A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 10
Capitulo 10




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—/-/Kagome/-/-

Acordo um tanto mais cedo que o necessário novamente, com os primeiros raios de sol. Mesmo tendo dormido tão tarde, devido às horas de conjecturas para explicar os eventos da noite passada. Meu encontro noturno com Sesshoumaru fora, física e emocionalmente inquietante. Apesar do pouco dito pelo maior, pude sentir sua energia agitada e não soube como reagir às atitudes do youkai, tão intensamente atento a cada passo meu. Numa atenção desmedida que não estava acostumada a ter.

Calma, foi só impressão sua, Kagome.

Imagino que teria um bom par de horas até ser servido o café da manhã e decidi fazer algo para mim, treinar. Por sorte, eu estava com um conjunto de treino na minha mochila, uma calça mais colada e uma blusa de manga longa, parecidas com as de Sango. Era a minha roupa de gêmea. Lembro da brincadeira dela, assustada de ter roupas tão parecidas no meu tempo, apesar do tecido ser bem mais tecnológico.  

Peguei meu arco e flechas e fui para o jardim, em busca de uma área mais afastada que pudesse usar como arena de treino. Treinaria minha energia espiritual em conjunto, e se desse tempo iria treinar a pontaria. Encontrei um local um pouco mais aberto e com uma árvore de tronco grosso o suficiente para servir de alvo. 

Sento em posição de lótus e me concentro, primeiro iria sentir a árvore escolhida, sua forma, as reentrâncias em sua madeira, tudo para que pudesse protegê-la com uma kekkai, no entanto, esta deveria ser o mais rente possível de si. Segundo meu treinamento, a forma de uma kekkai é naturalmente arredondada pela facilidade desse formato em equilibrar as diferenças de força, caso você altere, nem que seja um pouco, esse padrão, você precisará de muita habilidade para impedir seu colapso.  Por isso, essa é a melhor forma para treinar algo que domino. 

Não tardei muito em conseguir recobrir a árvore, fiz uma segunda barreira, para ocultar minha energia, se não iria alarmar um castelo cheio de demônios. Após estabilizar as duas kekkais, tentei fazer uma terceira ao meu redor. Essa última oscilava constantemente, denotando que era meu limite, mas dava pro gasto, por hora. Saquei meu arco e comecei a atirar flechas de energia na barreira da árvore, mirando em pontos específicos, até acabar todas as flechas da aljava e então, comecei a usar o próprio reiki como flecha. E assim continuei até me dar por vencida, a 3° barreira não suportou, mas as duas primeiras estavam intactas. 

Atirar havia se tornado automático para mim, após meu treinamento, aprendi a deixar minhas intenções guiarem nesse momentos, pois meu corpo iria ajustar automaticamente as suas ações. 

Talvez seja por isso que nesses momentos, aproveito para pesar os últimos acontecimentos. O arco do Monte Azusa em minha mão possuía significados.

Era provável que Inuyasha quisesse devolver o único pertence meu que Jaken não resgatou, como forma de pedir distância, talvez indicando que não haveria nada para mim no vilarejo. O Inuyasha que conheço não expulsaria-me do lugar o qual protegi com tanto carinho, o vilarejo da velha Kaede era a minha casa nessa era e todos sabiam disso. Será que algum dia eu vi seu eu verdadeiro? Até mesmo enquanto Kikyou havia partido, eu fiz de tudo para proteger cada aldeão daquele lugar! 

Enquanto isso, o meu relacionamento com Inuyasha era confuso, ora amigos, ora éramos algo a mais, hoje eu sei que para ele, eu era um consolo pelo sumiço de seu amor. E enquanto eu guardava o vilarejo, Inuyasha, se concentrava em descobrir o paradeiro de Kikyou pelas minhas costas. Ele conseguiu, a trouxe de volta e a integrou ao grupo. Por um tempo, Kikyou assumiu as suas funções como sacerdotisa, mas ela nunca voltou a ser como Kaede baa-sama contava, faltava-lhe algo, suas emoções e sua alma. Era difícil para a senhora explicar, mas sua irmã gentil que evitava matar os youkais, a mulher que era tão parecida comigo por fora e que carregava um coração puro já não existia mais. Todos sabíamos que a morte era uma entidade poderosa, apesar de Kikyou ter sido renascida, as regras impostas sob si eram cruéis, ela já não passava de um casulo, destinado a vagar eternamente por essas terras.  

De repente, surge Inuyasha e seu pedido para trazer descanso ao seu ex amor. Quão tola fui em ajudá-lo! Enganada até os últimos segundos de sua farsa, acreditando que seu amor, pela minha antepassada, não fosse nada além de um companheirismo saudoso. Mas não, tudo o que ele fez por ela, seu único amor. Um sentimento que transpassou o tempo, era isso o que eles tinham e no fundo, eu sabia que nunca tive chance entre eles. Os invejava. E agora, terem devolvido o meu arco só significava uma coisa, eu já não pertencia aquele lugar. 

Eram tantas lembranças, meus amigos estavam finalmente juntos, Sango e Miroku iniciaram sua linda e feliz família, construíram seu lar nas proximidades do vilarejo, para que pudéssemos nos ver com frequência. Shippou, meu filho, estava sempre acompanhando Inuyasha em busca de aventuras, sentia orgulho de ver o pequeno crescer, sabia que ele seria um Youkai incrível. 

