Era primavera. As flores caiam, deixando o chão todo colorido. Flores de todos os tamanhos, cores e formas. Seus perfumes pairavam no ar e o vento era fresco. Era um ótimo dia.

Andava de forma distraída até a escola de música. Minha vontade era pouca, mas quando se falava em piano eu logo me animava. Piano era minha paixão desde os nove anos de idade. Meu nome é Kim Alice e tenho 17 anos. Nasci nos Estados Unidos e me mudei pra Coréia, pois meu pai foi transferido pra cá e até hoje permanece aqui.

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Chegando à porta da escola de música, me deparo com Leeteuk parado na porta me encarando. Costumo não o chamar de Leeteuk e sim por Park Jung-su, seu nome verdadeiro.

Era estranho ver ele ali.

- Oi – ele diz ao me ver.

- Olá Park Jung-su – digo entrando

- Dia bonito esse, não? – ele diz entrando junto comigo, porém um pouco atrás de mim.

- Realmente, muito bonito – sorrio parando em frente ao elevador.

Ficamos em silêncio.

Park Jung-su fazia piano desde os nove anos juntamente comigo. Quase nunca nos falávamos e eu escondia um sentimento por ele. Esse sentimento se chamava amor.

Sim, o amor! Ah, o amor... Faz seu coração bater rápido, sua respiração ficar tensa e sua voz falhar.

Com o passar do tempo, descobri que eu deveria desistir e seguir o meu sonho: ser uma pianista profissional.

Como as aulas passaram a ser individuais, Jung-su passou a fazer a aula após a minha, e o que era estranho e eu só fui perceber agora, segundos após entrar no elevador foi: O que ele fazia aqui?

Pensei duas vezes antes de perguntar e continuei quieta, observando a pequena tela que mostrava os andares por qual passávamos.

Jung-su algumas vezes me olhava e abria a boca para dizer algo, mas não saia som algum.

O elevador para e eu saio, sendo seguida por ele.  A porta estava trancada, provavelmente o professor saiu e esqueceu-se de deixar avisado.

Sentei-me no chão e Jung-su me acompanha.

- Jung-su...

- Oi – ele me olha

- Desculpe a pergunta, mas, por que você está aqui? Só quero saber...

- Tudo bem – ele ri sem graça – eu não sei o que eu faço aqui, só sei que vim.

- Como você não sabe? – o olho assustada o fazendo sorrir, mostrando aquelas covinhas que ele possuía.

O professor chega pedindo desculpas e entra na sala, sendo seguido por mim e por Jung-su. Após o fim da minha aula, pego minha bolsa e vou indo em direção à porta.

- Hm. Alice... – ele me chama, me fazendo parar e o olhar.

- Hm?

- Você vai se apresentar no Sarau mês que vem?

- Vou sim, e você?

- Também vou – ele sorri

- Tenho que ir agora Leeteuk, até mais. – sorrio e saio da sala

E depois disso, nunca mais nos falamos... Sim, isso mesmo, nunca mais nos falamos! Já se passara quase um mês e estávamos na véspera do Sarau.

Ali estava eu, no elevador indo para minha sala e ao parar no andar onde se situava minha sala, ouço uma melodia calma. Saio do elevador e vejo quem tocava. Era Leeteuk.

Para não atrapalhar, sento no chão encostando minha cabeça na parede, fechando os olhos e absorvendo aquela melodia. Quando percebi, eu estava chorando. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu não sabia o motivo pelo qual eu chorava, eu apenas chorava.

A música para e eu ainda estava chorando e segundos depois, Leeteuk surge na porta, agachando e me abraçando.

- Ei, por que choras? – ele diz se sentando abraçado comigo

- Eu não sei – digo entre soluços

- Não chora – ele agora me abraça bem forte, como se o mundo fosse acabar.

Ficamos assim por um bom tempo. Era bom ficar ali abraçada com ele.

- Oppa... – digo em um tom de voz um pouco baixo – acho que não vou conseguir tocar amanhã no Sarau, vai ter muitas pessoas lá.

- Você vai conseguir sim, eu tenho certeza – ele sorri

- Como você pode ter certeza Jung-su? – começo o fitar

- Não me chame de Jung-su, me chame de Leeteuk. E eu sei disso porque confio em você.

“Eu sei disso porque confio em você”. Senti uma sensação estranha ao ouvir isso, mas eu tinha certeza que era coisa de minha cabeça.

