A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 12
Capitulo 12




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—-/-/Sesshoumaru/-/-

Minha cabeça latejava devido ao dia. 

Perdi-me nas horas de trabalho, mas ainda faltava tanto a ser feito que minhas obrigações me fariam permanecer dias a fundo nesse escritório. Desde cedo, reuni meus generais para informá-los da guerra iminente e providenciamos planos de contenção. Satori-hime veio, com uma exigência em mente, mas não retornaria vitoriosa. Foi um longo dia, mentalmente cansativo de estratégias. Se era guerra que o Senhor do Norte queria, eu faria questão de mostrar-lhe o gosto da derrota, para que jamais esquecesse esse sabor. 

Já havia terminado de ler todos os documentos resultantes de minha decisão e decidi deixar os administrativos para amanhã. Ryou acompanhava-me no trabalho, servindo como o braço direito que sempre foi, mas eu sabia que havia um limite para o que poderíamos resolver hoje.

— Continuaremos amanhã, Ryou._ Indiquei, surpreendendo o outro. 

— Hai, Lorde Taisho.

Esperei que recolhesse seus pertences, antes de nos despedirmos. Dessa vez, iria diretamente para o quarto repousar. Amanhã seria um dia cheio, um último momento de paz nessas terras, antes que declararmos guerra ao Norte.

Andei distraído até meus aposentos, sem sentir o incômodo da noite anterior, uma trégua para minha fera, finalmente. Ou não. 

Pois pode perceber, assim que adentrou o local, que o cheiro adocicado, estava, na realidade, mais forte em seu quarto. A varanda entreaberta era a fonte desse problema, não o local, mas o ser adormecido ali.

Kagome, numa vestimenta similar à de ontem, estava inerte no local, descansando profundamente, encostada a madeira, tal como era a minha vontade no momento, mas que agora, por sua culpa, não seria possível. De novo. Sua face serena era motivo de minha inveja, quão pacífico era observá-la descansar assim, tão entregue. 

Tão indefesa. 

Se por algum momento odiei minha espécie, seria por situações desse gênero. Detestava a falta de controle que sua Fera significava para si. Seu corpo respondia aos desejos bestiais, antes que eu pudesse me dar conta, até o cansaço mental sumiu, tudo pela adrenalina proporcionada pela visão da Miko. 

Agora estava próximo o suficiente para inebriar-me de seu cheiro. Buscava cravar os detalhes de seu rosto, as sardas abaixo dos olhos, pequenas para serem vistas de mais longe. Seus lábios avermelhados, convidando-me para um caminho luxurioso.

— Sesshou…maru_ Sua voz brincou comigo. Provocando-me novamente, hipnotizando-me sem ao menos querer. Seu youkai interior clama por providências, exigindo que a tocasse, para pôr fim ao castigo que a mulher lhe impunha. Não reconhecia a si mesmo quando estava em sua presença, deveria se envergonhar de tais pensamentos e se afastar, sabia das consequências que viriam. 

Estava incapaz de raciocinar quando puxou delicadamente uma mecha de seu cabelo melânico e o aproximou de seu nariz, o máximo que se atreveria para calar sua besta, mas não pôde prever que esse singelo gesto fosse o suficiente para quebrar seu sono e revelar seus olhos ânis.

— O que está fazendo?

.

—/-/Kagome/-/-

Ajoelhado, à minha frente, perigosamente próximo de mim e com seus ombros encolhidos ao meu redor, estava Sesshoumaru. De início, acreditei que era um delírio, parte de meu sonho, mas seus olhos arregalados me fizeram perceber que o flagrei verdadeiramente.

— O que está fazendo?_ Pergunto aflita, com cuidado ao ver que os âmbares estavam avermelhando-se, porém ele não respondeu e nem mesmo ousou se mover por um tempo, até que levantou e adentrou o quarto, abandonando-me ali, em sua varanda, sem nenhuma espécie de explicação.

Fiquei naquela varanda aguardando por bastante tempo até que tomei ciência de que ele não voltaria. 

.

O café da manhã ocorrera sem maiores problemas, dessa vez, sem a presença do DaiYoukai. A pequena não se incomodou, pois seu amo costumava ocupar-se com as questões do território sempre que estavam em casa. Uma desculpa quase ensaiada e que faria total sentido, se desconsiderasse a noite passada. 

