Sociedade Carmim escrita por Nynna Days


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo da Jordan. O que acontecerá com ela agora que já percebeu que não consegue ler os pensamentos de Ethan?



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Capítulo 3

Eu estava correndo.

Correndo pelo mesmo bosque que eu passava toda vez que ia a escola. Sombras sussurravam meu nome e tentavam me alcançar. Por mais que eu corresse, o vento que batia em meu corpo era tão forte que me fazia voltar um passo. Meu coração estava quase pulando para fora de mim.

Volte, princesa.

Você nos pertence.

Continuei correndo como se não tivesse amanhã em direção a luz. Esperando que fosse a saída daquele pesadelo. Quando estava perto da saída, senti algo agarrar meu tornozelo. Eu gritei. Gritei com todas as forças. Mas, caí, e me senti sendo arrastada. Olhei para trás e vi apenas uma sombra. Mas além, encostado em uma árvore, quieto e observador, encontrei um par de olhos verdes esmeraldas que me encaravam com ódio.

“Me Ajude”, eu tentei gritar.

Me senti sendo balançada e acordei sugando todo o ar de uma vez, sentindo meus pulmões ardendo um pouco. Minha visão estava um pouco embaçada, então estiquei meu braço e tateei a mesinha de cabeceira atrás do meu óculos. Assim que os coloquei, pude encarar os olhos azuis e preocupados de minha madrinha.

“Outro pesadelo, Jordan?”, ela perguntou passando a mão por meus cabelos desgrenhados. Eu passei a mão pelo meu rosto e pude ver que estava suando como nunca. Levantei, ignorando os pensamento negativos da minha madrinha e me enfiei no banheiro, querendo tomar uma ducha e esquecer tudo o que tinha visto.

“Não foi nada, Meg.” , eu respondi.

“Se todo nada fizer você gritar a plenos pulmões, nem quero saber o que é tudo”, ela disse do lado de fora do banheiro. Em seus pensamentos eu sabia que ela estava preocupada por não ser a primeira e nem a última vez que eu tinha pesadelos. Mas aquele tinha sido tão real.

“Você não está atrasada, Megan?”, eu disse.

Um minuto de silêncio enquanto ela olhava o relógio de pulso e ...

“Droga, estou atrasada”, ela gritou, saindo do quarto. Eu sorri sozinha enquanto me arrumava para mais um dia de aula.

*****

Dizer que fui andando calmamente para a escola, seria mentira. A verdade era que eu tinha me arrastado até a escola, mas, ao mesmo tempo, estava alerta a todos os pensamentos a minha volta. Então, me lembrei que eu não conseguia ler os pensamentos de Ethan, e isso se tornou um problema.

Quantas pessoas seria capaz de fazer isso? Como ele fazia isso? Será que o ódio que ele sentia por mim, neutralizava meus poderes? Não, se fosse assim, metade das garotas da escola já teria neutralizado meus poderes. Senti um frio na espinha quando passei pelo bosque e vi a semelhança quase palpável com o bosque do meu sonho.

Assim que cheguei a escola , fui abordada por Christina. Se arrastando, logo atrás dela vinham Ethan e Nara. Ethan me deu um olhar estranho e quando percebeu que eu o estava encarando, desviou o olhar. Era estranho, aquele silêncio vindo dele. Um silêncio que eu não escutava a bons 7 anos.

De Christina, eu estava poucos pensamentos. Era como um rádio com interferência. Hora ou outra ela pensava em como eu me vestia mal. E em como eu poderia ficar bonita depois de uma ida ao shopping, se eu a deixasse me levar. Pensamentos fúteis, mas eu sabia que ela tinha um grande coração.

Nara pensava apenas que não gostava de mim. Não gostava do jeito que eu peguei o seu lugar e fiquei perto de Ethan. Não gostava do jeito que eu a olhava. Não gostava nem do jeito que eu respirava. Gostava muito menos quando eu e Ethan ficávamos nos olhando. Se ela pudesse, me mandava para outro país. Eu só não sabia o porque de tanto ódio pra cima de mim.

Tudo bem, eu sabia sim.

