Sheldon, meu querido autista escrita por judy harrison


Capítulo 23
Capítulo 23 - A verdade liberta.


Notas iniciais do capítulo

Monzard sentiu muita dor, a dor da vergonha, da decepção, e por ter sido tolo, descrente nas pessoas que o amavam e que ele amava. Sheldon era o maior prejudicado por suas desconfianças, e ao mesmo tempo o mais sábio, pois ele soube perdoar sua babá por tê-lo abandonado. Por que ele não o faria?



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Philip achou melhor falar logo.

_ Monzard, aquela criança não era sua. Valerie mentiu desde o começo. Por isso queria abortar.

_ Meu Deus! Por que não me contou antes, Philip?

_ Eu não sabia, Monzard. Só soube hoje.

__ Hoje? - ficou surpreso e olhou para Paty, achando que ela foi quem contou a ele.

Paty aproveitou para contar como souberam.

_ Eu soube como foi o... enterro e fiz umas perguntas para Philip. Nós desconfiamos que ela não queria que você visse o bebê por que ele era negro...

_ Estão dizendo isso por mera suposição? – ele se indignou.

Mas ela continuou.

_ Não. Nos fomos atrás da verdade, e achamos. A criança que ela teve está viva. – Monzard saiu de seu lugar e ficou de costas para eles enquanto ouvia – Ela deve ter pago o médico que a atendeu desde o primeiro pré-natal. O bebê não nasceu morto, está com uma tia, e é negro como o pai.

Ele se virou, parecia não acreditar nela.

_ Como sabe?

_ A tia dele é a tal amiga que ela visita. Na verdade ela visita o menino, que eu cheguei a ver, está com três meses. O pai dele não mora mais lá e eles não estão juntos.

Monzard foi para a cozinha e pediu que Philip o acompanhasse.

Quando Philip voltou, disse a Paty:

_ Monzard está desolado e está chorando. Eu não sei como pedir isso...

_ Quer que eu vá embora? Tudo bem.

_ Prometo que amanhã irei à sua casa.

Paty chamou um taxi e foi embora, era o melhor a fazer.

Na sala Philip abraçava seu irmão que chorava feito criança. Monzard sentiu muita dor, a dor da vergonha, da decepção, e por ter sido tolo, descrente nas pessoas que o amavam e que ele amava. Sheldon era o maior prejudicado por suas desconfianças, e ao mesmo tempo o mais sábio, pois ele soube perdoar sua babá por tê-lo abandonado. Por que eles não o fariam?

No outro dia bem cedo Valerie chegou. Monzard estava a sua espera. Havia tomado calmantes para dormir e agora estava muito calmo, apesar de triste e ligou para ela pra que buscasse suas coisas.

Por segurança, Philip estava lá, e a ajudou a encaixotar seus pertences, não por solidariedade, mas para que ela saísse logo da casa, lugar onde ela jamais devia ter estado e de onde Paty não devia ter saído.

Ele disse que nem Paty nem seu irmão a delataria à polícia por que queria paz para todos, e consideravam que seu filho precisava dela.

Quando ela terminou de juntar suas coisas, ia sair sem falar com Monzard, mas ele a chamou. Queria lhe dizer algo, então pediu que ela se sentasse e ficasse quieta, apenas ouvisse. E começou a falar com calma.

_ Estou triste, Valerie. Mas eu quero que saiba o que minha tristeza não é por ter sido enganado por você, por ter sido traído e feito de idiota. Eu, na verdade mereci isso por ter permitido que um ser tão desprezível e sujo invadisse minha vida. E eu vou superar por que não te amava, não te amo e agora a desprezo. Minha tristeza é por ter ferido as pessoas que amo de verdade, Philip, Sheldon e Paty. – ela o encarou – Isso mesmo, Paty... é a mulher que realmente amo. Aquele dia, caso não saiba, eu estava indo a casa dela por que seria nosso primeiro encontro. Não vou hesitar em retomar meus passos com ela. Não vou hesitar também em entregar você e seu amigo doutor à polícia por fraude e perjúrio, falsidade ideológica, e danos morais e psicológicos, e tudo mais que couber na lei contra você se ousar se aproximar novamente de um deles, principalmente de Paty. Suma daqui e nunca mais volte! – ela ia falar mas ele não permitiu e saiu de sua frente.

Philip esperava na porta, e a conduziu até seu carro.

Ela colocou as malas dentro do carro e quando entrou, fez um pedido.

