Almas Prometidas escrita por ChatterBox


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é relaxante, só love.
Aproveitem ;)
Beijocas, Anonymous girl writer s2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/175119/chapter/9

           Fomos para a casa de Eric depois da conversa. O silêncio reinava no carro. Eu estava com uma confusão formada em minha cabeça. Milhares de pensamentos trágicos me rondavam e me dava calafrios. Abracei á mim mesma, tentando controlar o frio que gelava minha alma.  O carro parou no estacionamento da sua casa. Ele me fitou, parecia preocupado, ou sensibilizado.

 - Vamos?

Abriu a minha porta do lado de fora e estendeu a mão num sorriso amigável.

Suspirei. Por um momento olhá-lo deixou tudo muito melhor, o sol refletia no seu rosto deixando-o ainda mais lindo. Seus olhos estavam cinzas, brilhavam com o reflexo do sol. Tê-lo perto me fazia sentir-me segura, não importa o que acontecesse. Eu o amava muito e agora sabia o porquê.

 Peguei sua mão aceitando o convite num sorriso. Saí do carro e olhei para sua casa. Segundo ele, sua mãe sabia a verdade. Também, seria difícil não saber a identidade do seu próprio filho.

Ele envolveu meu ombro e abriu a porta de casa. Estava meio abafado e as luzes estavam apagadas, mas o lugar me agradou. Era parecido com a minha casa, já que os imóveis da rua tinham todos o mesmo formato. Mas os móveis tinham uma aparência mais antiga. Os enfeites pareciam artefatos passados entre entes da família.

  - Sua mãe está em casa?

Eu perguntei em voz baixa, estava com medo de que estivesse eu fosse incomodar. Sorriu para mim, ternamente.

 - Está. – Olhou para a escada e chamou num berro. – Ô mãe! Vem ver quem está aqui.

 - Já vou, filho.

A sua voz soou abafada vindo de dentro do corredor do primeiro andar. Ela apareceu depois, estava de roupão penteando o cabelo molhado, quando me viu, sorriu entusiasmada:

 - Oh, que bom te ver, Lara!

Desceu as escadas e me abraçou, estava com uma camisola por debaixo do roupão. Me abraçou, cumprimentando-me.

 - Que bom que veio. Estou feliz que estejam juntos outra vez, o Eric não parava de falar em você.

Eric coçou a cabeça envergonhado.

 - Ela sabe de tudo mãe. – Contou de repente. Srta. Burton fez uma cara de surpresa, misturada com preocupação.  – Ela ouviu uma conversa de mim com a Jessie.

Seguiu-se um minuto de silêncio até que Srta. Burton respondeu:

 - Oh, minha nossa, você está bem?

Tocou meu braço com olhar de compaixão. Parece que ela estava ciente do meu risco de morte.

 - Estou. – Respondi, minha voz falhou um pouco. – Pelo menos até agora, sim.

 - Um caçador nos achou, mãe. Conrado, nos viu no carro e eu acabei... – Eric procurou fôlego, suspirava arrependido. – Dizendo uma coisa que não devia.

 - Ah, Eric, sabe que devia ter ficado longe dela, foi isso que foi fazer ontem á noite?

 Srta. Burton Reclamou, mas seu tom estava calmo, com pitada de decepção.

 - Mãe, sabe quanto isso é difícil para mim. - Eric tapou os olhos com os polegares. – Ela estava saindo com um cara e eu achei que ele podia ser um caçador, correria perigo se eu não ficasse por perto.

 - Mas e agora? Se ela foi descoberta, corre grande risco de morrer!

 - Eu não vou deixar. – Respondeu num ato, o tom estava determinado. – Eu estou aqui, não estou? Não podem fazer nada contra ela.

 Sua mãe suspirou, tinha um ar de dúvida. Talvez corresse muito risco, no fundo eu não queria que Eric se arriscasse por mim.

 - Tudo bem, então. Pode ficar o quanto quiser. – Srta. Burton sorriu me tranquilizando, uma parte de seu rosto ainda mostrava a preocupação mascarada em seu sorriso. – Está com fome? Eu fiz uma torta agora á pouco.

 Olhei para ela e meus olhos brilharam Minha barriga estava roncando. Não tinha tomado café da manhã, não fiquei na festa para comer a comida que tinha lá.

 - Ah, eu aceito, por favor.

