Eu estava envolvida em meus pensamentos quando Edward entrou, quando o percebi ele estava meu lado. Às vezes eu me assustava quando ele fazia essas coisas e não gostava disso. Ele segurou em minhas mãos e olhou-me nos olhos.

-Não diga uma bobagem dessas! Você é perfeita do jeito que é. – Ele tocou seus lábios macios em minha testa, beijando-me. É claro que ele referia-se ao meu pensamento em ser humana. Ele poderia achar aquilo errado, mas para mim era natural, era um desejo.

-Pai... – As palavras não tiveram continuação, o que eu disesse para confortá-lo seria mentira e de qualquer maneira ele saberia disso.

-Sua vida é assim como a de todo mundo. É um pouco diferente, pois tem a carga maior, por ser uma vampira. E mesmo que fosse uma humana por completa teria problemas e muitos. – Ele me beijou novamente e saiu, deixando o quarto vazio. As lágrimas aos poucos voltaram a escorrer pelo meu rosto, e novamente fui me perdendo em meus pensamentos, fui ficando longe.

Notei que estava distraída e havia pegado no sono. Então percebi que já era de manhã e não havia barulho nenhum na casa, além do barulho da brisa, das ondas no litoral da ilha e dos pássaros que voavam na floresta, indo e vindo. Corri a casa inteira e nem um sinal da minha mãe ou de Edward. Alguns minutos depois o meu celular tocou.

- Alô. – Atendi rapidamente.

- Nessie! – Era a doce voz de Alice. – Você esta em casa?

- Estou sim Alice, por quê?

- Estou tentando ver seus pais, mas não consigo ver nada. Você sabe aonde eles foram?

- Eu achei que eles estivessem na ilha, mas não escuto nada, acho que foram para o continente.

- Estou preocupada, conseguia ver eles, mas algo esta errado. Vou me arrumar e correr para ai, me espere! – Todos sabemos que as previsões de Alice podem mudar e isso pode acabar dificultando o que ela quer ver, mas quando ela não via só tinha uma coisa que poderia ser: Lobos!

- Ta bom tia, vou ficar esperando. – Desligamos nossos celulares juntas.

Já passava das 16:00 horas quando ouvi um barulho de barco no litoral da ilha, pelo cheiro do perfume que chegava até o meu nariz, era Alice. Fui até a sala e ela já entrava pela porta.

- Querida, seus pais ainda não chegaram? – Ela me abraçou.

- Ainda não, o que será que esta acontecendo tia Alice? – Fiz uma careta.

- Eu não sei, normalmente não consigo ver os lobos, ou algo relacionado a isso. Será que tem haver com o menino lobo? – Enquanto falava Alice andava de um lado para o outro.

- Eu não sei, eles não comentaram nada! – Eu estava começando a ficar muito preocupada.

- Por acaso, vocês tiveram alguma briga? – Ela fez careta.

- Não, na verdade só estava embriagada em meus pensamentos e Edward acabou ouvindo eles, mas não sei se poderia ser isso!

- Que pensamentos? – Ela olhou-me compenetrante.

- A mensagem que Jacob deixou a você para me entregar, me fez pensar sobre muitas coisas, me fez pensar em como eu preferiria ser humana! – Meu tom de voz subiu um pouco.

- Então temos uma suspeita! Edward nunca aceitou muito bem a idéia de ser um vampiro, mas desde que você nasceu ele percebeu que não é assim tão ruim quanto parece e ele tem tentando honrar sua condição! – Seus olhos se estreitaram. – Nessie querida! Você tem que aprender a viver como uma vampira, mesmo que ainda tenha metade de si humana!

- Eu sei, mas é difícil, nada parece dar certo. – Uma lágrima correu pelo meu rosto. Neste momento Alice correu e me abraçou delicadamente.

- Não fica assim! Nem sabemos ao certo por que eles estão fora, talvez eles tenham ido caçar! – Alice estava tentando me animar, mas era em vão.

- Sempre que caçamos, vamos os três juntos, você sabe Tia Alice! – Não poderia ser isso, sempre íamos juntos, ou eles me deixaram para trás por que estão chateados, mas seria injusto. Enquanto tentava encontrar alguma resposta, notei que Alice estava concentrada e não estava mais comigo; Ela estava tendo uma visão.

- Eles estão chegando, daqui a pouco! E estão trazendo algo que não consigo ver.

- O que será? Eles estão bem? Parecem machucados?

- Calma Nessie! Sim, estão bem, e parecem felizes. – Ela fez uma careta. – Vamos esperá-los lá fora. – Então seguimos até o lado de fora da casa, o vento estava fresco e forte, o tempo estava lindo, com um azul lindo no céu. Eu e Alice olhávamos para o continente esperando meus pais que custavam a aparecer. Mas logo notamos um pequeno barco que vinha ganhando tamanho cada vez que se aproximava; Eram meus pais. Logo o barco chegou, eles desceram e vieram caminhando em nossas direções.

- Alice, que surpresa! – Edward a comprimentou e eles riram.

- Já sabia que eu estava aqui o tempo todo né! – Ela sorriu.

- Sabíamos. – Minha mãe riu. – Desculpe não ter ligado, mas era para ser uma surpresa, não podíamos nos distrair.

- Por que eu não consegui achá-los?

- Você sabe que não consegue ver muito sobre a Nessie, então para que você não estragasse a nossa surpresa, pensamos muito nela. – Minha mãe riu.

- Mas o que vocês foram fazer no Rio? - Eu já estava ficando ansiosa.

- Fomos comprar isso para você. – Minha mãe tirou de dentro de uma bolsa uma caixa mediana e me entregou, peguei a caixa que estava embrulhada e rapidamente arranquei o papel de cima. Era uma boneca, linda, um bebê, carequinha e sorridente; Minha primeira boneca. Meus olhos encheram-se de lágrimas, meu coração acelerou, estava tentando falar, mas só o que saiu da minha boca foi um “Linda!”

- Me desculpe filha por te fazer se sentir diferente, você é igual a todas as outras meninas, você sente como elas, é normal você querer se sentir mais humana. Deveríamos ter te criado assim como todas as outras meninas, mas falhamos, desculpe minha filha. – As palavras de Edward invadiram meu corpo o fazendo estremecer. Dei dois passos a frente e abracei meus pais, eu sabia que não poderia ser humana por completo, mas eu queria viver essa parte em mim. Edward, Alice e minha mãe entraram na casa. Fui então até o outro lado ilha, mesmo sabendo que Edward me “ouvia”, eu me sentiria mais sozinha.

Posso resumir a minha vida e a maneira de como eu vivo em apenas uma palavra, a palavra que faz o meu lado vampiro florescer, e era por isso que eu queria ser mais humana, sem ter que lidar com problemas “paranormais” e essa palavra era “SANGUE”.