Entrando no avião. Finalmente voltando pro Brasil. Todos já estavam cansados de ficar fora de casa. Sabe, o México era legal, a cultura, comida, pessoas, era tudo muito legal! Os fãs eram demais e lotaram os shows, cantando todas nossas músicas. Gostei pacas de lá, mas queria voltar logo.

Sentei na minha poltrona e coloquei os fones de ouvido, que tocavam The Anthem, Good Charlotte. Sei que é animada, e era pra ser mesmo. Eu estava feliz, pô!

A viagem até que "foi rápida" pela minha ansiedade. Queria ver a Clara, mas certamente ela não estaria no aeroporto me esperando. Eu não avisei que horas chegaria, e ela não ficaria tomando chá de cadeira o dia todo.

Desembarcamos  anoitecendo e eu liguei pra minha mãe, pra ela me buscar. Avisei que queria ver a Clara logo. "Mas você não vai nemd eixar as malas em casa, tomar um banho, dormir um pouco?" Não mãe, não entende que estou há duas semanas sem ver minha garota e que estou morrendo de saudades dela também? Pedi pra ela me levar na faculdade. Quinta-feira, boa! Ela saia mais tarde. Me deixou na porta e levou minhas malas.

Tinham algumas pessoas saindo, mas o curso dela ainda não. Fiquei encostado na parede ao lado daquele enorme portão de saída. Estava meio frio. De boné com a aba abaixada, moletom preto, calça e tênis, acho que estava aquecido. Escutei algumas risadinhas e guardei o celular no bolso. Ela passou na minha frente e eu permaneci de cabeça baixa.

-Ei gata, pensa que vai onde? - Ela não desviou o olhar pra lado algum, e continuou andando.

-Nossa, que metida. Não vai dizer nada? - Realmente, nada. Ela só levantou a cabeça e abaixou denovo, fazendo sinal de negação. Ela estava irritada, resolvi ir atrás dela.

-Sério? Pensei que pra mim você desse atenção. Não vai nem tipo, dar uma olhadinha pra mim?  - Parei quase encostado nela, e ela então se virou de repente.

-Olha aqui seu idiot... - A abracei pela cintura  e afundei minha cabeça em seu pescoço.

-Eu senti tanto sua falta, minha menina. - Beijei seu pescoço e ela passou rapidamente os braços por meus ombros.

POV's Clara.

Perceberia aquele perfume em qualquer parte do planeta. Aquele perfume fraco e gostoso, que só se dava pra sentir quando estava bem próximo dele. Finalmente eu estava novamente em contato com ele, depois de tantos dias sem vê-lo perto de mim, me acordando e dizendo que estou fofa com olhos puxados. O abracei forte, e senti ele fazer o mesmo, pois quase esmagou minhas costelas. Eu nem liguei, estava tão empolgada com sua surpresa.

Forcei demais para segurar minhas lágrimas e não desabar em prantos ali na sua frente. Senti minha blusa molhar um pouco, e ele levantou o rosto, sorrindo fraco sem mostrar os dentes. Ele não tinha feito o mesmo esforço que eu pra segurar as lágrimas.

Limpei seu rosto com o dorso da mão, e sequei em meu jeans.

-Eu sou um bobo, né? Chorar assim, você não.- Ele deitou sua cabeça em meu obro denovo.

-Não, eu que sou uma boba, que segurei meus prantos enquanto você se derreteu todo! - Ele riu e olhou pra mim - Eu senti tanto sua falta, Pedro. - Ele me olhava docemente.

-Eu também minha menina, eu também.

-Bem... hoje eu vim sem carro, queria caminhar! Não é muito longe assim até minha casa, topa caminhar comigo?

-Claro, eu vou adorar isso!

Peguei em sua mão e ia ficar ao seu lado pra irmos, mas ele hesitou.

-Espera! Eu esqueci de fazer uma coisa... - O olhei confusa, e ele pegou meu rosto rapidamente e me beijou. Beijo o qual senti falta, quente, calmo, doce e dele. Pode até parecer clichê dizer isso, mas Pedro me beijava de uma maneira que garoto nenhum me beijou antes. Ele me beijava como se eu pertencesse a ele a muito tempo, como se ele conhecesse até a quantidade de células sanguíneas que tenho no corpo. Ele me tratava especialmente, e me beijava da mesma maneira: com carinho. Me beijava com respeito, amor e desejo ao mesmo tempo. Eu tinha tanta sorte de tê-lo, mas ninguém sabia o tamanho disso.

