Ertrankt escrita por petit_desir


Capítulo 3
Capítulo 3 - Curado por Deus.




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No dia 13 de Novembro de 1918 eu nasci.


O país estava feliz e ao mesmo tempo triste, a Guerra havia sido oficialmente acabada apenas há dois dias. O país politicamente lamenta a imagem que passava para o mundo agora, como perdedores, mas o povo agradecia por não estar mais em conflito.


Meu pai, Max, passava o dia inteiro trabalhando enquanto minha mãe, Elga, o esperava em casa enquanto cuidava carinhosamente de mim. De todos os defeitos que ambos tinham, nenhum deles era equivalente ao seu jeito carinhoso e dedicado deles. Minha mãe, era uma mulher de porte e tinha uma expressão forte, mas intimamente era doce e boa, uma mulher caseira que gostava de cuidar de crianças na realidade, ninguém a imaginava assim, pois sempre tivera uma personalidade forte o bastante para dar adeus e se perder pelo mundo como ninguém jamais faria. Ao se casar com meu pai, ela mudou totalmente seu jeito aventureiro, ousado e extravagante. Ela o amava mais que tudo, pensava mais nele do que em si, e se orgulhava disso. Sua maior alegria foi quando se casaram, e logo após quando descobriu que estava grávida.

Cresci rapidamente, depois do pequeno problema que tive ainda recém-nascido. Os anos passaram-se e eu era uma criança sadia e alegre brincando de bolinha de gude na rua de casa com vários outros meninos.

Uma das coisas que tenho mais claro na minha memória é quando meu pai chegava, e eu o esperava ansioso, e então jantávamos os três juntos.

O primeiro prato era sempre uma sopa, havia dias que parecia um caldo sujo, mas não deixava de tomá-lo, pois sabia que isso ofenderia a minha mãe. O segundo prato era alguma carne bem temperada e bem assada, pois meu pai odiava a carne sagrando, isso eu me lembro bem, por que houve uma vez que ele teve uma discussão com minha mãe em relação a isso, coisa pequena de casal, em toda casa há isso, mesmo naqueles tempos. E o terceiro prato, que era o que eu mais gostava, era a sobremesa. Normalmente era um doce caseiro feito por minha mãe ou uma fruta simplesmente, o que era coisa cara naquela época também.

Não podia comer à tarde, ela nunca deixou, o que fazia meu apetite crescer incrivelmente na hora das refeições... Pensando bem, ela agia certo. O jantar sempre era silêncio, apenas um olhando nos olhos do outro, até quando meu pai falava sobre alguma coisa interessante que havia feito no trabalho no dia ou falava sobre dinheiro com a minha mãe, eu apenas assistia eles conversando enquanto me embriagava com um copo cheio de leite ou água... Apenas aos 12 eles deixavam-me acompanhar-lhes no vinho, até ponto certo, mas eles enchiam até a metade para que eu não tivesse problemas mais tarde.

Quando o jantar acabava, o ritual era sempre o mesmo: Levantava-me educadamente como minha mãe havia me ensinado, ia para meu quarto, lia algum livro e acabava dormindo. Eles não precisavam mandar mais, sempre foi assim. Meu pai e minha mãe eram um casal feliz em termos matrimoniais, eles definitivamente se amavam muito. O que me deixava de certo modo muito feliz, qual criança pequena gosta de ver seus pais brigando? Eu gostava daquele ambiente qual vivia, eles sempre foram bons pais, um bom casal.

Eles sempre foram vistos como um casal feliz com um lindo filho, que era muito bem educado. Minha mãe era rígida no requisito educação, e deixava bem claro isso. Eu tinha que ser um cavalheiro, pois a Educação era super valorizada, e sempre era um bom disfarce para uma mente brilhante, segundo ela.


Quando tinha oito anos, minha mãe deu a luz a Apolline, que ao contrário de mim nasceu saudável e bem nutrida. Foi a alegria de meus pais ter uma menina em casa. Uma menininha com poucos fios de ouro na cabeça que dormia tranquilamente como um anjo e nunca tinha problemas com nada.

E depois de dois anos, Irma, nasceu. Ao contrario de Apolline era brincalhona e adorava colo, principalmente o meu, que era apenas no qual dormia tranquilamente depois de uma tarde longa de brincadeiras.

Nossos hábitos mudaram muito, meu pai trabalhava feito um louco enquanto minha mãe cuidava das meninas. E eu, bem, divertia-me jogando bolinhas de gude com uns amigos a tarde toda, chegando com as calças sempre sujas ou rasgadas, o que fazia minha mãe ficar brava; quando não brincava com minhas irmãzinhas; eu fazia isso.

Então, quando completei 13 anos, comecei a ajudar meu pai fazendo pequenas entregas pela cidade... Cartas, Telegramas, Documentos. Não era muita coisa, mas era um começo. Gostava de ajudá-lo, pois, de fato, nunca foi estudioso e isso me ocupava... E sempre tinha uma recompensa... Em certos lugares só havia mulheres trabalhando, o que me deixava ocupado à tarde toda enquanto elas me mimavam e falavam pequenas obscenidades em meus ouvidos, o que acho hoje em dia engraçado uma mulher de vinte e poucos anos dando bola para uma criança como eu era naquela época.

Tinha cabelos longos que sempre os deixava presos, e uma aparência de menininho ainda, meu nariz ainda era grosso e meu olho não tinha clareado por completo, e a não tinha a expressão que hoje tem, mas apesar de ser bem alto, parecia pelo menos... Dois anos mais velho. Elas ficavam a passar poucas madeixas que soltavam de meu cabelo caindo pelos meus olhos por causa da correria para trás das orelhas, e davam uma risada gostosa e sedutora como se isso não me deixasse vermelho, talvez fosse a intenção delas mesmo: deixar-me vermelho.

Nada como abusar de uma criancinha como eu era na época, ainda mais sendo filho de quem era, Max Vigée-Lebrun era conhecido pela sua beleza além de seu extraordinário trabalho como Advogado. Era um homem elegante, de fala séria e galanteador. Extremamente simpático com as damas, deixando-as rubras sempre que podia, e um grande amigo para os cavalheiros de modo que era aprovado por todos os lados. Porém, era um pouco desapontante para as damas, quais tentavam ter um relacionamento mais sério com ele além do profissional – Ele sempre amou minha mãe, e nunca a desapontaria com uma traição. E eu, como seu filho, era uma boa propaganda, na verdade, eu no seu lugar faria o mesmo.

Quando fui crescendo mais, sabia lidar melhor com elas. Aos meus dezesseis, já sabia retribuir as provocações de modo que as deixassem sem fala. Algumas delas deslumbravam-se ou iluminavam-se a me ver na porta das lojas quando chegava com algum recado de meu pai, e logo me puxavam para algum canto usando o pretexto que precisava falar em particular comigo ou dar-me algum recado que se encontrava no escritório nos fundos. Enquanto suas mães abusavam de mim... De certo modo; as suas filhas ficavam rubras a me ver sem nenhuma fala. Sempre fui um menino bonito, não posso negar, e sempre tive fala mansa. O que as deixavam por assim dizer... Loucas.


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Notas finais do capítulo

Continua.



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