Ertrankt escrita por petit_desir


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Família.




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Minha família data desde o Império Carolíngio segundo aos registros. Pelo o que eu sei em sua terceira geração, quando os netos de Carlos Magno assinaram o Trato de Verdun, (843), minha família já habitava a Área Germânica, mesmo com nossos nórdicos antigos quais povoaram aquela região desde sempre.

Obviamente, viemos do Império de Luis o Germânico, atual Alemanha. Nossa família sempre pertenceu à Alemanha, não há relatos sobre outra origem, sempre estivemos na lá, ela sendo ou não ela. E posso dizer com orgulho isso.Quando o Império de Luis caiu, entre as cinco famílias que controlavam o país, a minha se encontrava com forte parentesco com uma delas. Mas, com o passar dos anos, nos fomos perdendo nosso poder e nossa voz ativa, mas ainda éramos respeitados por todos que sabiam de nossas origens, além de contas, meus antepassados acabaram por comandar junto com a nossa família qual estava no poder. Nunca gostamos disso; estar no poder ou auxiliar; acredito, mas apenas não achávamos preciso, talvez – porém, gostávamos de ter essa importância e bajulação, qual família daquela época não gostaria?

Com o tempo, que nunca pára, a nossa terra estava sofrendo modificações rapidamente, e as velhas idéias e conceitos estavam caindo. Muitas coisas mudaram. Meus familiares foram se afastando cada vez mais da sociedade, e indo para o campo. Por volta do século XV, minha família começou a fazer casamentos – os quais não eram mais entre parentes... -, com renomadas famílias francesas. Entre elas, Vigée-Lebrun - a maior de todas. Era uma família muita bem dita, e de sangue nobre, primos distantes do Rei Luís XI (o atual rei da França, na época).

Para ambas as famílias foi muito benéfico, por que de fato... Por baixo dos panos, se me permitem dizer, eles estavam falidos, sem ajuda do Rei – que acredito, com certeza, nem se lembrava de sua existência -, e nós sem boa fama (não diria boa fama, apenas... Sem fama), pois havíamos perdido nossa voz ativa na política.

O casamento de Johannes, meu ascendente e Marguerite Vigée-Lebrun, foi um casamento bem seco. Tiveram apenas um filho homem: Hans. Casou-se também com uma Vigée-Lebrun, prima de Marguerite, e teve também apenas um filho homem com sua esposa (pelo menos, com ela apenas um filho legítimo). E assim, de geração após geração apenas filhos homens nasceram, e nunca nascendo nenhuma mulher portadora de nosso sangue. Todos muito parecidos, homens altos, fortes... Loiros de olhos claros, normalmente azuis contornados com verde ou vice-versa. Germânicos no sentido real da palavra.

Em termos políticos, preferimos ficar de fora, pois apesar de ainda ter muito peso em nossas alegações - por termos pertencido há uma das cinco famílias indiretamente -, não queríamos nos envolver na Política no país.

A religião de minha família foi o Luteranismo (Protestantismo na tradição de Martinho Lutero). Meus antepassados seguiam fielmente tudo que Martinho Lutero dizia e fazia contra a Igreja, apesar de novamente estarem longe para acompanhar tudo de perto, mas acreditavam em sua palavra. Pelos manuscritos que restaram, ficaram muito desamparados e tristes pela sua morte em 1546, o que os levou a ficar fora de uma voz ativa na religião também. Como dizia Wolf, um antepassado, foi um jantar bem triste, não apenas para eles e sim para grandes príncipes de toda Alemanha.

A família vivia bem longe de pontos comerciais e de ‘grandes’ cidades. Sempre preferimos morar no campo, para ficar distantes de tantas revoluções... Éramos do tipo de pessoas conservadoras e ligadas às velhas tradições, exceto na religião – da qual fugimos da Católica, mas não apenas nós; foi algo bem comum na realidade.

A família guardou para si a grande fortuna e riqueza, que apenas aumentou conforme os anos. E alguns séculos se passaram, não houve muitos acontecimentos importantes, pois foram citadas nos arquivos apenas coisas comuns... Como faturas, impostos, contas, papéis falando dos pertences da família, escrituras de grandes áreas rurais, tsc...

Até meus dezessete anos já havia lido todos os relatos da família que encontrei.

