–Não caralho! já disse que não!

–Eu vi Pedro! Eu vi você abraçando ela!

–Não era eu Clara! Entenda que não era eu! Tem noção do tanto de cover que tem meu?Sério Clara, eu agora que não acredito que você não me conhece depois de quase um ano de namoro!

Ele estava alterado, eu estava alterada. A sala do meu apartamente estava um clima horrível. Ele em pé, andando pra lá e prá cá de um lado, e eu encostada na mesa de outro. Eu chorando, e ele completamente nervoso, com os olhos marejados.

–Por que não acredita em mim, hein? - Agora estava com uma voz chorosa, e tinha se sentado no sofá. Olhava pra baixo.

Fiquei quieta.

–Por que ultimamente tá tão difícil assim confiar em mim, Clara? O que eu fiz? Me fala... - Ele se levantou e veio em minha direção, parando na minha frente. - Eu prometo te explicar se aconteceu algo, eu, eu... eu quero que fique tudo bem entre a gente novamente. Você tá tão fria comigo desde a última vez que fui pro Rio de Jan... - Olhei pra ele, roendo a unha.

–Ah não.. não vai me diz... que... Ah não acredito nisso! - Agora ele ria ironicamente

–Ah não? Ah não? Acha que ver TODO MUNDO comentando que seu namorado tá saindo com uma atriz, É FÁCIL?

–E VOCÊ PREFERE ACREDITAR EM TODO MUNDO OU EM MIM?

Pedro segurou meus braços de tal maneira, que me assustei, de verdade. Fiquei com medo de dizer qualquer coisa após ouvir aquilo. Eu.. eu realmente acreditava mais nele mas é que... não é fácil, realmente não é! Todos comentando sobre ele e a Giovanna, e se isso realmente fosse verdade?

Olhei em seus olhos, e ele estava prestes a chorar, assim como eu já fazia a muito tempo.

–Fala Clara, conversa comigo agora. Tá na hora de dizer tudo o que você quer, tudo o que tá ruim. Vai, me diz.

Ele disse baixinho, e mais perto de mim, com as mãos em meu rosto. Não sabia por onde começar.

–Eu.. eu... eu te amo tanto. Eu tenho tanto medo de te perder. Você não imagina, de verdade - Já tinha desabado em choro, de novo. Mole eu - Tenho, tanto medo de você se apaixonar por essa garota só porque ela é famosa ou seilá qual merda do tipo. Eu, eu quero ser a garota que você sonha em ter do teu lado. Aquela que te acompanha em todos shows e que tenha toda amizade do mundo com suas fãs mas eu, eu não consigo! Eu quero ser perfeita pra você mas eu não consigo! Não poss..

Me interrompeu com um beijo. Porra Pedro Gabriel! Isso era hora de eu dizer tudo, e você não deixou, idiota.

Finalizou o beijo, segurou meu rosto e aproximou meu corpo dele.

–Shhh, você é perfeita pra mim, exatamente como você é. Para que querer fazer essas coisas. Eu gosto que você corra atrás do seu sonho de se tornar engenheira. Deixa eu correr atrás do meu de ter uma banda. Eu me viro. Não tem que viver por mim, pequena.

Quando ele disse, me senti confortável e protegida de tudo. Pedro me abraçou, me aconchegando em seus braços que não são muito fortes, mas que tiravam meu medo de tudo. Eram minhas correntes, meu escudo contra tudo de mal desse mundo. Ali eu sentia que nada me machucaria, e nem a chuva me molharia.

–E quanto a Giovanna... - Seu olhar voltou pra mim - Fica tranquila. Nunca rolou, e nunca vai rolar nada. São boatos, coisa que a mídia adora fazer, sabe disso. Sou seu, só seu, se lembra?

Consegui sorrir depois de uma briga de mais de horas. Como é que ele consegue fazer isso? Odeio tanto como ele consegue me fazer amá-lo assim.

–Vai, me abraça vai. - Ele colocou minhas mãos ao redor de seu pescoço e me puxou pela cintura, me colocando em cima da mesa.

Nem sei durante quanto tempo ficamos ali, assim, apenas abraçados,

POV's Pedro

–Que tal um starbucks agora? - Perguntei secando as ultimas lágrimas dela.

