Tales of Love and Revenge escrita por H Lounie


Capítulo 4
Um capítulo perdido - Charles e Silena


Notas iniciais do capítulo

As provas me atrapalharam, senão teria postado antes. E preciso de uma capa pra isso aqui, mas estou meio sem ideias, enfim, aberta a sugestões (:



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Amor

Silena e Charles

“Your head will collapse, but there's nothing in it”


Detestava prestar atenção em seus batimentos cardíacos. Isso a fazia lembrar de que ainda estava viva. Sabia que em um momento ou outro aquele amor tiraria tudo dela. Charles também sabia disso. Morreu sabendo que mais dia menos dia perderia tudo por Silena, parecia que ela pertencia a um conto de fadas do qual ele jamais poderia fazer parte. Coisas que você só entende quando é você quem está vivendo a situação. Mas quando se está apaixonado, quem é que consegue imaginar o para sempre sendo interrompido?

Silena percebia aos poucos que a água e a areia gastos para levantar seu intocável castelo não foram nada suficientes para esconder a tristeza e a dor que ainda sentia. Falava consigo mesma e pensava coisas como “No que eu me tornei?” “O que exatamente estou fazendo?”. Ela sabia que a sua frente havia um precipício e não havia como escapar dele. Aos poucos a garota foi perdendo todas as suas opções, até por fim elas se tornarem completamente nulas. Agora em sua mente pesavam as escolhas erradas e ainda havia aquele buraco do lado esquerdo de seu peito. Não conseguia acostumar-se a ausência dele, a sentir seus lábios nos dela, a tê-lo sempre por perto.

Seu apresso por valores subjetivos e por questões relativamente sem importância tomavam posições relevantes a frente de qualquer outra coisa no que dizia respeito ao seu relacionamento com outras pessoas, mas isso foi antes de Charles. E agora ela estava ali, completamente quebrada, frágil, desprotegida. Seu coração estava em pedaços, e a dor era a única maneira de provar que de alguma forma, ela ainda estava viva apesar de tudo. Estava com medo do que estava por vir.

Talvez no fim ela não precisasse pular do precipício, mas estava começando a pensar que quando olhasse para trás ninguém mais estaria importando-se com o fato dela cair ou não. Ela não passava de uma traidora, era isso. Por que então alguém se importaria com ela?

Tomou uma decisão, provavelmente a última de sua vida. Vestiu aquela armadura que não a pertencia e partiu para batalha, a única forma que encontrou de se redimir com todos.

No fim, a morte lhe veio como alivio. Quando se está para morrer, as pessoas parecem em fim te ouvir. A vida nem sempre é o que você acha que ela deveria ser, mas fim as coisas deixam de ter seu sentido, as pessoas param para prestar atenção, sabia que suas atitudes valeriam muito mais depois que ela fosse embora. Ver Charlie; era tudo o que importava.

De repente, ela estava nadando solitária em uma praia vagamente conhecida, talvez estivesse estado lá uma vez. Havia pequenos peixinhos com rostos humanos, mergulhados no que pareciam sonhos perdidos, sussurravam coisas e estavam felizes por ela. As cenas mudavam e ela continuava nadando, seu cabelo ora loiro, ora escuro, balançava na água. De alguma forma sentia que sua viagem estava acabando, mas não queria sair da água, não sabia o que iria encontrar fora dali.

Foi arrancada da água por mãos frias e cruéis, foi um tanto doloroso. Foi colocado em pé em meio a uma paisagem monocromática, verde apagada. Tudo estava absolutamente igual ali, não mudava, não havia peixes falantes nem nada para ver. Isso até ela reconhecer aquele perfume e deuses, que perfume. Ela sempre lembraria, poderiam passar milênios, disso ela tinha certeza. Aquele cheiro era único.

– Um dracma por seus pensamentos – Riu-se o jovem alto e impressionante.

– Charlie – Choramingou, esticando os braços como uma criança quando quer colo.

– Guarde suas lágrimas, meu bem. Agora você está em meus braços.

O reencontro foi único e encantador. A mente de Silena vagava nas possibilidades, passeava por todas as variáveis envolvidas naquele encontro. Seria o começo de seu para sempre? Ela havia feito tanto mal, será que de certa forma conseguiu se redimir no fim? Aquilo era um presente dos deuses?

– Estive esperando por você – Sua voz não passou de um sussurro.

Silena sorriu, era tão bom ouvi-lo e vê-lo novamente.

– E onde estamos?

– No Elísio – Charles sorriu, olhando encantado para sua amada.

Silena não soube como esconder sua decepção. Em sua concepção o Elísio deveria ser como um paraíso, um lugar de sonhos e na verdade era tão... sem atrativos. Dizer “sem atrativos” era eufemismo para completamente vazio e sem graça. Ela com certeza esperava mais.

– Relaxe, sabe, as coisas mudam muito por aqui – Charles assegurou.

Ao que parecia, Silena não soube ser sutil em seu desapontamento. Charles percebeu, e no exato momento em que ele falou sobre as coisas mudarem, o cenário atrás deles pareceu se transformar em um quebra cabeça, as peças se encaixavam em uma bonita paisagem.

– É bonito – Silena comentou, apenas para quebrar o silêncio que se formou entre eles.

– Não tanto quanto você.

Por um momento, a troca de olhares entre eles pareceu bastar. Então as coisas começaram a mudar em um jogo lento de mãos que se unem, fazendo sorrisos surgirem no rosto e fazendo lembrar como era o ruído outrora desprezado, o do coração que um dia palpitava e que agora estava silencioso. Morto e de certa forma vivo.

– Eu sinto tanto, tanto Charlie. Não posso deixar de me culpar pelo... Pelo... Encurtamento de sua vida.

– Não sinta meu amor, não sinta. De uma forma ou de outra, e não leve isso a mal, eu sabia que mais dia menos dia eu acabaria perdendo tudo por você, simplesmente porque eu aceitaria perder tudo por você, Silena. Porque, que sentimento forte é esse seu amor, não?

Antes que ele pudesse continuar, Silena o prendeu em um profundo beijo, um beijo que mostrava quanta saudade havia acumulado esse tempo em que estiveram separados. Charles correspondeu, também sentia imensa saudade. Sempre pensava que Silena era uma alienígena, ou qualquer coisa assim. Primeiro porque ela era fantasticamente bela e tudo o que ele pensava soava confuso quando se aproximava dela. Quando Silena falava dava a impressão de estar distante, longe desse mundo, outro forte motivo para ele pensar que ela era uma alienígena. Para ele seu rosto era lindo, seus cabelos, seu cheiro, sua voz era espantosamente bela. Duas palavras descreveriam seu sorriso: mágico e Jovial. E seus lábios, ah, adorava se perder neles.

– Eu espero – Silena falou, afastando-se de seus lábios – que esse seja o inicio do nosso para sempre, Charlie.

– Dessa vez será para sempre, Silena. Eu prometo.

Encontravam-se em meio a uma festa de cores, sensações e carícias, provando o inicio do seu para sempre. Charles se sentiu incluído no conto de fadas de Silena pela primeira vez. Pois o amor apenas se disfarça e se esconde, mas jamais desaparece. Acalma, mas nunca esquece.


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