Ela sorriu e nos levou para a cozinha. Pousou um prato com uma gigantesca fatia de torta de morango bem na minha frente.

   - Bom apetite.

 Desejou e saiu da cozinha. Ataquei a torta, faminta. Estava uma delícia. Eric riu me vendo comer desesperadamente.

 - Sinto muito ter deixado você com fome.

Lamentou, mas não tinha arrependimento em sua voz, ele ria.

 - Não tem problema, eu passaria dias sem comer se fosse parar nessa torta!

Elogiei, ainda comendo com voracidade. Outra garota teria vergonha de parecer uma morta-fome na casa do seu namorado. Mas ele era Eric, sabia tudo sobre mim, e eu tudo sobre ele agora, não havia nada que eu precisasse esconder ou tivesse vergonha de contar.

 - Você deve ter muitas perguntas para me fazer.

Mudou de assunto, falando baixo. Nos entreolhamos em silêncio antes que eu me manifestasse:

 - Eu tenho. – suspirei. – A primeira é por que os seus olhos mudam de cor?

Ele riu com a importância da minha primeira pergunta.

 - É de acordo com a minha necessidade de sugar almas.

 - E cinza significa o quê?

 - Que estou satisfeito.

 - Roxo é faminto?

 - Sim.

 - Quanto tempo a alma que você suga dura no seu corpo?

 - Em média cinco dias.

 - O que acontece se você parar de sugar?

 - Eu morro, ou acabo atacando a alma da primeira pessoa que encontrar.

 Engoli a saliva.

 - Pode... Morrer?

O impacto daquela pergunta me deixava sem ar.

 - Posso. – admitiu. – Mas não se preocupe, eu não vou. Não depois de ter ficado com você.

Sorri, lisonjeada. Na verdade, Eric sempre foi meu, do jeito que eu sempre achei que nunca seria. Aquilo fazia eu me sentir nas nuvens.

 - E não tem nenhum jeito de eu ficar á salvo? – Eu perguntei, a tristeza na minha voz era evidente. – Os desalmados vão ter que ficar para sempre longe de suas almas gêmeas?

 - Existe uma maneira... – Sussurrou. – Mas é muito difícil de acontecer.

 - Que maneira?

 Perguntei ansiosa, uma luz de esperança se acendeu. Qualquer coisa servia.

 - Temos que encontrar o livro.

Franzi o rosto.

 - Que livro?

 - A sociedade secreta dos caçadores tem um livro. Um livro que dá poderes especiais á todos que se associam á ela. Quando eles se unem á sociedade, fazem um juramento e ganham poderes especiais.

 - Que tipo de poderes?

 - Tele transporte. Visão do futuro e outras habilidades que ainda não sabemos.

 - Então foi isso que fez? – gelei. – Naquele dia ele se tele transportou quando eu o vi.

 - Sim, por isso desapareceu.

 - E onde está esse livro? O que tem nele? Porque ninguém nunca o destruiu? E o que acontece se o destruir?

 - Todos os desalmados ganham uma alma de verdade.

 Sorri. Era perfeito, certo?

 - Então por que ninguém o destruiu ainda?

 - Esse livro é enfeitiçado, sagrado. Nele existe o contrato que foi feito entre o céu e o inferno que estabelecia a existência dos desalmados. Se ele for queimado, não vai mais existir acordo. Mas ele está guardado pela sociedade dos caçadores, que o roubou á muito tempo. Com isso ficaram sabendo da nossa existência e dos privilégios do sacrifício da alma gêmea lhe dão. Ninguém sabe onde está. – Puxou fôlego, derrotado. – Todos que tentaram tiveram suas almas gêmeas sacrificadas durante o eclipse.

 - Confio em você. – Sibilei. – Não vai acontecer nada comigo.

Não estava mentindo, Eric me passava toda a tranquilidade que eu precisava. Fiquei paralisada quando ele encostou seu nariz no meu, beijou minha boca, intensamente. Era difícil dizer a sensação que eu sentia, é como se todo o sentimento preso dentro de mim fosse liberado de uma só vez, me fazendo ficar desnorteada.

Arrastei minha mão direita pelo seu pescoço, a sua pele era quente. Ainda me lembrava da cena dele sem camisa no quarto da Jessie, daria tudo no mundo para ver aquilo de novo. Segurou minha nuca, aproximando-me dele.

