POV Poseidon

A equipe de Deméter parou na casa da Quadriga de Ares. O deus da guerra e sua filha lançaram-lhes olhares maus, e elas tomaram a sábia decisão de não comprar. Ou talvez não tão sábia assim. Eu teria comprado, só pra ser mau. Não tenho medo de Ares, mas não condeno Deméter por ter. Afinal, um deus da guerra furioso com uma lança não é o tipo de inimigo que se pode combater com uma tigela de cereal. Com um tridente, por outro lado...

Os caras de Apolo - desculpe, os caras de Apolo e a Rachel -  pararam em um propriedade no Olimpo, compraram-na e construíram uma casa.

-  Não acho que isso tenha sido uma boa ideia - declarou Rachel, enquanto Will colocava uma casinha verde de plástico no tabuleiro.

- Então por que fez? - retruquei. Ela revirou os olhos para mim como se fosse óbvio.

- Eu não queria. Fui vencida na votação por esses dois - e indicou Will e Apolo, que olharam para ela totalemente alheios à situação. - Aparentemente, eles não conseguem usar a cabeça nem para isso. Tipo, qual é a probabilidade de alguém parar na segunda casa? - Ela sacudiu a cabeça. - Provavelmente desperdiçamos dinheiro à toa.

Não consegui achar uma resposta para isso, então simplesmente dei de ombros.

Hades tirou 1 - um dos dados saiu rolando para debaixo da bancada, e, como todo mundo estava com preguiça de ir buscar, ele concordou em andar só uma casa. Acho que foi pelo que a casa continha - o Palácio de Zeus. Provavelmente prevendo o que estava por vir, Nico começou a falar em tom de advertência:

- Pai... Acho melhor não...

- Fica quieto menino - Hades ordenou. - Eu compro.

Bianca suspirou e revirou os olhos.

Zeus pareceu prestes a explodir, como eu fiquei quando ele comprou meu Palácio. Nico lançou para Thalia um olhar tipo "Sinto muito". Jason não parecia estar nem ligando.

POV Jason

Bem, eu não estava nem ligando, mesmo. E por que eu deveria? Pouco me importava que o palácio do meu pai fosse comprado numa porcaria de jogo.

POV Poseidon

É, enfim.

Finalmente, nossa vez. Fiz o dado voltar para minha mão e joguei-o junto com o outro. Como sou uma criatura totalmente incrível, tirei doze. Mas precisava de um treze para chegar ao Palácio de Hades, que era o que eu queria, então acenei com a mão e fiz uma bolinha surgir em um dos dados.

- Você está trapaceando - disse Atena calmamente.

Olhei feio para ela.

- Não estou, não.

- Por favor, Poseidon - Ela revirou os olhos. - Não pode transformar um seis em um sete e esperar que ninguém perceba. Especialmente porque não existe sete em um dado.

- É, Poseidon - concordou Sally. - Você trapaceou.

Não pude acreditar no que está ouvindo.

- Shh - fiz. - Você é da minha equipe, será que dá pra ajudar?

- A trapacear? Não, não dá.

- Está até parecendo o povo de Hermes - acrescentou Atena.

- Ei! - o povo de Hermes exclamou. Todos ignoramos.

- Afe, que seja, então - Fiz os dados voltarem ao normal. - Satisfeitas?

Comecei a mover o peão, mas movi uma casa a mais, torcendo para ninguém perceber. Incrivelmente, a pessoa que eu menos esperava me dedurou:

- Isso não pode estar certo - disse Afrodite, olhando de testa franzida para o tabuleiro. - O Palácio de Hades está na décima terceira casa, não da décima segunda.

- POSEIDON! - Sally e Atena gritaram juntas.

Annabeth parecia se divertir imensamente com a situação. Percy estava olhando para a mãe e para a sogra com uma cara meio assustada.

- Que coisa - resmunguei, movendo o peão uma casa para trás com outro aceno. - A pessoa não pode nem mais roubar em paz.

- Não, não pode! E será que dá pra parar de usar magia pra tudo? - reclamou Sally, parecendo bem irritada.

Suponho que eu deveria ter ficado com raiva. Afinal, se eu quisesse usar magia para tudo, o problema era meu, não era? Mas é que... Era meio difícil ficar com raiva dela, porque... Bem, para começar, ela era mãe do meu filho, então eu acho que deveria relevar, mas isso nunca impediu nenhum casal de brigar, então....

Certo, vou simplesmente falar: Era difícil ficar com raiva da Sally porque ela era uma mulher incrível. Pronto, falei. Ela era incrível, e uma das poucas mulheres que conseguira chamar minha atenção o suficiente... Além disso, eu mal a via, e não pretendia estragar o tempo que tinha com ela brigando.

- Certo - murmurei. - Desculpe.  

Depois disso, Percy olhou para  mim  com uma cara meio assustada, e eu fiquei fuzilando-o com o olhar até ele virar o rosto, numa atitude bem típica de Ares.

Então, não consegui irritar Hades, no fim das contas, mas insisti em meu direito de jogar os dados de novo (era impossível tirar um sem jogar um dado para debaixo da bancada, e não creio que os deuses fossem cair nessa). Tirei um oito e fui parar numa casa cor-de-rosa brilhante onde estava escrito em letras mais brilhantes ainda: MAQUIAGEM, MUITA MAQUIAGEM! por 30 dracmas de ouro.

- Afrodite - comecei.

- Sim?

- Você tem certeza de que estava sóbria quando criou esse tabuleiro? Digo, tem certeza de que não tinha saído pra nenhuma noitada com o Dioniso? - Recebi um olhar furioso de Dioniso, mas ignorei.

O mais incrível foi que Afrodite parou mesmo para pensar antes de dizer:

- Sim, tenho bastante certeza de que estava sóbria. Por quê?

- Ahn... É meio estranho, uma casa onde você pode comprar maquiagem em um jogo de Monopoly.

- Ah, sim, é claro que é - Fiquei surpreso ao ouvi-la concordar. - Mas por outro lado, é um tabuleiro feito especialmente para os deuses. Por que deveria ser normal?

Dessa vez, tive que concordar com ela.

Mesmo assim, achei que uma casa cor-de-rosa brilhante que vendia MAQUIAGEM, MUITA MAQUIAGEM! por 30 dracmas de ouro era meio que forçar a barra.

Sally, Percy e eu nos entreolhamos e tomamos uma decisão unânime.

- Nada de maquiagem - falei.