Bati incessantes vezes a campainha do seu apartamento e ela nada de vir atender. Conferi no meu celular faltarem dez minutos para a oito horas da noite e supus que Elena poderia ter saído para jantar. Liguei para o seu celular.

- Quem? – ela perguntou um pouco sonolenta.

- Elena, é o Damon, onde você está? – perguntei.

- Hm, você. – ela pareceu pensar no que diria. – Estou em casa. Por que?

- Abra a sua porta. – pedi desligando o celular e esperando que ela viesse abrir.

- O que está fazendo aqui? – Elena apareceu com uma expressão brincalhona no rosto questionando a minha aparição.

- Precisamos conversar. – respondi mantendo minha postura séria.

Ela me olhou preocupada deixando-me passar para dentro da cobertura. Sentou no sofá apoiando seus cotovelos sobre os joelhos aparentemente esperando que eu começasse falar. Sentei ao seu lado e limpei a minha garganta de um jeito proposital na tentativa de quebrar o clima tenso que se formara.

- Antes de tudo quero que fique muito claro que só estou aqui porque acho que você mereça saber de toda a verdade, Elena. – comecei.

- Está me assustando Damon.

- Desculpe. – sorri sem deixar aparecer os meus dentes e ela voltou seu olhar para mim.

- Continue. – ela pediu.

- Não se case com Stefan, ele não merece você.

- Damon... – ela começou, mas não deixei que falasse.

- Só me escute. – virei em sua direção e hesitei em pegar as suas mãos entre as minhas mesmo que estivesse com uma grande vontade.

- Não, me escute você! Está querendo me dizer que Stefan está me traindo, é isso? – ela gargalhou, mas sua risada não tinha humor. – Por que eu deveria acreditar em você?

- Porque eu estou salvando a sua vida? – tentei.

- Salvando a minha vida? Já tivemos esta conversa sobre o meu casamento. Eu sei o que estou fazendo. – ela pareceu irritar-se com a minha tentativa levantando do sofá.

- Stefan está casando com você por interesse. – frisei a última palavra.

- Por interesse? – Elena duvidou cruzando os braços e parecendo pensar sobre o assunto.

- Eu ouvi ele e meu pai conversando sobre isso. – tentei manter a calma, mas ao lembrar do que vi e ouvi senti certa repulsa em falar neles.

- Está mentindo. – rebateu. – E está fazendo isso porque você não suporta ver que estou casando com seu irmão mais novo e não com você.

- Você é uma estúpida! – minha voz ergueu-se e ela arregalou os olhos surpresa. -Também acha que eu é quem sou o vilão da família, não é? – ri amargamente levantando-me do sofá.

- Você é um idiota se acha que vai me convencer. – ela gritou comigo.

As lágrimas davam os pequenos sinais em seus olhos castanhos e eu controlei a minha vontade de abraçá-la e dizer que aquilo tudo era uma grande mentira. Mas eu não podia. Porque era a mais pura e doída verdade.

- Só achei que gostaria de saber a verdade. – confessei mais calmo.

Respirei fundo vendo que ela tentava controlar as lágrimas. Eu não queria tê-la feito chorar, mas se eu tivesse escondido me arrependeria certamente. Stefan era um canalha por estar fazendo isso com Elena e doía saber que, mesmo ela tendo ficado abalada com a notícia, não confiava em mim. Afinal, era a minha palavra contra a de Stefan.

Ousei aproximar-me dela limpando uma pequena gota salgada que insistia em rolar pela bochecha corada. Rapidamente ela segurou em meu pulso afastando a minha mão de seu rosto. Olhei-a confuso e a mágoa transparecendo em seu olhar não me deixou dúvidas. Ela jamais acreditaria em mim.

- Vá embora. – ela ordenou.

Sem dizer uma só palavra eu apenas caminhei em direção à porta saindo do seu apartamento. Sentia como se minha consciência estivesse limpa, mas a imagem de seu olhar triste provavelmente me acompanharia pelo resto da noite.

Elena Gilbert

Eu havia dormido no sofá enquanto ouvia música nos fones de ouvido e só acordei quando Damon ligou no meu celular pedindo-me para abrir a porta.

Sua expressão estava séria demais até para ele. Eu estava acostumada a ver o seu sorriso de canto a cada vez que nos encontrávamos e a falta dele denunciava que algo muito grave havia acontecido.

A conversa começou em um tom preocupante e eu senti que meu coração apertava-se em cada uma de suas duras palavras, mas a verdade era que eu estava apaixonada demais por Stefan para acreditar que ele seria capaz de casar-se comigo apenas por interesse.  Acreditando em Damon eu estaria jogando ao vento tudo o que havia vivido ao lado de Stefan, meu noivo, o homem com o qual eu passaria o resto da minha vida depois que nos uníssemos em matrimônio em um mês.

Damon e eu estávamos em um clima tão bom nas últimas horas, por que isso tinha que acontecer? Por que ele tinha que vir e falar todas essas mentiras para mim e estragar tudo? Eu não conseguia acreditar nele. Não quando o que eu via era apenas um homem arrumando um jeito de impedir o meu casamento com o irmão. Tentei o máximo que pude controlar as minhas lágrimas, mas algumas teimosas rolaram pelo meu rosto e Damon fez questão de enxugá-las.

Era cruel o que ele fazia comigo. Era difícil demais esconder de mim mesma que eu não gostava do seu jeito brincalhão e convencido, da maneira carinhosa com que me tratava e de seu olhar tão intenso sobre mim quase todo o tempo. Era como se ele gostasse de me deixar confusa, como se ele soubesse exatamente que a sua presença me deixava desconfortável e ao mesmo tempo segura. E eu tenho certeza que ele sabia.

Eu precisava ficar sozinha. Deveria pensar em tudo o que eu ouvira mesmo sabendo que aquilo era algo que Stefan jamais faria. A verdade era que eu estava encurralada entre confiar em Damon e ver desfazer-se diante dos meus olhos anos de muito amor e carinho ao lado de Stefan, ou ignorar o que o meu futuro cunhado dissera e destruir pra sempre a amizade e a boa imagem que eu agora via nele.

Irritei-me comigo mesma por duvidar de Stefan. O que estava acontecendo comigo? Stefan e eu nos amamos e estaremos nos casando dentro de um pouco mais de um mês. Era nisso que eu deveria acreditar ou pelo menos fingir que logo acordaria desse pesadelo nem que fosse caindo do sofá.