Um quarto vazio. Neutro, sem vida, sem cor. Era assim que a menina se sentia, com um enorme vácuo no peito. Tudo o que ela conhecia fora retirado dela com uma solitária punhalada nas costas, uma punhalada que ela sabia que viria.

Que ela escolheu levar no momento em que decidiu aproveitar seu pouco conhecimento o máximo que podia. E tudo o que ela conhecia era o amor dele. O amor quente e aconchegante do seu primeiro amor, seu único amor... Do seu Naruto.

Hyuuga Hinata sabia os riscos em que colocou seu coração ao continuar pensando nele todas as noites antes de dormir, em continuar desejando-o em silêncio... Em continuar sentada no banco da igreja, completamente muda, com uma máscara de felicidade sobre o rosto em frangalhos, decidida a "calar-se para sempre".

Afinal de contas, ele fizera os votos com Sakura. E parecia feliz, e sincero, e completamente ele ao fazer isto.

Ela sabia os riscos que seu coração corria desde quando o viu pela primeira vez. Desde seu primeiro suspiro apaixonado, sua primeira lágrima angustiada. Tinha conhecimento que seu pobre coração acabaria em pedaços.

Ele ainda batia. Batia lenta e dolorosamente em seu peito, fazendo com que o sangue passasse pelas veias de forma ávida. Mas ainda sim...

Seu mundo desabara. Porque tudo o que ela conhecia era o amor dele, e agora, o amor dele se foi. Se é que um dia esteve lá. E tudo que a Primogênita Hyuuga desejava era ter conhecido outras coisas, coisas além do calor que ele emanava em apenas um sorriso, desejava ter dado mais atenção aos outros em sua volta.

Almejava...

— Hinata, algo errado? — Kiba questionou, franzindo a testa mostrando seu desconhecimento, franzindo os lábios demonstrando sua preocupação. — Quem machucou você?

Ele sentou-se ao seu lado na sala vazia. Envolvendo-a com seus braços sem sua permissão. Fazendo-se presente como em todas às vezes na dolorosa vida que a menina tinha.

Mostrando que, ela conhecia algo além do amor dele.

Com o polegar direito o Inuzuka limpou as lágrimas que manchavam o rosto de porcelana, temendo que de tanto chorar ela evapora-se. Apertou-a contra si, desejando espantar os males que faziam a vida daquela doce menina ruir.

— Eu estou aqui, Hinata — Ele sussurrou, acariciando seus cabelos, sentindo-a se afundar no vão do seu pescoço. — Eu sempre vou estar...

Pois, como Hinata, tudo o que ele conhecia era o amor.

O amor dela.