E Eu Tão Singular, Me Vi No Plural. escrita por Beatriz Dohler


Capítulo 10
Capítulo 9




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Edward POV

- Como assim você nunca bebeu? Isso é quase impossível! – Falei abismado olhando a menina na minha frente com as bochechas vermelhas e um olhar tímido no rosto.

Depois de jantarmos, nos sentamos na sala e estávamos conversando há algum tempo, quando eu sugeri que fossemos atrás de uma garrafa de vinho, ela ficou tímida e admitiu nunca ter bebido. 

- Desculpa menino da cidade grande, eu só acho uma bobeira sabe? – Bella respondeu dando de ombros.

- E por que você acha bobeira? – Perguntei realmente interessado, aproximando meu rosto do seu inconscientemente. 

Ela suspirou e pareceu pensar por alguns segundos. 

- Pra que beber? É uma coisa que só faz mal pra sua saúde e tem um efeito desnecessário, você pode ficar alegre com outras coisas que não te prejudiquem. Charlie bebe muito e no dia seguinte está sempre reclamando. – Ela mordeu o lábio inferior –  Enfim. 

  

Isabella não tinha a mente de uma menina de dezessete anos. Definitivamente não. Na faculdade, as meninas não viam a hora de chegar o fim de semana para beberem até não aguentar mais. Alice, minha prima, já havia ficado tão bêbada ao ponto de vomitar no tapede novo da tia Esme, o que nos rendeu boas histórias.

E eu não pude deixar de ficar encantado com a simplicidade dessa garota. 

- Você está certa. Muitas meninas da sua idade não pensam assim Bella, continue desse jeito. – Dei um sorriso torto e ela deu de ombros como se não fosse grande coisa.

Conversamos um pouco mais, já que o sono demorou a chegar. Bella estudava durante o período da manhã, trabalhava atarde e cuidava da casa anoite, fazendo jantar, lavando roupa e etc. Duas vezes por semana, servia como voluntária da creche, e ás vezes olhava Luna, a filha de um casal de advogados ocupados. E eu descobri que Isabella pode ser reconhecida como a menina dos sorrisos, por mais nova que seja, sabe entrar em um assunto e expor sua opinião. Ao perguntar da minha vida na faculdade, seus olhos brilharam e eu senti um pouco mais de raiva do seu pai. 

Ele queria privá-la de um futuro melhor e isso é inaceitável.  Mesmo assim, era possível ver o orgulho em seus olhos quando falamos dele.

Já passava das três da manhã e ela gargalhava ouvindo minhas histórias sobre a faculdade. 

Mas ao invés de ficar encantada com o desconhecido, ela me parecia realmente curiosa. 

Contei que embora fizesse Medicina, meu amor era a música e que tinha algumas composições próprias.

- Você tem cara de músico mesmo! Daqueles bem famosos sabe? Que a gente só vê pela TV – Ela disse ainda rindo e bocejando pela terceira vez. 

- Você é absurda Bella. – Sorri pra ela e decidi que conversamos o suficiente por hoje, precisávamos de um descanso.– Agora acho que já passou da hora de criança ir pra cama, não é dona Isabella?

- Só Bella, eu já disse. E você é pouca coisa mais velha que eu. – Ela disse revirando os olhos.

Fiz cara de ofendido e olhei pra ela sorrindo ameaçadoramente.

- Impressão minha ou alguém acabou de revirar os olhos pra mim? – Falei me aproximando aos poucos.

Ela entrou na brincadeira, levantando a sobrancelha e inclinando o corpo minimamente para trás, já que estávamos no mesmo sofá. 

- Sério? Eu nem percebi. Mas não é como se a criança aqui tivesse medo. – Ela respondeu com uma falsa voz de entediada.

Seu corpo estava praticamente deitado no sofá, e minha vontade era agarrá-la, mas sabia que não podia fazer isso. Não agora. 

- Vou te dar motivos pra ter medo. – Pisquei e vi ela mordendo seu lábio inferior com força, ato que eu percebi ser uma de suas manias.

Ela inclinou o corpo pra frente como se fosse se levantar mas eu fui mais rápido, colocando minhas mãos em sua barriga e começando um ataque de cócegas que fez seu corpo mexer, seus olhos lacrimejarem e inúmeras gargalhadas.

Ri junto com ela enquanto ela pedia entre risadas um pouco de piedade. O que só me fez rir mais.

Parei quando ela começou a engasgar de tanto rir e sua respiração era ofegante.

- Você vai ver Ed – respirou fundo – eu vou me vingar! - O sorriso em seu rosto era tão bonito que eu cheguei a perder o foco.

Levantei do sofá, pegando-a no colo com facilidade e subindo a escada (mesmo sob protestos, tapas e etc). A deixei na porta do quarto de Alice, olhando para a menina com o cabelo bagunçado, bochechas coradas, sorriso sincero e respiração irregular.

- No aguardo da sua vingança, agora durma pequena. Até amanhã. - Beijei sua testa e acariciei suas bochechas por impulso.

Suas orbes castanhas me fitavam com curiosidade e aproximei nossos lábios inconscientemente. 

- Boa noite. E... obrigada. Eu me diverti muito hoje. – Sua voz saiu tímida o que só me fez ter mais vontade de beijá-la.

Mas Isabella era diferente, uma menina que merece o melhor. E eu tinha se sou o melhor. Afastei minha mão de seu rosto relutante.

- É só o começo, isso eu te garanto. – Respondi piscando e indo rumo ao meu quarto. 

Eu tinha um sorriso bobo no rosto e revirei os olhos assim que fechei a porta.

Eu parecia um adolescente com a sua primeira paixão. 

Dormi  pensando em uma baixinha de sorriso encantador, bochechas vermelhas e fantasia de frango.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostei =)