Sabe o que é você gostar de um garoto, mas sentir que não tem a mínima chance com ele e ao mesmo tempo sentir que tem? É assim que eu estou me sentindo ultimamente. Ao invés de explicar, vejam só como é meu dia, mas não agora, já que estou indo dormir.

Acordei com a minha mãe berrando, na verdade chamando calmamente, mas ela não tem muita paciência e acaba por berrar.

- Jin! Acorda, são 6:00 hrs já. – o sono na voz dela era impossível de não notar – Sua irmã já até tomou o café da manhã.

Minha mãe apenas estava com sono porque ela saía para trabalhar às 7 da noite e voltava às 3 da manhã, mas fica acordada até as 6 horas pra acordar eu e minha irmã.

- Mas eu não sou a minha irmã. – incrível como ela sempre me compara com a minha irmã – Já to levantando, pode ir dormir.

- Certeza? Não quero ter que levantar só pra te chamar de novo não hein.

- Tá bom, tá bom.

Como eu não tinha escolha, levantei e fui direto comer o pão que minha mãe havia feito. Esperei minha irmã terminar o banho e entrei em seguida, arrumamos nossas coisas e fomos em direção à escola, há essa hora minha mãe não ouve nem tiros.

Já atravessamos a rua que dava de encontro à escola e o portão já estava aberto, menos mal, até porque estava um frio horrível. Separamo-nos e fomos de encontro com nossos colegas. Até agora só tinha chegado o Sieg e a Arme.

- Jin! Que cara de sono é essa? – incrível como a Arme nem bom dia dá

- Ah, culpa da minha mãe, me fez acordar 10 minutos antes das 6 horas.

- Não seria por que você foi dormir tarde?

- Também. – coçando a cabeça

- Imaginei.

Estranho o Sieg estar quieto hoje, deve ter brigado com a mãe dele, de novo, como de costume.

Conversamos mais um pouco e fomos para a sala, por uma grande ironia, eu fiquei numa classe diferente da Arme e do Sieg, pra melhorar ainda mais, fique na sala da minha irmã, ela briga com qualquer um por qualquer coisa, com certeza puxou nossa mãe.

A sala começou a encher e encher, até que chegou ele, o dito cujo da primeira linha. É sempre assim, na 1ª aula ele nem olha na minha cara, também não faço muita questão disso. Digamos que eu já tentei puxar um assunto aleatório com ele uma vez... Não deu muito certo.

Já era a 2ª aula, eu estava conversando com a Amy sobre o sonho que ela teve comigo, nem era tão importante assim, tanto que eu nem lembro como era esse tal sonho, mas tudo bem.

Às vezes eu sinto inveja da minha irmã, porque ela é amiga muito, repito, muito próxima do Ryan, o dito cujo da primeira linha, claro que às vezes eu sinto que ele me observa sem piscar praticamente, mas isso não vem ao caso. Vez ou outra ela o leva lá em casa, eu fico totalmente sem jeito, ainda mais que às vezes parece que eles namoram, só de pensar nisso me dá um aperto no coração, isso que dá gostar de um cara bonito.

O estranho, é que quando ele faz alguma piada, seja com a Elesis, que é a minha irmã, seja com os outros amigos dele, ele sempre me olha pra ver se eu estou rindo, na maioria das vezes eu dou um sorriso amarelo e fingir que teve graça (sendo que nem presto atenção direito), nas outras vezes eu dou risada porque o vejo rindo, se ele soubesse como fica fofo rindo, ai ai...

- Jin? Jin? Tá aí. – só agora que eu fui notar que a Amy tava me chamando, quem manda ficar pensando na vida

- Ah, oi... O que foi Amy?

- Eu estou aqui, com a maior dificuldade na matéria, e você fica vegetando olhando pro nada.

- Desculpa, mas... Você fala como se eu soubesse a matéria.