Após ser expulsa, digamos assim, do seu quarto, não fui capaz de adormecer novamente, seus olhos, hora dourados e hora vermelhos perseguiam-me, famintos durante os sonhos. A noite em claro serviu para que minha mente ociosa tecesse conjecturas absurdas para explicar suas atitudes. Mente ociosa é a oficina do diabo. Por isso, tentei novamente procurá-lo, de manhã cedo, ciente de que ele estava acordado, para receber algum justificativa e também fazer-lhe o pedido, mas fui ignorada apesar das fortes batidas. 

Estava indignada com suas atitudes, me deixar plantada na sua varanda era infantil demais, até mesmo para ele! 

— Kah-chan, porque está vermelha? _ a pequena comenta, me fazendo perceber que estava sendo observada.

— ah, nada não Rim-chan!_ Soube que ela não engoliu a desculpa esfarrapada, mesmo assim, fez a delicadeza de insistir e continuou a falar: 

— Espero que possamos ir ao vilarejo, estou tão animada! Já planejei o que faremos, começaremos na zona de jogos, depoi-

Não quis contrariá-la, então acenava a cabeça vez ou outra, indicando que estava atenta ao seu falatório. Preferia vê-la assim, alegre e tagarela, combinava com a sua personalidade forte. Apesar das lembranças da última noite rondarem meus pensamentos vez ou outra durante a refeição, eu sabia que não tinha escolha se não confrontar o Youkai. Primeiramente, precisava arquitetar um plano consistente, não seria fácil convencê-lo a liberar Rin.

Suspirei ao lembrar disso. 

.

Cinco dias se passaram e após diversas tentativas frustras, tive de pedir desculpas para Rin por não conseguir levá-la ao festival, eu nem mesmo consegui falar com Sesshoumaru. Inicialmente eu cogitei sair às escondidas, mas Rin me desencorajou. Ela percebeu que algo estava acontecendo no castelo e que estava tudo bem, já que o dia não era de fato importante para si, ela esperaria o momento em que ele pudesse estar consigo e então comemoraria seu dia. Após isso, eu não tive coragem de contrariá-la. Rin também estava recolhida nestes dias. Após o seu aniversário, um tutor foi chamado para si e desde então, ela anda ocupada estudando em seu próprio escritório. 

Mesmo que ela tivesse desistido, eu não iria. Portanto, eu o esperava todas as noites em sua varanda ou então tentava encontrá-lo durante a manhã em busca de alguma informação que fosse. Algo que pudesse fazer para compensar a sua ausência até mesmo durante o dia do aniversário de Rin. Ele evitou todas as refeições nesses dias e nem mesmo veio reclamar dos meus treinos matinais em seu jardim. 

.

Hoje era o sexto dia que ele mantinha esse comportamento, e decidi que enfrentaria o Daiyoukai. Pedi para uma serva que me guiasse até seu Lorde e após muito tempo seguindo a serva, percebi que ela só estava brincando comigo. Ela nem esconde o seu desgosto. Percebi que estávamos nos afastando de onde a energia maligna de Sesshoumaru mais se mostrava. Maldita.

Enfim, ao invés de continuar com essa palhaçada, dou-lhe as costas e ao invés de pedir ajuda para qualquer serva desgostosa dessa residência, escolhi localizá-lo eu mesma, assim, não seria enganada novamente por essas víboras. As portas eram grossas o suficiente para não ouvir nada do lado de dentro, no entanto, eu podia sentir sua presença ali. 

Dessa você não me escapa.

Bati uma, duas vezes com educação. Fui ignorada, então tive de ser um pouco mais insistente. Até que minutos mais tarde, eu estava batendo sem folga, sabia que ele se irritaria logo e desistiria de sua infantilidade.

Ri internamente com a satisfação de ver-lhe abrir a porta ele mesmo, irritado. 

—Entre, Miko.

—Ohayo, Sesshoumaru._ Certo, essa não era a minha estratégia inicial, mas servia para acalmar minha fúria e aumentar a dele, pude perceber com o olhar colérico que recebi. Pude perceber que ele refletiu se iria se sujeitar a isso, mas antes que pudesse fechar a porta na minha cara, passei a batente, dessa vez o forçaria a me ouvir.

O ambiente era amplo, em tons de madeira, era um ambiente aquecido por uma lareira bem posicionada no final do ambiente. Haviam livros por todo o lugar, eles ocupavam diversas estantes nas paredes laterais, que apesar de cuidadosamente limpos, aparentavam o uso constante de seu dono. Uma mesa grande, estava disposta ali, com pergaminhos e mapas abertos, rodeados de diversos youkais sentados, sua energia emanando o ódio que sentiam ao ver-me ali. É, Kagome, não foi uma boa hora.

