Olha só onde estou bem agora... Olhando para Paris inteira da Torre Eiffel, essa cidade é realmente linda.  A neve caindo levemente faz parecer que nem está tão frio. Já faz três anos que estou morando com Jake, o meu melhor amigo, aqui em Paris. A primeira vez que vim para cá, fiquei apenas seis meses, passei dezembro no Brasil, mas resolvi voltar para a França, parece que finalmente descobri meu lugar no mundo. E com certeza esse é o meu lugar.

Agora eu sou atriz e faço teatro. No começo desse ano fiz uma turnê pela Europa para mostrar a peça “Je ne parle pas bien la langue” Ou “eu não falo bem essa língua”. É sobre uma garota francesa que viaja para a Espanha, para tentar a carreira tão invejada de cantora. Mas ela não sabe falar espanhol, e se mete em algumas confusões.  E adivinha quem é a garota? Tiffany Santinie é claro. O único desafio de verdade que eu tive aqui, foi aprender a falar Francês, Inglês, espanhol e Alemão em apenas um ano. Bom, pelo menos agora eu sou uma importante atriz do mundo do teatro.

Jake está na Inglaterra nesse exato momento, resolvendo algumas coisas da empresa da sua família na filial de lá. Eu estava com a mansão dos “Fiora” todinha para mim, pois a Dona Melyssa (mãe de Jake) está nos Estados Unidos em um desfile para a Vogue, e o senhor Fiora, bom... Ele nunca esta em casa. Esta em algum lugar da França que não é Paris. As irmãs de Jake, Florence e Marie, também não param em casa, vive viajando  pela Europa, e agora devem estar na Alemanha, ou seja, eu sozinha em Paris. Bom já estou acostumada há três anos é assim, mas eu não me incomodo, amo essa independência. Aos dezessete anos, atriz brasileira faz sucesso na Europa, mora praticamente sozinha e às vezes com o seu melhor amigo. Vida perfeita não é?

Eu estou completamente feliz! Me sentindo tão... Independente...

-Tiffany! – Me virei olhando Paul, que me puxou me dando um selinho... Isso ai, Paul Santôro, meu francesinho particular. – “Eu amo olhos seus” – Ele arriscou um português bastante enrolado por causa do sotaque, o que me fez fazer uma careta e rir.

-Not yet! (Ainda não) – Eu disse a ele, e ele sorriu segurando a minha mão. Eu preferia usar inglês com ele, só gastava meu francês para fazer charminho de vez em quando.  Ele pôs sua mão em minha cintura e eu pus em seu pescoço, e fomos andando assim um do lado outro, para pegar o elevador. Você deve estar se perguntando... E o Johnny? Esse nome me da vontade de rir. Quando me mudei para cá, Johnny tentou me ligar, falei algumas vezes com ele, mas na boa, eu estava em Paris ia gastar meu tempo com quem desperdiçou quatro anos inteiros da minha vida? Nem ferrando. Disse que estava namorando (mesmo sem ainda estar de verdade) e ele nunca mais falou comigo. Tão panaca! Se ele realmente gostasse de mim, ele iria tentar de alguma forma ficar comigo. Virou completamente passado para mim. Diferente de Mandy, Liza e Mina, que nas férias vieram para cá me visitar.

Paul disse algo em francês e se afastou de mim, algo que eu não entendi pra variar. Já disse que sou ótima no francês? Então da pra saber a minha fluência, até porque é muito mais fácil inglês e espanhol. Odeio alemão também, e graças a Deus só tive que usa-lo uma vez na vida. Francês eu uso as vezes...

Paul foi até a uma pequena banquinha de flores e voltou até mim com uma rosa na mão. Ele cheirou e me deu sorrindo

-Merci beaucoup (Muito obrigada) – Eu disse fazendo bico e sorrindo ao mesmo tempo, ele riu.

-Pour rien, ma dame (Por nada, minha dama) – Ele disse beijando a minha mão. Ele era muito romântico. Talvez meloso demais, mas era fofo. Peguei a rosa e ele estendeu o braço para mim pegando minha mão, e fomos andando.