Sunset escrita por Little Flower


Capítulo 9
Lamentações


Notas iniciais do capítulo

Oi gente.
Esse é o ponto de vista só do Henrique.
Espero que gostem.



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Não sabia o que estava acontecendo com a Lizzie em relação a mim. Por que me ignorava?Se não tinha feito nada para ela de repente afastar-se de mim... Por que eu me importava afinal? Eu jamais fui de me importar com esse tipo de coisa...

Mas a Lizzie era diferente, em todos os sentidos. Era um pouco durona, mas ao mesmo tempo delicada e graciosa. Eu também passei a ignorá-la respeitando seu espaço e sentava agora ao lado de Taylor, a menina que não parava de me secar com o olhar... Como eu queria que outra pessoa me olhasse assim... Ela era um pouco legal. Falava muito de si mesma e sempre dava shows de futilidade.

– Ei cara! – disse Kevin me tirando de meus devaneios.

– O que foi? – perguntei.

– Sabe, hoje a Haydée ligou para o Scot. – disse ele.

– O que?A mamãe ligou para o papai? – perguntou Haley radiante.

– O deixa escutar você o chamando de Scot! – eu disse rindo.

– Não me respondeu! – disse Haley se metendo na conversa.

– Não sei, ela disse que só falaria com ele chata! – disse Kevin, Hay mostrou sua língua.

[...]

Subi para o quarto, deitei em minha cama, e fiquei pensando. Sentia algo quando via Lizzie, mas ainda não sabia o que era, mas mesmo sendo um sentimento desconhecido era bom... Fazia-me querer quicar igual à Hay.

Bateram em minha porta, e sorri ao vê-la.

– Oi mãe. – eu disse, pode parecer loucura, mas eu via minha mãe. Mesmo ela não estando mais neste mundo. Não entendia o porquê, talvez esse fosse meu dom, ver pessoas mortas.

– Oi meu filho, como está ficando lindo. – disse ela e sentou na beira de minha cama.

– Obrigado mamãe. É bom ver você.

– O mesmo meu amor, estava morrendo de saudades! – disse ela sorrindo – e como vai o seu pai?Seus irmãos?

– Hoje a Haydée ligou para ele... Talvez algo que aconteceu em Fall’s Dream. – eu disse, Haydée era mãe de Haley, e esposa de meu pai. Ela não podia estar aqui, por isso eu às vezes dizia que não tinha mãe, ela era um doce e muito gentil. Haley era sua cópia. Apesar de ser um pouco parecida com meu pai também.

– Hum, deve prestar mais atenção meu amor. Sabe que não pode baixar a guarda...

– Sei mãe... Sabe, eu preciso conversar com alguém.

– Estou aqui para isso meu bem.

– Sabe mãe, eu... Tem uma menina em minha escola e eu... Sinto algo quando a vejo...

Ela sorriu.

– Oh, meu bebê está amando. – disse ela feliz e com a mão no peito. – pena que não vou poder conhecê-la...

– Espera, eu o que?

– Você a ama querido. Não pode oprimir um sentimento tão bonito. – disse ela.

– O problema é que ela não fala comigo e me ignora a maior parte do tempo!Isso já há um mês! – eu disse e não pude esconder o quanto aquilo me abatia. Lizzie era o sol de minhas manhãs, a rosa mais linda e delicada de meu jardim... Tão clichê!Eu sei, mas ainda sim verdade.

– Tudo é possível quando se ama meu anjo. Faça uma surpresa, mulher gosta de surpresas... Flores... – dizia ela sonhadora, ela e meu pai viveram um grande amor, mas infelizmente ela morreu após meu nascimento. Décadas depois encontrou Jenna Yves a mãe de Kevin e Demi e a amou. Ela morreu também, meu pai ficou desolado e abatido, até que encontrou Haydée que é sua atual esposa e para sempre, pois ele a transformou em uma vampira após Hay nascer. Somente eu via minha mãe, meu pai e meus irmãos no começo acharam que eu estava enlouquecendo, mas depois de eu começar a ver outras pessoas, como a mãe de Kevin e Demi, ou o cachorro de Kevin quando criança. Eles passaram a acreditar.

