O dia estava tranqüilo. Taemin havia decidido sentar-se frente a sua piscina, apenas para observar o movimentar da água cristalina.

Em sua mão havia um copo de suco de laranja, que ele bebericava aos poucos, relaxando o corpo na cadeira.

Estava na sua ultima semana de férias. Portanto, estava a fim de aproveitar e relaxar enquanto havia tempo.

Taemin. Lee Taemin. Um garoto rico de dezoito anos que tinha tudo o que desejava, ou pelo menos era o que ele pensava.

Sua mãe não parava em casa e seu pai... Bom, seu pai nunca estava em casa. Em troca, recebia pequenas desculpas de sua mãe dizendo que ele voltaria logo.O que obviamente, não acontecia. Estava farto, mas ao fim, não ligava mais tanto.

Colocou o óculos de sol, ajeitando a franja que estava um pouco desalinhada. O cabelo – como ele dizia – era a moldura de seu rosto. Liso em um tom caramelo. Perfeito em todos os sentidos.

– Taemin! – Ouviu sua empregada chamar – Tem visita.

– Diga pra entrar e vir pros fundos. – Calmamente olhou para sua direita, vendo Key, seu melhor amigo, entrar.

– Key! Venha cá! – Levantou-se sorrindo, acolhendo o amigo nos braços. Como se não se vessem há semanas.

Key. Kim Kibum. Dezoito anos também. O menino nerd e inteligente que ninguém olhava ou sequer prestava atenção. Usa aparelho e óculos fundo de garrafa.
Taemin se aproximou de Key, por meio de uma das lições que tinha dificuldade em sala de aula.

O garoto que fala enrolado, chamou a atenção de Taemin tanto pela aparência que se escondia por trás de todos os apetrechos, quanto por nutrir uma paixão pelo menino do segundo ano, JongHyun.

Desde então, estão sempre grudados ajudando um ao outro para que assim, eles não ficassem sozinhos.

– Desculpe vir sem avisar e- Taemin o interrompeu.

– Largue de ser bobo Key, minha casa está aberta pra você a qualquer hora do dia. – Taemin sorriu mostrando a cadeira ao seu lado. Key sorriu de volta, expondo o sorriso metálico. – Que honra deve sua visita?

– Vim lhe pedir um favor – Taemin balançou a cabeça para que ele continuasse
– Minha avó irá viajar, e eu não tenho onde ficar. Queria saber se poderia ficar por aqui?

– Mas é claro! – Ele sorriu alegre – Quando ela vai e quando volta?

– Vovó vai amanhã. Ela ficará um mês fora. – Seu olhar se tornou baixo – Se for incomodo eu me viro e -

– Hora Key, Largue a mão de ser bobo. Claro que pode ficar. O tempo que for necessário. – Botou os pés pra cima da cadeira. – Vai ser divertido ter alguém comigo. Quando você vem?

– Eu agradeço muito Tae. Provavelmente hoje à noite. – O cabelo liso, caia por cima dos óculos dando um ar mais neutro para o garoto.

Key mora com sua avó, desde quando tinha três anos. Sua mãe nunca gostou da idéia de ter uma criança pra cuidar, então nunca dedicou seu tempo ao filho que teve. Achava-se nova pra cuidar de algo extremamente frágil.

Quando sua avó resolveu adotá-lo, sua mãe agradeceu aos céus. E desde então, sumiu da vida dos dois.

Key já estava acostumado com a idéia, e cada vez mais se apegava a sua querida avó. Ela era seu porto-seguro e sempre que algo saia do controle ou errado, ela estava lá, lhe acolhendo em um abraço apertado e carinhoso.

– Fico feliz que venha hoje. E você sabe não é? – Key arqueou uma sobrancelha. Taemin sorriu.

– Não estou sabendo de nada importante, tanto pra hoje, quanto pra semana inteira. – gentilmente coçou o topo da cabeça, intrigado pelas palavras do amigo.

– Você vai comigo fazer compras. E nós iremos arranjar algum lugar pra ir essa semana inteira. Você é meu acompanhante de honra Kibum. – o amigo ajeitou os óculos resmungando.

– Taemin é KEY! - Taemin sorriu, se divertindo com o olhar do amigo. – mas está noite, ficaremos por aqui, certo?

– Sim... – disse com cara de tédio. – Meu motorista particular só chega amanhã.

– Mais você já não tinha um? – Key curvou as sobrancelhas e Taemin riu.

– Mamãe o despediu. Disse que não era bom o suficiente para me levar aos lugares e cuidar de mim enquanto ela estivesse fora, o que é sempre então, resolveu contratar outro.

– Sua mãe sabe ser muito indecisa quanto aos seus motoristas. – Key riu, embalando Taemin na sua suave voz.

– Ela diz que tudo que faz é por mim e pro meu bem – levou uma das mãos ao ouvido, como se sua mão simulasse os gestos que sua mãe omitia. – Espero que esse motorista, seja ao menos bonitinho.

– Mas você sabe que é errado flertar com seus motoristas, não é?- Perguntava ajeitando os óculos.

– E quem liga? – riu jogando as mãos pra cima. – Minha mãe mal fica em casa, os empregados sabem que se disserem algo, serão dispensados de sua vida boa. Eles só vão descobrir de VOCÊ contar e eu creio que você não vá. – Key sorriu com o modo de falar do amigo.

– Eu não contaria. Mas continua sendo errado. – suavemente ele se levantou da cadeira – Tome cuidado, beleza atrai, porém com beleza não se brinca, Taemin. O que parece bom, confiável e é levado na brincadeira, pode ser muitas vezes o seu pior pesadelo no futuro. – Taemin balançou as mãos, murmurando algo baixo. – Quem avisa amigo é e você sabe que eu sou seu amigo.

– Que seja Key, eu sei bem me cuidar. Se ele for ao menos bonitinho, eu vou brincar um pouco com ele. Vai ser divertido. – sorriu e Key balançou os braços.

– Tudo bem. Só não diga que eu não avisei. – deu de ombros – Vou buscar minhas coisas e talvez no fim da tarde eu volte.

– Tudo bem, até mais tarde. – acenou para o amigo.

Taemin não era o tipo de menino que se envolvia com garotas e muito menos garotos. Sempre sozinho quando o assunto era amor. Ele brincava com os sentimentos da maioria, não ligando para o que iriam sentir ou deixar de sentir.
Ele se preocupava com si mesmo, com sua aparência.

Sua criação sempre fora das mais finas e recatadas. Sua mãe lhe ensinou quando era mais novo que ele precisava prestar atenção em seu próprio nariz e que não perdesse a classe em momento algum. Ela o ensinou que se alguém caísse a sua frente, ele deveria erguer o rosto e fingir que não havia acontecido absolutamente, nada.

Quando Taemin conheceu Key, parte de seu coração de pedra amoleceu com a atenção constante que recebia dele. Key tirou a pequena amargura que era formada em seu pobre e pequeno coração. Aquele coração que a própria mãe, fez questão de envenenar e ensinar o que um ser humano nunca devia ter aprendido. Aquilo que Taemin jamais quis ser, mas que ele se tornou... Não porque quis, mas por obrigação.

E ele sabia. Sabia muito bem, que se tudo aquilo não acabasse, talvez até Key se cansasse dele um dia. E nesse dia, ele saberia o que é realmente, ser só.