Ela gostava de Ethan e achava que eu iria pular no pescoço dele a qualquer momento. O que não era verdade. Primeiro porque a gente se odiava e segundo porque depois daquele pesadelo, eu não conseguia mais ver Ethan como um garoto normal e bonito. Eu o via como um garoto com uma estranha capacidade de neutralizar meus poderes e de dar medo.

“Bom dia, Jordan”, Christina disse me cumprimentando com um braço. “Wow, você está pálida”, ela fez uma careta.

Revirei meus olhos e fiz um rápido cumprimento com o olhar para Nara e Ethan. Apenas Ethan retribuiu. Nara virou o rosto e , eu juro, ela estava pronta para voar no meu pescoço a qualquer segundo.

“Bom dia para você também, Christina”, eu respondi e comecei a caminhar para dentro da escola. Conseguia escutar passos atrás de mim e estava bastante ciente dos Ramirez e de Nara vindo logo atrás.

Eu estava tão cansada e acabada por conta daquele pesadelo de ontem que , no momento em que passei pelo batente da porta da escola, o mar de pensamentos me pegaram de guarda baixa, me fazendo recuar. Bati minhas costas em alguém e quando me virei, encontrei um olhar estranho vindo de Ethan.

Levantei meu ombros e continuei o caminho, até a sala de aula. Lá, foi bem pior. O lugar vazio, inúmeros estudantes com cabeças a toa. Hormônios a flor da pele. A minha vontade foi de virar as costas e sair andando, mas não o fiz. Apenas sentei no mesmo lugar de ontem (recebendo um olhar mortal de Nara) e comecei a assistir a aula, tentando me concentrar nos meus pensamentos.

Fechei os olhos por um momento, me arrependendo de ter vindo a escola. Toda vez que eu estava mal, ou tinha algum pesadelo, eu ficava fraca e não conseguia me concentrar direito. Senti uma mão no meu ombro e quando abri os olhos, percebi que todos me encaravam, inclusive o professor, ali, parado na minha frente.

“Tudo bem, Senhora Leight?”, ele perguntou.

Eu poderia ter dito que sim e continuado na aula. Poderia ter dito que sim e continuaria escutando os pensamentos de todos de uma vez. Mas eu não queria aquilo. Não mais hoje. Por isso eu levantei meus olhos, ajeitando meus óculos e disse:

“Não”

O professor olhou para os lados, pensando no que faria. Em seus pensamentos, pude ver meu reflexo. Meu cabelos negros, estavam uma bagunça. Eu tinha tentado prendê-los em um tabo de cavalo, mas não tive muita sorte. Meu olhos cinzas pareciam ter perdido o foco e meus óculos estavam tortos. Mas, principalmente, eu estava mais pálida do que eu jamais estive em toda a minha vida.

“Senhor Ramirez, poderia acompanhar a Senhorita Leight até a enfermaria?”, o professor perguntou encarando o loiro ao meu lado. Ethan não sorriu , mas concordou.

Me levantei um pouco fraca e comecei a catar minhas coisas. Christina me impediu, dizendo que ela levava depois. Vi, pelo canto de olho, Nara estreitando sues olhos escuros para mim, mas eu estava muito mal para bater de frente com ela. Eu só queria sair daquele mar de confusões de pensamentos.

Só consegui respirara melhor quando atravessei a porta da sala. Ethan andava a alguns passos de distância de mim. Ele tinha as mãos nos bolsos e a expressão séria, mas tinha algo em seus olhos verdes, além de desprezo. Talvez confusão. Era tão ruim ficar no escuro. Continuei caminhando sem olhar mais para ele, sem perceber quando ele me pegou pelo braço e me parou em meio ao corredor deserto.

“Você está indo para o lado errado.”, ele disse. Assim que em tocou, lembranças do meu sonho voltaram a minha mente. Eu recuei no mesmo segundo.

“Eu não estou indo para enfermaria. Estou indo embora”, eu disse indo para o estacionamento. Ele me seguiu de novo em silêncio, enquanto eu abria a porta da saída e caminhava com passos seguros até a saída. Parei apenas para pegar meu celular e ligar para minha madrinha. Caixa postal.

Droga, Meg!

