Tiago explodia de tanto nervosismo. Ia vendo colega por colega ir até o chapéu seletor e ter toda sua cabeça “engolida” pela peça. Não dava bons pressentimentos para ele. “Grifinória? Sonserina? Lufa-Lufa? Corvinal?” O garoto pensava sem jeito, enquanto trocava o peso de seu corpo para o outro pé. “Não, Sonserina não! Lufa-Lufa também não é boa ideia. Isso mesmo, Grifinória ou Corvinal, tomara.” Estava tão desligado do mundo em seus pensamentos que nem percebeu quando chamaram “Potter, Tiago!”

            Só saiu dos pensamentos quando Sirius lhe deu uma forte cotovelada nas costelas e murmurou algo para Selena como “com uma cabeça tão grande e um cérebro tão pequeno...”, que fez ela começar a rir. Tiago começou a suar que nem louco enquanto andava, se sua capa pudesse falar, ela berraria com o mau cheiro. Dippet fez um bico quando se aproximou dele e sentiu o cheiro. “Será que eu também era assim com essa idade?” pensou o diretor. “Bem, talvez por isso nunca consegui uma garota!” E se irritou com seu pensamento, se lembrar de como era encalhado não era algo feliz.

            O chapéu deslizou por sua cabeça e encobriu sua nuca, Tiago sentiu um calafrio quando percebeu como ali era sujo. Tinha a impressão de que havia vários cuspes ali dentro. “É, acho que tem gente que não gostou da opinião do chapéu!” E sentiu vontade de cuspir também, só pra sacanear a peça velha. “Eu se fosse você não faria isso...” E o garoto percebeu, quem estranhamente falou com ele... O chapéu!

“Você é macumbeiro ou o quê? Como sabia o que eu estava pensando?” perguntou. “Simplesmente consigo ler os pensamentos mais profundos de sua mente, coisa básica! Mais uns cem anos de tentativa e acho que você consegue saber a cor do último chiclete que cuspiram em mim!” O chapéu respondeu. “Ah que ótimo, a gente continua a conversa amanhã, tá? Mas AGORA EU QUERIA SABER A CASA QUE EU VOU FICAR!” Tiago estava ficando irritado com ele. “Nossa, tá, calma aí, tenho que analisar o que você pensa e faz... Uhm, espírito livre, aventureiro, brincalhão... Sonserina: não. Não é nada brilhante, então também não vai para a Corvinal. Sobrou Lufa-Lufa e Grifinória... Você é leal, mas também é um corajoso jovem, você será da...” E as últimas palavras foram rugidas em seus ouvidos, pois o chapéu gritou para a sala inteira:

- Grifinória! – E palmas altas e gritos de alegria saíram da mesa da direita, onde estavam os alunos dessa casa. Tiago foi levado ainda meio tonto até lá, onde sentou ao lado de um garoto do terceiro ano a sua esquerda e Sirius a direita.

- E aí cara, como foi? – Sirius perguntou.

- Ele pensou em me colocar na Lufa-Lufa! – E estremeceu. Realmente não gostava de lá – Se eu fosse para lá, amanhã aquele chapéu não passava de cinzas – Sirius riu.

- Ah! Esse maldito tentou me colocar na Sonserina! Só não fui porque cuspi meu chiclete nele antes dessa peça inútil conseguir falar! – E os dois começaram a rir.

- Peraí, qual era a cor do seu chiclete?

- Roxo, porque?

- Porque ele disse que eu só saberia a cor do último chiclete tacado nele daqui a cem anos! Que vontade de gritar “tava errado, animal!” – E até o garoto do terceiro ano, do lado deles, começou a prender uma risada.

            No fim da fila, estavam Pedro Pettigrew e Selena, até agora esperando, até que finalmente Dippet chama: “Lindsey, Selena!” A garota foi até o chapéu, enquanto Sirius cruzava os dedos até ficarem roxos. Rapidamente, o chapéu seletor gritou: “Corvinal!” Depois da fala da peça, o salão teve um rápido tumulto: um forte grito de “Seu merda de chapéu!” Dito por Sirius, mas abafado pelas vivas da mesa da Corvinal, e várias vaias da Sonserina.

            Logo depois de Selena, foi a vez de Pedro ir até o chapéu, onde também foi escolhido para a Grifinória. Mas, ao chegar na mesa de sua nova casa, escondeu o rosto e começou a chorar. Rapidamente, Tiago e Sirius foram ver o que tinha acontecido.

- Que foi, “Pedrinho”? Quebrou a unha ou só saiu o esmalte? – Tiago sacaneou ele.

- Não, Tiago – Enquanto limpava uma das poucas lágrimas que sobravam em seu rosto. Tinha sido um choro rápido – É que até o chapéu seletor riu de mim! A, chapéu maldito!

- Nessa parte, Pedro, todos concordamos com você: aquele chapéu é pior do que você com a varinha – Sirius riu – Mas não se engane: nem aquele trapo nojento substitui você. Pelo menos nunca precisei colocar você na cabeça – E Sirius e Tiago caíram em gargalhadas.