_ Philip, diga a ele que eu errei, mas que nunca deixei de amá-lo.

_ Isso não é amor, Valerie! É uma doença. Adeus.

Ele fechou a porta e ela foi embora.

No mesmo dia, Sheldon voltou para casa e Monzard pediu que Paty fosse até lá.

Era quase oito da noite quando ela chegou, a tempo de brincar um pouco com Sheldon e fazê-lo dormir.

Era uma noite quente e Philip estava na varanda com Monzard quando Paty se aproximou.

_ Sheldon já dormiu.

_ Bem, eu também já vou.

Era Philip que piscou para o irmão.

Paty estava apreensiva perto de Monzard, mas ele queria lhe pedir perdão. Não sabia quais palavras usar.

_ Paty, eu... queria muito que você voltasse a cuidar de Sheldon, que tudo voltasse a ser como era, sem ninguém mais para nos atrapalhar. Se houver algo que eu possa fazer para lhe ajudar, ou para que se adapte novamente...

_ Seria estranho ter que tirar Philip de lá, não é?

Eles riram.

_ Muito estranho, eu jamais faria isso. Ele me disse que apesar das circunstancias, gostou de ter sua própria casa, com mais liberdade. Então eu não pensei em pedir que você volte pra lá.

Ela concordou.

_ Se... der tudo certo, eu posso alugar meu apartamento e vir morar aqui por perto.

Monzard se aproximou dela.

_ Esta casa é grande o suficiente para nós. Você pode ficar com o quarto de Philip. Eu prometo que ficará livre sempre que eu estiver em casa, ou depois das cinco da tarde, como era antes.

Paty estava pensando. Havia aquele problema que seu coração causou. Quanto mais ele falava, mais apaixonada ela ficava. Então deixou que o próprio coração falasse por ela.

_ Sabe, Monzard, eu não sei se isso dará certo. Eu tenho um sentimento que não devia ter...

Ele não esperou para ouvir, então a beijou.

Abraçados então, os dois foram para dentro. Monzard disse que tinha uma coisa que ela devia ver. Era o quarto de segurança que estava fechado desde que ela se foi.

_ Eu nunca trouxe alguém aqui, você é a primeira pessoa.

_ Já me vigiou daqui?

_ Talvez não acredite, mas foi só uma vez de manhã, no primeiro dia.

Eu não achei que precisasse depois.

_ Dá para ver a casa toda!

Ele a conduziu até o seu quarto, onde ela também nunca entrou. Estava quase vazio, por que Valerie levou a decoração que havia comprado.

Depois de pedir que ela se sentasse ele disse o que tinha em mente.

_ Eu acho que você e eu podemos nos entender durante o tempo que você estiver aqui, não vou pedir que faça o que não quer ou não está preparada para fazer. Então eu decidi que poderíamos fazer uma coisa de cada vez.

_ Do que está falando?

_ Quero que façamos uma experiência durante o tempo que for necessário para confirmarmos o que pra Sheldon e fato consumado. Que você é a mulher de nossas vidas.

Lisonjeada, ela não sabia como reagir, então Monzard fez o que naquele momento seria inevitável e desejável para os dois, ficarem totalmente ligados um ao outro.

Depois daquela noite não havia dúvidas, eles se amavam mesmo, e a turbulência pelo que passaram não apagou o sentimento que tinham no começo.

Com a volta de Sheldon à casa, e a saída de Valerie, havia muita coisa para mudar e voltar o que era no ambiente, o que Paty providenciou pessoalmente. Philip ficou feliz em continuar com sua casa que mais tarde Paty comprou e colocou em nome dele, como presente por tê-la apoiado desde o começo.

Sem mais o que pensar, Paty e Monzard se casaram alguns meses depois. Decidiram que não iam ter filhos, para o bem de Sheldon que já era para eles como um bebê grande.

Valerie também se casou com o pai de seu filho. Como nenhum mal fica impune, ela teve que aceitar viver com o homem com mais três crianças e sua cunhada, dona da casa e conhecedora do túmulo do bebê que ela enterrou, ou o caixão que ela enterrou, que sempre a chantageava.

Mas Monzard não se importava mais com o que passou, pois graças ao doutor Wilson e seu amigo policial, conseguiram mudar o nome da lapela do túmulo, o que o isentava da farsa.

Assim, Paty se tornou a senhora Monzard, com muita honra.


Fim.



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Notas finais do capítulo

Sem palavras, exceto... Obrigada pela leitura!