Uma idéia passeou pela minha mente.

– Já sei o que fazer! – eu disse e sorri para minha mãe. Que retribuiu.

[...]

Saí mais cedo do que de costume, não era uma surpresa, apenas queria lhe mostrar o quanto eu gostava dela, ainda lembrava suas doces palavras... Seu encantador sorriso de covinhas, sua garra a enfrentar Taylor, quando a mesma lhe dava alguma ordem ou quando passava dos limites.

Estacionei o carro, saí e deitei no vidro da frente. Tinha comprado uma tulipa vermelha que significava amor eterno, e tinha um cartão em mãos, o que escreveria a ela?Eu gostava de tulipas, de qualquer flor... Então eu formei uma frase. Escrevi: Nem a mais linda e perfumada flor se compara a você.

Vi um garotinho ruivo, olhei o relógio e faltava pouco para o sino bater. E Lizzie sempre chegava atrasada ou faltando poucos minutos para o sino tocar.

– Ei! – chamei o garotinho que se aproximou devagar.

– O que é? – perguntou devia estar na faixa dos sete anos para cima.

– Como é o seu nome? – perguntei com gentileza, para não assustar o garotinho.

– Kyle. – disse ele confuso.

– Poderia fazer um favor a mim Kyle? – perguntei.

– Não sei... – disse ele desconfiado, peguei uma nota de cinco pratas no bolso e mostrei.

– Então?

– Claro! – disse ele feliz. Essas crianças de hoje em dia!

– É simples, conhece a Lizzie?

– Elizabeth Black?Uma das líderes de torcida? – perguntou encantado. Assenti. – ela é muito bonita. Se eu fosse mais velho... – disse ele. O que?Queria ficar com minha Lizzie?Ops. A chamei de minha?Ela não era nada minha!Isso é revoltante!

– É, ela é linda. – eu disse em um tom que o garotinho se encolheu.

– O que eu tenho que fazer?

– Aqui. – eu disse e peguei uma caixa vermelha com o laço da mesma cor, beijei com carinho a tulipa e de olhos fechados e coloquei dentro da caixa, tampei e fiz o laço. – é para entregar isso a ela.

– Só isso?Podia lhe dar algo à sua altura e só da uma flor?! – disse o garotinho com uma careta.

– Olhe não dê piti, apenas entregue isso a ela! – eu disse irritado de repente, quem esse garoto pensa que é?Ele nem imaginava que eu tinha dinheiro de sobra, mas isso não importava agora. Lizzie parecia que não gostava de coisas que custassem mais do que uma bala de hortelã.

– Tudo bem, só para você saber ouvi o meu primo conversando com o amigo e disse que ia convidá-la para sair!Só falta a coragem! – disse ele sorrindo sapeca. O que?Faltou pouco para não arremessar aquele garotinho na lata de lixo um pouco longe, mas com minha força surreal ele chegaria ao seu destino!

Ao invés disso respirei fundo. E apesar de tudo ele era uma criança!Mesmo sendo malvado e chato, era injusto... Ele era tão pequeno e frágil.

– Faça isso e depois pegue sua grana! – eu disse e saí de lá com raiva. Quem seria o primo do Kyle? Fiquei escondido atrás de um carro, minha família já tinha chegado e tinha entrado no prédio. Vi quando o porsche “nada chamativo” de Lizzie entrou no estacionamento e quando ela saiu. Ela estava linda, estava tão entretido olhando-a que não percebi quando o Volvo prata quase a atropela. Eu a vi arregalar os olhos.

– Estão loucos? – gritou ela depois que os seus primos saíram do carro.

Eles riram de sua expressão irritada. Ela fechou os olhos, inspirou e respirou várias vezes. Quando Kyle a cutucou.