Ele recuou num instante.

 - Vamos para lá para cima?

Perguntou num sorriso, sorri de volta.

 - Vamos.

Levantamos das cadeiras e subimos as escadas da sala. A porta do quarto da Srta. Burton estava aberta, lá dentro ela estava esparramada na cama com o zumbido do ventilador girando ventilando o quarto.

Eric abriu a porta do seu quarto. Entrei, meio tímida, mas confortável.

Tinha o mesmo tamanho que o meu. Mas o estilo era completamente diferente. Tinha um telescópio na janela de vidro, ao lado, uma cama com o lado encostado na parede. Uns pôsteres de bandas de rock. Um guarda-roupa de madeira marrom meio antigo, aberto e cheio de bagunças em frente á ele.

Eric fechou a porta quando entrei. Olhei em volta.

 - Nossa, da última vez que entrei no seu quarto só achei carrinhos de controle remoto e videogames.

Ele riu.

 - É, as coisas mudaram agora, doce.

Não me cansava de ouvi-lo me chamar de “doce”.

Sentei-me na cama mal forrada e acompanhei com os olhos ele se movimentar pelo quarto, pegando umas tralhas de dentro de uma caixa da mudança e organizando no guarda-roupa.

 - Ainda não acredito que não arrumei tudo ainda.

 - Quer ajuda?

Me ofereci.

 - Ahm... – pigarreou. – acho que vai achar coisas muito desagradáveis aí dentro.

Deu risada. Espiei o que tinha dentro da caixa, sentada no chão e deparei-me com uma mala aberta, cheia de cuecas. Afastei o rosto com repulsa, muito desagradável, com certeza.

 - Eh... – Suspirei sem graça. – Não tem alguma outra coisa que eu possa ajudar á arrumar?

 - Tem uns porta-retratos naquela outra caixa.

Apontou para a caixa na outra ponta do quarto. Engatinhei até lá, abri a caixa, vários porta-retratos com fotos de família estavam empilhados lá dentro.

 - Onde eu coloco isso?

Perguntei.

 - Na escrivaninha.

Pediu.

Comecei a organiza-los na superfícies da escrivaninha.

 - Então... – Comecei a conversar com ele de lá. – Se vocês são desalmados, a Jessie também tem um par, certo?

 - Tem.

 - Quem é ele?

 - Não sei o nome, mas eles tem uma longa história juntos.

 - Eu sinto tanto por eles. Não são como nós, eles tem a distância entre cidades.

Lamentei. Sabia bem o que deviam estar sentindo. Só de imaginar Eric em outro lugar eu ficava louca.

 - Foi preciso. Faria o mesmo para te deixar viva.

Virei para ele bruscamente.

 - Nem pense nisso!

Ordenei.

 - Não se preocupe. – riu. – Não posso te deixar sozinha agora. Tenho que ficar com você dia e noite agora, Srta. Cambrige.

Vasculhei a caixa para pegar os outro porta-retratos e encontrei um com uma foto dele e Jessica numa sorveteria, brindando com milk-shake.

 - Vocês se conhecem á tanto tempo assim?

Eu quis saber.

 Ele esticou-se do guarda-roupa para olhar a foto que estava na minha mão. Depois respondeu:

 - É... Nos conhecemos e depois fizemos o plano de fingir sermos namorados. Somos muito amigos. É que só nós dois sabemos como é precisar da alma de outra pessoa.

Seu sibilo soou distante, imerso em pensamentos. Pousei aquele último retrato na escrivaninha e sentei na cama de novo.

 - Posso tentar entender, - me deitei. – se você me explicar.

Ele voltou-se para mim e sorriu, me vendo deitada na cama.  Caminhou devagar e deitou ao meu lado, de frente para mim, nos entreolhamos por longos instantes antes que ele falasse. Pegou minha mão e a acariciou, disperso.

 - Não ter uma alma é como... – Começou a explicar. – Não ter uma vida. Você se sente incompleto e vazio. Como se nada o prendesse na terra, nem a gravidade. – suspirou. Eu acompanhei seus movimentos enquanto ele se aproximava, me puxando pela cintura. Respiramos o mesmo ar. Imaginava horrorizada como seria não ter nenhuma razão para viver, meus olhos ameaçaram encher de lágrimas. – Á não ser que você esteja com seu par. – Sorriu. – É como de repente nada faltasse. Sua alma preenchesse á você e á mim, não preciso mais de nada.