“Acho que precisa de uma carona”, Ethan disse atrás de mim. Ele esteve tão quieto que, se sua presença não fosse tão masculina e chamativa, eu nunca o teria notado parado atrás de mim. Eu o encarei pronta para recusar, mas pensar em voltar sozinha, me fez recuar um pouco em minha decisão. Apenas assenti.

Ethan arregalou um pouco os olhos, surpreso por eu não tê-lo rejeitado e me guiou até a BMW. Ele abriu a porta, educadamente para mim e foi para o lado do motorista. Quem nos visse, nunca diria que nos odiávamos.

“O que está sentindo?”, ele perguntou enquanto eu o guiava até a minha casa. O caminho era curto, mas parecia cada vez mais longo, sentindo a tensão entre nós dois.

“Não sei. Indisposição, talvez”, eu disse e abri a janela.

Bem quando passávamos pelo bosque. Eu engoli a seco e fechei a janela de novo. Percebi Ethan me olhando, mas não o olhei de volta. Cruzei meus braços e esperei até que chegamos em casa. Saí do carro o mais rápido que pude, mas não mais rápido que Ethan. Logo ele estava ao meu lado, segurando em meu ante-braço, me impedindo de entrar. Tinha algo em seu olhar que , ao mesmo tempo me fazia ficar, me fazia querer xingá-lo também. Ele despertava alguma coisa não muito boa em mim.

“Por que você me odeia?”, ele perguntou de repente.

Eu esperava qualquer tipo d pergunta menos aquela.

“Eu não te odeio, quero dizer, não me simpatizo com você. Só.”, eu respondi. Ele abriu a boca para pergunta o porque de novo, mas eu o interrompi. Não precisava ser leitora de mentes para saber que ele queria uma resposta completa. “Não sou uma dessas garotas que caem ao seus pés com um sorriso e um aceno, Ethan. Posso me vestir como Nerd, posso , até mesmo, agir feito uma, mas não sou idiota o suficiente para ficar sonhando acordada com o príncipe encantado. Já passei dessa fase. Na verdade, eu nunca a tive.”

“Mas, do que diabos você está falando?”, ele perguntou. Também admitia que estava confusa com minhas próprias palavras. Nem sabia o porque de soltá-las. Tinha sido sem pensar. Engoli a seco e escolhi as palavras com cuidado.

“Não sou Nara, Ethan”, eu disse. Ele arregalou os olhos por um momento, então os estreitou. “Só porque sou nova, não quer dizer que eu queria uma aventura.”

“Eu não estou dizendo nada disso”, ele disse. “E como você sabe de Nara?”

“Eu vejo pelo jeito que ela te olha. Pelo jeito que ela me olha.”, eu respondi , me soltando. “E quem odeia quem aqui, não sou eu. Não sei o porque mereço o seu desprezo, mas não vou ficar aos seus pés, me arrastando querendo atenção.”

“Você é tão confusa”, ele disse.

“E você bastante insistente”, eu retruqui. Coloquei a mão no bolso e soltei um palavrão. Tinha esquecido minha chave na mochila. Abaixei e peguei a chave reserva em baixo do tapete de Boas Vindas e abri a porta.

Ethan ainda permanecia quieto atrás de mim.

“Você já fez o seu trabalho e me trouxe aqui.”, eu disse , mal humorada.

Ethan despertava meu pior lado. E não sabia o porque. Talvez por meu poder não funcionar com ele e aquele silêncio ser bastante apreensivo para mim. Eu nunca tinha ligado pro que as pessoas pensavam de mim, por que eu sempre sabia no primeiro instante. Mas com Ethan era diferente. E era aquilo que eu odiava.

“Tudo bem”, ele disse e começou a se virar para ir embora, mas parou no meio do caminho para me encarar. Tinha algo em seus olhos verdes, que me fazia recuar e querer me aproximar. “Você me odeia?”, ele perguntou um pouco desconfortável. Passou a mão pelos cabelos dourados e esperou.

“Tanto quanto você”, eu respondi e fechei a porta, já do lado de dentro. Coloquei minhas costas na porta e escorreguei até o chão. Coloquei minha mão no coração , sentindo-o acelerando sem motivo aparente.

Não, sem história de amor, agora.


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Notas finais do capítulo

Ih, o que vai acontecer agora? comentem e deêm ideias do que querem que aconteça. Vai que aparece ai.



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