Amargo Regresso escrita por Aki Nara
Cavalgava para fugir da dor, corria para os campos, para o seu recanto e para a árvore que sempre acolhia suas tristezas. O vento agitava seus cabelos longos, fustigando seu rosto como chicote, as lágrimas desciam sem controle, tudo à sua frente era um borrão e só pulou o cercado por que “Tsubasa” conhecia o caminho.
Quando seu cavalo parou praticamente havia se jogado na relva macia, enterrando o rosto sobre os braços, podia sentir o cheiro familiar do capim verde, ali ela podia chorar e soluçou extravasando toda a mágoa de seu coração novamente partido. Finalmente após achar que já tinha sofrido o bastante por um dia: sua alma não pareceu mais leve, a cabeça doía e os olhos pesavam.
Ela sentou-se para recompor o que restava de sua aparência, a respiração normalizava para manter a calma e a frieza de sempre, jamais deixaria Gustavo ter o prazer de perceber que conseguia feri-la. Por que tudo exatamente tinha que girar em torno de dinheiro e poder? Quando ainda podia lembrar dos dias em que isso não tinha importância nenhuma.
Eles foram felizes, alegres, despreocupados, e agora, a vida parecia um relógio descompassado e quebrado. Quando foi que eles haviam se perdido de vista? Deitou novamente na relva, desta vez olhando para a imensidão do céu azul. O cansaço veio e o corpo pedia descanso, ainda tinha tempo para voltar, assim relaxaria só um pouco. Respirava tranquilamente e em seus sonhos lembrava que havia sido num dia assim...
_ Mia! Eu não quero mais brincar de esconde-esconde. MIA! – ouvia-se uma voz infantil choramingando em gradativa escala de desespero.
_ Eu estou... com medo... MIAAAA! – a criança esfregava os olhos até cair ferindo o joelho e o que era um choro contido agora era demonstrado com todas as forças.
_ Por que não está no céu, anjinho?
A criança olhou para a grande árvore, mas os olhos borrados pelas lágrimas e as copas atrapalhavam sua visão. Ela era uma menina encantadora que tinha os olhos amendoados e os cabelos negros que lhe emolduravam o rosto oriental.
_ Não chore, pequenina.– Um garoto pulou descendo da árvore.
_ Um anjo! – a menina sussurrou espantada.
O garoto tinha uns dez anos, uma palidez no rosto e cabelos loiros, mas o que era mais fascinante eram os seus olhos azuis de um anil como o céu numa linda manhã de sol.
_ Você está ferida... – sentou-se junto dela cruzando as pernas e como se lembrasse de súbito, retirou um lenço do bolso. – Ah! Sorte! Minha mãe me deu isso hoje de manhã. Era pra assoar o nariz, mas isso é coisa para maricas, sabe?
Ele desdobrou o pedaço de pano enrolando-o no joelho ferido da menina.
_ Pronto! Como se chama?
_ Mai Nagano.
_ Ah! Ouvi meu pai dizer que fazenda do Sr.Nagano fica pra lá daquela cerca.
Ele segurou a pequena pela mão levando-a até a cerca e a transportou com cuidado para o outro lado.
_ Você consegue ver o telhado vermelho? Aquela é a sua casa. Tchau bonequinha!
Para os pés de uma criança o caminho de volta para casa parecia longo, ela olhou para trás várias vezes até não avistar mais o anjo acenando, à medida que se aproximava de casa seu coração batia apressado e com medo, pois já não enxergava o telhado entre a copa das árvores.
_ Maaaaiiii! Maaaaiiii!
_ Mamãe! Mai aqui!
_ Onde você estava?
_ Com um anjo! Mai se perdeu da Mia. Mai estava com muito medo, mas o anjo loiro ensinou pra Mai como voltar.
_ Mia? Ela já está em casa e não me disse nada. Oh! Você se feriu. Venha! Vamos para casa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bom... Não sei se consegui me fazer entender, mas a história já começa com a heroina sofrendo. kakakaka Eu sou tão má! E ela vai recordando os principais acontecimentos até chegar no dia atual.