- Você tirou 4 na prova, é quase um fato você saber. - detalhe: aqui as provas valem de 0 a 5

- Sim, eu tirei 4, mas foi porque eu fiquei olhando no caderno enquanto a professora não via. – falava enquanto tentava inutilmente apontar o lápis todo acabado

- Dá no mesmo. – pelo jeito não é fácil fazê-la entender as coisas

Então eu tentei, repito, tentei com todas as minhas forças ensiná-la, pelo menos o que eu sabia da matéria, em vão.

Já era o fim da aula, ao menos o dia passou rápido hoje. Já tava indo em direção ao portão juntamente a Amy, só que um chamado maior me atrapalhou.

- Amy, eu vou lá ao banheiro.

- Então tá, até amanhã Jin.

- Até. – falava enquanto ia em direção ao banheiro que ficava logo à primeira esquerda do corredor

Entrei no banheiro e fui fazer minhas necessidades.

Quando eu olho pro lado dou de cara, quase que literalmente, com Ryan. Ele estava no mictório ao lado do meu (isso que os todos os outros estavam vazios), não pude deixar de sentir um leve desconforto. E lá fui eu, tentar puxar assunto com ele de novo.

- Que maldade vocês fizeram com o Ronan hoje hein?- me referia sobre terem esvaziado a mochila dele e pendurado no ventilador... e ligado

- Você viu? Ele ficou louco, quase desceu porrada em todos. – Ryan falava entre risos

- Pior que foi engraçado mesmo. – viu só, só o ver rindo que eu começo a rir também

Bem, já havia “eliminado” tudo que tinha e ia em direção a pia lavar as mãos. Pelo jeito ele também já havia terminado, já que também estava lavando as mãos, novamente, na pia ao meu lado.

Ele fitava as minhas mãos com atenção, aquilo só me deixara mais desconfortado. Já estava chacoalhando as minhas mãos pra elas secarem (por causa da ausência de um papel, é como se eles achassem que nossas mãos se secassem por mágica). Quando eu já estava saindo do banheiro eu sinto uma mão (molhada, por sinal) por debaixo da minha camisa (eu usava aquelas mochilas de uma alça só), formando um abraço, não pude evitar sentir calafrios indesejados.

Não tive outra reação a não ser de surpresa instantânea. Ele passava as mãos desde o final do meu pescoço até o início da calça, mas sem desabotoá-la. Eu virei de frente para ele, e percebi que me olhava fixamente, tentando prever qualquer reação minha.

Era muita informação ao mesmo tempo pra mim, tanto que eu nem me movia, apenas observava, quase como um robô. Quando eu consegui raciocinar o que acontecia ele me puxou para um beijo, eu conseguia sentir o desejo e... amor que ele tinha por mim, pode dizer, estranho não é? Não demorou muito pra eu corresponder ao beijo.

Ficamos naquela situação até pararmos para pegar ar, e já resolvemos sair de lá no mesmo instante, antes que estranhassem alguma coisa, ou alguém aparecesse e acabasse com o clima. Não era de se surpreender que já houvessem fechado o portão, então passamos pela secretaria.

- Ryan.

- Que foi Jin? – dava pra perceber que ele agora falava de um jeito mais doce comigo

- Quer ir lá em casa hoje a noite? Minha mãe vai trabalhar e a Elesis vai dormir na casa de uma amiga. E como praticamente ninguém vai pra escola amanhã...

- Não precisa falar mais nada, às 8 hrs eu passo lá.

- Tá certo.

Ele me deu um selinho (detalhe: no meio da rua, que não tinha muita gente, não que isso influenciasse alguma coisa) e foi em direção a casa dele, quando eu me virei, um pouco longe, pude ver a Elesis parada do outro lado da calçada. Primeiro eu fiquei espantado, mas depois que eu vi um sorriso no rosto dela, já fiquei mais aliviado.

Quando minha mãe já havia ido trabalhar, minha irmã tinha falado (confessado na verdade) que ela chamava o Ryan tantas vezes aqui só pra poder juntar ele e eu. Ao menos eu sei que depois daquele dia, eu devo toda minha felicidade a essas duas pessoas: Elesis e Ryan.

Quem diria que alguma coisa que minha irmã fizesse, ia me alegrar tanto.