Sociedade Carmim escrita por Nynna Days


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

desculpem a minha demora. Aproveitem esse capítulo, mas o seguinte é melhor. Sem spoilers, leiam e descubram.



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Capítulo 12

Mesmo eu esperando o contrário, eles foram me buscar em casa no dia seguinte. A tensão entre mim e Ethan era quase palpável. Nara tinha um pequeno sorriso no cantos dos lábios e Christina tentava, sem sucesso diminuir a tensão entre nós com assuntos sem importâncias. Eu fiquei apenas encolhida em meu canto no carro. Casualmente, os olhos de Ethan encontravam os meus pelo retrovisor, mas ele rapidamente os desviava.

Quando chegamos a escola, eu estava uma porcaria humana. Quero dizer, uma porcaria mestiça. Os pensamentos que me inundavam estavam me deixando enjoada. Eu estava desconcentrada e tonta. Muitas vezes cambaleante. Como Ethan poderia ter feito isso comigo cm tão pouco?

O ódio cresceu em meu peito, de repente. Quem era ele para achar que poderia fazer isso comigo? Minha vontade era de dizer em alto e bom som que eu era , sim, uma Dark. Pressionava os lábios juntos constantemente para me impedir. A única coisa que me impedia era a promessa que tinha feito a Megan.

Na hora de intervalo, o ódio dava lugar ao temor. Será que era melhor eu lanchar em outro lugar, bem longe dele? Quero dizer, dar um tempo para ver se toda aquela confusão dispersava. Nós nos odiávamos. Estava na nossa natureza sentir isso um pelo outro, certo? Então, porque eu não tinha o mesmo sentimento por Nara e Christina?

Parecia que todo o progresso que tínhamos feito nesses dois dias tivessem ido água a baixo. Voltamos a ser hostis um com o outro. Abracei meu livro com força contra o meu peito e caminhei com passos inseguros em direção ao refeitório. Escutei passos perto de mim e me virei, pegando um rastro do pensamento de Nara antes dela me alcançar.

“Onde você pensa que está indo?”, ela soou hostil, quase se rosnasse para mim.

Ficamos paradas uma em frente a outra, fogo saindo de nossos olhos. Eu retirava o que tinha dito antes. Eu também não gostava de Nara. E ela muito menos de mim. Mesmo me sentindo um lixo humano, não iria deixar que ela me destratasse daquele jeito. Muito menos por um motivo tão ridículo como ciúmes de alo que não aconteceu. E nunca aconteceria.

“Estou indo comer.”, respondi e mexi em meus óculos, um pouco nervosa. “Ainda sou humana, se você se lembra.”, dizer aquela frase fez com que minha garganta ardesse um pouco.

“Portanto que seja longe de mim, tudo bem”, ela continuou andando.

Eu deveria ter deixado-a ir. Mas, alguma coisa em suas palavras fez com que, aquela raiva que eu tinha de Ethan, dobrasse em relação a Nara. Segurei-a pelo braço e a fiz me encarar. Ela puxou seu braço da minha mão com raiva e me encarou com os olhos estreitos.

“Longe de você, ou longe de Ethan?”, provoquei.

Era como se meu lado Dark tivesse gritando para sair. Um meio sorriso frio surgiu em meus lábio quando ela deu um passo na minha direção. Não recuei, mesmo ela sendo um pé maior que eu. Por cima do ombro dela, vi os olhos de Christina e Ethan se arregalando e eles vindo na nossa direção. Claro que seria um pouco mais difícil. Já que ao nosso redor, um número considerável de estudantes nos cercavam, esperando um avanço maior.

“Dos dois”, Nara rosnou. “Você acha que pode chegar aqui de repente e fazer com que todos te amem?”, ela levantou o dedo na minha direção, enquanto me acusava. Meu sorriso se desmanchou, deixando apenas uma expressão frustada. “Que Ethan te ame?”, ela soltou um riso frio. “Você tem que dar a Ethan algo bem melhor que um beijo desastrado de uma BV para deixá-lo ao seu lado.”

“E você aprendeu isso antes ou depois de perdê-lo?”, retruqui. A multidão ao nosso redor sugou o ar e rugiu. Bando de animais. Nara deu mais um passo em minha direção, deixando seu corpo a um centímetro do meu. “Nara, você perdeu Ethan. Mas não foi para mim, foi para sua imaginação fértil.”, ela recuou. “Eu e Ethan nunca nos beijamos e isso nunca irá acontecer. Se contente. Nem eu, nem você vamos tê-lo. Até porque, eu nunca o quis.”, a multidão rugiu de novo.

Nara estreitou os olhos desconfiada na minha frente e se afastou. Aos poucos a multidão foi se dispersando, deixando apenas um par de irmãos que nos olhavam com um misto de emoções. Christina parecia confusa. Ethan parecia frustado e indiferente. Os olhos negros de Nara passearam de Ethan para mim e de volta para Ethan. Ela se arrastou até ele, como uma cobra e o abraçou.

