Gabrielle escrita por BULL3TPROOF
**POV Gabrielle**
Eu estava desesperada (novamente). Assim que cheguei na parada de ônibus, liguei para o Rafa, tive que discar umas quatro vezes de tanto que eu tremia.
– Alô. - ele atendeu.
– O-oi Rafa. - minha voz falhou.
– Gabi? Ta chorando?
– Sim... pode vim aqui por... por favor?
– Claro, só um pouco, ok?
– Ok. - desliguei.
Me sentei na calçada e escorei as costas no muro, nem dei bola se estava sujo ou não. Depois de uns oito ou dez minutos o Rafa apareceu, veio correndo até mim.
– O que aconteceu, Gabi? - falou assim que sentou ao meu lado.
Contei tudo o que tinha acontecido, ele ficou quieto escutando. De vez em quando eu começava a chorar, e tinha que esperar uns dois minutos para me acalmar.
– Já sabe qual é meu conselho, né Gabi? - ele perguntou, levantando uma sobrancelha.
– Esquecer...?
– Isso mesmo.
– Sabe que eu não sou disso não é? Desistir não é comigo.
– Não falei em desistir, só em esquecer.
– Desistir e esquecer é a mesma coisa, Rafa.
– Se tu continuar assim, só vai sofrer mais.
– Mas eu sei que tu vai estar me apoiando sempre, primo.
– Claro. - ele me olhou com piedade e continuou. - Vou estar sempre aqui minha prima, ou melhor, irmã.
Nós nos consideramos irmãos mesmo, crescemos juntos e sempre fomos amigos, eu sei que qualquer coisa que acontecer eu vou poder contar com ele para me ajudar.
– Tu tem que ir para casa? - ele perguntou.
– Não, mas... eu to com fome, e estou sem grana.
– Eu tenho uns sete reais, da para passar em algum lugar e comprar pasteis e refris. E depois nós podemos dar uma volta no shopping, assim tu te distrai.
– Ta certo, pode ser sim.
E fomos andando. Paramos em uma padaria qualquer e compramos pastéis e refris, e comemos andando até o shopping mesmo.
– Rafa.
– O que? - respondeu, olhando para uma garota, mas não devia, porque ele tem namorada. E ainda por cima ela é minha amiga.
– Tu conhece, ou ja viu o Diego?
– Não, não vi não. Porque? Quer que eu conheça?
– Não, não precisa.
– Ta certo então, mas se quiser que eu quebre ele, é só avisar, ok?
– Ta, ta certo, mas como eu falei, não é necessário, mas se for eu te aviso. - rimos (finalmente eu coloquei um sorriso nessa minha cara).
– Viu como eu sou legal? - ele perguntou
– Não. Mas porque tu seria legal?
– Eu te faço rir até quando tu ta triste, detonada, arrasada e...
– Chega, - cortei ele - já disse o suficiente.
– Ta desculpa.
Demos umas voltas no shopping e depois nos sentamos em uma mesa da praça de alimentação. Ficamos conversando fiado até as quatro horas mais ou menos, e depois ele me levou até a minha casa, e teve que ser a pé, porque dinheiro pro ônibus ja era. Ele acha perto, mas é uns 3 quilometros da minha casa até lá. Depois de me largar na minha porta, ele foi para a casa dele, que é quase na frente da minha.
Cheguei em casa, tomei um banho bem gelado para esfriar a cabeça - literalmente - e me joguei na minha cama. Eu peguei no sono, só fui acordar quando meus pais chegaram em casa, desci para cumprimenta-los. Dei um beijo e um abraço em cada um deles.
– Plantão de novo, gente?
– Sim, muita gente gravemente ferida lá.
Fiquei ali na sala olhando um filme enquanto eles se ajeitavam, depois eles se juntaram a mim para olhar Eragon. Nós jantamos e eu fui para a cama, estava cansada.
Acordei com o toque do meu despertador, fiz meu ritual matinal e fui para a escola a pé mesmo. A manha estava agradavel e eu fiquei pronta bem cedo, lá por umas sete, e eu ainda tinha uma meia hora pra chegar lá.
Entrei e encontrei o Lipe, e ele estava falando com o Diego. Eu estava dando meia volta mas eles me viram. Graças a Deus só o Lipe veio até mim.
– Gabi, eu falei com ele.
– O que tu falou?
– Eu perguntei o porque daquilo tudo. O motivo por ele ter feito.
– E qual foi o motivo. - me interessei.
– Aquela guria que tava do lado dele, a Miranda, já estudava com ele na outra escola, e ele não sabe porque ela veio pra cá. E ele já gostava dela...
– De verdade? - cortei ele.
– Sim. - me espantei. - Pois é, eu também fiquei surpreso. Mas deixa eu continuar. Ele me falou que não tava nem ai quando ela apreceu, e do nada começou a falar com ele. Dai no dia que aconteceu aquilo ele tava com vergonha e tal, e achou que ela estava gostando dele, por isso. E estava mesmo. E ele queria se aproximar denovo de ti, mas tu sempre bloqueava, e ele tava enlouquecendo já. Ele queria falar normalmente contigo, mas acabou falando besteira, porque se irritou. E ontem, ele estava mal, mesmo, não é mentira, e ela pegou ele em um momento tenso, mas quando ele viu o que estava fazendo, ele soltou.
- Nossa. Mas e agora, o que eu faço se ele quiser ficar comigo de novo.
- Realmente, eu acho que quando ele vier em ti, tu manda ele parar e diz o que vier na mente.
- Ele precisa tomar um choque de realidade mesmo.
E depois de conversarmos, bateu o sinal e fomos para a sala. Eu continuava meio mal, mas uma coisa me surpreendeu hoje: um colega meu, o terror da turma, veio me perguntar o que tinha acontecido.
- Esquece, Renato, não faz mal.
- Me diz faz favor, porque se eu não souber eu não vou poder te ajudar.
Uma lagrima minha caiu, e quando a Lu viu, ela me perguntou se eu tava chorando, mas eu não respondi nada.
- É que eu gosto de uma pessoa. - falei, baixo para ele. Eu rezei para que o Diego não estivesse olhando, e felizmente não estava. - Não é da escola.
- Tem certeza? - ele perguntou, ja deve ter escutado o que aconteceu.
- Não, é o Diego.
- Ah, meu, mas vai se ferrar. - falou, em tom de brincadeira.
- Tu quer que eu fale ou não?
- Ta, continua.
Contei para ele tudo o que tinha acontecido e tudo o que eu estava sentindo, e no final ele me falou.
- Tu devia dar um choque nele.
- Como assim?
- Ficar com outra pessoa na frente dele, ele concerteza vai sentir alguma coisa, se for o contrário, ele é muito besta mesmo, e não te merece.
Eu nunca imaginei que poderia vir um conselho construtivo dele, mas ele me entendeu. E me disse que ja passou por isso também. Agora eu achei mais alguém que eu sei que vai me dar bons conselhos.
- Mas se lembra de uma coisa, a vida é constituida de três coisas.
- E quais seriam essas coisas.
- Tempo, esperança e vingança.
- Eu gostei da última.
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