– O que é? – perguntou ela irritada. Kyle começou a chorar, eu senti com um aperto no coração mesmo estando com raiva dele. Ela pareceu se arrepender na mesmo hora que disse. Abaixou-se na sua altura – desculpe garotinho, não chore. Não queria gritar com você. – disse ela tentando acalmá-lo e passando sua mão em seus cabelos ruivos. Aos poucos foi se acalmando – o que é?

– Eu... – fungou, por causa do choro - Você é a Lizzie? – assentiu, que criança mais fingida! - me mandaram te entregar isso. – disse ele e lhe entregou a caixa vermelha.

– Obrigada, desculpe novamente. – disse ela e lhe deu um beijinho na bochecha sardenta. Senti uma pontada de inveja daquele garotinho. Ele saiu correndo corado, eu ri bastante. Caminhei para o prédio quando percebi que ele olhava para os lados me procurando.

– Aqui está Kyle! – eu disse quando ele estendeu sua pequena mão. Ele sorriu – e obrigado.

– Por nada, valeu à pena, ganhei um beijo da Lizzie Black! – cantarolava radiante. Saiu saltitando.

Eu semicerrei os olhos e fui para minha aula.

[...]

Procurei por ela e não a encontrei. Vasculhei pelo refeitório inteiro e nada de meus olhos captarem Elizabeth Black. Então apelei para os meus instintos... Segui seu cheiro e a vi encolhida atrás de uma coluna terminando seu almoço.

Caminhei lentamente até ela. Estava de olhos fechados com a cabeça repousada numa escada pequena. Não emiti nenhum som, esperei que ela abrisse os olhos e quando o fez levou susto.

– Se assustou? – disse a primeira coisa que me veio à mente. Ela franziu o cenho. Eu sei era uma pergunta besta.

– Não eu sabia exatamente que me acharia aqui. – disse ela sarcasticamente. – O que quer aqui?

– Não sabia o quanto minha presença lhe traz desagrado! – eu disse formalmente e saber que aquilo podia ser verdade me entristeceu.

– Não é isso. – disse ela rapidamente, para minha surpresa, ouvi quando seu coração se acelerou mais quando eu senti uma vontade imensa de beijar seus lábios que eram convidativos para mim, só percebi que estava aproximando meu rosto do seu quando senti seu hálito quente e perfumado, mas o sino tocou e Lizzie pulou assustada se levantando - tenho... Tenho que ir tchau! – disse e saiu correndo. Nem deu tempo de chamá-la, quando pensei em fazer isso ela havia desaparecido. Eu respirava num arfar rápido e meu coração a mil. Cheguei tão perto de...

Argh!Que idiota!Agora mesmo que ela vai passar a me ignorar.

[...]

Lamentava-me a cada segundo que passava, agora sim!Ela ia me esquecer de vez... Sou um idiota mesmo!Era improvável que ela voltasse a falar comigo novamente. As garotas são assim, mesmo estando erradas elas querem ser as certas. No caso quando ela me ignora. Lizzie merecia algo melhor, alguém de seu mundo. Não um idiota que praticamente a agarra!

– Ei mano! – disse Kevin quando passou por mim no estacionamento. Foi até o carro de Demi, onde ela o esperava junto de Haley. Eles deram a partida e sumiram na estrada.

– Henri! – disse alguém atrás de mim, me virei e era Taylor.

– Oi “Tay” – eu disse.

– Não vai ir para o ensaio comigo hoje? – perguntou com um beicinho. Que se eu fosse o resto do corpo estudantil masculino eu caia aos seus pés, mas eu não era, então eu apenas sorri.

– Não. Tenho que ir. – eu disse e ela deu alguns passos e ficou muito perto de mim. Perto demais.

– Mesmo?Sabe, eu estava pensando que... Depois do ensaio poderíamos pegar um cinema o que acha? – perguntou ela sorrindo. Eu tive vontade de gargalhar, ela estava tentando me persuadir?

