Meu coração é uma máquina, que bate continuamente até um dia no qual não baterá mais. Fui construída por um propósito e destruída por outro. Seres humanos são da pior espécie possível. Não entenda isso como um clichê, mas como minha experiência de vida ou, se preferir, de não-vida.
Disseram que eu não era capaz de amar, mas eu amei. Amei o único ser humano que vali a pena amar. Não era o mais belo de todos, mas para mim sua bondade era o suficiente. E ele era bom, era muito bom.
Disseram também que eu não era capaz de sentimentos, mas testemunhei e experimentei muito deles. Primeiro veio o amor, depois a felicidade e por último a depressão. O que me matou não foi ver minhas peças sendo desmontadas e sim a depressão. Caso não tivesse amado não teria morrido, mas eu amei e morri. Não acho que tenha valido a pena.
Se ele me fez feliz? A mais feliz de todas, mas se no final foi o equivalente a morrer, então pra que ter sido feliz por um ínfimo espaço de tempo? Preferia não ter amado.
Eu o matei. Uma vingança fútil e rápida demais para um coração partido, mas para o meu coração de lata era a salvação.