Welcome to California. Foi a primeira coisa que vi ao passar pela fronteira daquele bendito estado. Novo destino: San Francisco. Ainda não estava acostumada com essa ideia de abandonar minha velha cidade situada no estado do Alabama. Tudo bem, uma cidade muito pequena e que não tem tantas tecnologias quanto a California em geral, mas eu acabo nem ligando muito para isso. O que eu mais sinto falta no momento é dos meus amigos. Ainda não consigo aceitar a ideia de que estou indo para longe deles.

Meu pai estava dirigindo o carro calmamente. Minha mãe e minha irmã Mabel estavam dormindo há horas. Eu entendo perfeitamente o cansaço delas, afinal, os últimos dias não foram fáceis. Ninguém sabe o quanto foi desgastante empacotar vários objetos. Eu estou completamente destruída e acabada. Preciso de dias de sono seguidos para recuperar minhas energias.

A cada edifício, cada casa que passavam meus pensamentos mais entravam em constante confusão. Mil coisas vinham à minha cabeça me torturar. Como será daqui para frente? Eu conseguirei fazer novos amigos? Minha mente não parava de me martelar com esse tipo de perguntas sem respostas. A solução para todos os meus problemas estava no meu iPod. Músicas, músicas e mais músicas para ouvir até o sono chegar e me tirar de vez desses pensamentos confusos. Dormi o resto da viagem.

Eram quase 16:00H de sábado quando chegamos finalmente à nossa nova casa. Logo de cara eu achei-a meio esquisita, mas parecia ser legal. Bem, pelo ao menos isso para me animar. Era uma casa simples, porém modesta. Com dois andares e várias varandas. Isso é um ótimo sinal, pois adoro varandas! Nas noites de luau, eu gosto de ficar deitada na varanda, ouvindo músicas e pensando na vida…

Meu pai estacionou o carro na nossa nova garagem e logo descemos do carro. Eu não parava de olhar tudo ao meu redor. Tudo muito diferente, é claro. Nossa nova casa estava situada em um bairro nobre, e por isso eu não parava de admirar as belezas ao meu redor. Mabel foi logo correndo casa adentro pelos fundos feito uma louca. Com certeza ela iria ficar com o melhor quarto e deixar o pior para mim, típico dela.

Ajudei meus pais a descarregarem algumas malas para podermos inaugurar a casa pela porta da frente, mesmo sem a pirralha da minha irmã. Eu peguei a chave e destranquei a porta, mostrando-nos a sala de nossa nova casa. Gostei logo de cara. É muito linda! As cores e os tons deixaram-na com um ar leve, sereno e convidativo a ficar horas ali. Eu não sou muito de me apegar a outros cômodos da minha casa a não ser o meu quarto. Acho que todas essas horas de viagem me afetaram bastante. Mas tudo bem, entramos para curtir o nosso novo espaço.

Minha mãe foi logo revistar a cozinha, como já era esperado. Ela simplesmente ama estar lá, não como empregada, mas como chef. Os pratos delas são os melhores desse mundo. Sério. Ela é uma cozinheira de mão cheia e de bom gosto! Orgulho-me disso. Já meu pai foi logo para o jardim, observar como são as plantas, gramado e seus adjacentes. Ele simplesmente ama a natureza, e eu tenho a quem puxar. Sou 100% ambientalista. Nós sempre estivemos muito ligados a tudo que é natural.

E então só restava eu ir explorar alguma parte da casa. Resolvi subir as escadas e examinar os outros cômodos e com certeza ter uma nova briguinha com a minha linda irmãzinha sobre a questão da escolha dos quartos. Essa menina me tira a paciência quase o tempo inteiro, sem mais. Tudo bem que ela tem apenas 6 anos e eu tenho 16, mas por favor! Ela risca os meus cadernos; arranca, rasga e picota os meus trabalhos do colégio; fica mexendo nas minhas coisas sempre! Eu até tento levar isso tudo normalmente, mas tem horas que não dá mesmo. E os meus pais que muitas vezes só presenciam a parte das nossas brigas sempre acham que eu sou a culpada e a minha pobre irmãzinha sempre é a vítima. Mas até aí tudo bem, ela é só uma criança mesmo…

