, e pude sentir que tudo estava em seu devido lugar, igualmente a última vez em que estive aqui. Havia uma muda de roupa devidamente dobrada ao pé da cama, escolhida para a ocasião de hoje. Aprovei o conjunto em cores azuis do kimono, sabia que provavelmente fora Kimiko que se encarregou de escolhê-las. 

Já estava vestido quando senti meu general de maior prestígio virar para o corredor de meu quarto, ele para em frente a minha porta e o mando entrar antes que bata, como sempre faz.

— Lorde Taisho_ cumprimentou-me obedientemente.


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Notas finais do capítulo

Tururu, parei numa parte estranha mesmo.
Obrigado por continuarem aqui! Qualquer coisa, continuamos nos comentários,
Bjus Bjus Bye!



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