Gabrielle escrita por BULL3TPROOF


Capítulo 20
O orgulho fala mais alto. Ou não


Notas iniciais do capítulo

não esta terminado



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/176245/chapter/20

Acordei muito, mas muito eufórica, e é claro que isso aconteceu por que hoje é o dia da festa. O pior é que eu ainda nem sei quem vai me levar, meus pais tem plantão e os pais da Dai foram viajar. Tomara que alguém possa nos levar, por que senão vamos ter que ir de ônibus.

Depois de ficar me revirando na cama, e pensando como que eu vou fazer para ir na festa, e também, como seria a noite, eu finalmente levantei. Fui correndo para o banho, e ele também foi bem rápido, pois eu estava morrendo de fome. Terminei meu banho, coloquei uma camisetona que o Rafa esqueceu aqui e um short jeans, amarrei meu cabelo e desci.

Encontrei um bilhete em cima da mesinha de centro, era dos meus pais, e dizia que eles tinham ido no mercado. Larguei ele ali mesmo e fiu para a cozinha. Levei um susto quando vi uma figura masculina de costas para mim.

– Ahhhhh. - gritei, ecoou por toda a casa.

Ele se virou rápido, nem devia ter visto que eu estava ali.

– Rafa!? Que tu ta fazendo aqui? - estranhei

– Se esqueceu que tu me mandou uma mensagem ontem denoite dizendo pra mim vir aqui bem cedo? - ele se apoiou na bancada, com um pedaço de bolo de chocolate na mão.

– Ah, é mesmo... - disse, lembrando do acontecido.

– Só que - comecou ele - , tu estava dormindo tão angelicalmente que deu uma pena de te acordar, então eu te deixei lá e vim aqui atacar a tua geladeira. - mordeu o pedaço de bolo.

– Ah, lindo, incrivel - ironizei - , agora da uma licensinha que tu tá me estorvando, e eu estou afim de comer logo.

– Estor o que? - ele peguntou, fazendo uma cara de desentendido.

– Estorvando, encomodando, irritando, chateando... - expliquei, com um pouco de exagero.

– Ata...

Peguei a caixa de leite, a mortadela, a nata e o queijo, coloquei todos eles em cima da mesa e peguei um copo. perguntei se o Rafa queria mais alguma coisa, mas ele apenas negou com a cabeça.

– Sabe... - ele começou a falar, enquanto eu preparava meu pão. - Eu tenho que te falar uma coisa, mas só tomei coragem agora. - ele falou, olhando sério para mim.

Confesso que fiquei com um pouco de receio que ele fosse se declarar para mim, com esse "só tomei coragem agora", não que ele não seja lindo e muito querido, fofo, mas ele é meu melhor amigo, e isso seria estranho demais.

– Pode falar que eu escuto. - brinquei.

– Só me promete que não vai ficar com nojo de mim, e nem parar de ser minha amiga por causa disso, eu te amo demais e além de ser minha prima, é minha irmã.

Ok, isso foi estranho, não entendo quem peça para não ficar com nojo, parar de ser amiga e coisa e tal. Ele concerteza não queria se declarar, ainda porque disse que me ama porque eu sou a melhor prima-irmã-amiga dele. Ta certo, não disse nessas palavras mas foi o que deu para entender.

– Ta bem, eu prometo. - me virei de frente para ele, para poder captar melhor a informação.

– Eu... ai estou com medo - ele enrrolou.

– Rápido que eu vou morrer com de suspense.

– Eusougay. - ele falou rápido demais, acho que pelo nervosismo.

Meu Deus, eu não acredito, alguém que sempre pagou uma de machão como ele, sair do armario desse jeito.

– Caralho... que choque manolo. - tentei digerir a informação.

– Não está com nojo de mim? - perguntou ele, receoso.

– É claro que não. - abracei ele.

Ele suspirou, parecendo tirar um grande peso das costas. Voltei a fazer meu pão, enquanto conversava com ele.

– Quando tu descobriu? - eu perguntei.

– Ah, sei lá, a uns dois meses eu já estava desconfiando, e de uns dias para cá eu tive certeza.

– Ta mas, como foi, o que te fez ter essa certeza?

– Eu estava gostando de um vizinho, sabe, o Danilo.

– Aquele assumido a tempo?

– Esse mesmo.

Que desperdicio, ele é um deus grego. Tem olhos bem pretos e a pele clara, com um cabelo também preto e arrepiado. Ouvimos um barulho na porta, devia ser meus pais.

– Bom dia. - corri para comprimentar eles.

Dei oi a cada um e o Rafa também. Depois de tudo guardado, meus pais foram para a varanda, cada um com um pedaço de bolo, e eu e o Rafa podemos, finalmente, continuar nossa conversa.

