Gabrielle escrita por BULL3TPROOF
Desde aquele dia eu passei a ignorar o Diego, sempre saia de perto quando ele chegava, ficava distanciada dele, e quando não dava para sair, eu cortava tudo o que ele falava. Já faz uma semana e um pouco que aquilo aconteceu, e acho que ta surtindo efeito.
O Lipe me diz que quase toda noite o Diego manda mensagem para ele perguntando como eu estou. Eu estou tentando fazer ele achar que eu não dou a minima para ele, o que na verdade é totalmente ao contrário.
Como de costume de um tempo para cá, eu passava meus recreios com o Lipe. No meio da nossa interessante conversa de como se faz milk shake - conversa de guloso - nós escutamos um grito. O Lipe se virou para ver quem era, mas eu não, já desconfiava.
- O que tu quer cara? - o Lipe gritou, levantando os braços.
- Eu gritei 'gostosa' e não 'Lipe'. - falou, enquanto andava até nós.
Ele nunca tinha me chamado de gostosa, mas valeu o elogio.
- Do que vocês estavam falando? - o Diego se meteu.
- Não te interessa. - rebati.
- Por que tu ta assim comigo, em? - cruzou os braços.
- Não se faz, tu sabe sim.
- Ah, eu não acredito. Tu ainda tá braba por causa daquele outro dia? - levantou as mãos.
- E como eu não vou ficar? Tu troca de guria do mesmo jeito que troca de roupa. Eu só fui mais uma das 'trocadas'. - levantei a voz.
- Da pra te trocar por qualquer uma, todas são melhores que tu. - gritou.
Eu não acredito que ele fez isso, acho que uma facada é o melhor jeito de descrever o que eu estou sentindo. Sabe, eu desconfiava que ele iria fazer isso, mas não levava a sério. Eu comecei a chorar bem na frente dele. Ele continuava a me olhar de um jeito frio, mas logo o uma expressão de arrependimento tomou conta do rosto dele.
- Então vai para aquelas que são melhores que eu. - falei com a voz falhada.
Depois disso, eu sai correndo o mais rápido que pude para o banheiro. Me apoiei na pia e desabei no choro, e alto, cada pessoa que passava olhava para ver quem era que tava soluçando. Se passou uns quatro ou cinco minutos e a Dai entrou.
- Ah Gabi, não chora. O Lipe me disse o que aconteceu.- ela veio me abraçar.
- É dificil não chorar. - limpei uma lagrima.
- O Lipe da com vontade de matar o Diego agora.
- Sabe Dai, eu não deveria gostar de alguém como ele. Mas agora ja ta feita a coisa, não tem como voltar.
- Olha Gabi, eu vou estar sempre contiga, tá certo?
- Brigada.
- A Lu vai avisar o professor que tu tá mal e que eu vou ficar aqui contigo.
Depois de termos matado o 3º período, subimos para a nossa sala. Eu ainda estava com olhos muito vermelhos e um pouco inchados. Quando entrei, todos ficaram me olhando com umas caras espantadas, mas eu nem dei muita bola para isso, era o menor dos males. Não consegui prestar o mínimo de atenção na aula, eu estava mal demais para isso. De vez em quando eu olhava para traz e o Diego estava me olhando, agora com uma expressão indecifravel. Eu ficava uns instantes encarando ele e depois me virava para frente de novo.
Na saída, eu, a Lu, a Dai, o Lipe e o Marcio - irmão do Lipe - ficavamos na esquina da escola até quase a 1 da tarde. De vez em quando o Diego aparecia, mas até agora nada dele.
**POV Diego**
- Diego, o que houve? - a Miranda veio me perguntar - Ta com uma cara tão triste.
- Esquece, Mi. Não é nada. - dei um meio sorriso.
Se arrependimento matasse, eu já estaria enterrado. Eu não sei o que me deu na cabeça de falar aquilo pra ela. É lógico que qualquer uma não é melhor que ela, e acho que foi a unica que me amou mesmo, o resto foi só... resto. E talvez, ela nem queira mais me olhar na cara agora. Eu sou um jumento mesmo.
- Ta carente, é? - a Mi perguntou, chegando mais perto.
Eu não respondi, apenas fiquei parado olhando para ela, que deve ter achado que eu assenti. Ela foi chegando mais perto e me deu um leve selinho, sem perceber eu a abracei pela cintura e ela aprofundou o beijo. Como eu queria isso, mas não foi tão satisfatório como eu pensava que seria, no momento eu só pensava na Gabi, e falando nela, ela estava olhando para mim.
- Chega, Mi. - falei no ouvido dela.
- O que? Mas...
Antes que ela pudesse terminar de falar, eu atravessei a rua correndo e fui atraz da Gabi, que tava chorando demais. Eu cheguei perto dela, mas ela deu um passo para trás.
- O que tu quer? - ela perguntou com a voz falhada. - Já não me fez sofrer o suficiente?
- Me deixa explicar, por favor. - implorei.
- Explica então. - ela gritou.
- Eu já gostava da Miranda desde a outra escola.
- Quer dizer que ela só trocou de escola porque tu também fez isso?
- Eu não sei porque ela trocou, eu te juro, não faço ideia.
- Quer saber, chega. Quando tu mudar essa cabeçinha, vem falar comigo, certo? Duas coisas assim no mesmo dia é horrivel. - ela saiu, na companhia do Lipe.
- Ta vendo o que tu faz? - minha irmã foi me estapear.
- Ei, chega de tapas. - falei.
- Tu não consegue não magoar, né? Tu te superou dessa vez, duas coisas em uma só manha.
- Em vez de ficar falando isso, que tal me dar uma ajuda pra resolver esse problema?
- Não é tu que precisa de ajuda, é ela. Agora é melhor nós irmos pra casa e tenta resolve essa cagada que tu fez.
É, minha irmã tem razão, me superei agora. E nem foi boa essa superação, foi horrivel.
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