— Sesshoumaru, eu posso voltar depois._ Iniciei tímida, arrependida de ser tão impulsiva. Talvez a minha raiva pudesse esperar um pouco, aliás, parecia ser algo muito sério o que estavam fazendo. Certamente o era. 

Encarei Sesshoumaru envergonhada com tamanha atenção. Mas o albino continuou com sua pose autoritária, a armadura em si, indicando que não era uma reunião qualquer.

— Senhores, faremos uma pausa agora, espero ter suas respostas assim que retornarem.

Observei estática a comoção que a saída dos mesmo gerou, apesar de aparentemente terem se levantado e saído da sala, como obedientes lacaios, seu youki estava violento, agressivamente me atacando, ao ponto de enjoar-me diante tamanha revolta. 

Precisei de um tempo para recuperar-me do choque. Eles são tão fortes. 

—Kagome. Sente-se._ Sua voz foi suave, mas seus olhos não encontraram os meus. Pela primeira vez, reparei de fato na postura do mesmo. Atrás de si, as duas lendárias espadas eram exibidas, guardando seu dono, que apoiava sua mão na testa, os ombros caídos num inesperado sinal de fraqueza. Não pude quebrar o silêncio naquele momento, condescendente enquanto o maior demonstrava todo o cansaço que estava acumulado em si. 

— Você está bem, Sesshoumaru?_ Não pude evitar de perguntar, conseguindo sua atenção. Os âmbares opacos me fitavam sem defesas.

Agora eu entendia que algo estava acontecendo ali, vários sinais foram dados e mesmo assim, os ignorei até esse momento. Estava envergonhada pela minha atitude, depois de tanto chamá-lo de infantil, aqui estava eu pagando com a minha língua. Eu havia sido teimosa ao pensar que tudo o que poderia lhe afetar estava relacionado com Rin ou até mesmo… comigo, mas sabia que algo bem maior estava tomando-lhe as energias. 

— Não era minha intenção atrapalhar sua reunião, imaginei que estava sozinho._ quebrei novamente o silêncio. Justificando minhas ações e não esperava tamanha honestidade vindo do youkai.

— Tudo bem, estava cansado das bajulações.

— Certo, eu não sei o que dizer.

Ele se ergue e anda até uma copa lateral, suas costas largas ocultando o que fazia, apesar de poder ouvir o som de talheres. Ele logo retorna, com duas xícaras. 

— Chá._ Informa ao pousar uma delas à minha frente. 

— Arigatou.

Um momento de silêncio se seguiu, enquanto aproveitamos a bebida que ainda estava quente. Eu sabia que estava sendo observada, mas evitei contato ainda que tenha sido a primeira a forçar nosso encontro, no entanto, estava tão envergonhada do motivo inicial de vir aqui que desisti de exigir quaisquer explicações que achei merecer. O chá acabou, mesmo assim fingi que ainda havia conteúdo na xícara, para evitar quebrar o silêncio imposto. 

— Eu lhe devo desculpas, Kagome._ Assustei-me com a declaração, me atrapalhando ao pousar a xícara no pires, provocando um alto barulho da cerâmica batida.

— Perdão?

— Estou ciente de meus atos descorteses. Garantirei que isso não se repetirão._ Foi firme e direto. 

Certo, não consigo pensar em mais nada.

— Certo._ Repeti o que estava pensando. Droga. 

— Posto isso, considerei a sua oferta e há algo que preciso de você, Kagome. 

Certo, eu não estava esperando por nada disso. Mesmo assim, não poderia voltar atrás com minha palavra, lembrava perfeitamente do meu agradecimento a si. Pelo menos eu poderei retribuir o favor, mas acredito que devo deixar claro meus limites. 

— Se estiver ao meu alcance, o farei.

Arrependi-me imediatamente ao observar o fino sorriso que surgiu na face de Sesshoumaru, um brilho divertido nos âmbares, provavelmente ao imaginar meu decadente fim. 

— Acredito que esteja. 

Certo, dessa vez eu estou acabada. Maldita boca grande.


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Notas finais do capítulo

Pedindo desculpas por possíveis erros de formatação e ortografia... dei uma lida rápida e não achei nenhum, mas claro que alguns passam batido! Qualquer coisa, só avisar nos comentários!
Obrigada por lerem!!
Bjs Bjs Bye



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