Uma semana depois do suicídio da garota no estacionamento e ninguém mais falava no assunto. Era como se tudo tivesse sido apagado da memória dos demais. O assunto havia sido proibido nos corredores da escola. O que dificultava ainda mais o trabalho de Jenn. Tudo ficava mais complicado ao longo dos dias. Agora Demetrio junto de seu irmão Craig, eram praticamente os caras mais populares da escola. Quase todos queriam fazer parte do novo grupo. Eles pareciam ter muita influencia sobre qualquer área tanto dentro da escola, quanto fora dela. Mas pra se achegar a eles, não parecia ser tão simples. Os membros do novo grupo eram escolhidos a dedo, pelos dois irmãos. E pelo que jenn havia notado nos dias anteriores, essa seleção, era complicada. Já que os escolhidos tinham de desistir de muitos de seus interesses pessoais para dar mais atenção ao grupo. Parecia um grupinho bobo de garotos querendo ter influencia sobre os outros alunos. Como num time. Mas diferente de um time qualquer, havia muito mais coisas por trás de seus hábitos.

Jenn estava atarefada com assuntos pessoais. Em casa se preocupava com o medo de seus primos em ver o pai se envolver novamente com jogos. A mãe dos meninos por sua vez, começara a usar a bebida como fuga dos problemas. Devon estava entrando em profunda preocupação com tudo que via. Se sentia responsável pelo que acontecia com o pai. E queria fazer o que podia para ajudar a mãe. E ainda tinha de lidar com os problemas de Alissa, que agora tinha pesadelos freqüentes. Jenn era a única adulta que ainda mantinha a devida responsabilidade na casa. Ela sabia que tinha de ajudar os primos com os problemas emocionais, e ainda cuidar para que os tios não acabassem piorando as coisas. E pra ajudar, sua relação com a melhor amiga estava balançada devido a sua insistência em desvendar o ocorrido da noite da  festa.

Jenn estava sobrecarregada e sozinha. Já não tinha mais ninguém pra quem contar seus medos e anseios. Não podia conversar com os tios. Nem com os primos que eram jovens de mais pra entender. Nem sua amiga era mais uma opção. Max por sua vez estava envolvido em projetos na própria escola. Agora, ele tambem se dedicava a tentar fazer parte do novo grupo. Jenn não entendia bem por que mas, aceitava.

Ao chegar na escola depois de uma noite mau dormida, ela vai ate a biblioteca logo pela tarde pra fazer uma pesquiza. Seu intuito era encontrar alguma leitura que a inspirasse sobre as lendas locais. Jenn precisava descobrir o que aquele símbolo significava e assim poder talvez desvendar o mistério sobre a morte de Mary.

Depois de um pouco de leitura ela encontra algo que chama sua atenção. Um livro muito antigo, empoeirado sobre uma estante mais alta da biblioteca. Ela começa a ler o mesmo, ate chegar a um ponto interessante. Este falava sobre criaturas noturnas que vigiavam a noite a procura de escravos de sangue. Algo que lembrava muito historias de vampiros. Mas não era nada comum, nada que ela havia ouvido falar antes. Ela continua a leitura pra saber mais. Essas criaturas mudavam de aparência durante a noite. E assim recebiam poderes, como uma força sobre humana, e rapidez incrível em seus movimentos. Mas uma parte em especial chamou atenção de Jenn. “e marcavam suas vitimas com um sinal sobre as mãos” e seguindo dizia “ o sinal dos mortos...” ...

Isso provavelmente era a coisa mais próxima do que Jenn procurava. Mas ainda restava descobrir que sinal era este. Seria o mesmo sinal marcado na mão de Mary? E as vitimas anteriores, como o casal no bosque? Teriam estes o mesmo sinal? Perguntas que deveriam ter respostas rápidas e exatas, para ajuda-la a desvendar este mistério. Jenn sabia que seria difícil fazer isso sozinha, mas ela não tinha outra escolha.

Saiu da biblioteca levando o livro em mãos, sem que a bibliotecária reparasse pois era um livro que não estava disponível para retirada. Jenn pegara emprestado para uma pesquisa mais profunda. Cruza o corredor e da de cara com Demetrio.

DEMETRIO:_Jenn!

JENN:_Oi.... Tudo bem?

DEMTRIO:_Claro! Tudo perfeitamente bem comigo. Mas e com você? Parece preocupada?

JENN:_Não! Ta tudo bem...

DEMETRIO:_Que bom então! Seria desconfortante vê-la sobrecarregada com alguma preocupação! –(ele sorria com um ar um tanto incomodo a Jenn).