– Não dá mesmo Tay. – eu disse – até mais... – terminei e saí de lá caminhando apressadamente para o meu carro. Entrei e dirigi para um lugar onde eu gostava de ficar. Sempre.

[...]

Já estava deitado de bruços e olhava o lindo show da natureza. Acha quando o sol ia se por lindo, e interessante. Quando criança, gostava dessas coisas, ainda gosto. Herdei muitos gostos de minha mãe, como seu gosto de tulipas, de ver o sol de por. Até sua aparência. Seus lindos cabelos dourados e lisos, seus olhos azuis,da cor do céu quando está sem nuvens acinzentadas. O sorriso simpático e amável. Etc.

Imaginei uma vida bem diferente, eu nascido numa família normal, que tivesse um lindo jardim com flores lindas e todos os tipos, meu pai indo para o trabalho e voltando no jantar, minha mãe fazendo o jantar enquanto cantarolava uma canção que mesmo que fosse meio desafinada eu escutaria de boa vontade. Meus irmãos e eu brincando no jardim de várias coisas... Normal. Como qualquer outra família, como a família de Elizabeth Black!Senti um pouco de inveja dessa garota que tocou meu coração. Ela tinha uma vida ganha e eu não, destinado há passar meus dias num lugar escuro e sozinho.

Isso só depende de mim, eu posso escolher entre ficar sozinho e ser infeliz e escolher em ficar com Elizabeth Black e lhe mostrar o quanto a amo e o quanto ela me faz querer viver só para todos os dias ver apenas seu rosto ou escutar a doce melodia de sua voz...

Minha mente é um labirinto, tendo vários caminhos e tenho que saber e escolher qual eu irei seguir. Há tantas coisas que eu quero, que ela fique a salvo, que ela seja feliz, que ela fique comigo, mas estando comigo ela jamais estará em segurança. Eu só queria poder estar ao seu lado, lhe dizer palavras bonitas e cortejá-la, de tocá-la...

Dormi com este pensamento.

[...]

– Então? – disse alguém. Estava caminhado no corredor e ouvi, alguma coisa me dizia para escutar a conversa, um pressentimento. – a convidou? – cheguei mais perto e pude ver Nicholas Newton com um garoto ruivo. Acho que era seu amigo.

– Sim, mas ela disse que queria pensar e até o final das aulas me respondia. – disse Nicholas, de quem ele estava falando?

– Nossa cara, Elizabeth Black. Está indo bem... Só precisa persuadir mais... – disse o menino ruivo sorrindo. Como ele ousa falar isso?Será que este misero garoto não vê o quanto ela é especial? Garotos deste tipo são tão insolentes e idiotas.

– Não é nada disso Gabriel – disse Nicholas com um olhar de reprovação – você sabe melhor do que ninguém que eu gosto da Lizzie desde o jardim, mas ela nunca me deu bola, então eu criei coragem e agora depende dela.

– Só para você ficar sabendo, seu primo Kyle me disse que ontem o novato deu um presente a ela, mandado por ele.

– Como?O Baudelaire? – perguntou Nicholas irritado de repente. Primeiro ficou verde, depois vermelho de raiva.

– Sim. É melhor andar rápido meu amigo, pois não vai querer enfrentar a fila não é? – perguntou Gabriel sorrindo com deboche.

– Pare de fazer graçinhas e vamos para a aula! – disse Nicholas irritado e os dois caminharam para o prédio dois.

Estava vermelho, mal respirava. Esse tal de Nicholas Newton achava que era quem?Não poderia roubar o amor de Lizzie de mim!Muito menos seu coração amável e doce!Eu voltaria a falar com ela novamente e ia fazê-la me aceitar ao seu lado de novo.

[...]

– Henri! – chamou-me Tay.

– Oi?

– Senta aqui! – disse ela, eu fui pegar meu almoço e fui sentar à mesa de seus amigos, pois nenhum dali podia ser considerado meus amigos.

– Então, seus irmãos não querem sentar com a gente também?

