The Vampires Forest escrita por AnnySama


Capítulo 16
Lembranças




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Acordei ás onze horas da manhã – Ainda muito cedo para o tempo que eu precisava ficar. Tempo da escola e tempo que eu sempre ficava na casa dos Phillper, para esconder de minha tia que eu não fui à escola. Henry ainda acariciava meus cabelos. E isso me acalmou um pouco. Mas o terror que eu sentia era tanto, eu espiava os cantos da casa, fora da janela...Tentando achar Colibri. Mas eu não podia falar a verdade, eu sabia que ela estava ouvindo. Abracei mais Henry, pedindo algum socorro interno. Eu precisava da paz que ninguém, além de uma pessoa, podia me dar. Uma coisa impossível.

      -Sabe o que eu estava pensando? – Disse Henry muito de repente. – Você não está mais vindo com o lenço que te dei...

      -Desculpe. Mas achei que não precisava mais...Você já conhece meu cheiro, não é? – Sorri timidamente.

      -Claro, claro que sim...Mas só estava notando, não há nada para se desculpar. Só estava pensando...O seu pescoço... Todo o seu corpo, na verdade... – Ele se encolheu. Se pudesse, coraria. – Merecem ser apreciados e sofisticados. Vou ter que pedir que Hillary te de aulas de moda? – Ele riu.

      -Eu me visto tão mal assim? – Eu disse.

      -Você deveria se vestir como uma princesa...Você se veste igual aos outros...Normal. Uma princesa assume sua beleza e abusa dela. Você age como se fosse feia, horrível! – Ele enrugou a testa.

      -Mas...Eu não me acho bonita como uma princesa...Não tenho jóias nem roupas bonitas. Eu não ligo para isso. – Disse sorrindo.

-Se o problema é jóias...Espere um instante. – Ele se levantou do sofá rapidamente e saiu, um minuto depois já estava de volta. Com uma caixinha preta na mão.

      Ele me entregou a caixinha. Ela era de veludo, macia e de um preto puxado para o cinza. Nela, havia um escrito em dourado dizendo “abra”. A letra era linda e arrastada. O tipo de letra que se via em convites de bailes. Fiz o que o escrito mandava.

      Dentro dela havia um pequeno cordão. Nele, uma plaquinha delicada que ligada uma ponta do cordão á outra. Tudo de ouro. Eu peguei-o. À medida que eu o puxava para fora da caixa, o cordão de ouro ia se alargando. Até formar, pelo o que vi, um colar.

      Na placa, havia duas letras de cada lado iguais. “H”, dizia as letras. E uma no meio, “J”. E a placa, como num fundo de cenário, havia um grande “A” entalhado na placa. Ele era um pouco mais branco que o resto do ouro. E as letras eram mais escuras.

      -O... O que é isso? – Eu disse maravilhada.

      -Um colar. Para você. – Disse ele, sorrindo.

      -Eu...Eu amei, Henry! Amei! – Disse analisando o colar. – Nossa! Como é lindo! Mas... O que significa “H J H”?

      -Henry, Jaden, Hillary. O que mais significaria? – Disse ele, brincando.

      Toda a minha alegria se esvaziando. Até a tristeza me inundar totalmente.

      -O que foi? – Disse ele, surpreso.

      -A única letra que ainda significa algo é o “H” de Henry. Tudo está indo embora, Henry. Tudo. – O abracei.

      -Mas...Mas eu posso garantir pelo menos que Hillary vai voltar. E então...O “J” será a lembrança, você tem que encarar isso assim, uma lembrança...Tornar as memórias em alegrias. Jaden existiu...E você o que conheceu. Só isso importa.

      A mentira em sua voz, quando disse de Hillary, era visível. Ele me falava aquilo para me tranqüilizar, não afirmando. Isso é uma coisa que comecei a notar em Henry.

      -Você sabe que Hillary não vai voltar. – Acusei-o. – Você viu na mente dela, o cérebro de Hill não está cooperando. – Deduzi, mesmo não tendo certeza.

      Ele olhou para baixo, rendendo-se. Eu deduzi bem certo. Hillary não voltaria, nem Jaden. Logo Henry iria ser “capturado” por Colibri – Graças a minha ajuda – e Marie e Carl iriam tentar resgatá-lo, e morreriam tentando. Então eu estaria pronta para ir em seguida, com a ajuda de Colibri. Eu iria lhe cobrar o favor. E eu podia ver meu futuro se desenrolando assim como era para ser. Apenas a parte de matar todos os Phillper nunca esteve em meus planos, mas morrer por eles...Isso era previsível.

      -Você sabe que eu sempre estarei aqui para você. Não importa o que aconteça. – Ele levantou a cabeça lentamente, e eu vi em seus olhos. Como ele queria isso. Mesmo sem ter certeza. Henry queria conseguir ficar ao meu lado para sempre. Mas eu, mais do que ele, sabia que isso era impossível.

      Havia dois fatores, pelo o que sabia, que impediam isso. Primeiro: A velhice, eu iria morrer mesmo sem interferência de Colibri. E Segundo: A mesma, Colibri. Ela iria tirar Henry de mim. Isso era evidente.

      -Você sabe que é mentira. – Rebati um pouco depois. Analisando minha linha de raciocínio.

      -É, eu sei... – Admitiu ele. – Você nunca vai esquecê-lo, não é? – Perguntou Henry, indiferente.

      A dor se aprofundou. O meu coração inteiramente destruído, não estava mais pulsando. Por um momento, eu senti que estava morta. Eu não respirava, doía quando eu o fazia. Era tão horrível, a tontura...O desmaio. Mas eu respirei fundo. E fiquei rígida de novo.