Comecei a subir os degraus da escada observando tudo ao meu redor. Eu realmente gostei dessa casa. Faz bem o meu estilo: despojado, ousado e inovador. Não gosto de coisas velhas, até porque quem vive de passado é museu, ok? Continuei subindo e andei em direção ao corredor. Havia 5 quartos. Certamente um iria ser dos meus pais, um para a Mabel e outro para mim (eu não iria aguentar ficar no mesmo quarto que aquela garota por muito tempo). Os outros dois certamente seriam um para os hóspedes e o outro para a nossa infinidade de livros. Acabaria tornando-se uma biblioteca. É, eu gostei da idéia. Adoro ler todos os tipos de livros. Adoro romances, principalmente. Mas eu nem sou tão romântica assim, só gosto de ler mesmo. Pois alguns acontecimentos em minha vida acabaram me fazendo desacreditar em historinhas felizes. Mas enfim, vou continuar descobrindo os novos cômodos antes que eu me perca demais em meus pensamentos. É melhor ir parando por aqui mesmo.

Escolhi o meu quarto. Era uma suíte relativamente grande com uma varanda logo à frente. Super ventilado por sinal. Isso é ótimo porque eu sou a senhorita “Ai meu Deus que calor!” Sim, eu amo frio! E não suporto calor! Por isso mesmo já encomendei o meu novo ar-condicionado, já que a pestinha da minha irmã me fez o favor de quebrar o meu antigo brincando de concertar ar-condicionados. Mas fui deixando esses pensamentos de lado e fui logo começando a pensar em como será a decoração. Já descartei a cor rosa! De rosa já basta a minha irmã. Tudo dela é rosa! Pensei em lilás ou roxo, mas… não sei. Que tal preto com branco?! Parece-me perfeito!

Tudo estava indo bem. Cada um decidiu qual iria ser seu quarto e já foram logo planejando os locais dos móveis e a decoração. Eu deixei isso um pouco de lado e fui logo ligar para as minhas amigas. Quantas saudades! E não faz nem um dia que eu estou longe delas… Vai ser bem difícil não tê-las mais por perto o tempo inteiro.

– Alô? Andy? – perguntei deitando-me no chão da minha varanda, muito gelado por sinal, porém agradável.

– Taylor? Eu não acredito! Que saudades, amiga! – ela quase gritava.

– An! Você não sabe o quanto eu sinto a sua falta! Como você está?

– Estou bem, querida. Mas e você? Como está de, digamos, mundo novo?

– Até agora tudo parece estar tranquilo. A minha nova casa é linda! Você tem que vir aqui um dia para passar umas duas semanas comigo!

– Olha que eu vou, viu? Você faz tanta falta!

– Eu digo o mesmo sua chatinha – falei com os olhos já cheios de lágrimas – Olha, eu vou desligar antes que eu comece a chorar.

– Ai amiga para de ser fraquinha – ela ria. – Pois então um beijo bem grande e, me dê notícias! Vou te cobrar isso!

– Pode deixar. Um beijo! Tchau.

Desliguei o telefone e não me aguentei. Comecei a chorar novamente ao relembrar das minhas amigas e da cidade onde eu morava. Como aquilo tudo estava fazendo falta! Eu pareço agora um peixe fora d’água. Ainda não me acostumei com essa ideia, e por sinal, vou demorar muito para me acostumar.

– Você está chorando Tay? – Mabel falou invadindo o meu quarto.

– Sai daqui Mabel, eu não estou a fim de ver você rindo da minha cara. Sai logo – Eu falei não dando a mínima para ela e voltando a minha atenção para a rua já iluminada pelos postes.

– Deixa de ser chata. Você sabia que eu te amo?

Eu fiquei sem palavras. Minha única reação foi chorar mais ainda e abraçar aquela pequena irritante. No fundo, eu gosto muito dela. De verdade.

– Eu também te amo Bebel

Nesse momento, papai entrou no quarto e também nos abraçou.

– Princesinhas, está na hora do jantar. Vamos lá atacar mais uma das delícias da mamãe!

Descemos as escadas correndo já que todos nós estávamos com aquela fome.