[Billie's POV]

*trimm trimm*

Meu celular tocando. Será que dessa vez é a minha Adrienne? Setembro já acabou, finalmente, espero que ela tenha voltado pra casa com nossos filhos.

- Alô? - perguntei

- Billie. Só liguei pra avisar que vi suas mensagens. Então já decidiu voltar pra casa? Eu sabia que voltaria, mas não tão cedo. Enfim, já voltei da minha viagem pra Minnesota, pode vir que a casa já tá aberta. - ela disse

- Amorrrrrrrrrrrrrr! Vou voltar agora mesmo, sou um idiota, nem levei chave de casa, né? Tenho tanta coisa pra te contar, tanta coisa pra dizer, estou morrendo de saudades de você, de nossos filhos. Vocês não estão bravos comigo não né? - eu perguntei

- Conversamos quando você chegar em casa. - Adrienne disse e desligou

- Fudeu. - eu disse pra mim mesmo

Sim, eu reconheço, sou um otário. Em que lugar no mundo existe uma mulher como a Adrienne? Forte, segura, madura, desse jeito? E mesmo com um marido de merda como eu, continua a vida, como se eu nem existisse? Não se importando se eu traí ela, onde eu dormi, ou qualquer coisa assim? Não. Eu tenho que me redimir com minha esposa. Mas primeiro, hora de arrumar as malas e ir pra casa!

- Adeus, The Punkiest Wicked Warehouse! - eu gritei

Com minha mala, fui até o ponto de ônibus onde passava a linha Berkeley > Oakland, me sentei no banco e comecei a compor a última parte de Homecoming, chamada We're Coming Home Again. Meu "eu" punk despreocupado e meu "eu" bom marido se re-encontrando. Não sou mais uma pessoa bipolar, agora sou um só.

[part 5: we're coming home again]

"Here they come marching pown the street

Like a desperation murmur of a heart beat

Coming back from the edge of town

Underneath their feet

The time has come

And it's going nowhere

Nobody ever said that life was fair, now

Go-carts and guns are treasures they will bear

In the summer heat

The world is spinning around and around

Out of control again

From the 7-11 to the fear of breaking down

So send my love a letterbomb

And visit me in hell

We're the ones going

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

I started fuckin' running

just as soon as my feet touched the ground

We're back in barrio

But to you and me, that's jingle town

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Home

We're coming home again

Nobody likes you

Everyone left you

They're all out without you,

Havin' fun"

O ônibus chegou, guardei a caneta e o papel e embarquei. Próxima parada: OAKLAND.

[Glória's POV]

Eu e Tré estavamos na casa dele, eu entediada e ele mandando mensagens pelo celular.

- Com quem você tanto fala? - perguntei

- Tô conversando por sms com os caras da banda. - ele respondeu

- Sobre o que? - perguntei, curiosa

- Eles tão voltando pra Oakland. Vamos começar uma fase de gravações do novo álbum. Estamos conversando sobre marcar um encontro e acho que vai ser aqui em casa, porque minha bateria fica aqui mesmo, né. - ele disse

- Todos eles quer dizer o Billie e o Mike, não é? - perguntei

- Aham. - ele disse

- Eu não sei se quero que o Billie me veja, ou saiba que eu estou na cidade. - eu disse

- Little girl, agora você é minha namorada. - ele disse, ainda prestando atenção no celular

- Eu sei... Tré, você não acha que a gente se precipitou sobre isso? - perguntei

- COMO ASSIM? - ele perguntou, me olhando

- Você é meu melhor amigo. - eu disse

Eu sei que poderia ser muito feliz ao lado do Tré, me casando com ele um dia, tendo filhos com ele, acompanhando a história da banda. Mas eu sou simplesmente MUITO fraca e muito idiota. Não sei como seria daqui pra frente, eu e o Billie, nos revendo como nós mesmos. Sem essa de St. Jimmy e Whatsername. Seria tão estranho, não seria? E além disso, meu coração manda eu terminar com o Tré porque, apesar de toda a coisa física entre nós, meus sentimentos por ele são de melhor amiga.

- Você ia ter um filho meu! Quer dizer... tipo, Glória! Puta que pariu, isso TUDO é por causa do Billie Joe? Só pode, né. - ele disse, bravo

- Sim e não. Porra, Tré, só quero que a gente volte a ser amigos que nem antes, é tão difícil assim? - perguntei

- Então pra você nunca fomos um casal e você só tinha aceitado namorar comigo por causa do bebê? - ele perguntou

- Não! Eu estava confusa, assustada, e tudo mais. Eu te amo, mas como melhor amigo! E você também Tré, eu sei que tudo isso que você tá sentindo por mim é pura atração física. - eu disse

- COMO PODE DIZER ISSO? - ele gritou

- Eu tenho certeza. É o meu nome, meu corpo, minha história e minha personalidade que te atrae. Porque meus sentimentos, meu coração, tudo isso você conhece demais pra ser louco de me amar. Por isso você é meu melhor amigo. - eu disse, convicta

- Sua... argh. Sai da minha casa. Você é a menina mais infantil e fdp que eu já conheci. - ele disse

Me levantei e sai, batendo a porta. Ele estava certo, eu sou infantil demais pra uma mulher de 30 anos. E com certeza a pessoa mais fdp que já existiu, mas eu também estou certa. Tré Cool nunca fica "sem palavras" em uma discussão, a não ser que ele reconheça que o que a outra pessoa está falando é verdade. Ele não sabia, mas todo o amor que ele sentia por mim não passa de a mais pura amizade e proteção.

- O que foi que eu fiz? - eu disse, e parei de andar

Que burra, idiota, retardada! E se o que eu acabei de fazer arruinar com a minha amizade com ele? Ele provavelmente nunca mais vai querer me ver na vida. E o pior: estou sozinha de novo, quer dizer, sozinha no mundo. Ele era a única pessoa que restava me odiar, e agora ele também me odeia. É sempre assim, estou super segura quando faço uma besteira, mas depois vem o arrependimento e me destrói por completo. E dessa vez não há ninguém pra me ajudar a me reconstruir. ESTOU. SOZINHA.

- Glória, sua otária, vadia, maldita! - continuei me chingando

Comecei a lembrar de todos os malditos erros que cometi na minha vida, desde a infância. E comecei a chorar, chorar muito forte. A dor da solidão é a pior de todas as dores. Uma quadra antes de chegar em casa avistei o ponto de ônibus e me deitei lá, sem forças pra continuar a andar. Todos na rua passavam por mim me olhando com indignação. Fodam-se, minha vida está acabada mesmo.

[Billie's POV]

Finalmente cheguei! Desci do ônibus no ponto que fica há apenas algumas quadras da minha casa, mal posso esperar pra chegar e rever minha família! Espera ai. Tem uma garota chorando encostada no ponto de ônibus, pobrezinha... PERAI, EU CONHEÇO ESSA GAROTA!

- GLÓRIA HAUSHINKA!?!?!?!? - gritei