–Tá de noite, besta. Não é hora de tomar café.

–Não é café, é Starbucks. Se liga pequena! Vem, vamos. Eu te levo de cavalinho.

Ela subiu nas minhas costas e fui até o elevador.

–Meu sonho sempre foi apertar todos os botões disso. - Ela disse apontando pros botões do elevador.

–Então aperta ué! Quer ajuda? - A soltei no chão.

Fez um sinal aprovando com a cabeça, e comaçamos a apertar tudo de uma vez só. Era uma coisa bem idiota, porque estávamos com medo de alguém ver, ou da câmera pegar a gente.

–Tô me achando tosca mas tô adorando tanto isso! - Clara praticamente pulava apertando todos botões.

Paramos e começamos a rir. De repente as luzes começaram a falhar, e o elevador começou a subir. Parou no meio de um andar.

–Pedro, eu tô com medo. A gente estragou o elevador.

–Não tá tudo bem, calma. A gente não estragou nada. Dever ter sido alguma, queda de energia, já volta

Eu tava tentando confortá-la, mas eu tava com um cagaço total. Achei que a gente ia morrer ali e agora. A Samara ia surgir de algum lugar e levar a gente. Senti alguém me abraçar e por uma fração de segundos me assustei, então lembrei que estava ali com a Clara. Pensou se a Samara aparecesse ali, mesmo? Argh.

– Eu realmente tô com medo Pedro. - A sua voz era de choro, e eu também queria chorar. Não pode, produção?

–Calma, foi só uma queda de energia, isso foi no prédio todo. Já volta.

Fiquei falando de assuntos aleatórios pra abafar seu medo, e o meu também. Sentei no chão e ela deitou no meio de minhas pernas.

–Eu preferia ter ficado em casa, no escuro, do que no décimo andar, no escuro.

–Eu também mas... Agora que a gente tá aqui, fazer o que.

Acariciei sua cabeça, e escutei umas batidas na porta dos apartamentos.

–Fica calmo meu senhor, foi só uma queda de energia, prevista pra durar a noite toda. Mas,foi só isso.

–Só isso, meu caro? A noite toda!

–Bem, o senhor pode dormir, agora.

Ri da tirada que o porteiro deu no tiozão.

–Tem alguém no elevador?

Me assustei.

–Tem alguém no elevador?

–Tem! Tem sim! Tem! - Dissemos sem parar.

–Quantas pessoas são?

–Duas! Duas! Aqui é a Clara e o Pedro!

–Clarinha? Você que tá ai? Meu Deus minha filha, a energia só volta pela manhã!

–Nós ouvimos! Tem risco nenhum ficar preso aqui e depois voltar ao normal?

–Não, não, ele volta ao normal assim que voltar, e para no andar que voce pediu. Vou nos outros. Boa noite pra vocês aí.

Fiquei mais aliviado de ouvir aquilo. Voltei a sentar e ela voltou a se deitar entre minhas pernas.

–Trouxe o celular? - Ela me perguntou

Murmurei um "uhun"

–Eu também... - Fiquei sem entender o porque de sua pergunta.

–É que eu não quero dormir, então começo a fazer perguntas bobas.

É, ela é doidinha mesmo. Mas eu gosto disso, gosto dessa coisa doida que é minha pequena. Fiquei acariciando sua cabeça e ela incrivelmente, mesmo não querendo, pegou no sono.

Curvei minha cabeça pra trás, e fiquei pensando o quanto ela ja deve ter chorado por coisas banais que a mídia diz sobre mim e a Giovanna. É tanta mentira envolvida que muita gente acredita, inclusive a última pessoa que deveria acreditar. Fiquei com peso na conciência de ter magoado ela tantas vezes, ficando longe e deixando ela tanto tempo assim sozinha.

Flash Back

–Eu tenho tanto medo de te perder Pedro, você não tem nem ideia!

Flash Back off

Ah, eu tinha ideia. Aliás, eu tinha mais que ideia. Não sei o que faria sem ela. Sem ter alguém pra ligar e conversar coisas fúteis e inúteis.

Como, que.. ela imaginaria que eu algum dia poderia traí-la com a Giovanna? Como? Isso seria impossível... impossível.