Ele finalizou o beijo com uma mordida leve em meu lábio inferior, e depois me selou demorado. Sorrimos e fomos pra minha casa.

 Chegando ele logo se jogou no sofá, reclamando "Estou morto", tirando os tênis e ligando a tv.

-Tô com fome, aposto que você também. Vou assar uma pizza, ok? Ah, e pedir pro porteiro pegar uma coca pra gente.  - Fiz isso e logo o porteiro apertou a campainha. Pedro pegou a coca e colocou na mesa. Ele estava andando de meia, tão fofo.

-Aqui está, senhorita.

Levamos tudo pra sala e eu peguei algumas cobertas. Ele pediu pra colocar um filme, e escolheu "A Órfã".

Pedro deitou em meu colo e acabou adormecendo. Fiquei passando a mão em seu cabelo e observando suas bochechas rosadinhas e fofinhas. Ele estava tão cansado, que dava pra ver pelo seu sono profundo, mas mesmo assim, ele foi me pegar na saída. Ele não existia, né?

Passei a mão por sua nuca e notei que se arrepiou, ri comigo e ele ficou se remexendo, mas nada o acordava. Até que seu celular tocou Rock Hard and Go Home, me assustando.

-Awn, não quero atender. - Ele resmungava

-Então não atende.

-Mas pode ser importante. - Olhou pra mim com os olhos meio fechados.

-Não é melhor ver antes?

-Que peguiça de pegar, pega aqui no meu bolso.

Enfiei minha mão em sua blusa e achei o celular, o nome mostrado na tela era "Melissa", quem era isso? Mostrei pra ele.

-Aaaaaghrr não acredito nisso! O que ela quer Senhor?! - Ele agarrou minhas pernas e afundou sua cara na almofada que estava em cima delas.

-Antende logo, Pedro.

-Oi... Não, não tô em casa... O que você quer?.... Não não me importa.... Tava, eu tava dormindo sim.... Tá doida, é?... Liga pro Thomas, pra polícia, pra ambulância te levar pro psiquiátra talvez.... Me deixa vai, Melissa.... Sério tá me enchendo... Ah garota, tchau!

-Que... Quem era? - Perguntei assustanda com a reação dele.

-Melissa, nossa fotógrafa que fica caindo em cima. Puta mina chata, velho, nunca vi! Por isso eu curtia a Bruninha, ela nos tratava como irmãos, mas essa daí não nos trata nem como gente. Eu vou ter que dar uma ideia no produtor lá meu, quero ela fora, mina idiota! Ninguém curte ela.

Ele voltou a deitar no meu colo.

-Tá acabando o filme? - Perguntou mais calmo.

-Começo da metade ainda.. dá pra você ver...

-Eu dormi rápido mesmo, hein? - Voltou a abraçar minhas pernas, que agora estavam em cima do sofá.

-Tá cansado, pode dormir mais.

-Não posso dormir aqui, minha mãe vai falar até.

-Qual, é? Dorme aqui comigo. Depois fala com sua mãe.

-Tá bem. - E ele dormiu denovo mesmo. Lindo!

O celular dele tocou um tempo depois, o filme já estava acabando e eram umas 22h30. Era a dona Leni.

-Pedro, não vem hoje?

-Ei dona Leni, aqui é a Clara.

-Oi meu bem, o Pedro tá ai?

-Tá sim, aqui dormindo - Ri

-Ai, ai, te encomodando como sempre?

-Ele não faz isso não, pelo contrário - Ela riu

-Ei, paixão hein? - Apenas ri

-Ele vai passar essa noite aqui, tá bem cansado e tô com dó de acordá-lo

-Não, não tudo bem. Só queria saber como ele estava mesmo. Mas está com você, estou tranquila. Olha, boa noite pra vocês e juízo, ok?

-Haha, pode deixar..

Nos despedimos e eu coloquei o celular dele sobre a mesinha de centro. Pedro estava encolhido, agarrado em minhas pernas e com os pés de meia pra fora da coberta. Esse garoto não tem jeito, né?

Vi o final do filme e coloquei na Warner, pra ver algum outro episódio de Friends.