Acordei. Ao meu redor, havia várias outras camas, como à que eu estava. A maioria das pessoas que repousavam ali eram jovens. Jake entrou no local, sorrindo.

-Olá. Espero que esteja se sentindo melhor. - um homem mais velho aproximou-se. - Este é o Dr. Harker.

-Você me disse que iria me explicar...

-Em breve, Hannah – falou o Dr.Harker. - Agora, preciso ver sua perna.

Meu jeans estava rasgado, e o médico cortou-o. Adeus, calça linda.

-Hum... À primeira vista, não parece muito bom... Diga-me se doer.

Ele examinou o corte, e eu grunhi baixinho. Harker lavou o corte e esterilizou.

-Estamos sem anestesia...Me desculpe.

O doutor fez os pontos no corte, porém eu já nem sentia. Ele enfaixou a minha perna, e saiu.

-Você está bem?- falou Jake.

-Acho que sim. Ficaria feliz se alguém me dissesse...

-Hannah, você já saberá. Só pra você saber, você tem um dom especial. Qualquer pessoa já estaria morta ou perderia a perna com este corte que você sofreu. Atingiu a veia principal.

-Mas, como assim?

-Logo explicarei tudo a você.

-Me explique agora, por favor. - olhei-o com doçura, e reparei quanto éramos parecidos: ambos tínhamos olhos azuis e cabelos loiros. Tentei lutar contra o pensamento, mas acho que comecei a me apaixonar por ele.

Ele suspirou.

-Ah, está bem. Desde o fim do ano passado, tem acontecido muitos ataques. Você vivenciou um deles. Lembra-se? Tudo vem sido reportado pela TV. A Terra vem sido destruída, ninguém sabe por quem, e somente pessoas como você e eu sobrevivem.

-Como você e eu?

-Já ouviu falar que todo nosso cérebro não é utilizado? - eu assenti – Bem, pessoas como eu e você nascemos com o dom de utilizar todo o nosso cérebro. Neste instante, inconscientemente, o seu cérebro está trabalhando para curar a sua perna.

Eu estava achando tudo aquilo uma grande loucura. Ataques? Noticias na TV? Eu nem me lembrava de nada disso.

-Aqui você irá aprender a usar esse dom. Veja isso. - falou Jake, e pegou uma maçã. Ele a fez levitar.

-O quê...? - eu estava surpresa. Ora, nada que um fio de náilon não possa fazer: “levitar” uma maçã.

-Nossa missão é resgatar os vivos, e treinar os que possuem esse dom. - ele fez uma breve pausa - Há outros, além de nosso grupo. Outros que não querem isso. Nós os chamamos de “Hyssaks”. Eles sequestram os mais fortes, e matam os mais fracos. Treinam os mais fortes para fazer coisas ruins. E não me peça para definir “coisas ruins”. Um deles tentou te levar, lembra?

Eu fiz que não com a cabeça.

-O problema é que os Hyssaks não são fáceis de matar. Nem nós somos. Somente espadas como esta – e puxou uma espada que parecia muito afiada – são capazes do serviço. Fazemos algumas balas com o material delas, mas só as usamos à longas distâncias. - e mostrou um revolver. Ele fez uma longa pausa – Acho que é só isso. Agora vou te deixar descansar.

-Não, Jake, espere – falei, segurando seu braço.

-O que acha de conversarmos, hein? Para tentar te distrair um pouco. - ele sentou-se na beira da cama – Você tem irmãs?

-Não que eu me lembre. Acho que sou filha única.

-Eu também não me recordo de ter irmãs ou irmãos. Hum... Ainda está tendo problemas para lembrar do seu passado? - ele levantou-se, saiu do quarto e voltou com um copo na mão. - Beba isso. Vai te ajudar a recordar.

Eu bebi o liquido, cujo gosto era doce.

-Sabe, faz uns seis meses que eu fui capturado por um dos Hyssaks. E olha que nem havia tido ataque contra nenhuma cidade naquele dia. - um garoto apareceu na porta e o chamou - Mais uma coisa : como eu te resgatei, serei como um professor para você. Sempre ficará junto comigo nas missões.

-Obrigada, Jake. Por me resgatar. Achei que eu ia morrer lá.

-Não me agradeça. - ele beijou minha bochecha com leveza. - Agora, descanse, pois amanhã já estará curada, e temos muito o que fazer.

Não consegui processar todas aquelas informações. Sempre quis fazer parte de uma aventura. Agora minha vida seria uma, e eu estava com medo de participar dela.