Olhei para o lado, onde meus irmãos estavam. Demi virou o rosto que antes olhava naquela direção, Kevin revirou os olhos, Hay fez uma careta. Eu sorri.

– Acho que não. – eu disse em seu ouvido e ela sorriu para mim pela aproximação. Voltaram a conversar, ela fazia perguntas a mim e às vezes tinha que mentir. Incrível a diferença entre ela e Lizzie. Pelo menos para ela eu dizia a verdade, com ela era tudo tão natural, eu me sentia a vontade, mas com a Taylor era diferente. E muito.

[...]

Voltei para casa, meu pai estava em frente à varanda me esperando. Eu tinha certeza. Estacionei o carro na garagem, fechei o portão e voltei para a varanda.

– Oi Henrique. – disse ele sorrindo.

– Oi. – eu disse sem animo.

– Henrique até quando vai ficar agir assim comigo? – perguntou ele.

– Não sei, devia ficar mais em casa, mas não está sempre no quartel! – eu disse irritado.

– Sabe que é isso que eu gosto de fazer! – disse ele. Os olhos azuis me encarando com seriedade.

– Haydée ligou para você. Não sei se Kevin lhe contou. – eu disse.

– Sim, faz pouco tempo que me disse.

– E o que ela disse? – perguntei com um pouco de curiosidade.

– Que estava com saudades nossas e mais nada. – disse ele, olhei dentro de seus olhos da cor do céu. Indecifrável era o que lia ali. Assenti e passei por ele que tocou em meu ombro levemente e por um período curto de tempo, pois eu me desvencilhei.

Esse afastamento entre nós foi porque ele nunca tinha tempo, raramente parava em casa, antes de ele ser militar éramos melhores amigos. Contávamos tudo um para o outro...

Por que ele insiste em esconder coisas de mim?Subi as escadas e bati a porta rudemente, pois eu sei que ele está escondendo algo de nós!Isso me revolta!

Tomei um banho gelado e dormi tentando imaginar o que tanto Scot esconde.

[...]

– Está tão calado hoje. – comentou Haley enquanto andávamos juntos no corredor.

– Pensando. – eu respondi sem ter noção do que falava. Vi de longe quando Lizzie chegou à escola, estava com a expressão feliz. Eu a veria hoje, e tentaria fazê-la voltar a falar comigo novamente. Ao vê-la meu coração deu um salto e bateu mais rápido, Hay olhou para mim com uma sobrancelha arqueada e olhou para onde eu olhava. Deu um sorrisinho.

– Que bom que você não está pensando naquele ser loiro! – disse ela aliviada.

– Ela tem nome, é Taylor! – eu disse. Ela fez uma careta.

– Tanto faz, não gosto dela!Ela é chata e insuportável! Sabia que a Demi já tentou torturá-la com uma ilusão? – disse ela.

– Vocês duas não tem jeito! – eu disse tentando parecer sério, claro que vão.

– Ei!Fui eu quem não deixou!Por que senão íamos nos dar mal! – disse ela ofendida.

– Ok, vamos logo para a aula Hay! – eu disse e a puxei.

[...]

Inglês era a hora!Estava ansioso e nervoso também. Ainda estava no corredor, Pensando, o que eu diria, oi Lizzie?Não... Muito fraco!Não vi que esbarrei em alguém só descobri quando o vi jogado no chão.

– Por que não olha por onde anda? – perguntou o Newton irritado. Olhando para cima, para me encarar.

– Era eu quem devia dizer isso não é? – perguntei um tanto indiferente.

– Argh!Idiota! – murmurou ele ainda jogado no chão.

– O que disse? – perguntei desafiando. Semicerrei os olhos e vi com satisfação ele se encolher. – foi o que pensei. Tchau. Covarde.