JENN:_Não. Ta tudo certo! De verdade.

DEMETRIO:_Maravilha! Olha, pode dar um recado meu ao seu namorado!

JENN:_Se eu encontra-lo antes de você! Ultimamente ele anda mais ocupado com você do que comigo!

DEMETRIO:_Certo! Bem se você for encontrá-lo, diga que ele esta dentro!

JENN:_Dentro? Do que?

DEMETRIO:_Ele vai saber! –(ele sorri dando uma piscadela pra Jenn, em seguida apertando de leve com a ponta dos dedos sua cintura e se virando e indo embora).

Jenn fica intrigada. Dentro de que exatamente seu namorado estaria? Será que Max estava se metendo em alguma roubada, justo ele que havia dito a poucos dias que não era uma boa idéia andar com o próprio grupinho de Demetrio.

Ela se vira e segue pelo restante do corredor. Ao virar e entrar no próximo corredor que dava para as salas de aula, ela avista Craig e Nate conversando. Craig estava bem a frente de Nate, atrás dele dois caras mais velhos ouviam a conversa. Nate escorado nos armários apenas ouvia o que o garoto disia. Jenn decide andar mais devagar. Segura alguns livros a frente do corpo e observa de longe enquanto se aproxima. Craig logo nota sua presença. Ele volta a olhar pra Nate, e faz um sinal estranho. Depois se vira e anda na direção da garota, sendo seguido pelos dois outros.

Ele passa por ela sorrindo e a olhando dos pés a cabeça. O jeito que ele a olhava dava calafrios. Ele ainda sussurra algo que ela não pode entender, depois de passar por eles, ela olha pra trás, e ao dobrar o corredor Craig a olha mais uma vez, passando a língua sobre os dentes e depois piscando. Era repulsiva sua atitude mas Jenn não se preocupou. Seguiu ate Nate. Que estava de cabeça baixa arrumando algo em seu armário.

JENN:_Ta tudo bem?

NATE:_Otimo. –(ele não a olhou).

JENN:_Certeza?

NATE:_Tenho. –(ele a olhou seriamente). O que você quer?

JENN:_Nossa! O que foi?

NATE:_Nada. É so uma pergunta simples.

JENN:_ Eu so tava passando e resolvi parar pra dar um oi.

NATE:_Oi.

JENN:_Nossa Nate O que deu em você?

NATE:_Nada. –(ele fecha o armário com uma certa força brusca).

JENN:_Sobre o que voce e o Craig falavam?

NATE:_Não é da sua conta... –(ele junta sua mochila do chão e começa a caminhar).

JENN:_Hey... porque ta falando assim comigo?

NATE:_Não sei. Porque não pergunta pro seu namorado....

JENN:_Max? O que ele tem a ver com você ta me tratando assim?

NATE:_Pergunta pra ele... depois você vem e me diz. Ou melhor... não diz... é melhor pra voce ficar longe de mim... –(ele segue pelo corredor sem esperar Jenn).

JENN:_Nate?!

Jenn se perguntava: Que droga que bicho mordeu esse garoto? Alias que bicho mordeu metade da cidade? Jenn já tava cansada de ser evitada por todo mundo. Ate mesmo o próprio Max não falava direito com ela. Já tava na hora de descobrir logo o que estava acontecendo com as pessoas neste lugar.

Jenn volta pra casa e com os livros que havia pego na biblioteca começa a fazer mais pesquisa. Niana havia voltado pra casa dela no bosque, apesar de Jenn ter dito a ela que era mais seguro ficar na mansão. Do seu quarto Jenn ouvia as discussões dos tios que ecoava pelo corredor.

Jenn liga seu ipod num aparelho de som pra relaxar. Deixa tocar uma musica calma, pra não se envolver com o estresse que estava na casa. Ao som de Only Time da cantora Enya, ela se perde nos seus pensamentos enquanto Le as linhas do livro de lendas. Encontra alguns símbolos específicos mas nenhum deles se parecia sequer com o que ela encontrara na mão de Mary.