—Isso me fez lembrar-me de quando costumávamos ir treinar nos arredores do vilarejo._ sussurrei nostálgica, o peito sufocado com o sentimento.

Suspirei, não deveria estar tão distraída agora, mas não pude evitar. Decido que estava na hora de terminar esse momento antes que comece a chorar. Caminhando calmamente para a árvore, a fim de recolher as hastes, pelo menos acertei todas na mesma árvore e isso me animava, era menos trabalho para recolhê-las.

Alguns segundos depois, sinto familiar Youki vindo em minha direção. Sesshoumaru. 

Não tardou para que a figura prateada se fizesse notar, no limite que impus com a kekkai, permiti sua entrada, despercebida do meu ato de manter as barreiras erguidas, mesmo após o treinamento. Continuei a recolher as flechas que sobravam e outras que nem existiam, tudo para evitar encontrar os âmbares ardentes antes de estar mentalmente preparada. Talvez estivesse sensível aos acontecimentos recentes, mas não caberia a mim agir fora do esperado agora. 

— O que está fazendo, Miko?_  Sua voz denota o seu descontentamento. 

Certo, não esperava por isso. Viro-me para si devagar, adiando o confronto inevitável. 

Ele estava mais arrumado hoje, num kimono liso, cor de madeira, adornado com fios dourados e vermelhos, como se o estilista soubesse que são as duas cores de seus olhos. Os cabelos novamente presos eram simples, mas seus fios estavam perfeitamente colocados sob suas costas. 

—Este Sesshoumaru não costuma repetir.

—Treinando._ Respondo cansada, minha cabeça não estava preparada para lidar com isso. O encaro sem entender seus motivos, era óbvio o que eu estava fazendo e portanto, essa era uma situação desnecessária. 

Aguardo até que o mesmo decida me explicar, como de costume. 

— É meio de manhã, Rin notou sua ausência no desejum._ Ele revela, surpreendendo-me. 

— Tão tarde? Nossa, estava concentrada dem- 

Comecei, mas fui bruscamente interrompida pelo albino.

— Está proibida de fazer algo assim._ Sua postura não dava margem para teimosias, engraçado, pois foi a partir dela que senti uma fúria tomar conta de mim.

—Desde quando eu preciso de permissão, Sesshoumaru? Não danifiquei nenhum patrimônio seu. Deixe disso!_ Reclamo sem nem alterar sua expressão categórica, mas que me desafiava a continuar contrariando-o. Desafio que aceitei sem pestanejar.  

— Certifique-se de lembrar dessa ordem, Miko._ Disse, simples, grosso, autoritário, detestável.

—Eu não lhe devo obediência, Youkai.

—Certamente não foi o que disse na noite passada, Kagome._ Ele usou. 

Que jogo baixo, Sesshoumaru. Ele não permitiu que eu continuasse com essa conversa e virou-se, começando a andar. 

Estava furiosa, como pode existir um ser tão detestável na face da terra? Kami-sama! Não é possível que ele considere que essa situação se encaixe no meu agradecimento, que infantilidade. Afinal, qual o problema que ele encontrou comigo aqui? Estava num local afastado, treinando sem interferir com as atividades de ninguém ou depredar nada. Novamente, vi-me perdida ao tentar seguir o raciocínio do Inu. 

Enquanto ele se retirava, pude ver Rin-chan correndo em sua direção carregando uma cesta, parecia pesada para seu corpo pequeno, ela troca algumas palavras com Sesshoumaru e depois acena para mim, como um ser acostumado a iluminar seus arredores.

—Kah-chan, venha comer!_ A criança de cabelos negros alegremente balançava a cesta, me tirando do estado de raiva que o ser ao seu lado me deixou. A boca de Rin mexia os lábios, indicando que falava algo para mim, e sorri para ela. 

—Hai, Rin-chan!

.

Mantive o diálogo com a menor de forma automática, estava distraída com os acontecimentos recentes, era tudo tão confuso. Hoje, eu realmente me surpreendi com as palavras de Sesshoumaru. As atitudes do Youkai me confundiam ao ponto de ser engraçado. Jamais pensei que teria tanta convivência assim com o mesmo me fariam presenciar tantos comportamentos diferentes. Desde seus momentos carinhosamente íntimos com Rin, o zelo pelo grupo, até o estado detestável o qual estou acostumada.

Não percebi quando Rin deixou de puxar assunto comigo e nem quando Jaken surgiu aqui, pelo menos ele, inconscientemente, a distraia de meu estado reflexivo. Eles discutiam sobre algo que não me demorei em descobrir.  Permaneci perdida entre os acontecimentos, decido que estava satisfeita com a refeição. 

—Rin-chan, eu gostaria de me limpar, poderíamos nos encontrar mais tarde?_ Lhe pedi, num tom de desculpa. No entanto, ela pareceu não se importar e disse, de forma contida, que me esperaria na entrada, para que pudéssemos ter um passeio pelo vilarejo mais próximo.

Informação nova. Kagome, a partir de agora, certifique-se de prestar atenção nas coisas que eu assume quando conversa automaticamente! Discuto internamente. Bem, pelo menos serei capaz de comprar alguma lembrança de aniversário para a pequena, um pequeno agradecimento por todo o cuidado que recebi. 

—Hai, Rin-chan. 

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Notas finais do capítulo

Ate a próxima. Bjus Bjus Bye



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