Eu o ouvi bufa de tanta raiva, eu fui rindo até chegar à sala. Entrei e minha... Quero dizer a Lizzie estava sentada e rabiscava seu caderno. Ela não percebeu quando eu sentei na cadeira ao seu lado, isso me abateu e eu murchei na cadeira. Toda sua indiferença me causava tristeza... O professor chamou a atenção dos alunos e começou sua aula, falando de Shakespeare, Romeu e Julieta, um amor impossível. Quando o sino tocou e vi Lizzie arrumando suas coisas decidi falar com ela.

– Lizzie... – eu disse suavemente.

Virou-se para me encarar.

– Hã?Está falando comigo novamente? – perguntou ela e pude ver ressentimento ali. Eu gostei.

– Desculpe, não foi educado de minha parte, mas foi você quem parou de falar comigo...

Ela deu de ombros.

– Por favor, não quero que fique ressentida comigo, essa distancia... É... Eu... Não gosto. – eu disse devagar, ela podia me perdoar mesmo não tendo culpa nenhuma?Quero dizer, ela que me ignorou primeiro. Ela deu um sorriso encantador que revelou suas duas covinhas. Retribuí-lhe o sorriso.

– Claro, vamos ser amigos? – perguntou e me sorriso desmanchou, não gostava de como aquilo soava, era melhor que nada.

– Er... Tudo bem. Amigos – eu disse – e a propósito... Gostou do presente? – perguntei sorrindo.

– Presente? – perguntou ela confusa e depois sorriu - a tulipa e o cartão?

Assenti.

– Nossa, eu amei. Mesmo. – disse ela sorrindo, era tão bom ver seu sorriso - nunca ganhei uma flor antes, nem uma dedicatória... Gosto de flores... E serenatas.

Bem que minha mãe disse.

– Hum... E eu que pensava que eu era o pré-histórico! – eu debochei.

– Há-há. Pelo menos minha linguagem não é tão formal! – revidou.

Fechei a cara e toquei seu pequeno nariz com meu dedo indicador.

– Você é má! – eu disse fazendo beicinho. Ela sorriu.

– Acho melhor irmos para a próxima aula não? – perguntou ela. Assenti e caminhamos para nossa próxima aula, foi difícil. Tão triste me separar dela, mas estava feliz em falar com ela novamente, feliz era pouco, não encontrava a palavra certa...

[...]

Quando o sino tocou para o almoço, eu fui o primeiro a chegar ao refeitório, sentei numa mesa onde ninguém sentava. Peguei meu almoço e sentei, almoço de fachada. Por que nem comida eu comia, era ruim. Todas sem exceção, quero dizer, uma vez provei macarronada e cuspi tudo fora.

Era só para não desconfiarem que eu e meus irmãos pegávamos almoço. Nunca perceberam que não mexíamos em nada da bandeja, estava tão concentrados em suas coisas triviais que nem notavam, principalmente Tay.

Esperei por Lizzie, ansioso por vê-la. Sua família e Joane entraram, eles eram tão bonitos, com certeza Lizzie tinha puxado a esse lado da família. Sentaram numa mesa oposta da que eu estava. Ela entrou e seus olhos dispararam para a mesa de sua família. Depois para minha, indiquei para que fosse até mim. Ela fez sinal para esperar, foi até a comida, separou o que comeria e pagou. Caminhou com a mesma expressão de hoje cedo, feliz. Quis acreditar que era por minha companhia que ela estava assim.

– Por que não senta comigo hoje? – perguntei a ela. Puxou a cadeira e sentou-se devagar.

– Então... Não prefere sentar com sua “amiguinha”? – perguntou ela e seu tom saiu agudo, que amiga?

– Do que está falando? – perguntei.

– Da Taylor, não se faça de ingênuo. – disse ela.

Eu ri.

– Devia esconder mais sua hostilidade pela menina, ela é legal. – eu disse e ela deu de ombros. Olhando para o lado. Olhei de relance para a direção e ela fitava a família e Joane na mesa oposta.

– Então... – eu ia começando, perguntaria o que?

– Então o que? – perguntou.

– O que anda fazendo? – perguntei.

– Hã, o de sempre. Estudando, só isso.

