Gabrielle escrita por BULL3TPROOF


Capítulo 21
Um pedaço de pano atoalhado.




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Ele acha que pode ficar comigo a hora que quer, na verdade sempre achou, a tempo, desde o inicio. E eu me pergunto: quem é que vai afastar ele de mim? Eu é que não vou, nem moral eu tenho para isso. Me vejo apenas como uma idiota perdidamente apaixonada por ele.

Depois de ficar um bom tempo parada no corredor criado raizes, eu resolvi ir para o quarto antes que achassem que eu estava com diarréia, até desisti de lavar as mãos, isso chega a ser irrelevante agora.

Assim que entrei no quarto vi uma coisa meio estranha: a Dai fazendo as unhas do Rafa.

-Porque essa demora, criatura? - gritou num estilo bem gay. 

Olhei meio boba para ele. - Nada não.

- Droga, - disse o Rafa - eu conheço essa sua cara, nem vem.

- E que cara e essa? - a Dai não tirou a atenção da lixa e das unhas dele.

- É a cara de recém fui beijada. - depois que ele falou isso, eu baixei a cabeça. Ele deve ter notado minha cara, porque logo acrescentou. - Ou sou uma vadia louca e quero dar a periquita. - todos rimos dessa piada, até eu que estava meio para baixo.

- A meu, cala essa tua boca. - falei num tom descontraido.

- Mas é verdade não é? - começou a Dai, parando de lixar as unhas do Rafa e olhando para mim. - Agora vai dizer que eu estou errada? Tu não me engana, guria, não engana. - me provocou.

O pior não é a provocação dela, o pior é que eu ainda gosto do Diego, que me fez sofrer tanto, me fez chorar. Toda santa vez que ele chega perto, minhas pernas ficam bambas, mas o estranho é que quando eu fico com ele isso não acontece. Eu me sinto somente tranquila e protegida. Deve ser por causa dos braços que passam um bom tempo da semana na academia, sem falar do tanquinho sarado de deus grego.

- Tu ta bem? - o Rafa notou minha rapantina desanimação.

- Estou sim, não precisa se preocupar. - forcei um sorriso, só não sei se foi muito convincente.

- Não, tu não está bem - a minha amiga teimou. - Conta logo pra gente o que aconteceu.

- É que... bem... eu sempre me fodo com essas coisas. Olha só quantas vezes ele já me pisou e eu continuo correndo atrás dele, tipo... tipo um cachorro que corre atrás de um filé... literalmente. - até porque a carne é de qualidade, se é que me entende. - me sentei ao lado dela na cama.

- E o ele... é o meu irmão. - ela apontou para um lado do quarto como se estivesse apontando para o Diego.

- Sim, ele é ele. - o que? É lógico que ele é ele. Não estou falando coisa com coisa hoje.

- Que isso, nós sabemos que tu tem a capacidade mental para passar por cima desse problema. - a Dai e sua capacidade de fazer piada nos momentos ruins. - Só te falta um empurrãozinho, alguém que tu goste e que goste de ti também, é isso que tu precisa urgentemente. - eu realmente preciso, o problema é esquecer o Diego, não dá, ele é apaixonante.

- Ela tem razão, minha flor. Vai ter que ser do mesmo jeito que tu passou por cima do Lucas, ainda se lembra disso?

- Claro que eu lembro, Rafa. Só que o Lucas foi tão facil esquecer, e o amor que eu tinha por ele não era nada perto do que eu sinto pelo Diego. - me deitei de costas na cama.

Encerramos ali a conversa. 

Depois, quando já era umas seis da tarde, decidi que seria melhor tomar banho. Já que a Dai e o Rafa vão na festa também, de penetra claro, achei melhor que meu banho fosse bem rápido, pois eles também terão que se arrumar, tomar uma ducha...

Tomei um banho bem demorado, lavei bem meus cabelos, passei shampoo, condicionador e esfreguei, teria que estar linda hoje a noite, pois será nesta festa que eu vou a "caça". Sai do chuveiro e me enrrolei na toalha, com os cabelos pingando no chão fui até a frente do espelho. Notei duas olheiras bem profundas embaixo dos olhos, deve ser resultado do estresse por causa de uma certa pessoa.

