25 de dezembro de 1995

Natal,finalmente,você apareceu.Esperei por ti durante o ano todo e esperei mais ainda pelo meu aniversário.Era quase meia-noite,o coração estava querendo sair pela boca.Nunca havia esperado por tanto tempo por uma coisa.Em meio aos sons de fogos,eu e minha família nos entre-olhavamos com a tensão de sempre;meus pais sempre queriam que este tipo de comemoração fosse da maneira na qual eles planejaram,perfeita.Mas não naquele natal,oh não;talvez,aquele fosse o natal mais conturbado que acontecera em nossas vidas.Parentes embriagados de bebidas alcoólicas acabam virando aquela comemoração de cabeça para baixo.E o pior de tudo,meus pais sempre acabavam brigando depois.Aquela noite a briga foi bem mais intensa,meu pai acabara machucando minha mãe gravemente;ele a jogara contra a mesa de vidro que ficava na sala.

Após a fracassada festa,os parentes foram embora;deixando meus pais e eu completamente sozinhos.E isso fez com que a briga ficasse ainda pior.Como sempre,minha mãe saía sempre ferida dessas discussões,não só fisicamente,mas também,moralmente.Depois de um tempo,saiu do quarto com o rosto vermelho,sorrindo de canto sentindo a minha presença.

—Filha,arrume suas coisas.Nós vamos embora - Disse ela

—Mas mãe,onde nós vamos? - Perguntei confusa

—Para casa de sua avó,ficaremos por lá até acharmos um lugar melhor - Disse ela tentando esconder as lágrimas que caíam de seu rosto

—Mãe,por que estás a chorar? - Perguntei

—As vezes,o amor é complicado filha.Quando for mais velha,irá entender o que eu digo - Respondeu ela

Segui para o meu quarto pensativa,para ser honesta,eu estava totalmente confusa a respeito daquela situação.Mas não deixei de obedecer as ordens de minha mãe,fiz minha pequena mala e carreguei-a até a sala onde minha mãe esperava-me.Observei meu pai chorar durante muito tempo,insistia em querer fazer minha mãe mudar de ideia,insistia em dizer que ele mudaria,ele insistia em mentir para nós.

O barulho da buzina ecoou,fazendo minha mãe pegar as malas e leva-las até o taxi que nos esperava do lado de fora.Meu pai estava desesperado,voltava a chorar vendo o suposto amor da sua vida partir;eu observava-o com meu coração tomado por dor.Não conseguia imaginar o que aconteceria dali para frente na relação de meus pais.

—Hayley — Gritou minha mãe

—Tchau pai,eu te amo — Abracei-o e segui para onde minha mãe esperava-me

Antes de atravessar a porta de casa,voltei a olha-lo.Desta vez,ele jogara-se no chão com tamanha fraqueza que eu mesma sentia vontade de voltar e permanecer com ele pelo resto da noite.Respirei fundo,senti o grande cheiro da noite fria de Franklin e segui em direção ao carro que nos levaria até a casa da minha avó,que ficava também naquela mesma cidade.

Antes mesmo de chegar na casa da vovó,eu acabei dormindo,afinal,era tarde.Ainda consegui escutar um pouco da conversa que minha mãe teve com uma tia pelo telefone.Dizia que seu casamento havia acabado e que ela mudaria-se para outra cidade comigo.Acordei na casa da minha avó,como minha mãe disse que faria;mas nós não ficaríamos por lá até o dia acabar,nós iriamos nos mudar naquele dia mesmo.Liguei para Josh para explicar o que estava havendo,mas ele nem quis escutar.Apenas disse que eu estava deixando-o de propósito porque ele havia me deixado de lado há alguns dias atrás.De onde ele havia tirado essa ideia maluca?

Mais uma vez,minha mãe me chamava para irmos embora;mas desta vez,poderia ser para sempre.Respirei fundo,suspirei e segui puxando minha mala até o carro.Deixei a mala por lá mesmo e fui me despedir de meus parentes.Entrei dentro do carro e fitei da janela meus parentes desejando boa sorte na nova jornada.Oh sim,eles apoiavam minha mãe mais do que ninguém.O carro estava em uma velocidade rápida,estavamos indo em direção a saída da cidade,mas para isto,tinhamos que passar na frente da casa de Josh

Já bem próxima a casa de Josh,eu olhei para a janela na esperança de poder me despedir melhor;o coração disparou e a respiração ficou descompassada.Nada vinha à minha cabeça naquele instante a não ser as boas lembranças que eu havia daquele doce rapaz,ah sim,Johua era um garoto muito meigo.Passamos finalmente a frente da casa do doce rapaz,pensei que meu coração fosse explodir de tão rápido que ele batia!Josh estava jogando futebol com seu irmão mais velho,Nate.Por um instante,desviou o olhar,reconhecendo o carro que passara na rua.Sim,ele reconhecera meu carro.Ele apenas sorriu e deu um leve adeus,ainda sorridente.

O sentimento de culpa me tomava,já não estava na frente de sua casa.Tentei vê-lo pela janela que não mostrava nada além do vidro congelado.Depois de ficar há muitos metros de distância da casa de Josh,eu me conformei em olhar para frente e seguir o meu destino.Enquanto fitava o banco da frente,deixei algumas lágrimas caírem de meu rosto,mas não choraminguei;fiz o possível para que minha mãe não escutasse o choro.Talvez,o destino quisesse que fosse assim,afinal,ele não faria isso a toa.Eu encarava todas aquelas mudanças como uma nova perspectiva de vida.Procurava por algo melhor.