      -Não se você não esquecer isso. – Rebati. Senti minha voz áspera...Com Henry! Há alguns meses ou dias eu arriscaria tudo por ele. E não parecia haver nada que me impedisse de viver um pouco feliz, pelo menos, com Henry. Tentar esquecer Jaden. Mas quando eu ouvia seu nome...Parecia que eu era uma idiota por um dia pensar em viver sem ele. A voz perfeita de Jaden pulsava em minha cabeça, e falava lentamente, mas com doçura, a ultima frase que o ouvi dizer: Desculpe, desculpe...Por favor, me desculpe. Eu te amo. E o Eu te amo fazia eco em minha cabeça.

      E infelizmente, hoje eu teria que ficar mais tempo do que queria com Henry. A menos que eu não ficasse na casa dos Phillper. Minha vida estava relacionada á ir a escola, e depois a casa dos Phillper. Só isso, essa era a minha vida. E, como eu já estava corajosa o bastante para falar a Henry que não queria mais ficar em sua casa, enrijeci de novo.

      -Eu vou a algum lugar. – Disse com indiferença.

      -Mas...Por que vai sair daqui? – Ele perguntou. E eu pirei de raiva. Henry ficou assustado, como se isso fosse impossível.

      -Henry, sabe...Eu tenho uma vida, e quero vivê-la. – Tirei seus braços que, incrivelmente, estavam moles pelo choque. E sai pela porta da frente.

      Depois da casa dos Phillper desapareceu, ela apareceu. Heidi estava majestosa. O vestido preto caia muito bem para a sua “fantasia” de Viúva Negra. A renda de flores mortas cobria o vestido e deixava suas vestes mais góticas do que já eram.

      Parei a sua frente, totalmente à vontade. Estranhamente em parceria com Colibri. E a culpa não me dominava mais. Ela me olhou severamente, eu me encolhi.

      -Você...Não está de acordo com os planos. – Ela sacudiu a cabeça negativamente.

      -Eu sei. – Disse, sem vida.

      -Você precisa fazer que Henry a ame mais do que tudo na vida. Se você não der motivos a ele para que a proteja de ser uma imortal, ele não irá te salvar. Irá deixar que você se torne vampira e não ficará comigo. – Colibri falava numa velocidade incrível, e eu acompanhei seu raciocínio. Fazia todo o sentido. Mas como fazer que Henry me amasse, se eu mesma não o amava?

      -Eu me esforçarei mais...Se me prometer uma coisa. – Disse friamente.

      -Tudo que quiser...Só com a exceção de acabar com o plano. – Seu sorriso era maléfico e seguro.

      -Tudo bem...Não é nada disso. Depois...Depois que tudo acabar. Você ter seu Henry de volta, eu parar de ser seu fantoche perto dos Phillper...Pode fazer com que Jaden volte? Pode implorar que ele que ele volte para mim? Que ele volte para mim como Henry vai voltar para você? Não vejo problemas... – Eu disse, e eu estava implorando mais do que devia.

      -Nem eu. Está bem, onde quer que Jaden esteja...Ele vai voltar para você. - Ela sorriu, e seu sorriso era igual ao meu...Ao ver a tristeza nos olhos de Jaden...Solidariedade...

      Ela sabia o que eu sentia. Ela sabia o que era perder alguém que amava. Heidi sabia mais do que qualquer um a dor da perda. Ela a enfrentou duas vezes ferozmente. E talvez isso me ligava a ela. E Colibri não era mais apavorante para mim, nem uma inimiga. Com a raiva que eu estava de Henry... Colibri parecia uma amiga, a amiga que Hillary foi...

      -Obrigada...Pelo o que está fazendo por mim. É tudo. Eu só o quero de volta, só isso. – Meus olhos eram rasos e sofridos.

      -Eu também. Então estamos quites. E sabemos o que queremos, como pessoas decididas...E masoquistas. – Ela riu. Eu a acompanhei. Entendia o que ela queria dizer. – Sempre...Sempre queremos o que mais é impossível para nós. É assim a vida de responsáveis. É assim para aqueles que encontram o seu destino. – Uma lagrima escapou de meus olhos. Impossível... A pior palavra para aquele momento, mas a mais certa.

      Colibri notou minha lagrima. E, não sei o por que, evaporou nas trevas. As lagrimas se tornaram...Lembranças. Como Henry havia dito. Não era dor nem tristeza. Era uma breve lembrança de que Jaden existiu. E, se não fosse por ele, eu não estaria chorando. E eu agora sorria em meio das lagrimas. Eu sorria e olhava para o céu ainda claro e o sol, que brilhava como os olhos de Jaden. Estendi as mãos para cima tentando tocar o brilho ofuscante. Eu estava parecendo completamente idiota. Como naqueles filmes em que a protagonista, no final do filme, esperneia para lá e para cá. Toda feliz.

      Como eu podia estar feliz? Quando tudo da minha vida estava acabado? Nem tudo, a promessa...De Colibri. Ela traria Jaden de volta a minha vida. E era isso que eu esperava. E se ela não trouxesse...Eu nem conseguia pensar nisso. Saber que eu me esforcei por nada.

      Então o cansaço veio. Lembrei-me que passara muito tempo desde que eu saí de casa para ir á “escola”. E, numa arvore acolhedora, me encostei. Tudo era convidativo. O verde vivo e a sombra que fazia a árvore em cima de mim. E deixei-me levar pela inconsciência.


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