– Só?Não sai?

– Não, não gosto. Em ir para festas, ou qualquer coisa do tipo se é disso de que está falando.

– Hum sei. – eu disse – faz o que nas férias?

– Eu, bem, às vezes viajo com meus pais, quando eles tinham tempo. Agora não tem mais, acho que se um dia conhecer eles irá se surpreender o quanto parecem ser jovens, mas não deixe se enganar...

Eu sorri.

– Seus irmãos, por que não fica com eles no almoço? – perguntou.

– Hã, eles entendem, às vezes você sempre acaba querendo sentar com pessoas novas e conhecê-las não é mesmo? – perguntei.

Assentiu.

– Parecem ser legais. – disse ela -, mas acho que devem sentir sua falta, sabe, eu sei que não é obrigado a sentar com a família, primos ou irmãos, mas eles sempre te querem por perto e às vezes não só ver em casa é o bastante... – concluiu e sorriu. Depois de processar o que ela havia dito, eu sorri e vi-a arfar.

– Obrigado, você sempre escolhe as palavras certas. – eu disse e ela deu um sorrisinho encantador.

– Por nada, é bom poder lhe ajudar. – disse ela e fez uma leve reverencia, eu ri foi engraçado.

O sino tocou.

– É, acho melhor irmos, te vejo em Física. – disse ela e acenou caminhando para o corredor.

Eu fiquei sorrindo como bobo, no mesmo lugar. Vi de relance a careta de Taylor, nem percebi quando ela entrou. Essa menina deve achar que sou algo seu. Vive me cercando. Sacudi a cabeça, jamais seria algo seu. Nem morto, então comecei a gargalhar enquanto me dirigia a minha próxima aula. Eu nunca morreria, ela jamais me teria então...

[...]

Esperei por Lizzie na aula de Física, todos entraram, até Joane que sempre a acompanhava. Sorriu para mim e eu acenei com a cabeça retribuindo o sorriso. O professor entrou e nada dela, até que ela chegou, se eu não tivesse a visão boa dos vampiros, não teria enxergado pequenos vestígios de lágrimas nas bordas de seus olhos achocolatados. O que a teria feito chorar?

– Que bom nos o ar de sua graça Srta. Black. – disse o professor.

– Desculpe professor, posso me sentar? – perguntou e deu um sorriso triste.

– Claro. – disse ele e ela caminhou olhando para os pés, nunca desviando, observei pelo canto dos olhos que Joane também percebeu que havia algo errado. Elas conversaram num sussurro, não prestei muito atenção. Ouvi um profundo suspiro e vi de relance Lizzie com a expressão pensativa.

– Então classe, hoje faremos um trabalho sobre a Lei de Inércia. Façam duplas. – disse o professor Jenks. Num impulso eu puxei minha cadeira e a posicionei ao lado de Lizzie, olhou-me um tanto surpresa.

– Achei que gostaria de fazer comigo. – eu disse.

Sorriu e assentiu.

– Então aqui está, é claro que não precisão da forma já que está gravado aqui. – disse o professor Jenks apontando para a cabeça e deixou um papel de oficio em cima da carteira de Lizzie. Com perguntas imprimidas. – podem começar.

Olhou a folha e gemeu.

– Eu não estou lembrando! – ela murmurou para mim.

– Sorte que tem a mim. – eu disse tentando amenizar o clima.

– Há-há, muito boa! – debochou. Revirei os olhos.

– A forma é P=m.g e F=m.g – eu disse.

– Ok, então vamos começar. – disse ela e pegou seu lápis.

Fomos os primeiros a entregar. Disse que a esperaria em frente à sala, mas um ser me atacou por trás.

– Taylor! – eu exclamei.

– Oi Henri! – disse ela sorrindo, algo estava errado com ela.

