Durante aquela semana Shirou e Atsuya receberam um telefonema de seus pais. Seus pais perguntaram como as coisas estavam e eles disseram que estava tudo bem apesar de não estarem. À pedido do chefe deles, seus pais, Zoe e Kouji teriam de passar mais um mês lá

- Me desculpe meu filho, mas são ordens do nosso chefe e infelizmente é assim, nós não podemos falar nada - dizia Zoe à Shirou.

            O telefone estava no viva-voz e Atsuya também ouvia a conversa, mas quando sua mãe disse que eles teriam de passar mais um mês fora de casa Atsuya saiu correndo e foi direto no quarto. Shirou continuou conversando com sua mãe

- Meu filho, porque você e seu irmão não ligam para sua tia e pedem pra ela buscarem vocês?

- ah mãe... não precisa. Atsuya e eu tomamos conta de tudo, fica tranqüila.

- Tem certeza Shirou? eu e seu pai vamos passar mais um mês fora, é tempo demais...

- Já disse mãe, a gente se vira afinal, eu e meu irmão já temos 13 anos, sabemos nos cuidar.

Zoe dá uma risadinha - Tá certo meu filho. vocês cresceram. Ai, ai... me lembro como se fosse ontem, vocês pequenos...

             Um silêncio se formou no telefone

- Mãe?

- desculpe...

- tudo bem

- Zoe, precisamos de você aqui... - diz Kouji

- Certo meu querido, já vou... - disse Zoe a Kouji

- Querida  mande um beijo meu aos meninos

- Certo... Shirou... terei que desligar o telefone... Tenho que trabalhar...

- tá mamãe... boa sorte...

- Obrigada meu filho. Seu pai e eu estamos mandando um beijo e um abraço pra você e seu irmão

- Tudo bem mamãe, mando outro pra vocês

- Atsuya está por aí?

- Não, ele está no quarto

- de qualquer maneira diga à ele, tudo bem ?

- sim mãe, pode deixar.

- ok. vou desligar. beijo. tchau

- beijo, mãe tchau!

Depois dessa conversa Shirou desligou o telefone e foi para o quarto onde seu irmão estava.

Shirou abriu a porta

- Atsuya?

Atsuya estava sentado na cama com as pernas cruzadas e as mãos segurando-as com a cabeça abaixada

- Atsuya?
  - Que você quer? – não levanta a cabeça

Shirou entra e fecha a porta – Mamãe e papai te mandaram um beijo e um abraço

Atsuya, porém, não responde nada e nem olha para seu irmão

- qual é o problema com você irmão? – vai perto dele e coloca a mão em seu ombro – Atsuya?

- me deixa em paz Shirou – tira a mão dele de seu ombro

- o que foi? – senta do lado dele

- ... – aperta as mãos – eles me mandaram um abraço e um beijo?

- sim, sim

Atsuya levanta a cabeça – do que adianta, eles não estão aqui...

- porque você tá chorando Atsuya, nunca vi você chorar... Meu irmão, o que foi? – passa a mão no rosto dele e limpa uma lágrima que estava escorrendo.

- Zoe e Kouji são nossos pais, não são? – fita Shirou por um instante

- Bom que eu saiba sim, há não ser que nós sejamos adotados, o que acho bem improvável. Mas porque a pergunta meu irmão? E por favor, para de chorar...

- Se eles são nossos pais, porque não tão aqui junto conosco?

- Atsuya... Você sabe que eles trabalham... É só por isso que eles não estão aqui junto com a gente agora...

- acho que o trabalho deles são bem mais importante que nós...

- não diga bobagens Atsuya...

- se não fosse verdade, eles estaria aqui! – começa a chorar de novo – eles estão aqui Shirou? – gritando

- Atsuya... Calma, você...

Mas Atsuya interrompe Shirou

- Eles estão aqui? Responde! Responde logo Shirou! – gritando

- eu sei que eles não estão aqui Atsuya! – gritando – eu sei que eles não estão... – aperta as mãos, chorando, olha para seu irmão – você acha que eu também não queria que eles estivessem aqui?

- Shirou, você...

- eu sei como você se sente Atsuya. Somos sangue do mesmo sangue, o que você sente eu também sinto – chorando

“Nossa, nunca pensei que ele se importava comigo assim...”

Se aproxima de Shirou e leva sua mão no rosto dele – vê se você... – passa a mão no rosto dele e limpa -... Para de chorar então... Tá?

Shirou sorri – só se você parar também, tudo bem?

Atsuya apenas acena com a cabeça e depois disso eles deitam na cama e começam a conversar. Conversaram sobre eles, sobre seus sentimentos, sobre seus pais e sobre o que eles pensavam à respeito de tudo isso. Ambos choraram, choraram como nunca tinham feito antes. Mas ao mesmo tempo eles prometeram que não iriam mais lamentar o que estava acontecendo e que iriam seguir suas vidas do jeito que estava.

Ainda era tarde quando eles começaram a conversar. Mas foi escurecendo e eles foram ficando com sono. Shirou apenas saiu do quarto para trancar a casa, Atsuya porém ficou deitado na cama apenas olhando para o horizonte.

Depois da casa trancada Shirou voltou para o quarto. Abrindo a porta, Shirou entrou no quarto.

- Shirou?

- Sim? Que foi Atsuya?

- Nada...

- Hum... Vou tomar banho, ta ?

- Ta certo...

Shirou então foi para o banho, Atsuya, porém, ficou no quarto e não demorou muito para que ele levantasse e fosse para fora. Como estava escurecendo foi possível para Atsuya ver o pôr-do-sol. Estava ventando o que não era normal.

“Será que eu falo pra ele?” pensou Atsuya. “Será que o momento certo é este?” olha pra cima “Será??”

Enquanto Atsuya pensava no que iria fazer, Shirou continuava no banho, mas ele estava com um pensamento parecido que seu irmão.

“Não deve faltar muito agora” pensa Shirou. “No mínino ele deve estar pensando se me conta ou não... bom, eu já me decidi, eu falo, mas agora ainda não é o momento certo”

Depois de ficar lá fora um pouco, Atsuya voltou para dentro de casa e apenas viu seu irmão vindo para a cozinha.

- Vai fazer alguma coisa? – pergunta Atsuya.

- Na verdade... – abre a porta do armário e pega um copo. Olha para Atsuya – eu vim pegar água, por quê?

- Nada não... Vou tomar um banho...

- Tá...

Atsuya então vai para o banheiro e começa a se despir para tomar banho. Tomando banho Atsuya começa a perceber o quão estranho ele tinha ficado de uns tempos pra cá. Seus pensamentos em relação à seu irmão e a seus pais tinham mudado muito. Ele sentia que não era mais o mesmo, sentia como se por conta de algo, sua vida inteira tivesse mudado. Por conta de seu irmão, talvez? Não sabemos...

“Porque que toda vez que eu to com o Shirou eu sinto uma coisa fora do normal?”