E ele retribuiu.

Ver o braço de Ethan deslisando pela cintura de Nara foi pior que um soco no meu estômago. O bile subiu em minha garganta enquanto ela pousava sua cabeça nos ombros dele e seus cabelos castanhos se mesclavam com os cabelos dourados de Ethan. Christina tinha os olhos tingidos de azul, enquanto ela mantinha o olhar vazio. Eu nem sabia o porque de ainda estar ali parada. Deveria ser muito idiota mesmo.

O que eu estava sentindo naquele momento? Nem eu mesmo sabia.

“Eu não entendo”, Christina finalmente disse. Seus olhos brilhavam em verde quando ela olhou para o irmão. “Eu vi vocês dois. Eu tenho certeza.”, ela disse. Por um momento, pensei que ela estava falando de Ethan e Nara, mas esse pensamento foi pelos ares quando seu olhar questionador caiu em mim. “Eu vi vocês dois se beijando.”

Meu rosto começou a pegar fogo. Levantei meu olhar do chão e timidamente estudei Ethan por canto de olho, para ver a sua reação ao comentário. Seu rosto estava vazio, seu olhar duro, mas o corado em suas bochechas derrubava a sua armadura. Nara também viu e rosnou. Christina colocou a mão na cintura, ainda esperando uma resposta.

Virei as costas e saí andando. Ethan que respondesse. Com certeza ele diria que quase aconteceu e que seria o maior erro de toda a sua vida. Porque eu não era tão bonita quanto Nara. Porque eu era uma simples nerd que usava um óculos fundo de garrafa. Talvez ele voltasse logo com Nara e parasse de aparecer na minha casa. Aquele enjoou fez meu estômago apertar. Peguei meu celular no bolso da calça e liguei para minha madrinha.

“Meg.”, quando disse essa sílaba, minha garganta se fechou. Meus olhos começaram a pesar e arder. “Pode vir me buscar?”

“Claro, meu amor.”, ela respondeu. Sua voz tão manhosa e tão maternal que fez com que as lágrimas fugissem e se derramassem por meu rosto. “O que aconteceu? Algum problema grande que precisamos nos mudar?”, sua voz parecia aumentar enquanto as possibilidades rondavam a sua mente. Escutava o barulho de seus saltos conforme ela andava rápido em direção ao carro. A escutei sussurrando com alguém que iria dar uma saída.

“Um problema grande o suficiente que eu precise de um abraço.”

Quinze minutos depois, eu estava encolhida no carro ao lado de Megan. Ela tinha perguntado apenas uma vez o que havia acontecido. Quando a garanti que era apenas problemas adolescentes, ela se aquietou. E me deu um abraço apertado.

“Eu posso ficar em casa sexta se você quiser.”, ela ofereceu quando parou o carro na porta de casa. Estiquei minhas costas no carro e encarei seus olhos azuis. “Muitos outros jantares vão vir, Jô, mas nesse momento você precisa de mim.”

“Se você não for me sentirei culpada, Meg”, respondi saindo do carro. Escutei o barulho da porta do carro se fechando logo atrás de mim e os saltos de Megan soavam nas pedras de entrada. “Só preciso de um bom banho quente e uma noite de sono.”, uma coisa que eu não tenho tido nesses dois dias, adicionei mentalmente.

Megan me estudou com o olhar e assentiu. Ás vezes me assustava quando Megan assumia seu lugar de mãe. Enquanto eu subia os degraus da escada em direção ao quarto, minha mente divagava o motivo de Ethan querer tanto Nara e ter me recusado ontem, antes querer me beijar.

Parei em frente ao espelho do banheiro e me estudei. Será que eu sou tão feia assim? Não tinha herdado nenhuma beleza da minha mãe? Os olhos cinzas de meu pai pareciam tão apagados em meus rosto. Os cabelos negros de minha mãe pareciam tão poucos cuidados em minha cabeça. Nara tinha um belo corpo, além de confiança (algo que eu tentava ter, mas o máximo que eu conseguia era fingir ter), belos olhos escuros e os cabelos curtos que mostravam mais seu rosto angelical.

Nem me comparava com Christina porque seria doloroso demais. Eu era baixa demais. Usava óculos. Se tivesse aparelho estaria ferrada. Megan era uma deusa comparada comigo. Apostava que o verdadeiro motivo de meus pais terem me deixado era vergonha. E Megan me pegou para criar por ter um coração bom.

O pior momento de nossas vidas, é quando temos que enfrentar nossos defeitos de frente e tentar achar algum lado bom neles. Porque, para nós, eles são apenas isso: Defeitos. Ser feio demais, ser alto ou baixo ao extremo, ter cabelo enrolado quando a tendência é o liso. Tudo são apenas defeitos. Mas, sempre tem alguém, que vê além dos seus defeitos. Que vê que, quem faz você são as qualidades. Os defeitos só a deixam mais humana.

Pena que essa filosofia não funciona para mim.


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Notas finais do capítulo

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