Azul

Mamãe me fez um laço no cabelo, papai me comprou o mais caro vestido de todos e a irmã me encheu o ego, dizendo mentiras que eu comprei e embrulhei por estar necessitada demais delas.

O namorado chegou na hora marcada, veio me buscar em casa e ainda trouxe a família junto – isso tudo para mostrar mais mentiras.

Passeei ao seu lado, vi nos seus olhos verdes (azuis?) o mais belo futuro, mas hoje é só um futuro. Nunca chegou.

Você me usou, me deixou aos trapos para que depois de você ninguém mais me tivesse. Nem poderia. Sou sua, somente sua.

O meu sutiã branco ainda está jogado no chão do quarto, do mesmo jeito que você o deixou. Eu ainda estou amarrada à cama, do mesmo jeito que você deixou. Meu rosto ainda está pintado com as cores que você me pintou. Vermelho puta, amarelo canário, arco-íris colorido.

Você me cantou a promessa de um mundo novo, me fez sentir próxima de um lugar a que nunca cheguei. Só porque cantou as notas certas no momento certo não significa que tenha passado de um momento.

Pelo contrário, para você eu nem sei se fui só um momento. Você parece tão bem, como se o fator eu não existisse, como se não desse a mínima para eu ter ido embora.

Mas quando você me deu as costas e caminhou sem olhar para trás, ah menino, naquele momento eu só lhe desejei felicidade e amor. Enquanto você me xingava e me amaldiçoava, a você eu só desejei amor.

Quero paz, seja ela de olhos azuis ou verdes. Quero uma paz que não seja traiçoeira, uma paz que não seja a sua.

Você e eu finalmente chegamos a um final, a um mundo ideal onde não existimos mais um para o outro.