– Ta, ta. Me deixa continuar. - ele disse. - Ele pediu para ficar comigo, e eu aceitei, só para ver se eu era gay mesmo, e sou, assumido agora.

– E seus pais?

– Levaram na boa, são bem mente aberta.

Terminei de preparar meu pão e me sentei no sofá, para comer. Liguei a TV e deixei nos desenhos animados mesmo.

– É tão bom sair do armário. - ele disse, já começando a rir. Não me aguentei e ri também.

– Ô, deve ser sim. Ahh, tu conhece a Dai?

– Não, acho... Porque?

– Eu vo na casa dela daqui a pouco, tu quer ir também?

– Ta certo, pode ser sim.

Terminei o meu café da manha, escovei os dentes, peguei as roupas, maquiagem, e tudo que eu tinha que levar, coloquei dentro de uma mochila grande. Estava tão tranquila e feliz hoje, que apenas troquei de sandalia e deixei a mesma roupa. Dei tchau para meus pais quendo passamos pela varanda e fomos.

- Tu é um desastre para a moda. - o Rafa disse, empinado o nariz.

- Ataaah. Recém saiu do armário e quer contar vantagem com moda?

- Sim, porque todo gay sabe de moda.

- To vendo...

Chegamos no ponto de onibus e ele logo veio. Entramos e escolhemos os lugares do fundo.

- Perai. - o rafa falou. - Essa Dai não é irmã do Diego, aquele guri que te faz chorar sempre?

- Sim, essa dai. - abaixei a cabeça.

Eu ainda sinto, e muito, a falta dele, só que eu já me acostumei. De vez em quando até me pego chorando por causa disso. 

- E se ele estiver lá? O que tu faz?

- Não faço a mínima idéia. Mas no sábado ele não deve ficar muito em casa. Eu acho.

Puxei aquela cordinha barulhenta e o motorista parou. Descemos num ponto que fica no mesmo quarteirão da casa da Dai. Sabe, eu não tinha pensado no que eu iria fazer se o Diego estivesse lá, eu simplismente ignorei o fato dele poder estar em casa, na hora talvez eu tenha uma ideia, ou não.

- Deiseeeeeeee. - gritei o mais forte que podia, do portão.

Ela saiu correndo de dentro de casa e veio abrir o portão para nós. Apresentei ela para o Rafa e fomos para dentro de casa.

- Nem tenta nada que ele é gay. - falei para a Dai quando vi que ela estava meio atiradinha para cima dele. Só vi as bochechas deles ficarem vermelhas.

Quando eu coloquei o pé para dentro da casa, eu tropeço na mãe da Dai, a dona Lurdes, acho que é esse o nome dela.

- Ai, mil desculpas. - falei, corando.

- Tudo bem minha flor, não tem problema. - ela disse.

Só depois disso que eu vejo o Diego rindo, ele estava sentado no sofá, de frente para mim ainda.

- Aff, fica quieto filhote. - eu disse, irritada e envergonhada.

- Olha quem me chama de filhote. - ele disse.

- Ah, vai caga, vai.

- Ê cavala. - a Dai disse, provocando.

Ignorei e fui para o quarto dela. Joguei minhas coisas num canto e me deitei em cima da cama.

- Fica a vontade. - ela disse para o Rafa.

- Obrigado, amiga. - ele agradeceu.

Eu disse para eles que ja voltava e fui no banheiro lavar as mão, porque né, ônibus é uma porquice só. Quando eu estava na metade do corredor, eu dou de cara com o Diego, saindo do quarto, e quase que tropeço nele também.

- Tu ta bem hoje? - me provocou.

- Ah, cala a boca, Diego.

- Por que tu ta assim comigo em? Toda cavala, vem na minha casa e me solta as patas... me fala o porque disso.

-... - não falei nada, só fiquei olhando pra ele.

Como eu queria pular em cima dele, só que o orgulho fala mais alto. 

Ele passou a mão no meu rosto e eu deixei, estava estática quase. Colocou uma das mão na minha cintura e com a outra, segurou meus cabelos. Eu achei que ele me beijaria na boca, só que o que ele beijou foi meu pescoço, o que lógico, me fez arrepiar. Ele percebeu e riu.

- Sempre se arrepia comigo né?

- Pois é né. - corei.

E ele continuou a beijar meu pescoço, depois a bochecha, até chegar na minha boca. Eu nem preciso dizer que já estava com saudade disso, do jeito dele, de tudo dele. Aos poucos nós fomos soltando um ao outro, ele seguiu o rumo e eu fiquei ali estática, pensando no que tinha cabado de acontecer.

- Como eu sou burra. - pensei. - Agora ele vai achar que pode.

Mas eu sei que eu queria isso, e muito.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Gabrielle" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.