Amargo Regresso escrita por Aki Nara


Capítulo 14
Capítulo 14 - Realidade




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_ Não me arrependeria se você me amasse de verdade... – disse num sopro de voz – mas você não me ama e isso é só um sonho...

Simplesmente lhe pareceu que sua mente parava de funcionar porque o sonho acabou e ela mergulhou para a escuridão completa. Acordou na manhã seguinte se espreguiçando por sentir a languidez de seu corpo e satisfeita pelo bem estar de um sono reparador.

Tentou se levantar, mas braços fortes envolveram-lhe a cintura impedindo sua intenção. Então, ela se voltou lentamente para encarar a realidade. Os olhos azuis de Ângelo se abriram perscrutando os seus e suas faces ruborizam.

_ Bom dia... – foi tudo que conseguiu dizer.

_ Bom dia – ele respondeu torturando-a com carícias suaves.

_ Não foi um sonho... – fora mais uma confirmação para si mesma que uma pergunta, mas Ângelo respondeu.

_ Não! – ele mordiscava-lhe o lóbulo da orelha e distribuía beijos pelo seu pescoço. – Fico feliz por termos resolvido esta parte.

_ Como assim? – as palavras saíram estranguladas por um gemido.

_ Ainda sentimos atração um pelo outro. Poderemos guardar algumas boas recordações antes de tudo isso terminar.

Então, para Ângelo era só uma diversão enquanto ele decidia se ela seria capaz de ser uma boa mãe para Ken. Sentiu o coração parar de bater momentaneamente, a ferida reabria e sangrava dolorosamente. Precisava de uma boa desculpa para readquirir um pouco de dignidade e amor próprio, fechou os olhos enquanto tentava não demonstrar decepção e enquanto não cedia a tentação de corresponder-lhe as carícias.

_ Ângelo... Temos que acordar. Preciso ver nosso filho.

_ Tem razão – ele suspirou exasperado. – Teremos muito tempo para continuar... O que quer fazer esta manhã?

_ Ainda vai a missa no domingo? – ela fugiu para o banheiro.

_ Não – ele a seguiu. - Almoço com meus pais.

_ Preciso mesmo ir?

_ Podemos evitar esta semana, mas não acha melhor enfrentá-los logo?

_ Você quer dizer ser apedrejada, massacrada, sacrificada e atirada aos leões?

_ Quase – ele riu aproveitando para abraçá-la. – É só demonstrar que estamos bem – ergueu seu queixo para beijar-lhe os lábios. – Deixe as explicações comigo. Na verdade, você está para conhecer a senhora Bono.

_ A sua mãe biológica? O que houve para ela aparecer tão de repente quando não quis vir nem para nosso casamento?

_ Nem tão de repente assim... Ela está passando por dificuldades financeiras.

_ Desculpe. Falei sem pensar... – abraçou-o já esquecia de seu amor próprio, pois sabia que ele guardava mágoa. – E a sua mãe como está?

_ A senhora Costa está defendendo seu terreno com garras de leoa – ele sorriu fazendo as covas surgirem no canto da boca. – Amo aquela mulher muito mais que minha mãe verdadeira. Venha! Precisamos tomar um café reforçado pra enfrentar a família inteira.

De carro eles dariam uma volta maior para chegar à fazenda dos Costa. Se tivesse sido em outros tempos, eles teriam pulado a cerca de cavalo, porém seria perigoso demais para Ken. Como sempre os jardins estavam floridos, pois Catarina Costa adorava cultivá-los e foi ela quem os recepcionou com sua alegria contagiante.

_ Então, este é meu neto?

_ Você quer dizer meu neto.

_ Dolores! Ela é mais avó que você se considerar o fato que ela me criou a mais tempo – Ângelo foi incisivo. – Não confunda a cabeça do meu filho.

_ Que sorte, Ken. Você tem mais uma avó por parte do papai. Prazer em conhecê-la Dolores – estendeu a mão para cumprimentá-la, porém retrocedeu.

_ Não creio que possa dizer o mesmo da mulher que abandonou meu filho.

Ângelo envolveu-a num abraço como se quisesse protegê-la da língua ferina de sua mãe biológica. E isso foi mais que suficiente para lhe dar a coragem de que precisava para lutar.

_ Bem... Pelo menos, não abandonei um filho e voltei em menos tempo, não é mesmo?

_ Ora... Ela tem garras. – Dolores recuou dando as costas para eles.

_ Bravo! – Catarina a abraçou forte. – Seja bem-vinda de volta. Creio que posso contar com você para defender nossa família de uma víbora. Oh! Desculpe, filho. Eu fiz tudo, mas não creio que haja alguma possibilidade de entendimento aqui.

_ Tudo bem , mãe – ele a abraçou com carinho. – Onde está o velho?

_ Na piscina assando o churrasco.

_ Mamãe, tenho medo. – Ken se aproximou agarrando sua mão.

_ Não, tenha. São pessoas boas, filho.

_ Fique com a vovó – ela estendeu-lhe a mão, acenou para o filho que foi com Catarina.

_ Venha! É melhor que seja logo.

Eles caminharam para a piscina de mãos dadas. O senhor Costa falava alto, gesticulava enquanto assava a carne e contava piada fazendo os familiares rirem. A presença deles dois silenciou o grupo e o homem virou-se para ver o que era.

_ Você! – apontou para ela com o espeto em sua mão. – Veio para ficar?


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