Ao retornar do recreio, ele ficou um tanto surpreso ao saber que uma menina de um grau inferior havia chego para confessar para ele. É lamentável ela não saber que ele aproveitava para tirar sonecas sobre o terraço no telhado do colégio na hora do lanche. Então, enquanto caminhava para o seu assento, na parte traseira da classe, ele percebeu um saco de chocolates caído e solitário em sua mesa, com uma pequena nota em forma de coração ligado ao um cordão junto a embalagem. Seu rosto permaneceu impassível e indiferente quando ele pegou o pequeno presente e examinou com olhos que não mostravam interesse.

Ele realmente não era muito fã de coisas doces, mas seu estômago negligenciado aproveitou a chance para reclamar em protesto enquanto ele arrastou a cadeira para trás e caiu em seu assento frio. O menino de cabelos escuros abriu o chocolate com uma cara séria e uma multidão de rapazes invadiu ao seu redor com vários tons e as implicações de 'ooooooh' e 'ahhhhh'. Shikamaru notou a partir dos cantos de seus olhos, como ele abriu um dos chocolates e colocou na boca.

– Eu não estou compartilhando – disse ele distraidamente aos outros meninos.

O restante dos meninos da turma começaram a protestar com respostas misturadas, alguns divertidos e rindo, outros com suspiros de decepção.

Shikamaru mastigava timidamente o doce e abriu o cartão na palma da mão enquanto começara a ler os rabiscos e corações coloridos que foram escritos pela menina. Ela informou-o de seu afeto e a eterna admiração por ele, bem como a forma que ela rezou para Kami que ele fosse se apaixonar por (ela) chocolates.

Ele agitou sua mandíbula, antes de guardar o pequeno cartão no bolso de trás da calça do uniforme. Sua cabeça elaborou uma nota menor de gratidão para a menina generosa se ele descobrisse quem era. Ela tinha esquecido rudemente de incluir seu nome na mensagem.

Quando Shikamaru colocou o quinto pedaço da bondade açucarada em sua boca, os meninos que ainda estavam persistentes e conversando ao redor de sua mesa de repente foram empurrados e tropeçaram para longe. Uma menina alta de cabelos louros prendidos em quatro rabos iguais aparecera diante de sua mesa, com um olhar sério, e sem qualquer vergonha de ter empurrado tão brutalmente os colegas de classe de sua frente. Ino, Sakura e Hinata estavam logo atrás dela, enquanto passavam elegantemente sobre os meninos caídos no chão.

– Shikamaru! Que diabo é isso? – Temari cruzou os braços sobre o peito, sua testa estava enrugada. Aparentemente, ela tinha ficado sabendo dos chocolates. (A fofoca corria como um incêndio, lembrou Shikamaru quase distintamente).

– Chocolates – disse o menino preguiçoso, entre mordidas. – Você não pode ter nenhum, embora.

A garota rosnou e a carranca em seu rosto aprofundou-se com uma irritação que não era nenhum pouco estranha para ele. Ela bateu as mãos em sua mesa e olhou para ele com olhos penetrantes. Ele respondeu com o seu olhar impassível e preguiçoso – sua característica e a parte dele que Temari estava tão acostumada. (E que gostava, ele assumiu). Enquanto eles continuaram a olhar para olhos uns dos outros, Ino riu suavemente trás de Temari.

– Não fique tão agitada, Temari. Shikamaru está provavelmente mais interessado nos chocolates ao invés da menina em questão – ela deduzira com exatidão, enquanto seus olhos azuis estreitaram alegremente.

– Bem, sim, mas ele é como um irmão para mim, sabe? – Temari apoiou a mão esquerda na parte de trás da cabeça, num gesto envergonhado, enquanto reconheceu sua amiga. Shikamaru, interiormente, ficou espantado como logo a Ino (sua amiga de infância) poderia levá-la a acalmar-se tão rápido. (Então, novamente, ele também era capaz de fazer isso, mas ele nunca se preocupou em tentar).

– Seria estranho se ele tem uma namorada... – A menina loira continuou em um murmuro. Shikamaru jogou um dos chocolates restantes em sua boca antes de sutilmente oferecendo o último a Temari, que estava com os olhos distantes. Ele estendeu o saquinho de chocolate com a mão, os olhos negros preguiçosamente travados sobre Temari quando ela olhou para cima para enfrentá-lo.

– Eu pensei que você disse que eu não poderia comê-los? – ela zombou sarcasticamente.

– Eu estou cheio – Shikamaru respondeu simplesmente. (Ele não estava, mas ele supôs que ela teria gostado de experimentá-los).

Não mais de um segundo mais tarde, as defesas da menina desabaram resolutamente como ela pegou o chocolate, os dedos longos escovaram distraidamente contra a palma da mão de Shikamaru. O menino retirou a mão e fingiu não se importar, bem como os muitos outros casos anteriores. (Ele tinha um talento especial para isso.) Shikamaru bocejou enquanto continuou assistindo Temari consumir os chocolates. Um sorriso floresceu em seu rosto e ele não se sentia tão arrependido por ter sido tão caridoso. Depois que a irmã de Gaara e Kankuro superou a delícia de confeitaria, ela arqueou uma sobrancelha loura para ele com o seu olhar imóvel. Uma dica rara de desconforto atravessou seu rosto, e ele sorriu, sem saber exatamente o porquê.

– V-você não tem permissão para entrar em um relacionamento antes de mim, entendeu? – Temari gritou de repente.

Ele não respondeu.

– M-maldição, Shika! Você pode tentar não ser tão idiota? – a garota de cabelos loiros rosnou, sentando em sua cadeira. O sino da escola ecoando ao fundo.

Shikamaru permitiu-lhe um aceno, antes de se virar para enfrentar a janela onde a luz do sol entrava graciosamente.

Ele não estava sendo idiota ou estúpido – ele só não sabia como responder a Temari. E ele não queria pensar muito sobre isso (seus sentimentos...), ele só queria voltar a dormir. Quando Shikamaru apoiou o queixo sobre os braços cruzados, inclinou-se sobre a mesa e fechou os olhos, ele ainda podia sentir a menina loura olhando para ele. Mas Shikamaru ignorou com facilidade treinada e, antes de cair em um sono relaxante, pensou que quando se reunisse novamente com Temari.

Quem seria o primeiro a entrar em uma relação?

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Quem seria o primeiro a admitir os sentimentos um para o outro?