Era uma vez uma época estranha onde a maioria dos encantos já havia desaparecido e o que restara eram pequenos indícios de que algo esplendoroso já havia pisado nessa terra, resquícios quase totalmente apagados de épocas passadas que haviam sido mais interessantes e encantadoras do que aquela.

Romantismo já não existia, elegância era um conceito ultrapassado e a beleza era uma coisa bizarra que, aos olhos de quem já passara por ali havia anos, não seria considerada nada bela. O que restara do romance eram as histórias de amor contadas pelas palavras impressas em páginas amareladas de velhos livros, a elegância ficara guardada na memória e a beleza, eternamente preservada em fotografias e obras de arte. Era assim que poderíamos ver tais elementos que uma vez haviam sido tão corriqueiros, mas que, naquela época, eram uma peça rara a qual, caso encontrada, deveria ser preservada da melhor maneira possível... Por que você acha que existem bibliotecas e museus? Para tomar conta dessas pequenas e delicadas relíquias e evitar que aquela época as destruísse.

Estranhamente, foi exatamente no meio desse período opaco que encontrei, perdidas no meio daquele mundo deselegante e estranho, duas criaturas as quais poderiam, muito bem, ter saído das páginas de um livro de história, de uma antiga fotografia ou de uma tela exposta em um museu. Não digo isso de maneira depreciativa, meus caros, muito pelo contrário: são nessas coisas antigas que se encontram as maiores belezas, como já disse, os últimos resquícios delas, por isso, considere isso como um elogio, um dos maiores elogios que poderia direcionar a alguém: a comparação à uma peça rara e bem conservada que dá a esperança de que, um dia, o mundo voltará a ser belo novamente.