Observei as cortinas do meu quarto esvoaçarem ao vento que soprava pela janela aberta, marcando o inicio do outono. A noite acenava para mim, e eu respondi ao seu chamado.
Levantei as cobertas, andei em direção a janela e fiquei lá, apenas observando a escuridão da meia-noite. O vento se agitou atrás de mim enquanto deslizava meus olhares pelas ruas obscuras da minha cidade.
Foi quando eu vi, parado, em cima de um rochedo em alto mar. Notei um raio de luz brilhante vindo de lá, oque me chamou a atenção.
Sem me dar conta desci até o pico rochoso para investigar o significado daquela mudança inesperada no meu sonho. Conforme me aproximei, percebi que a luz reluzente não vinha de um farol, nem de fogueira. Mas do cabelo dele, loiro tão claro que refletia na penumbra da noite.
A figura encarava o mar. Com as mãos no bolso de sua calça jeans. Sua aparência era jovem, devia ter mais ou menos dezesseis anos, voei um pouco mais para perto, mas não muito. Queria vê-lo, mas não queria que ele me visse.
Apesar de seu rosto estar pouco nítido por causa da escuridão, me senti fortemente ligada a ele. Seus olhos eram verdes e sua pele surpreendentemente queimada pelo sol.
Ele mudou de posição e pude ver melhor seus olhos. Porem, quando mais eu observava seu rosto, mais ele mudava. Os olhos agora pareciam mais vermelhos, e não verdes. Sua pele se tornava cada vez mais pálida, quase como se sua pele humana estivesse se transformando em mármore, liso e frio. Parecia que um escultor esculpira uma criatura angelical, onde antes havia um ser humano.
Então ele se virou e me encarou. Como se soubesse que eu estava lá o tempo todo. E deu um sorriso horripilante e astuto. Seu rosto perfeito já não lembrava a escultura de um anjo, mas a de um demônio, e então eu percebi que havia olhado para o rosto do demônio em pessoa.
Abri a boca para gritar de horror. E então, cai.
Abri os olhos e vi minha cama. Estava deitada em minha cama marquesa, estilo vitoriano, o sol fraco do inicio da manhã atravessa a persiana.
Esfreguei os olhos para afastar o pesadelo, quando ouvi uma voz me chamando da escada.
- Alyson! - Era a governanta da academia, eu estava atrasada.