A Crhistmas Gift escrita por Kurotsuki Kayuri


Capítulo 1
uníco




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A Christmas Gift

 

 

Era Natal. Para ele apenas mais um ano, apenas mais uma daquelas terríveis datas comerciais.

 

Ele nunca havia gostado muito do Natal, de qualquer maneira.

 

Ele sempre se sentia vazio e sozinho naquele dia, mesmo com seu irmão, com sua mãe, com os amigos. Sempre sentindo que faltava algo, algo que ele jamais havia alcançado.

 

Ou talvez já o tivesse, mas fora estúpido o suficiente para deixar escapar como areia por entre seus dedos longos e finos.

 

Sorriu, olhando uma das fotos em cima da estante da sala de seu apartamento. Uma foto tirada muitos anos atrás... Quantos mesmo? Dez, onze? Ele nem ao menos fazia idéia, mas o seu sonho antigo ainda existia.

 

Ele havia dito uma vez que bastava que apenas “eles” fossem bons. E eles eram. Eles lotavam casas de shows, faziam turnês, escreviam letras que poderiam deixar muitos pais de cabelos em pés, faziam com que as pessoas gritassem e pedissem por mais.

 

E, de repente... Tudo aquilo havia acabado... Exatamente como em um sonho, quando o despertador toca e você sabe que é hora de levantar para mais um dia na realidade cruel e cinza.

 

Porque era assim que ele encarava tudo que havia acontecido até ali: um sonho. Um sonho muito bom, mas ainda assim, fantasia.

 

Ele não cansava de se culpar; ele se culparia até o final de seus dias por ter falhado miseravelmente, mesmo que Kohta e Takeo (e até mesmo Jun) dissessem que não era culpa dele.

 

Tudo tem um final, até mesmo a melhor banda de rock do Japão.

 

Mas ele não queria que acabasse. Era doloroso demais pensar em tudo que havia deixado de fazer, todas as idéias, as melodias, as viagens... Tudo que ele nunca havia dito apenas porque esperava o momento certo.

 

E o momento certo nunca havia chegado.

 

Encarou o rapaz de cabelos tingidos de loiro ao seu lado, na foto, sorrindo minimamente. Aquele sorriso que dizia tanta coisa e que Shinya não era capaz de decifrar.

 

Ali estava mais uma coisa que ele havia perdido para sempre: a capacidade de ser feliz.

 

Suspirou, passando os dedos pelos cabelos, atualmente em um estranho tom de loiro avermelhado. Kohta vivia insistindo para que voltasse com os fios negros. Poderia rir com aquilo, caso Takeo entrasse na onda de seu irmão mais novo.

 

Parou ao ouvir o barulho da campainha, perguntando-se quem estaria ali, justamente na véspera de Natal. Ele não havia chamado ninguém, pelo que se lembrava... Kohta estava viajando para casa e Takeo estava com a família... Nota mental: desculpar-se com sua mãe novamente por mais um Natal que ele passava longe.

 

Levantou-se sem o menor ânimo, indo até a porta e mal se dando ao trabalho de espiar pelo olho mágico. Ele nunca fazia isso mesmo...

 

- Velhos mau hábitos nunca mudam, certo? – ouviu a voz rouca dizer quase divertida, seus olhos se arregalando ao constatar a figura parada à sua frente.

 

Continuava alto, mas os cabelos não eram mais loiros e sim castanhos com algumas mechas coloridas, algo que fez Shinya morder a língua para não dizer o quão ridículas haviam ficado. Já as roupas... Essas haviam ganhado um tom um tanto mais colorido, talvez realçando o rosto delicado demais.

 

- Eu nem me esforço para mudá-los. – deu espaço para que o mais novo passasse, sorrindo ao vê-lo retirar os sapatos na entrada, mesmo que ele próprio não fizesse questão disso em sua casa. Shinji sempre fora polido demais, educado demais, gentil demais. Talvez até aquele dia...

 

As palavras insistiam em ecoar em sua mente toda vez que ele olhava para o guitarrista. Forçou um sorriso.

 

- Você ainda não me perdoou, não é?

 

- Você sempre me lê bem demais.

 

Um instante de silêncio, ambos encarando pontos distintos na sala espaçosa.

 

- O quê faz aqui? – não era um reprimenda, nem mesmo uma frase carregada do sarcasmo que o vocalista costumava a empregar em quase tudo que dizia, era apenas curiosidade.

 

- Eu vim saber como você estava – voltou a encarar o homem de menor estatura, um sorriso fraco se desenhando nos lábios finos – e entregar isto.

 

Encarou com curiosidade e receio a sacola pequena de papel que Shinji estendia para ele.

 

- Eu... Não comprei nada para você, não comprei nada para ninguém, na verdade... – mentira, a única pessoa para quem não havia comprado um presente era Aiji.

 

- Eu não vim para exigir um presente, Kirito. – riu, balançando a sacola – Vamos, pegue.

 

Aceitou, abrindo-a e encontrando uma caixinha pequena, uma daquelas de veludo que as pessoas costumavam guardar... Não.

 

Voltou o olhar para o moreno, constatando que o mesmo o olhava com expectativa. Por algum acaso aquela era uma brincadeira de mau-gosto?

 

- Você não vai abrir? – Shinji soou incerto, talvez até mesmo temeroso de alguma reação mais exagerada por parte do vocalista. Shinya nunca foi conhecido por ser alguém pacífico.

 

- Eu não quero abrir. – e como custava dizer aquelas palavras.

 

- Você sabe que essa pode será nossa última chance, não sabe? – um pressionamento gentil.

 

- “Não importa o quanto você grite, o que foi uma vez quebrado não pode ser consertado”. Não era isso que a nossa última música dizia?

 

Devolveu a sacola para o moreno, o rosto baixo, contendo a vontade de sair por aí, quebrando coisas. Talvez quando estivesse sozinho...

 

Não chegou a ver a fina lágrima que escorreu pelo rosto de Shinji. Nem ao menos levantou o rosto ao sentir que o guitarrista passava ao seu lado, em direção à porta do apartamento.

 

- Você pode então me fazer um último favor? Não continue se culpando. Tudo acaba um dia, Shinya.

 

- Então devo supor que os seus sentimentos também irão acabar? – levantou o rosto, porém não fez questão de encarar o outro.

 

- Você está me forçando a isso. É tão difícil tentar fazer alguma coisa certa, pelo menos uma vez na vida?

 

Suspirou.

 

- Eu estou fazendo. Não daria certo, Shinji, os sonhos mudam... E os nossos não têm nada em comum.

 

Ouviu apenas o barulho da porta se fechando atrás de si, deixando-se cair no sofá e contendo um grito frustrado.

 

As chances já não estavam mais em suas mãos; elas haviam ido embora há tempos.

 

Riu baixinho, quase triste, ao se lembrar das estrofes que compunham aquela última musica. Nada poderia ser tão certo quanto aquelas palavras sussurradas para o vazio.

 

- Olhando para frente eu me despeço do passado, mesmo supondo que seja um futuro sem lugar para ir... Que guarda mais lágrimas secretas.

 

Então aquele havia sido seu presente de Natal... A chance de se desprender do passado e poder encarar o futuro.

 

Nota final: Que fique bem claro o meu protesto: os cabelos dos dois estão ridículos. Sem mais e tenho dito u_ú

 

 

 


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