Meu avô, que nasceu no ano de 1864, e cuidou de todos os pertences da nossa família muito bem, deixados por seu pai, antes do seu falecimento. Athanasius - meu avô, virou um grande industrial, estávamos em plena Segunda Revolução Industrial. Bismarck, que liderou a unificação do país, fez que a Alemanha entrasse na Industria de forma forte e significante na Economia Mundial.

E meu avô acreditando que no princípio de tudo isso poderia dar bons frutos para frente, investiu grande parte de sua fortuna nisso.

Comprou uma indústria perto de Berlim de Tear Mecânico e Maquinas de Fiar. E com o tempo foi a lapidando e reformando, transformado-a em uma Grande Industria da região. Ele sempre ficava na cidade, cuidando de negócios e deixava a família na casa de campo, sua esposa com seus dois filhos: Anna, sua mulher, e Antonin, o filho mais velho e Max, o mais novo.

Anna morreu por causa de uma doença, que mais tarde vieram a descobrir que era um o bacilo do tétano, da peste (bubônica e pneumônica). Foi muito exaustivo para todos os membros da família, contava meu avô em seu diário, pois sua morte foi agonizante e longa. Athanasius acabou por procurar um casamento novamente, tinha dois filhos pequenos e precisava de uma mulher em casa além de sua governanta (qual era sua amante desde que era adolescente, ela uma mulher de postura e ele um jovem se descobrindo, é claro, como todo Vigée-Lebrun, não deixaria por desejar).

Então em 1888, conheceu sua nova esposa em congresso, do qual havia participado. 1889, ele se casou com uma linda Austríaca: Alexia. Sua nova esposa era muito mais nova que ele, ela tinha 15 anos e ele 25. Tinha cabelos loiros e olhos verdes, também tinha um formoso corpo, pelo menos... O colo era branco e chamativo, usando suas palavras de Athanasius. Ele sempre citava isso em seu diário.

Alexia sempre cuidou bem de Max – meu pai -, e de Antonin – meu tio que nunca cheguei a conhecer -, apesar de não ter muita paciência com ambos. Mas não tiveram filhos, ela nasceu seca, e nunca pode ser agraciada com um menininho ou uma menininha, o que frustrou muito meu Avô – ele amava crianças, e acabou se entristecendo por seus dois filhos terem crescido e os gritos e risadas de crianças já não mais existirem na mansão Vigée-Lebrun.

Isso levou ao afastamento de ambos durante os primeiros anos de casamento, porém, quando Alexia foi tomando idade adulta voltou a atrair Athanasius, pelo fato de ter se tornado mulher com porte e pose. E novamente a harmonia reinou entre o casal, porém uma coisa ainda causava-lhes aborrecimento: o início da Primeira Guerra Mundial.

Então, com a morte de Francisco Ferdinando, ambos ficaram a favor da Guerra. Foi quando meu tio, Antonin, acabou indo para a Batalha de Marne, e morreu em combate. Meu avô, cheio de desgosto faleceu – alguns registros dizem que ele teve um infarto ao receber a noticia e não resistiu - e junto a ele, minha avó por solidão e depressão, mesmo tão nova. Isso a fez tirar na própria cabeça. Ambos machucados pelas feridas da guerra, e não suportaram a perda de seu filho; pois apesar de tudo, Alexia o considerava assim: Um filho.

Meu pai, com seus 28 anos teve que seguir sua vida, ele estava recém casado com minha mãe: Elga. Nossa família entrou em crise, e perdeu tudo que havia conquistado desde nossos princípios. A indústria, carros, terras, casas... Tudo! Tamanha crise foi. Então, meu pai com uma boa formação conseguiu um trabalho que se sustentasse ele e sua esposa, viviam em Berlim, e estavam levando a vida, enquanto a Guerra não terminava.

E então, em 1918 eu nasci. Para aqueles que conhecem a origem de meu nome, podem suspeitar que é uma homenagem, e posso afirmar que estão certos.

Raphaël, vem do Hebraico, e significa ‘Curado por Deus’. Eu nasci desnutrido e sem chances de viver. E por algum motivo inexplicável, eu consegui viver. E minha mãe, que passava dias rezando para Deus, deu-me esse nome quando me recuperei. Cresci ajudando meus pais em tudo que podia, lendo tudo que nos restara das nossas imensas bibliotecas.


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Notas finais do capítulo

Continua.



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