– O que quer aqui? – perguntei um tanto irritado. Puxou-me pela mão, arrastando-me até o estacionamento, para o lugar onde eu quase beijei Lizzie. Sorri ao lembrar, a vontade não havia passado. Olhei para o lado onde Taylor estava, acho que meu sorriso a incentivou a fazer o que fez. Ela entendeu errado...

– Sabia que gostava de mim, Henrique, desde que chegou aqui eu... Eu sentia algo diferente... Eu... Amo você! – disse ela e me agarrou pelo pescoço me beijando em seguida. Senti que estava sendo observado, eu estava tremendamente desconfortável ali, com aquela fugitiva do hospício a me beijar!

A empurrei sem sutileza.

– Me larga!Eu não gosto de você!Então não repita nunca mais isso! – eu lhe disse com as sobrancelhas unidas.

– O-o que?Achei que gostasse de mim também! – disse ela com os olhos marejados. Senti remorso. Então disse na maneira mais sutil.

– Olha Taylor, você é linda e tudo mais. Não quero que sofra por minha culpa, mas não é você que eu... Eu... Amo. – eu disse num sussurro essa ultima parte.

– O que?Não é a mim? – perguntou ela, seu olhar triste transformou-se em raiva e ódio, chegava a queimar. – não me diga que é a idiota da Lizzie?!

– Não a chame assim nunca mais! – eu disse com um tom novo que nem eu identifiquei – aposto que... Não, eu tenho certeza que ela é uma pessoa melhor que você!

– Não sabe de nada! – disse ela irritada.

Dei de ombros.

– Ah, é a propósito. Meus irmãos te odeiam! – eu disse francamente dei as costas e caminhei até meu carro. Não vi o porsche de Lizzie ali, droga!Por culpa da mentecapta da Taylor eu nem me despedi dela!

[...]

Voltei para casa um pouco irritado com Taylor, estacionei meu carro na garagem, fechei o portão e entrei em casa. Hay estava dançando no tapete do vídeo-game, Demi cantava e Kevin estava na bateria. Programa de família, nunca mais tinha feito isso com eles.

– Posso jogar também? – perguntei e eles viraram os rostos para a direção da voz.

– Claro! – disse Hay quicando. Fui até a estante e peguei a guitarra. Hay escolheu a música Barracuda da banda Heart e acompanhamos a música. Ficamos assim até nos dar sono, dormimos na sala de música, levamos colchões e cobertores.

Estava me arrumando para dormir, quando Hay se jogou em cima de seu colchão fazendo um alto barulho. Até que Demi não deu chiliques. Estava quieta sentada no colchão ao lado do de Hay escovando seus cabelos.

– Sabe, domingo poderíamos fazer um piquenique o que acham? – perguntou Hay deitada de lado em seu colchão, apoiando a cabeça com a mão.

Eu ri jogando minha cabeça para trás.

– E íamos levar o que?Copos com sangue de animal?Não Hay! – disse Kevin.

– Se vocês experimentassem pelo menos alguma comida de verdade dos humanos iam ver que o que temem não tem nada de ruim! – disse ela com um biquinho e semicerrando os olhos azuis.

– Eu acho legal. – disse Demi, isso mesmo Demetria Baudelaire!

– Fazemos assim, eu levarei alguns sanduíches caseiros e outras coisas de fachada, só aproveitamos o ar livre, o que acham?E soube que vai fazer sol. – disse ela esperando a resposta ansiosamente.

Entreolhamo-nos, então assentimos.

– Tudo bem. – eu disse.

– Que de mais!Vai ser legal! – disse ela radiante. Quicando no colchão.

– Ok, ok, agora vamos dormir! – disse Kevin e bocejou.

Desligamos as luzes depois de Demi escovar 36 vezes o cabelo – era o que dizia numa revista de adolescentes –, dormi depois de ter meus pensamentos voltados à Elizabeth Black. Eu estava definitivamente amando essa garota. Na qual parecia ser feita para mim. Era tão normal eu ao seu lado quanto o sol nascendo ao oeste.

Henrique Baudelaire.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?Mandem review.
Bjus da Laydeane Cullen