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O lugar estava lotado, e meu nervosismo aumenta sempre que chegava mais pessoas, lutando aquele teatro, que era enorme. As primeiras apresentações seriam as de piano. Para minha sorte, Leeteuk seria o primeiro a se apresentar.

E falando nele, ele ainda não havia chego, isso me deixava ainda mais com medo de subir ao palco. Logo vejo Leeteuk surgindo entre as pessoas. Ele estava perfeito. Vestia um terno preto e tinha o cabelo com a franja um pouco bagunçada e uma parte dela estava um pouco levantada.

Ele sorri ao me ver e vem andando calmamente em minha direção.

- Está preparada?

- Um pouco oppa, um pouco...

- Vai dar tudo certo, você vai ver – ele pisca para mim

O Sarau começa. O diretor da escola de música sobe ao palco e anuncia as apresentações da noite, logo chamando Leeteuk para o palco.

Ele senta na banqueta e posiciona seus dedos nas teclas delicadas do piano. Logo ele começa a tocar sua música, a mesma que tocava ontem. Minhas lágrimas queriam escapar, mas eu as segurava.

A música acaba e Leeteuk se levanta e se curva agradecendo, e quando seu olhar para sob mim, ele sorri destacando suas covinhas. Ele desce do palco e vai até mim, me desejando sorte.

O diretor anuncia a próxima apresentação, que seria a minha. Subo ao palco me curvando e indo sentar na banqueta. Respiro fundo e começo a tocar minha música. As pessoas que estavam na plateia começam a aplaudir, me fazendo sorrir enquanto tocava.

Termino a música e todos aplaudem de pé, me curvo e desço do palco, encontrando Leeteuk que me abraça, dando um beijo em meu rosto.

- Acho que nós já estamos liberados. Vem, precisamos comemorar você foi perfeita! – Ele sorri me puxando

- Aonde nós vamos? – eu o olho

- Vamos lá fora, estão servindo coca – ele ri

- Coca? – digo rindo – uma boa opção – balanço minha cabeça concordando com algo.

Chegamos do lado de fora e pegamos nossa Coca, indo sentar em uma mesa.

- Eu fui boa mesmo? Estava tão nervosa e não parava de tremer, não sei como consegui tocar.

- Você foi totalmente perfeita. Eu te disse que ia dar tudo certo – Leeteuk pega em minha mão, me fazendo arrepiar.

- Er...Obrigado – digo olhando para sua mão e depois o fito.

Leeteuk se aproxima de mim, olhando em meus olhos. Seus olhos brilhavam e meu rosto corava.

- Eu só participei do Sarau por causa de você – ele agora estava bem próximo a mim

- Por causa de mim?

- Sim, por isso lhe perguntei aquele dia se você iria participar – ele tira uma mecha que caia sob meu rosto e coloca atrás de minha orelha – Aquele dia eu só fui mais cedo porque eu queria te ver.

- Me ver? Mas por que você queria me ver?

- Porque eu amo você.

- Me ama? – o olho – Desde quando?

- Desde sempre.

Ele sempre me amou e eu não sabia. É isso mesmo? Eu estava sem palavras, literalmente.

- Você me ama? – ele aperta minha mão

Como responder isso a ele? Eu não sabia o que eu sentia, era totalmente confuso. Mas eu sabia que eu sentia algo por ele.

- Eu amo você oppa, sempre amei você.

- Por que não me contou?

- A gente mal conversava, achei melhor deixar quieto e...

- E?

- Esquece – balanço a cabeça tentando esquecer o que eu ia dizer.

Leeteuk se aproxima de mim, passando a ponta de seus dedos em meu rosto e depois passando em meus lábios, os encarando com desejo. Seus lábios colam no meu, fazendo meu corpo gelar. Começamos a movimentar nossos lábios na tentativa de aprofundar o beijo. O beijo foi calmo, e bom. Esperamos isso por tanto tempo.

Terminamos um beijo com um selinho demorado e levantamos, mas antes de sairmos, Leeteuk me olha nos olhos e com um sorriso diz:

- Quero você sendo pra sempre minha. Você aceita passar o resto de sua vida ao meu lado?

- Eu aceito, sem dúvida alguma, não precisava perguntar.

Caminhamos até o teatro de mãos dadas, sorrindo feito dois bobos, pois nos amávamos e era isso que nos importava. E nos importaria até o final de nossas vidas. Leeteuk era meu anjo, meu anjo mais perfeito.