Sequei os cabelos e o corpo. Fui pegar minhas roupas mas tive a infeliz percepção de que elas não estavam lá, porque claro, eu esqueci de pegar. Abri uma fresta na porta de modo que passasse apenas minha cabeça.

- Daaaaaiiii. - gritei. Ela não respondeu, e eu gritei novamente. - Deiseeeeee. 

- Ela deve ter posto musica alta. - falei, comigo mesma.

Pensando nas opções que eu tinha eu cheguei a seguinte conclusão:

a) Pular a janelinha do banheiro, que é sufucientemente grande para isso, e chegar até o quarto dela, ou

b) Correr de toalha pelo corredor até o quarto.

Acho que a mais facil e que chama menos atenção é a alternativa b, até porque seria estranho os vizinhos verem uma louca de toalha pulando uma janela.

Então, sorrateiramente eu abri novamente a porta do banheiro, desliguei a luz e fui na ponta do pé, so que parece que tem sempre alguém para me ver num momento vergonhoso, só que desta vez não era o Diego, mas sim alguém com aparencia de uns dezoito anos, loiro de olhos azuis.

- Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh. - gritei, quando vi ele. 

- Aaaaaaaaaaaahhhhhh. - ele gritou também, por causa do susto que levou quando me viu.

- Mas que gritaria é essa? - agora sim o Diego apareceu.

Quando ele me viu coberta apenas por um simples pedaço de pano atoalhado não pode segurar o queixo, que imediatamente caiu.

- M-ma-mas... - não tirou os olhos das minhas coxas. - Meu Deus Gabrielle, porque isso? Se o Gui não estivesse aqui, eu te levaria agora pro meu quarto. - olhou para o meu rosto e deu um risinho safado. - Não teria nem roupa para atrapalhar. - apesar do sorriso em seu rosto, ele parecia estar falando muito sério. Agradeci por esse tal de Gui estar ali, vai saber o que ele não faria, do Diego eu não duvido nada.

- Sem piadinhas por favor. - continuei indo em direção ao quarto.

- Essa garota me deixa louco. - ouvi ele dizendo, enquanto eu abria a porta e entrava.

Assim que a Dai e o Rafa me viram só de toalha, soltaram um "nossa" em coro. Desliguei o som e dei uma breve explicação do que tinha acontecido no corredor.

- É uma vadia mesmo. - a Dai me provocou.

Coloquei a roupa ali mesmo na frente do Rafa, que a poucas horas de declarou gay, justamente por isso ele nem me deu bola. Coloquei meu lindo vestido curto e um chinelinho, não ia castigar meus pés agora com o meu salto 12.

Sequei e penteei meus cabelos compridos vermelhos, passei um creme e enquanto a Dai tomava banho no sei próprio banheiro, e o Rafa no banheiro do corredor, eu começei a fazer a maquiagem, que se resumia em uma sombra preta e branca, um delineador fino, muito rímel, um batom vermelho e por cima dele, um brilho labial. 

Quando já estava quase na hora da festa, nós ficamos prontos. Não vi o Diego no corredor, nem na sala e nem na cozinha, mas nem dei bola. Entramos todos no carro da mãe da Dai e fomos. Foi um trajeto silencioso, porém, nem um pouco desagradavel. A dona Lurdes me passava muita tranquilidade, com seu jeito todo calmo de ser.

Ela parou o carro bem na porta da festa, que por sinal, os pais da Gi devem ter gastado um certo dinheiro, mas concerteza, essa festa iria bombar.

- Como a Lu vai vim? - a pergunta saiu involuntariamente.

- Com o pai dela, daqui a pouco ela chega. - foi a Dai que respondeu.

Entramos e escolhemos uma mesa bem na frente, para que pudessemos ver a entrada da aniversariante.

Senti um arrepio na espinha quando vi o primo da Lu, que dessa vez ajeitou aqueles cabelos. Quando ele chegou mais perto eu pude ver o quanto aquele olhar era penetrante. Ele realmente estava bonito, ou melhor, lindo.


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