Jenn recosta-se aos travesseiros se deixando levar pelo som da melodia. Fecha os olhos enquanto tenta relembrar os acontecimentos da noite em que ela e Niana enfrentaram o professor totalmente descontrolado no bosque. Ao deixar-se envolver pelo leve tom musical Jenn acaba cochilando. Alguns minutos mais tarde, Jenn ouve um estrondo que vinha dos corredores da mansão. Ela acorda assustada se sentando a beira da cama. Anda ate a porta do quarto e a abre. Aguarda... ouve Alissa gritando... ela abre a porta totalmente e corre ate a menina. No alto da escada vê Devon abraçado a irmã, segurando-a. ao se aproximar ela olha os degraus a baixo e no final da escada vê o tio segurando a esposa. Ela estava caída no chão com o rosto ferido e um copo de bebida atirado logo a alguns centímetros de seu corpo. Ela estava desacordada, o marido tenta acorda-la já que era medico mas ela não reagi. Jenn corre ate o telefone e chama uma ambulância já que o tio não estava em condições de dirigir. Nãao demora muito ate que ela chegue. Os paramédicos acharam melhor levar Milla para o hospital. Stand decide acompanhar a esposa. Jenn permanece na mansão com os primos.

Ela leva Alissa para cama e fica com ela ate que a menina se acalme e finalmente durma. Depois desce as escadas e vê Devon recolhendo os cacos de vidro que estavam pelo chão. O copo de bebida da mãe estava em uma pequena mesinha. Ele estava chorando, mas ao ver a aproximação da prima enxuga suas lagrimas e continua a recolher os cacos. Jenn se aproxima sem dizer nada apenas o olhando. Ele se vira pra ela e diz:

DEVON:_Eu não tive culpa... juro que não foi minha culpa.

JENN:_Eu sei Devon... eu sei...

DEVON:_Ela não devia beber... a culpa é dele.

JENN:_Eu sei...

DEVON:_Ta tudo errado. O que ta acontecendo com meus pais Jenn? –(ele diz olhando pra prima com os olhos inebriados).

JENN:_Eu não sei Devon, mas vai ficar tudo bem...

DEVON:_Ta tudo errado...muito errado...

JENN:_Vem Ca... –(ela caminha em direção a ele e o abraça). Fica calmo. Isso vai passar, sua mãe vai ficar bem...

DEVON:_E se foi ele... que a empurrou?

JENN:_Não pensa nisso agora não. Ela tava bebendo e eles estavam discutindo. E você sabe como sua mãe é...

DEVON:_Eu juro que se ele a machucou...

JENN:_Calma Devon... precisa agüentar essa, a Alissa precisa de você...

DEVON:_Ajuda agente Jenn... eu sei que você pode... –(ele olha pra Jenn).

JENN:_Eu vou fazer o que eu puder...

DEVON:_Voce sabe como pode...

JENN:_Do que ta falando Devon?

DEVON:_Suas pesquisas... voce sabe que tem alguma coisa errada aqui não sabe?

JENN:_Como sabe disso?

DEVON:_Eu não sou burro Jenn, já tenho quinze anos e praticamente cuido dessa casa. Eu já vi algumas coisas.

JENN:_Que tipo de coisas?

DEVON:_Algumas coisas... eu vi você lendo uns livros estranhos e desenhando uns símbolos esquizitos no caderno...

JENN:_Voce anda mexendo nas minhas coisas Devon?

DEVON:_Desculpa mas eu entrei no seu quarto ontem, fui te chamar pra jantar antes de você ir pra aula, e vi...

JENN:_Não devia ficar lendo as minhas coisas...

DEVON:_Eu sei onde você viu esse símbolo porque eu tambem vi...

JENN:_Viu???

DEVON:_Vi...

JENN:_Onde?

DEVON:_Não sei se eu devia falar... mas isso foi o que assustou Alissa.

JENN:_Continua...

DEVON:_Craig  tem esse mesmo desenho no caderno dele. E tambem vi desenhado na porta do armario dele na escola...

JENN:_Craig?... –(Jenn fica pensativa e com o olhar perdido).

DEVON:_Eu não sei porque você tem esses livros e ta procurando essas coisas, mas se isso tem alguma coisa a ver com o que ta acontecendo com as pessoas... você devia continuar... é a única pessoa ainda normal que eu conheço e posso confiar... eu a Alissa so temos você.

JENN:_Devon volta pro seu quarto... eu preciso fazer uma coisa...

DEVON:_O que vai fazer?

JENN:_Vou ligar p Max... vai pra cama. Já ta tarde.

Jenn sobe as escadas e se tranca no quarto. Pega o celular e disca o numero do namorado. Mas ele fica dando na caixa de mensagem. Então ela liga pra Niana. Mas ela tambem não antende. Então ela decide aguardar ate o amanhecer. Havia muitas respostas ainda que ela deveria obter. E agora ela já sabia por onde começar.