E nos beijamos de novo, como se eu e ele fôssemos os únicos no mundo.

Quando paramos, o fôlego foi o mesmo, raro. Eric sorriu como se gostasse muito daquilo.

 - Eu tenho uma boa notícia.

Informou. Sorri de volta animada.

 - Qual?

 - Não vou posso deixar você desprotegida, então vou ter que entrar no seu quarto durante á noite, vou ter que dormir com você.

Eu nunca tinha feito isso em toda a minha vida. Eram oito da noite quando todos na minha casa dormiram. Menos eu.

Tive que garantir de que ninguém ouviria nada. Fechei a porta, e dei um toque no celular para Eric. No mesmo momento, ouvi uma pessoa me chamando do jardim.

 - Psssiuuuu!!!

Corri para olhar da varanda. Ainda estava tentando descobrir como ele faria isso. Estava do jardim, me olhando de lá de baixo. Nenhuma corda, nenhum trampolim, ou qualquer outra maluquice que eu pudesse ter pensado.

 - Como você vai...?

Perguntei em tom baixo.

 - Psiu! Faz silêncio. Chega para trás.

Franzi o cenho para ele. Não sei o que ele pretendia, estava achando aquilo uma loucura, mas não cogitei nada, obedeci.

Foi então que fez aquilo. Que antes eu achava impossível. Deu um salto tão alto que conseguiu se pendurar na grade da varanda do meu quarto e depois passar tranquilamente para dentro. Fiquei incrédula e imóvel olhando-o respirar fundo, cansado. Olhou para mim e abriu os braços:

 - Então...?

Gaguejei, sem palavras:

  - Como...?

 - Disse que nós desalmados temos algumas habilidades.

Entrou no meu quarto.

 - Nossa, esse quarto parece bem maior sem ser visto do telescópio...

Andou em volta do meu quarto. As luzes estavam apagadas. Pairei por um momento, quando percebi que ele tinha acabado de confessar que me espiava pelo telescópio.

 - Você... Me espionava pelo telescópio?

Não se constrangeu muito, falou sem emoção:

 - Opa, não devia ter dito isso, certo? – sentou-se na minha cama. – Vai acreditar se eu disser que era para saber se estava segura?

Cogitou, mas até a sua voz transmitia dúvida.

 - Não.

 - É, eu imaginei.

Caiu deitado na cama, com os joelhos para baixo. Cruzei os braços.

 - Vai dormir aqui todas as noites?

Estava só querendo ouvir ele dizer que sim.

 - Vou. – Levantou-se. Eric estava vestindo uma camisa branca e calça de moletom. – Por que? Tem medo de dormir comigo?

 Mordeu o lábio me observando de pé.

 - O quê? Não, não mesmo.

Neguei freneticamente. Apoiou as mãos na cama e voltou á me olhar.

 - Então por que se cobriu desse jeito?

Apontou para o que eu vestia. Olhei-me.

Tivera um dilema antes dele chegar. Pensei que não queria parecer tão desagradável quanto naquela noite em que veio buscar o carro. Então vesti uma camiseta e calça até os joelhos como pijama.

 - Queria que eu vestisse um lingerie?

Zombei, dobrando a cabeça. Riu, um pouco alto de mais, eu o interditei:

 - Shhh!

Pedi, ele não parou, riu mais alto deitando-se na cama, eu me aproximei mais para impedi-lo de acordar meu pais, me aproximei tanto que acabei caindo sentada em seu colo, ignorei aquilo e pedi sussurrando:

 - Meus pais estão dormindo.

Avisei. Ele silenciou em um segundo e apenas me olhou sentada em seu colo durante dois minutos, umedeceu os lábios. Me senti extremamente pervertida e me corrigi no mesmo momento, me levantando e deitando ao seu lado.

 - Eu ajustei o despertador. – joguei essa. – para você acordar mais cedo, antes de meus pais.

 Deitei minha cabeça no travesseiro e puxei o cobertor para nos cobrir. Ainda não disse nada. Fitou meus olhos e me abraçou. Mas não houve qualquer desejo, foi um abraço protetor, seguro e carinhoso. Me sentia completa ali.

Para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

...Será?
kkkk'
merece reviews?
Beijocas, Anonymous girl writer s2



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Almas Prometidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.